Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 9
Capítulo 8




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Bella pov’s

 

Eu podia ver, ouvir e sentir tudo ao meu redor. Um pequeno inseto voava próxima a janela. Sua aparência era ainda mais grotesca quando você via todos os detalhes de sua estrutura. Algumas folhas secas, dez folhas para cada rajada de vento, caiam no chão. Tudo estava tão claro para mim, cada detalhe do telhado de barro que cobria a pequena barraca, os sulcos das tabuas que eram as paredes e piso desse lugar. Foi naquele momento que percebi que, depois de despertar, eu ainda não respirava. O mais assustador é que notei que não precisava. Aturdida eu me levantei num salto da pequena cama, dessas parecidas com de um hospital. Meus pés e pulsos estavam presos por correntes grossas de aço, mas foi fácil me livrar delas. Eu rapidamente me encolhi no canto do quarto. Era uma cabana de madeira com apenas uma cama com colchão e um banco. Eu podia sentir e ouvir a tudo que cercava a cabana, estava em uma floresta. Eu permaneci parada, atordoada. Tantas coisas que poderia ver e ouvir! Eu tentei pensar em onde estava e como fui parar ali, mas minha memória parecia turva. Levantei-me e marchei para a porta. Ao sair de lá um forte cheiro me tomou. Um cheiro delicioso, minha garganta queimou. Eu não pensei muito no que estava fazendo, quando dei por mim eu corri como nunca tinha corrido. Ouvi um leão da montanha correr rapidamente atrás de sua caça, o cheiro dele era tão bom! E então eu o ataquei. Eu não hesitei, não temi se o leão poderia me ferir, eu só queria matar aquela sede que me dominava. Foi fácil penetrar meus dentes do bicho, como enfiar em manteiga. Ele tentou lutar contra mim, mas suas unhas nada fizeram em meu corpo, foi como se alguém passasse uma pena pela minha pele. E em pouco tempo eu havia secado o sangue daquele animal, ele estava morto em meus braços. O gosto do sangue fora como fel, delicioso. Aplacou a sede que até então me dominava, mas minha garganta ainda ardia. Então eu estaquei.

 

-Por Deus... O que foi que eu fiz?

 

...

 

Laurent havia me mordido. Eu soube meses atrás, através de Alice, que para que um humano se tornasse um vampiro ele tinha apenas que ser mordido. Eu havia sido mordida. Eu havia me tornado uma vampira. Isso explica como meus sentidos foram ampliados e como eu corri pela floresta do mesmo modo que Edward corria. Isso explica por que ataquei aquele animal e me senti satisfeita ao sorver seu sangue. Eu era uma vampira. O que eu sempre desejei havia ocorrido. Em outras épocas eu ficaria tão feliz por ser do jeito que sou agora! Não mais. Por que eu havia sido condenada a imortalidade sem ter um motivo para continuar vivendo.

 

...

 

Enquanto voltava para a cabana desconhecida onde estava abrigada, eu senti um forte cheiro. Era um cheiro desagradável, um cheiro que me irritava. Eu tive vontade de fugir daquele cheiro que vinha da minha cabana. Eu poderia correr, poderia fugir. Era isso o que iria fazer, eu iria fugir. Certamente eu ainda estava em Forks, poderia voltar para casa e...

 

Não. Eu não poderia voltar para casa por que, mesmo depois de abater alguns animais e secá-los, eu estava com sede. O que aconteceria se estivesse diante de meu pai... O que aconteceria se estivesse perto de um humano? O medo me dominou. Eu não mais me reconhecia. Eu não poderia me aproximar de ninguém sem ter certeza se eu tinha controle para ficar próximo de humanos.

 

-Bella? –Alguém estava próximo a mim, eu estava tão alheia a tudo que não notei sua aproximação. Eu conhecia aquela voz, era Jacob. Não! Ele não poderia estar aqui! E se eu o atacasse? Mas não consegui sentir sede, Jacob possuía um cheiro estranho, o mesmo cheiro que me fez querer me afastar da cabana. Eu me virei e pude ver o olhar doido de Jacob em minha direção. O que estava acontecendo afinal? Que cheiro era aquele que Jacob emanava? Por que ele me olhava tão sofrido?

 

-Por que Bella? Por que justo você? –Ele deu um passo, eu me afastei. Mesmo que Jake tivesse um cheiro desagradável eu podia ouvir seu coração, o fluxo sangüíneo correndo em suas veias, uma necessidade de aliviar a sede. Eu dei mais alguns passos. E então ouvi barulhos vindos em nossa direção, eram quatro, eram grandes e tinham o mesmo cheiro de Jacob, cheiro de cachorro. Então eu os vi, eles eram enormes, lobos enormes. Eu já havia visto eles antes. Minhas lembranças eram vagas quando eu era humana, Edward havia dito antes, que as lembranças humanas vão se perdendo com o passar do tempo. Comigo era diferente, eu praticamente não me lembrava de quase nada sobre minha vida desde que vim para Forks, o restante eu me lembrava nitidamente.

 

Os lobos se aproximaram, um deles rosnou furiosamente para mim, eu me encolhi. Meus músculos tencionaram e senti um gosto amargo na boca, um liquido crescente. Eu sabia que meu corpo estava se programando para me defender do ataque.

 

-Jacob... Afaste-se deles. –Eu temia por Jacob. Aqueles lobos poderiam atacá-lo a qualquer momento.

 

-Eles estão comigo Bella, não vão me machucar.

 

-O que está acontecendo aqui Jacob? O que são eles? Por que vocês possuem o mesmo cheiro? O que está acontecendo afinal? O que está acontecendo comigo? –Eu estava trêmula, confusa. Fiquei de joelhos no chão.

 

-Sam, me dê permissão para contar a verdade a ela. –Disse Jacob. O lobo de pêlo cinza assentiu como se pudesse compreender o que Jacob dizia. Espere? Ele o chamou de “Sam”? Mas este é o nome do rapaz que me salvou quando eu estava sozinha na floresta após Edward me deixar. Os lobos olharam para Jacob e partiram. Agora só era eu e Jacob.

 

-Jake... –Eu me levantei e tentei me aproximar. Era bom vê-lo, senti sua falta.

 

-Não se aproxime Bella. Não quero machucá-la.

 

-Que? –Eu estaquei com suas palavras.

 

-Somos diferentes agora. Tão diferentes... –Ele me olhava, mas era como se não me olhasse.

 

-Jake, eu não to entendendo...

 

-Lembra-se da historia que contei a você sobre os frios e os Quileutes?

 

Eu parei e tentei me lembrar, mas as lembranças de minha vida humana com relação à Forks estavam tão escassas! Então flashes vieram até mim, flashes de uma conversa de duas pessoas em uma praia.

 

"-Você conhece alguma das nossas antigas histórias, sobre de onde viemos. Os Quileutes, eu digo?

 

-Na verdade não.

 

-Bom, existem muitas lendas, algumas delas datam da época do Dilúvio- supostamente, alguns dos nossos ancestrais Quileutes amarraram suas canoas nos topos das árvores mais altas da montanha pra se salvarem, como Noé fez com a Arca. Outra lenda diz que nós somos descendentes dos lobos e que os lobos ainda são nossos irmãos. É contra a lei tribal matar eles. Então tem as lendas sobre Os Frios.

 

-Os Frios?

 

-Sim. Existem lendas sobre os frios como existem sobre os lobos, e algumas delas são muito mais recentes. De acordo com a lenda, o meu próprio tataravô conhecia alguns deles. Foi ele quem criou o tratado que os mantêm fora das nossas terras.

 

-Seu tataravô?

 

-Ele era um líder tribal, como meu pai. Sabe, os frios são os inimigos naturais dos lobos- bem, não do lobo, mas os lobos que se transformam em homens, como os nossos ancestrais. Você os chamaria de lobisomens.

 

-Lobisomens têm inimigos?

 

-Só um.”.

 

E então eu entendi. Jacob ter o mesmo cheiro dos lobos. O fato dos lobos terem ferido apenas Laurent e não a mim. Jacob era um lobisomem e o fato de parecer me odiar agora era por que eu era uma vampira, sua inimiga natural.

 


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