Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 24
Capítulo 23




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Bella pov’s

 

 

Tudo ao meu redor estava escuro. Senti o gosto de sangue humano cortar minha garganta. Nicolai certamente estava me alimentando. Eu não gostaria de apelar para isso, mas era necessário, por que eu precisava dizer adeus antes do meu fim, precisava me despedir de Edward e da família Cullen. Eu não só tinha que me despedir, mas garantir que eu não fosse seguida. Eu rumava invariavelmente para o fim e não queria levar outros comigo. Eu quase poderia ver o que aconteceria a Edward e aos demais se ficasse com eles, eles seriam alvo dos Volturi, eu não iria condená-los. Senti a neve ao meu redor e os braços de Nicolai envolta de mim.    

 

-Deixarei que você toque o réquiem para o vampiro, Isabella. –Nicolai disse e deixou-me a sós com Edward. Eu fixei meus olhos no céu nublado. Edward parecia inquieto com meu silencio. Ele deitou-se ao meu lado. Eu senti sua mão hesitar, queria segurar minha mão, mas não o fez. O réquiem de despedida, como Nicolai disse. Eu entendia tão bem Edward agora, por que ele me abandonou. Ele me abandonou em Forks para me proteger dele mesmo e de sua família, mentiu para mim para isso. Eu faria o mesmo com ele, por que o amava. Olhar da perspectiva de Edward mudava tudo.   

 

-É bela, não é? – Eu falei, minha voz estava fraca. Eu ainda não sabia o que diria. –À noite, esta neve... Tudo ao nosso redor é belo. Eu não consigo mais enxergar a beleza. As pessoas, as paisagens... Eu não consigo enxergar mais nada o que é belo. Deve ser por que agora eu só faço parte de um mundo obscuro, feio. –Confessei de forma bem poética devo dizer um pouco do meu sofrimento. Eu não deveria fazer isso, deveria guardar para mim o sofrimento, mas eu quis maldosamente fazer com que Edward sentisse meu sofrimento, se colocasse em meu lugar como aconteceu em Forks. Eu viveria o que Edward viveu e Edward viveria o que eu vivi, uma troca justa.

 

-Não diga isso Bella. Você jamais fará parte desse mundo. –Edward disse, o desespero implícito em sua voz. Eu sorri. Ele estava me obrigando a ser mais maldosa e eu seria por que isso garantiria sua segurança. 

 

-Mergulhado na ignorância, Edward? Está cego?

 

-Eu sei o que eu vejo Bella. Você ainda é a Bella que conheci, que amei. –Ele falou emocionado. 

 

-Não Edward. É isso o que você não entendeu e talvez seja por isso que ainda não partiu com sua família. Eu não sou a humana Isabella. Aquela que você um dia amou não existe mais. Ela morreu há quase dois anos atrás quando o vampiro Laurent morreu. –Cada palavra era um baque em Edward. Eu gritava para mim mesma “pare Edward!”. Eu não queria feri-lo mais, mas parecia ser algo impossível. Edward levantou num átimo e segurou minha mão. 

 

-Bella, ouça o que tenho a dizer! Eu... Eu tenho tanto para dizer! Se você soubesse o porquê a deixei talvez seu ódio por mim aplacaria e...

 

-Eu tentei encontrar um culpado para minha desgraça. Tentei culpar todos ao meu redor, você, mas eu desisti. Não me importa quem me condenou a ser o que sou. Também não me importa o que você tem a dizer. A humana Isabella se interessava em ouvir suas palavras, mas eu, que sou um individuo completamente diferente, não me... –Edward me abraçou.

 

-PARA! PARA DE FALAR COMO SE A HUMANA NÃO FOSSE VOCE! –Edward abraçou-me apertado. Vi naquele ato a chance de jogar todas as minhas angustias de lado. Corresponder ao seu abraço e negar tudo o que tinha dito até agora. Ah, o seu abraçou era único! Ele era quente, perfumado e não tinha mais aquele cuidado exagerado para me abraçar. Eu queria senti-lo ainda mais profundamente. Eu não podia. Eu tinha que me convencer disso. Tentar ser feliz causaria sua desgraça. Não poderia ser assim, não seria assim. Eu não correspondi ao abraço. –EU AMO VOCE BELLA! EU SEMPRE AMEI VOCE! TUDO O QUE FIZ POI POR AMOR, PARA PROTEGÊ-LA!

 

-Eu entendo o que quer dizer, mais do que qualquer um, eu entendo. –Eu o abracei cedendo aos meus impulsos. Ah, era tão bom! Por que eu não poderia ceder? Por que eu não poderia ficar com Edward como eu sempre quis? Por que isso custaria muito caro para ele, e eu não era egoísta, eu era altruísta. Isso nunca mudaria para mim.  

 

-É diferente agora, quando somos iguais, nos abraçarmos. –Eu disse enquanto mergulhava naquela torrente de emoções sentindo o calor e o cheiro inebriante de Edward. Eu queria aquilo para sempre, queria te-lo ao meu lado. Eu não poderia ter o que eu queria. Eu não seria egoísta, não deixaria o amor avassalador que sinto por ele nem a mágoa por Edward ter me abandonado anuviar minha mente. Eu tinha decidido trilhar um caminho e o seguiria. Abandonando as reais palavras que queria dizer a ele, palavras como “eu te amo” e “quero ficar com você”, eu vesti novamente a máscara que coloquei em mim durante minha difícil vida como vampira. Eu me afastei a contragosto e mostrei toda a indiferença que fingi existir desde que o vi. Agora eu o magoaria como Edward me magoou ao dizer que não me amava. Edward olhou-me aturdido, parecia prever o que eu faria.  

 

-Bella, tenho... Tenho tanto a lhe dizer e... Eu quero que me escute.

 

-Já disse a você que não tenho interesse em ouvir. Não sei por que se deu ao trabalho de vir aqui, pra dizer a verdade não importa. Você já me viu então vá embora e leve sua família. Como você viu, eu já tenho muitos vampiros inconvenientes que insistem em me seguir, não queira se tornar mais um. –Eu tentei sair dali, caminhar, mas Edward puxou-me para seus braços. Não seria fácil como foi comigo, não seria fácil dizer adeus. Eu ouvi o choro de Edward e aquilo me assustou. 

-Não. Deixe-me ir com você. –Ele disse.  

 

-Não quero. Você tem uma vida para seguir, eu não quero terminá-la para você. –Falei uma frase que Edward tantas vezes disse para mim. Só agora eu entendia seu significado.  

 

-Eu não me preocupo com os Volturi, pouco me importa se eles me matarem! Se você estiver comigo Bella, eu estarei feliz, eu estarei bem. Eu imploro para que me deixe ir com você. –Ele falou. Aquilo estava me enervando. Sentia raiva não pela persistência de Edward, mas sabendo que sua persistência me obrigada a ser cruel, coisa que verdadeiramente eu não queria. 

 

-Não é apenas para a sua segurança que o quero afastado de mim, Edward. Eu posso não te-lo culpado pelas desgraças que se abateram sobre mim, mas isso não significa que eu não o desprezo. –Falei entredentes. Eu sabia que minhas palavras fariam um estrago terrível em Edward. Mas se isso garantisse que ele ficaria afastado de mim, seguro dos Volturi, eu o faria sem pestanejar.

 

 -Eu sei por que está fazendo isso Bella. Está fazendo isso para me proteger, como fiz com você no passado, mas eu sei o que se passa em seu coração eu... –Ele não se convencia. Por deus! Edward percebera o que eu estava fazendo, percebi que simplesmente dizer palavras duras não seria o suficiente para afastá-lo.

 

-Coração? –Eu ri. –Você acha que eu tenho um coração? Você, mais do que ninguém, sabe que não tenho.

 

-Eu sei, eu sei que você me ama Bella. Sei que está agindo assim para me proteger por que foi o que fiz por você no passado! Não importa o que você diga para mim, não vai mudar o que eu penso! –Eu me afastei contrariada. Ele havia percebido então De nada adiantaria falar. Pensei em algo. Edward nunca conseguiu ler minha mente, sei que se retirasse completamente a barreira que me envolvia continuadamente ele poderia ver minha mente. Através de minha mente eu poderia convencê-lo.

 

-Você não parece acreditar no que eu digo, Edward. –Falei fria.

 

-Você pode ter acreditado em minha mentira quando disse que não a amava, mas não irei acreditar tão facilmente em você, Bella. –Ele disse. Eu me preparei. Lembraria apenas de tudo o que me aconteceu de ruim, de todas as dores, físicas e psicológicas que tive. Coloquei minhas mãos em seu rosto e olhei fixamente para ele. Edward cobriu minhas mãos com as suas. Eu iria tocar o réquiem final.  

 

-Você é patético, Edward Cullen. Se eu me iludi no passado ao acreditar em você quando disse que não me amava, você está sendo mais patético do que eu. Talvez eu tenha que lhe mostrar mais do que você viu, acredite: Não será nada agradável. Sempre quis ler minha mente, não é? Pois bem, eu irei mostrá-la a você. –Eu o beijei saboreando bem pouco daquele momento. O que eu faria agora seria o ato mais cruel que realizei. Toas as minhas lembranças, desde minha chegada a Forks até hoje, passaram pela minha cabeça. Mas eu me lembrei apenas dos momentos de angustia, dor, solidão, aflição, tristeza, depressão. Edward parecia apenas apreciar o beijo, mas então sua expressão mudou e eu soube que havia conseguido, Edward estava lendo minha mente agora. Edward olhou-me com os olhos arregalados, nossos lábios ainda colados. Eu o olhava com fúria. Edward caiu de joelhos, ele queria se afastar de mim. Eu não deixei. Mantive minhas mãos em seu rosto e continuei a beijá-lo com os olhos bem abertos concentrados em pensar apenas nas coisas ruins.

 

Eu me afastei e Edward olhava para o chão, a expressão nula. Agora eu tinha certeza, ele me deixaria partir. Eu corri, corri rapidamente, mesmo não estando em condições para isso. Ativei minha barreira, aquela destinada apenas a proteção. Logo senti a aproximação de Nicolai e dos demais. Eles penetraram minha barreira e correram silenciosos ao meu lado. Eu guardei em mim cuidadosamente o rosto de Edward e dos demais Cullen, o que senti ao vê-lo, ao tocá-lo, ao beijá-lo. As lembranças que agora eu manteria em minha mente até o fim, apenas para lembrar-me que um dia fui feliz. O fim estava próximo, o fim de tudo. Por que eu sabia que eu estava cercada por chacais que fingiam admirarem meu caráter e seguirem a filosofia de Calisle de não se alimentar de humanos. Dentre os meus seguidores, Nicolai, Jacqueline, Julian e Alexandra, havia espiões dos Volturi.    


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