Renascida escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 21
Capítulo 20




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Bella pov’s

 

Caminhando sem rumo, sem saber qual seria o meu propósito. Essa era minha vida.

 

...

 

-Que humana suculenta aquela! Veja! Ela carrega um bebe! –O vampiro disse ao companheiro de caça, já havia anoitecido. Eles estavam em um beco de tocaia esperando pela aparição de uma humana. Eles a matariam e, se tivesse sorte, ela morreria. Ela não morreria, não naquela noite. Eu desfiz a barreira que me envolvia e os dois vampiros em fim me notaram. Eu estava no mesmo telhado que eles.

 

-Quem é você? –Inquiriu o mais jovem dos dois, tinha os cabelos aparentemente castanhos raspados, os olhos de um tom vermelho vivido. Eu não dei tempo a eles para nada. Aproximei-me rapidamente e ativei meu poder. Eles se desintegraram tão rápido que nem tiveram tempo de gritar. Eu sorri. Estava boa naquele negocio de ativar meu talento. Voltei a caminhar em seguida.

 

Minha vida se resumia a isso, matar vampiros que encontrava ao acaso antes que eles dessem cabo de algum humano. Claro que às vezes eu falhava, às vezes o humano já estava morto e eu nada poderia fazer, mas eu me sentia em matar os agressores do humano em questão.  

 

Sempre caminhando, sempre matando aqueles que não merecia clemência, vampiros que não mereciam clemência, sempre alimentando-me do sangue de animais. Sempre procurando uma forma de morrer ou alguém para culpar, muito embora eu não quisesse a última opção, eu não queria culpar alguém pelo meu infortúnio. Isso era perda de tempo. Quanto a morrer... Bem, eu esperava que os Volturi me mandassem um desafio.

 

Todos os rastreadores que cruzavam o meu caminho eram exterminados. Meu poder era incrível, crescia a cada dia mais. Eu sempre deixava um dos Volturi vivo para que ele dissesse a Aro ou a quem quer que fosse que haviam falhado e para saberem sempre minha localização. Por que o que eu mais queria era que existisse um vampiro no clã Volturi que acabasse comigo.

 

Notei algo que certamente os Volturi um dia notariam, sempre que usava meu poder eu ficava esgotada. Sentia meu corpo se enrijecer tamanho o cansaço, ficava sedenta. Tinha que me arrastar ou esperar até que algum animal passasse perto de mim, era difícil eu me locomover. Se meus inimigos percebessem essa vulnerabilidade, seria meu fim.

 

Eu continuei com meu percurso, destruindo qualquer vampiro com olhos rubros que se interponha em meu caminho, sendo dos Volturi ou não. E, certa vez, enquanto estava na fronteira da Itália, acreditei que seria meu fim. Após exterminar um grupo de vinte vampiros dos Volturi, vinte um para ser franca, deixei um fugir, eu cai exausta. Meu corpo estava mais frio e mais branco que o normal, como se realmente eu estivesse virando mármore. Eu estava em um telhado de um prédio qualquer, ninguém havia me notado ali. Eu precisava sair dali e encontrar um animal, mas tudo o que eu sentia num raio de vários metros era o cheiro de humanos. Fiquei parada, recebendo uma forte tempestade, enquanto meu corpo parecia pesar mais e mais de cansaço. Eu sabia que um vampiro estava nas proximidades, ele não tinha o mesmo cheiro característico dos Volturi, mas poderia conhecer minha fama de “Blade” feminina. Antes de me entregar a inconsciência eu o vi. Possuía longos cabelos negros, os olhos eram cor âmbar, o que me surpreendeu. Então ele se alimentava de sangue de animais? Ele me olhou fixamente, eu me entreguei à inconsciência causada pela perda excessiva de energia e pensei se ele se aproveitaria de meu momento de fraqueza para me exterminar, desejei que assim fosse feito.

...

 

Despertei em um parque, era madrugada, a chuva havia cessado. O desconhecido estava sentado no gramado ao meu lado, olhava para o nada. Eu fiquei alarmada. O que havia acontecido? Senti o gosto de sangue na boca. Eu havia sido alimentada, o sangue tinha o gosto de sangue de animais, mas por quem? Sentei-me e fixei meus olhos no desconhecido. Ele voltou seus olhos para mim e sorriu.

 

-Sou Nicolai. A muito procurava por alguém que compartilhasse de meus ideais. Pela cor de seus olhos vejo que você se abstém de sangue humano. –Ele continuava a sorrir, mas uma nota soava falsa naquele homem. Eu fiquei sentada ao seu lado olhando-o com desconfiança. Ele continuou a sorrir.

 

-Você se alimenta de sangue de animais? Por quê? O que o levou a isso?

 

-Bem, eu tenho humanos que amo. Sempre vejo seus rostos nos outros humanos por isso eu me limito a usar sangue de animais.

 

Eu o olhei espantada. Ele riu.

 

-Não acredita em mim, não é?

 

-Não importa se acredito ou não. –Levantei-me. –Obrigada por me alimentar Nicolai. Tenho que ir.

 

-Posso saber para onde?

 

-Não sei. Sou uma nômade. –Falei com um riso de zombaria. –Obrigada por me alimentar. –Falei e comecei a andar, cobri minha cabeça com o capuz do casaco que usava, casaco este que pertencia a um dos vampiros que matei. Ouvi passos atrás de mim. –Por que está me seguindo?

 

-Eu não tenho para onde ir, também estou vagando. Estou cansado de andar sozinho.

 

-Lamento, mas não pode me acompanhar. –Falei com aspereza voltando a caminhar. Ouvi novamente passos atrás de mim. –Por que me acompanha?

 

-Por que sinto que você é a única vampira do mundo que se alimenta de sangue de animais.

 

-Existem outros por ai. Procure que você encontra. –Eu disse enquanto sentia meus nervos se agitarem por perceber que ele ainda andava ao meu lado.

 

-Escute aqui vampiro, se estiver comigo vai morrer. Estou sendo perseguida por um clã poderoso. Se vier comigo será fatalmente alvo deste clã.

 

-Não me importo de ter um pouco de ação.

 

Eu continuei caminhando enquanto o desconhecido me seguia. Não imaginei que ele me seguiria, achei que desistiria logo. Não foi o que aconteceu. Nicolai foi p primeiro do meu “bando”. Era ele que se incumbia de me alimentar sempre que eu enfrentava algum grupo dos Volturi ou vampiros prontos para acabar com a vida de humanos. Eu não queria que ele me seguisse, queria mergulhar na minha dor e na minha solidão. Mas Nicolai ignorou meus pedidos para que me deixasse em paz, ele me seguia e me ajudava a me alimentar sempre após cada batalha.

 

A segunda foi Jacqueline, uma vampira recém nascida que encontrei junto a mais três vampiros. Eu aniquilei os outros três e teria aniquilado a vampira, ela ainda estava cheia de sangue de suas vitimas no vestido cor carmim, mas não a matei... Por que ela se ajoelhou e implorou para que eu a poupasse.

 

-NÃO ME MATE! FAÇO O QUE DESEJAR, MAS NÃO ME MATE! –Ela gritava enquanto estava de joelhos diante de mim e Nicolai. Havia desfeito minha barreira, mas seria tão fácil ativá-la!

 

-Por que não? Por que não poupá-la e integrá-la ao nosso grupo, hein Isabella? Por que não dar essa chance? Se ela sair da linha... Basta matá-la. –Eu não continuei a ouvir o que Nicolai dizia.

 

-Não me importa o destino dessa infeliz. Nicolai, eu preciso... –Eu desmaiei antes de dizer a ele que precisava me alimentar, antes de julgar a vampira loira. Quando eu despertei da letargia, Jacqueline já havia se prontificado a seguir nossa dieta, minha e de Nicolai.

 

...

 

E o tempo foi passando. Se pudesse citar uma metáfora para exemplificar o que vivi, diria que me via em um deserto.

 

Eu estava em um deserto, peguei um punhado de areia e fechei em minhas mãos. Por mais que eu quisesse manter a areia em minhas mãos, o forte vento a levava, a areia que caia por entre meus dedos. A areia estava quente, a dor me fez abrir a mão e deixar à areia inteira que tentei reter ser levada pelo tempo. A areia era como o tempo. Quando eu era humana e feliz, quando eu tinha Edward, eu quis que o tempo parasse ou, pelo menos, corresse lentamente. Após a partida de Edward, quando a dor me consumia pela solidão, eu quis que o tempo corresse rapidamente. Agora eu não ligava. Não me importava com nada. Que o tempo corresse, seguisse lento.

 

Enquanto eu seguia sem rumo, acompanhada por Nicolai e Jacqueline, mas dois se uniram ao “bando”. Eram irmãos, seus nomes: Julian e Alexandra.

 

-Você é Isabella, aquela que enfrentou e triunfou com os Volturi, não é? –Julian perguntou numa voz amistosa. Nicolai enrijeceu. Eu continuei relaxada enquanto Jacqueline tomou partido e prostrou diante de mim rosnando ameaçadoramente para os vampiros a nossa frente.

 

-O que quer? Se veio lutar comigo, é melhor se preparar. –Disse brandamente. Alexandra riu.

 

-Não. Eu não sou burra a ponto de me voltar contra você e seu grupo. Sei de suas façanhas Isabella, sei o quanto é letal. Sua lenda já é conhecida por ai. –Alexandra falou e tão logo se ajoelhou diante de mim sendo acompanhada por Julian.

 

-Queremos ser de seu bando, seguir suas leis. –Julian disse. Eu os olhei com indiferença. Virei de costas e segui meu rumo. Nicolai prontamente se colocou ao meu lado, Jacqueline caminhou olhando para os vampiros. Eles, ao invés de irem embora, me seguiram. Eu queria ficar só, quanto mais só eu queria ficar, mais vampiros apareciam para se juntar a mim. Mas eu sabia que eles logo decairiam e eu teria que exterminar os vampiros com quem aprendi a conviver.

 

O que o destino reservava para mim? Não fui eu que soube de antemão o que me aconteceria, foi Nicolai. Ele, além de mim, possuía um dom. Uma visão muito mais ampliada do que de um vampiro comum, podendo ver grandes distancias. Ele sempre via o grupo dos Volturi vindo até mim antes de notarmos algo, ou via onde existiam vampiros que se alimentavam de sangue humano. Naquela tarde nublada, em algum lugar no norte da Europa, Nicolai viu o que eu não queria ver. Ele viu algo que eu enterrei com minha humanidade.

 

-Isabella, tem um grupo nos seguindo. –Ele falou após caçarmos em um bosque. Nós estávamos sós enquanto os outros ainda se alimentavam.

 

-Quantos? –Perguntei.

 

-Sete. Quatro homens e três mulheres. Não sei ao certo se são dos Volturi. –Ele manteve seus olhos focados para noroeste. Aquela conta me lembrou de algo, muito ao longe, enterrado em minha memória.

 

-Como são? Fale-me de sua descrição física. –Eu falei sentindo a tensão me tomar. Não, não poderia ser a família Cullen! Talvez estivessem de passagem, não significa que me seguiam. Eles não poderiam me encontrar, me ver na forma lastimável em que eu estava correndo o risco de serem seguidos pelos Volturi. Não, só podia ser coincidência.

 

-Dois são loiros, há uma mulher loira com eles, uma baixinha de cabelos negros espetados, um grandalhão, uma mulher de cabelos achocolatados e um rapaz de cabelos cor cobre.

 

Enquanto Nicolai dizia a descrição senti algo se operar em mim. Desespero, mágoa, fúria. Eu só tinha uma certeza: eu não queria vê-los. E eu faria de tudo para me manter longe.

 

...

 

Quanto tempo eu estive vagando? Um ano desde que fui trazida para cá pelos Volturi? Deveria agradecê-los, afinal seria mais difícil vagar pelo meu estado. A pedido meu, nós paramos e nos refugiamos em uma catedral ortodoxa abandonada, em uma cidade fantasma. Estávamos ao sul da Rússia em uma cidade desconhecida, abandonada devido ao inverno rigoroso. Todos haviam sido avisados que um grupo viria, não demoraria até os Cullen chegar. Eu estava esgotada, havia acabado de destruir um pequeno grupo mandado pelos Volturi, não me importei em deixar algum vivo. Alimentei-me, no entanto o sangue de animal não parecia surtir muito efeito em minha recuperação. Nicolai havia sugerido que eu bebesse sangue humano, sangue dos humanos com quem nos deparávamos de vez em quando, humanos mortos. Eu o ignorei.

Perdida em meus devaneios fui abruptamente interrompida por Nicolai.

 

-O grupo esta vindo. Quem são eles? Pertencem aos Volturi?

 

-Não.

 

-Mas você os conhece, não é Isabella?

 

-Não interessa.

 

-A mim interessa. Espero que o aparecimento destes vampiros não faça você mudar de idéia.

 

-O que quer dizer Nicolai?

 

-Espero que não se uma a eles e nos abandone. Somos uma família agora. –Eu ri das palavras de Nicolai.

 

-Não se preocupe. Eles fazem parte da vida da humana Isabella. Ela não existe mais.

 

-Se é assim por que quis parar? Quer que eles nos encontrem?

 

-Tenho apenas um recado para dar Nicolai, depois partiremos. Não tenho a intenção de ingressar em nenhum outro grupo tampouco ter mais membros nesse... Bando ou o que quer que seja nossa união. Fique tranqüilo.

 

-Então... Já que eu irei recebê-los. Há alguma coisa que precise saber? –Seus olhos me estudavam, tão típico dele! Eu continuei a ignorá-lo, mas Nicolai se manteve lá.

 

-Carlisle é o líder, foi dele que conheci a filosofia de se alimentar de sangue de animais.

 

-Interessante. Ele a transformou em vampira?

 

-Não. Eu os conheci como humana. Carlisle, Esme, Jasper, Rosalie, Alice e... Edward. –Falei esse nome de forma dura, não consegui evitar. –Três dele tem talentos. Edward, o de cabelo cobre, lê mentes, Alice, a de cabelo preto espetado, vê o futuro, Jasper controla emoções.  

 

-Puxa! Três possuem talentos! Que coisa! Devo ter cuidado com eles certamente. Fique aqui e descanse. Como falei para você, um grupo grande está vindo para cá. Precisará estar descansada.

 

-Eu sei Nicolai. Fique de olho nos outros. Conversarei com esse grupo e lutarei com os rastreadores dos Volturi.

 

Eu sabia o que Nicolai queria, ele havia pegado uma boa quantidade de sangue de uma humana morta que encontramos e guardado em uma pequena garrafa de prata. Não havia ingerido, é claro, estava guardando para mim. Por que ele sabia que nessa nova luta sangue animal não me bastaria. Eu o olhei com fúria. Ele entendeu meu recado. No entanto...

 

-Me de a garrafa, Nicolai. –Eu pedi estendendo a mão. Nicolai entregou-me e eu bebi uma boa golada. Era delicioso, mas o propósito de beber o liquido não foi para me fortalecer. Eu tinha certeza que os Cullen me seguiam. Agora eu tinha que afugentá-los. Pouco me importava o que estava levando eles a me seguir, eu precisava acabar com isso. Entreguei a garrafa a Nicolai e ativei minha barreira, a barreira não letal. Apenas para ocultar meu cheiro. Fiquei sentada naquela sala escura, sentindo o frio penetrar pelas pequenas persianas abertas, preparando-me para encarar meu passado, encarar Edward. Não importa o que eu fosse sentir, eu interpretaria meu papel e o afugentaria. Por que não existia mais “nós”, eu selei meu destino quando enfrentei os Volturi e, por mais que Edward tivesse me magoado, eu não iria expor ele ao perigo.

 

Eu estava me preparando, mas não sabia se toda a preparação do mundo adiantaria. Eu me senti como a humana Isabella que tanto tentei afugentar. Eu não queria voltar a ser Isabella Marie Swan, eu não iria me tornar aquela humana fraca e imprestável. Eu fiquei parada, alheia a tudo, alheia ao cheiro doce que sentia, as vozes, a presença que sentia. E então ouvi murmúrios indicando algum conflito. Levantei-me e num átimo eu estava na sacada diante do salão principal. Eram eles, não haviam mudado em nada. Eu fixei meus olhos em Edward, eu não conseguia ver nada mais além dele.

 

-Chega... Nicolai. –Disse e fiquei visível para os outros. Edward foi o último a me ver, seus olhos ocre fixaram nos meus olhos agora rubros pelo sangue que bebi de Nicolai. Agora era o momento, o começo do fim. Para mim, para Edward, para o nosso amor.


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Notas finais do capítulo

Reviews e minha popularidade. Aumentem isso e posto até desenvolver lesão por esforço repetitivo. XD