A Alegria de Suzumiya Haruhi escrita por MarcJunpei


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Spoilers poderão contidos estar. Que a força esteja com vocês!



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Os dias passaram voando e só falta uma semana para o evento em que eu, de maneira invasiva e ridícula, apareço em cima da cama de Haruhi. Apesar disso, ainda não consegui comprar o presente que devo entregar a ela.

“Acho que você deve pensar mais com o coração do que com sua carteira...” – Esse era Koizumi, que parecia tentar ajudar, mas no fim das contas apenas estava botando mais lenha na fogueira. Ele saltou pra perto de mim ficando irritantemente próximo...

“Sobre o que eu falei...recomendo pensar nisso, é uma dica...” – Claro que é...Essas coisas genéricas que você fala escondendo sua verdadeira face atrás desse sorriso plástico...

Esse cara sabe me provocar, mas eu acho que não estou prestando atenção no que realmente importa para escolher esse presente. O que Haruhi gosta além de coisas anormais?

Após o almoço voltei para a sala de aula e resolvi desenvolver uma conversa com Haruhi antes do professor chegar...

“Haruhi?”

“Sim?” – Ela respondeu sem ao menos me olhar...

“Então...existe alguma coisa que você goste que seja normal?” – essa pergunta ficou bem mal formulada...

“Que tipo de pergunta é essa?” – ela me olhava de forma penetrante e é claro que ela estava brava, acho que eu a ofendi de alguma forma. Talvez não pelo motivo pelo qual qualquer pessoa comum ficaria, mas tentar tirar de Haruhi uma informação sobre ela gostar de uma coisa normal é um insulto direto a sua personalidade...

“Deixa pra lá, eu apenas estava sem assunto...” – Me recolhi a minha posição normal e comecei a navegar em pensamentos novamente.

Esse mês foi bem tranquilo, nada de conspirações ou problemas preocupantes, mas por que eu estou com esse pressentimento? Acho que meu cérebro já está afetado por tanto passar por esses eventos esquisitos. Mas como já tinha admitido anteriormente, não é fascinante viver uma vida excitante assim? “Sim” é a resposta para mim. Graças a Haruhi eu estou podendo trilhar esse caminho surpreendente, mas não posso negar que gosto de presenciar alguns momentos tranquilos como este.

Enquanto as ondas do tédio me embalavam eu lembrei de Yasumi Watahashi novamente. Yasumi com certeza continha traços de Haruhi, mas ela parecia um pouco mais “pra frente”, se é que essa expressão é a mais correta para defini-la. Haruhi sempre foi espontânea, mas Yasumi parecia poder ir além de sua progenitora. O fato que mais me deixou incomodado com ela foi, com certeza, a vontade dela de conhecer minha casa. Qual era o objetivo disso? Ela era o subconsciente da Haruhi. É claro que a equação é simples não é? Haruhi estava cada vez mais sociável, mais aberta...acho que estou chegando perto de saber que tipo de presente dar a ela.

No encontro no clube, Haruhi estava concentrada em seu jogo de paciência no computador. Ela parecia estar bolando alguma coisa. Bem, pra mim não tem problema. Eu já estou a muito tempo sem fazer nada mesmo...

“E então, conseguiu pensar em alguma coisa?” – Koizumi falava enquanto fazia a próxima jogada no Go.

“Na verdade sim, acho que estou perto de decidir” – Falei enquanto espiava Haruhi com o canto dos olhos.

“O plano é simples...” – E era mesmo, pois eu nem precisei inventá-lo já que tinha vivido ele no futuro – “vamos a casa de Haruhi de madrugada e acordamos ela após a meia noite. Eu que faço isso na verdade enquanto vocês me esperam lá fora.” – Falei de modo sério, mas por algum motivo já esperava a reação estúpida...

“Quer dizer que você invade o quarto de Suzumiya-san? No meio da madrugada certo? Sozinho né?” – Falou Koizumi obviamente fazendo piada da situação.

“Eu não escolhi fazer isso...” – Retruquei de maneira irritada.

Após o fim das atividades no clube, fui para casa decidido. Bem, o presente que escolhi não era nada muito caro, mas não quer dizer que não era algo bom ou surpreendente. Eu liguei para Koizumi e Asahina-san naquela noite pedindo para eles me emprestarem suas câmeras fotográficas. Essa já é uma pista suficiente para vocês saberem minhas intenções, certo?

Sim, o que eu iria fazer era um apanhado de fotos das nossas desventuras. Brega não? Eu também achava, mas Haruhi parecia estar tão emocionada naquele dia, que achei que ela ficaria feliz de ver lembranças do nosso primeiro ano de Brigada SOS. Mas eu fui além disso... Não satisfeito com um presente sentimental sem tanto valor monetário, tive a loucura temporária de torrar meu precioso dinheiro em um daqueles colares com letras customizadas, que claro não poderiam ser outras senão “SOS”.

Em outro lapso de discernimento, eu coloquei a única foto em que eu estava sozinho com ela como a última do pequeno álbum...

Embalei o presente na caixinha que havia comprado antes de chegar em casa e suspirei profundamente. Quanta trabalheira não? Mas não tive má vontade ao fazer isso. Eu já tinha admitido para mim mesmo que queria continuar com Haruhi e seu show de aberrações ocultas, mas como não conseguia pronunciar isto em palavras, o presente seria meu método indireto de dizer isto.

Eu sinceramente espero que um dia eu consiga falar para Haruhi o quanto eu gosto da comida e das aulas dela, por exemplo. Às vezes eu sinto que não trato ela tão bem quanto poderia e sei muito bem que por trás da máscara de carranca que ela veste, existe alguém que se preocupa com seus amigos. Além disso, vou chama-la pra conhecer minha casa um dia desses. Yasumi Watahashi, seu subconsciente, parecia estar curiosa sobre uma coisa tão simples como essa.

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No fim de semana fizemos mais uma rodada de “busca por mistérios” na cidade. Novamente Haruhi fez seus sorteios clássicos de palitinhos. Minha impressão de algo estar fora do lugar novamente submergiu do mesmo modo como John Galt se levantou contra a exploração da sua genialidade.

Pela manhã, eu fiquei com Nagato e como sempre rumamos para o lugar favorito dela, a biblioteca.

“Nagato, você sabe se vai acontecer alguma coisa esquisita por agora?”

“Não” – Falou ela no tom monótono de sempre

“É que ando com um esse sentimento estranho esses dias, mas se você diz que nada demais vai acontecer, então tudo bem...”

“Entendo” – Entende o que? Essa é a parte que eu mais detesto nessa brigada, todo mundo sabe de alguma coisa, mas eu estou sempre alheio a tudo...

Não preciso dizer que passei a manhã dormindo tranquilamente, mas atento ao horário. Dessa forma, Haruhi não me encheria o saco...

“Que cara amassada é essa Kyon?” – Haruhi me analisava como se não soubesse o que eu fiz a manhã inteira.

“Bem, nós fomos a biblioteca procurar livros de mistérios, mas eu li muitos livros e caí no sono”

“Mentira! Punição! Você terá que pagar o almoço!” – Essas penalidades são apenas desculpas pra você não gastar seu dinheiro, admita...

Durante o almoço conversamos sobre amenidades, tudo estava bem, mas aquela sensação continuava a me perturbar.

De tarde eu fiquei no grupo de Koizumi enquanto as garotas se dirigiram na direção contrária a nossa. Eu estava curioso pra saber o que Haruhi iria fazer com aquelas duas, mas eu precisava falar com Koizumi de qualquer forma...

“Então Koizumi, como você vai?”

“Bem, eu acho, e você?” – Respondeu ele com um sorriso leve.

“Não sei. A princípio parece que está tudo bem, mas venho sentindo que alguma coisa pode acontecer a qualquer momento. No começo pensei que era algo ruim, mas analisando melhor acho que não é necessariamente uma coisa má.”

“Entendo...Mas será que não é uma coisa boa? Vejamos...Você anda ansioso por algo bom?”

“Acho que não”

“E algo ruim?”

“Também não”

“Semana que vem você vai presentear nossa líder de brigada com uma coisa personalizada e totalmente feita por você...Será que não tem nenhum nervosismo seu relativo a reação de Suzumiya-san?” – Koizumi sorria mais abertamente agora, como se tivesse achado um pedaço de ouro no chão..

“Não, eu não estou pensando nisso agora...Mas sei que tem algo relativo a Haruhi que não consigo definir exatamente o que é...Só espero que não sejam problemas novos...” – Falei enquanto mirava o horizonte em que o sol já ameaçava se despedir.

“Não se preocupe. Sua premonição pode estar correta, mas quando você diz não saber definir se é algo bom ou ruim, penso que talvez você apenas necessite fazer mais escolhas no futuro. O problema real é “quais serão as situações?”...”

Fácil falar, mas nas últimas vezes que me envolvi com escolhas, todas eram bastante complicadas...Por exemplo, fugir do mundo normal criado por Nagato, ou escolher entre Haruhi e Sasaki para ficar com os poderes que hoje estão em posse da primeira...

Nos despedimos no fim da tarde e eu voltei para casa. Agora que estou longe do Koizumi, posso afirmar que a verdade é que estou sim ansioso para entregar o presente da Haruhi, mas meu pressentimento não tem nada haver com isso...

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Chegou o famoso dia afinal. Não consegui dormir nada e quando o relógio marcava 23:20 saí para a casa de Haruhi. Chegando lá me encontrei com o restante da brigada.

Koizumi apareceu e eu lhe dei o presente para que ele fizesse o mesmo que tinha acontecido anteriormente.

Diferentemente da última vez, quando apareci magicamente em cima da cama da Haruhi, agora eu tinha que escalar a casa até o quarto que ficava no segundo andar. Nunca fui muito atlético, por isso, fica claro que tive bastante dificuldades pra subir sem fazer barulhos desnecessários. Além disso, eu estava muito preocupado com os pais dela. Imagine o mal entendido estúpido caso me pegassem invadindo o quarto da filha deles àquela hora da noite.

Felizmente deu tudo certo e pra minha sorte Haruhi havia deixado a janela destrancada.

Esgueirei-me pelo quarto com meus sapatos surrados e a roupa do colégio no corpo. Dessa vez eu não tinha preocupações sobre o em que dia eu estava, que horas eram ou coisa do tipo, mas não teve problema, rapidamente eu criei algumas novas. Primeiro, meu coração estava prestes a explodir. Não sei se foi o esforço da subida ou se eu estava sentindo o que um criminoso sente ao invadir um lugar que possui algo muito valioso...Em segundo lugar eu fiquei estático por um tempo antes de subir na cama da Haruhi. O rosto dela dormindo, era...bem...maravilhoso, adorável, impecável? Era tudo isso, e eu simplesmente fiquei intimidado de fazer o que eu supostamente deveria...

Juntando toda minha coragem subi na cama dela e fiquei na posição em que apareci quando viajei no tempo...Ela abriu os olhos em espanto e repetiu-se o que tinha acontecido na primeira vez em que estive nessa cena.

Vou abrir um parênteses aqui para dizer que houve uma pequena mudança nesse evento...Enquanto Haruhi se trocava, eu fiz o buraco que havia feito nas roupas de cama que ela tinha atirado em cima de mim. Infelizmente ou felizmente, eu não sei definir, eu errei o local do buraco. Ao invés de enxergar o calendário, que eu nem precisava mais ver por sinal, o que vi foi uma visão assustadora e ainda assim belíssima. Sim, eu vi Haruhi em poucos trajes a alguns passos de mim. Por que eu fiz isso? Buda, Maomé, Jesus, Alá, Zoroastro, Mani, Gandalf ou qualquer outra dessas entidades talvez pudesse explicar. Provavelmente foi por curiosidade masculina...se é que algo assim existe...

Ademais, tudo aconteceu como já havia ocorrido. E aquele sorriso de Haruhi novamente...não sei...como na primeira vez eu não sabia o que comentar, mas aquela sensação de premonição que vinha comigo já algum tempo apenas aumentou naquele momento...

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No dia seguinte Haruhi me recebeu com um sorriso enorme no rosto, um daqueles tão brilhantes e embaraçosos que eu não conseguia nem encarar ela... Provavelmente isso tem haver com o famigerado presente de ontem. Embora eu não esperasse nenhum agradecimento efusivo por parte dela, eu deveria estar pronto para uma reação destas, afinal Koizumi falou um monte de besteiras pra ela sem o meu consentimento.

Eu quis me esconder dentro dos meus pensamentos, mas não pude deixar de notar que ela usava orgulhosamente o colar que eu dei a ela.

“Kyon, eh...obrigada...” – Ela sussurrou bem baixo e perto de mim após eu ter sentado na minha mesa. Duas coisas me incomodaram naquele momento, uma era Haruhi ter agradecido por algo, ela gostou tanto assim? A outra foi a proximidade. Esta última deve ter haver com a leve cócega que eu senti quanto a respiração dela estava próxima do meu ouvido. Não que eu não tenha gostado disso. Mas vindo de Haruhi eu sabia que não haviam razões ocultas por trás daquilo não é? Por muitas vezes percebo que as ilusões criadas por meu complexo de inferioridade me levam a conclusões demasiadamente desnecessárias.

O fato é que Haruhi estava bem animada naquele dia. Eu não fui xingado, explorado, nem escorraçado. Mas nada de anormal de certa forma. De noite em casa, me peguei pensando no passado daquele clube em que passei por tantas experiências, mas eu ainda estava incomodado com Yasumi Watahashi. Eu não faço ideia do por que eu ainda queria teorizar sobre ela...O que mais me perturbava era motivo do nascimento daquele “ser”. O que quero dizer é que: Yasumi não foi criada unicamente pra nos salvar da trama daquele bando de idiotas certo? Pelo menos assim eu penso. A verdade é que eu tenho uma ideia sobre a criação dela, mas eu não gosto nem de pensar nisso. Koizumi poderia confirma-la, mas eu temo que ele não seja a pessoa mais interessante pra se conversar sobre isso. Infelizmente eu não tenho um leque de opções muito grande, por isso falarei com ele de qualquer forma amanhã.

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No outro dia, Haruhi estava super empolgada com alguma coisa e antes da aula começar ela falou...

“Kyon, hoje tenho um anúncio ultra importante pra fazer na brigada, por isso nada de se atrasar. Vou avisar ao restante assim que eu conseguir...” – Como que eu posso me atrasar se geralmente eu vou junto com você para sala do clube? E essa combinação de animação extrema e reunião especial na brigada em geral me irritavam, mas hoje eu estava bastante feliz por ver Haruhi voando da forma que estava. Eu penso que assim nada de muito preocupante poderá acontecer. Nada de fim do mundo, monstros absurdos ou sumiços inexplicáveis...Assim espero...

Durante o almoço procurei Koizumi para discutir sobre o problema que me atingia já a algum tempo...

“Então Koizumi, como vai seu trabalho?” – Comecei com essa pergunta que não fazia o menor sentido...

“Está tudo muito tranquilo ultimamente, a verdade é que Suzumiya-san está como humor tão bom que eu estou até ficando acostumado a dormir do tanto que venho conseguindo”. – Respondeu ele, parecendo bastante satisfeito.

“Entendo...Na verdade eu tenho uma pergunta pra fazer a você...”

“Fique a vontade”. – Ele me respondeu parecendo já esperar por isso.

“Talvez eu me arrependa de discutir isso com você, por isso tente responder sem joguinhos...” – Ele balançou a cabeça em afirmação e eu já estava irritado sem nem ter começado... – “Qual você acha que foi o motivo real de Yasumi Watahashi ter sido criada?”. – Ele deu uma leve gargalhada e se recompôs rapidamente para disfarçar. Eu juro que se um dia eu tiver que dar uma surra em você não vou pensar duas vezes...

“Se acalme, foi uma reação espontânea...” – Falou ele colocando o dedo no queixo como se estivesse pensando profundamente. – “Essa é simples, mas não precisa ficar nervoso caso não goste de ouvir minha explicação”. – Assenti e ele começou a falar e gesticular suas mãos que não conseguem ficar paradas sem completar sua atuação...

“Bem, você sabe que durante aquele episódio Nagato-san ficou doente né? Isto deixou Suzumiya-san extremamente preocupada, mas essa não era a única preocupação dela naquele momento. A outra era, a que conversamos anteriormente...os ciúmes dela por causa de sua amiga Sasaki-san...” – Nesse momento ele fez uma pausa breve como se quisesse me atingir de alguma forma com aquele discurso. Além disso, ele ficou me analisando de maneira irritante. O que você quer tirar de mim? Fingi despreocupação e ele continuou. – “Como você bem sabe, nós humanos não podemos nos dividir em dois. Por muitas vezes nós recaímos naquilo que chamamos de prioridade. Você prioriza aquilo que é mais importante para você de acordo com algum critério, pois existe uma balança invisível que criamos para medir o nível de necessidade que temos ao tentar realizar duas coisas que não são possíveis ao mesmo tempo.” – Isso faz sentido, minha vida seria muito mais fácil seu pudesse sair por aí me dividindo em dois. Eu poderia jogar videogames enquanto meu outro eu faria meu dever de casa... – “Entretanto, como você bem sabe, Suzumiya-san está, pelo menos em alguma escala, longe de ser alguém com possibilidades tão limitadas como as nossas...Portanto o que ela fez foi justamente se dividir em duas pessoas. A primeira seria ela mesma. Aquela com liderança, força e os adjetivos necessários para cuidar de alguém querido que estava doente...” – Por alguma razão comecei a me preocupar com o restante dessa conversa, mas me obriguei a não interromper o mestre da falta de linearidade... – “A outra seria a parte que Suzumiya-san esconde no mais profundo do seu ser, aquela que seria ideal para impedir que você prestasse atenção em Sasaki-san. Alguém enérgica mas com uma personalidade mais aguçada e direta. Resumindo, alguém que não teria a menor vergonha de se expor, ao menos para você...” – O sorriso de Koizumi começou a ficar mais largo e ele começou a verificar minha expressão novamente. – “Você quer que eu continue?” – Ele perguntou obviamente me provocando...

Eu fiquei refletindo durante um tempo sobre eu querer ir mais longe naquele assunto...

“Tudo bem eu já entendi a idéia...” – Eu queria ouvir mais, mas Koizumi é tão irritante que fez com que eu perdesse imediatamente o interesse nas opiniões dele.

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Quando fomos a sala do clube, Haruhi se separou de mim...

“Tenho que pegar uma coisa ali e já volto” – Eu apenas assenti e continuei minha caminhada.

Chegando na sala comecei a tomar o chá que Asahina-san já havia preparado. E me peguei pensando sobre o que seriam aqueles ciúmes de Haruhi. Koizumi maldito, fica colocando ideias erradas na minha cabeça. Tentei me distrair aprendendo o novo jogo de tabuleiro que o esper me apresentara.

“O nome desse é Bagha-Chall, é um jogo muito famoso no Nepal. Ele se parece levemente com xadrez, mas tem algumas diferenças. Eu te explico, é bem simples na verdade.”

Na segunda vez que jogamos eu já tinha apreendido e derrotava Koizumi com certa facilidade. Por causa disso, o assunto do qual eu queria distância voltou a minha cabeça.

Como pode isso? Haruhi com ciúmes de mim? Isso é tão impossível...Por isso formulei minha própria explicação...Era óbvio que Haruhi nunca teve muitos amigos e isso deve ter acabado por deixa-la carente de atenção. Ela naturalmente, pelo menos quando eu a conheci, era bastante individualista...Assim, era lógico que ela ficasse com medo de perder qualquer um de nós. Estes ciúmes na verdade, não tem haver comigo exatamente. Se Koizumi começasse a sair por aí caçando garotas por exemplo...Haruhi criaria um ser apenas para acabar com os planos dele? Que pensamento nojento eu tive. Mas acho que era isso. Era bastante convincente. Nâo eram ciúmes de Sasaki, era apenas medo de me perder como amigo correto?

Que droga, apesar de achar que sim, eu não fiquei 100% feliz com minha própria teoria. Eu já disse como sou ruim em mentir? Por algum motivo eu estava ansioso com aquele fluxo de palavras que se chocavam na minha pobre mente preguiçosa.

Para minha sorte e alívio mental Haruhi entrou pela porta com suas baterias a 110% de capacidade.

“Pessoal, eu tenho um grande anúncio pra fazer, portanto não quero ouvir nada nesse momento. Já está tudo decidido...” – Nada que eu não tenha ouvido antes...Ela abriu um grande cartaz na janela que ficava atrás da mesa da liderança da Brigada e sorriu como o sol...

“Esse domingo faremos, em comemoração ao 1º ano da Brigada SOS, os primeiros Jogos Olímpicos da Brigada SOS para Membros e Correlatos”. – Deus, por favor caso você exista mostre sua piedade.

“Da onde você tirou essa ideia?” – Como seu eu não soubesse que ela provinha de uma mistura de tédio e animação...

“Maravilhoso Suzumiya-san. Como esperado de você” – Essa frase, claramente, partiu daquele que é o maior puxa-sacos que você poderia conhecer em todo o universo...

“Kyon, cadê seu entusiasmo? Eu gostei tanto de aplicar os testes para os novos membros da Brigada que decidi que nós poderíamos ficar apenas com a melhor parte...os esportes. Além disso vai ser uma atividade recreativa bastante interessante e o melhor, no parque ao ar livre...” – Falou a mimada que odeia perder em qualquer coisa. – “O que acha Mikuru-chan?”

“Eh...Bem interessante, acho que vai ser divertido”. – Acho que nem você acreditou nessas palavras...

“Como já estava tudo decidido mesmo, estou aberta apenas a dúvidas...”

“Quem são correlatos?” – Perguntei com curiosidade, embora já tivesse alguma idéia...

“Acho que são aqueles que já participaram de atividades anteriores da brigada. Na verdade já convidei eles...São aqueles dois, Tsuruya-san e sua irmã...” – Você convidou minha irmã? Quando?

“Eu liguei para ela ontem” – Eu já disse para minha irmã para de ficar dando mole para estranhos, mas ela não me ouve e continua me chamando por esse apelido estúpido que eu tenho.

“Bem, estejam todos com o uniforme de educação física, às 8:00 do domingo, no parque onde filmamos nosso primeiro filme.” – 8:00 do domingo, que tipo castigo é esse?

“Ah e a punição será triplicada para o último que chegar...na verdade a pessoa punida terá que pagar o almoço daquele tanto de gente por isso acho que isso já é uma punição amplificada.” – Senti Haruhi me fitando de lado enquanto falava isso. O que? Você já presumiu que eu serei o cara que vai cometer essa infração não é?

Assim encerrou-se nossa reunião com anúncio “especial”.

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No domingo, apesar de toda minha pressa e da minha irmã me acordar muito cedo, empolgada por participar desse lixo de evento, eu fui o último a chegar no destino. Lógico não é? Perdi até para o Taniguchi. Eu preciso me consultar, pois estou me sentindo muito mal agora. Como se isso não fosse ruim suficiente, eu trouxe todo um equipamento pesado que aparentemente nem Haruhi sabia se ia ou não utilizar...

“Olá Kyon-kun, como vai essa força?” – Essa era Tsuruya-san que sorria e não parecia nenhum um pouco incomodada com a situação. Eu apenas acenei de leve e fui saldado pelos “dois”

“Hey, Kyon, nada mal fazer um exercício no domingo de manhã né?” – Fale a verdade Taniguchi, você só queria ver as garotas nessas roupas curtas...

“Isso é algum crime?” – Ele respondeu parecendo ser ríspido, mas não se aguentando por dentro.

“Espero que possamos nos divertir hoje” – Esse era Kunikida, que diferentemente do outro, era mais próximo de um ser humano. Depois disso, cumprimentei o restante dos integrantes da brigada.

Quem passava no parque e via aquela turma de gente esquisita vestida de uniformes da escola em pleno domingo, devia estar suspeitando sobre o que nós estávamos aprontando. Na melhor das hipóteses alguém poderia pensar que aquilo era um treino extra para alguma competição que iria ocorrer em breve. Minha opinião é que se fosse isso, com certeza eu estaria me sentindo melhor sabendo que estava fazendo algo que tinha algum sentido. É isso...vou fingir que estou fazendo um treino secreto e especial para uma competição que não existe. Assim será menos vergonhoso.

Pra variar, Haruhi não tinha nada planejado e logo começou a dar ordens vazias que surgiam da cabeça dela. Ela falava para arrumarmos algumas coisas que demarcariam as atividades em que iriámos competir. Como eu posso competir se faço parte da organização também? Eu já estava cansado antes mesmo de começar a participar de qualquer coisa.

Eu deveria pedir pra Nagato apagar todo mundo e fazer essa trabalheira. Para então começarmos, magicamente, a apenas participar dessas olimpíadas idiotas. Mas isso seria pedir muito, além dos problemas que poderiam acontecer no tempo-espaço...

Após algum tempo de trabalho braçal não remunerado e estressante, tudo estava pronto. Os homens do grupo estavam claramente acabados. Éramos peões-competidores. Haruhi sorria como uma criança durante todo o tempo. Era como se ela pedisse para montarmos um castelo de 3 bilhões de blocos de montar em que ela seria a princesa e reinaria eternamente pisando em nossas cabeças. Eu juro que e um dia quero ter a oportunidade de inverter nossos papéis, embora eu pense que a mais remota possibilidade disso acontecer seja a mesma de eu começar a dormir no teto do meu quarto.

Haruhi pegou um papel e começou a rabiscar coisas que não faziam o menor sentido. Logo quando ela parecia estar sem nenhuma idéia...

“Acho que nós devemos nos dividir em dois grupos. Seríamos como equipes de países, assim como acontece nas olimpíadas”. – Ei, não comece a levar as coisas muito a sério. Além disso, somos 9 pessoas, um time ficaria desfalcado.

“Eu sei disso idiota, não precisa ficar bancando o esperto”. – Bem no momento que eu ia responder a esse ataque, meu coração gelou com o que, na verdade, com quem avistei...Por favor não me veja, finja que não me conhece. Eu não me importo. Passe direto...vá embora. Mesmo juntando todos esses pensamentos negativos não adiantou...

“Olá Kyon, que coincidência, o que vocês estão fazendo aqui hoje?” – Vamos lá Sasaki, você sabe muito bem que estamos apenas apoiando mais uma atividade excêntrica e desnecessária da garota que está te mirando como se reproduzisse as intenções de um assassino com uma faca afiada. Haruhi parecia estar descontente com aquele encontro. Era óbvio que sim, mas a reação dela me surpreendeu...

“Olá! Sasaki-san né? Estamos tentando realizar algumas atividades recreativas do nosso clube da escola hoje, mas estávamos mesmo precisando de mais uma pessoa. Você se importaria em participar conosco?” – Diabos Haruhi, o que você está querendo fazer? Tentei gesticular com os olhos para que Sasaki pudesse entender que ela deveria sair dali o mais rápido possível. Pelo visto ela não entendeu...

“Eu até gostaria, mas acho não estou com roupas adequadas para participar de atividades físicas...” – Muito bem Sasaki, mas você podia ter recusado de vez...

“Não se preocupe com isso. Eu trouxe roupas extras caso precisássemos. Além disso, você não necessita ficar modesta na frente desse idiota aqui...” – Haruhi me encarou de forma tão agressiva que pareceu que eu tinha cometido algum crime contra um familiar dela.

“Se for assim, tudo bem por mim”- Sasaki falou sorrindo e olhando diretamente para mim. Por favor, não complique mais o meu lado. Resolvi olhar para Haruhi e bem...ela estava pegando fogo...

Kunikida cumprimentou Sasaki. E ela polidamente falou com o restante do pessoal. Taniguchi, claro, não perdeu a chance de exagerar idiotamente sua apresentação.

Enquanto Sasaki foi trocar de roupa, Haruhi começou a definir as regras das olimpíadas...

“Primeiro vou fazer um sorteio para definir os dois grupos. Depois participaremos dos 7 eventos que planejei...” – Mentira – “A vitória dependerá do desempenho da equipe e não dos indivíduos. Aguardarei Sasaki-san retornar e faremos o sorteio.”

Sasaki voltou em poucos minutos e afirmo que ela ficou simplesmente estonteante naquele uniforme. Haruhi franziu a testa assim que a viu. Os demais pareceram não se importar tanto com isso, com exceção de Taniguchi, que parecia um cachorro vira lata que acabara de visualizar uma tonelada de filé presos num aquário intransponível...

Haruhi recobrou a compostura e começou com seu sorteio:

“Primeiramente vou dividir os homens. Como são quatro de vocês, devemos separar dois para cada grupo. Depois as mulheres ficarão em três para cada grupo.”

Ela começou a sortear uns papéis rasgados com os nomes de cada um que estava naquele local. Primeiramente a equipe que chamaremos de A:

A

Kyon

Koizumi

Haruhi

Irmãzinha

Yuki

A equipe B ficou da seguinte forma:

B

Kunikida

Taniguchi

Tsuruya

Mikuru

Sasaki

Assim que o sorteio terminou, eu verifiquei com Nagato se aquele resultado era natural como não parecia ser...

“Haruhi Suzumiya fez escolhas baseadas em suas preferências pessoais. Não houve sorteio. Apenas a ordenação que ela queria desde o início.” – Alguém esperava que isso fosse diferente?

Bem, vou analisar essas equipes me baseando no meu conhecimento sobre Haruhi.

Logicamente, os “dois” foram colocados no grupo que não era o de Haruhi. Isso se deve, primeiro, a falta de habilidades, mas principalmente a falta de empatia que ela tem por eles. Assim, eu e Koizumi éramos a escolha óbvia para estar no grupo de Haruhi.

A multitalentosa Nagato também era hors-concours dado que Haruhi odiava perder.

Por fim, minha irmã era o elemento que Haruhi idiotamente chamava de “balanceamento”. Dessa forma, sua presença em nossa equipe era apenas uma forma de, segundo Haruhi, não humilharmos demais nossos adversários.

Sobre a equipe B, Tsuruya-san também fazia parte do “balanceamento” segundo a visão deturpada de Haruhi. Afinal não teria graça se não tivéssemos pelo menos um adversário forte.

Asahina-san se encaixava na categoria do ódio a derrota de Haruhi. Ela era horrível em qualquer esporte que eu conheça. Mas não se preocupe Asahina-san para mim você é maravilhosa de qualquer maneira. Até mesmo falhando...

Concluindo meu devaneio...Sasaki era simplesmente o alvo de Haruhi. A líder da brigada provavelmente queria derrota-la pessoalmente. Uma satisfação esquisita me atingiu quando eu pensei por uns segundos sobre Haruhi e Sasaki estarem brigando por mim. Que cara não acharia isso interessante? Rapidamente voltei a dura realidade quando percebi que aquilo não fazia o menor sentido e eu novamente estava deixando me levar pelas minhas ilusões juvenis.

“Esperem um pouco” – Haruhi gritou bem no meu ouvido. Pra que isso?

“Precisamos de um juiz para definir os resultados dos jogos”. – Enquanto ela me explicava isso, Koizumi tentou desaparecer de maneira despercebida enquanto estava ao telefone.

Momentos depois Mori-san surgiu caminhando pelo parque e veio nos saudar.

“Olá, que estranho nos encontramos aqui hoje. Eu estava passeando por aqui e vi vocês...” – Mentira, pensei mirando diretamente nos olhos de Koizumi...

“Que bom Mori-san, você poderia nos dar uma mão com uma coisa...” – Ele me olhou sorrindo e piscando. Nojento...

Após Koizumi explicar a situação que provavelmente Mori-san já sabia qual era. Haruhi juntou todos e anunciou:

”Hora de começar os jogos!” – Haruhi gritou de maneira ensurdecedora no seu megafone. Pra que você quer chamar esse tanto de atenção?

Então vamos aos jogos...O primeiro era bem simples pra falar a verdade. Consistia apenas em jogar uma bola que pesava uns 2 kilos o mais longe que pudéssemos. O resultado seria definido pela soma das distâncias alcançadas pelas equipes...

“Boa sorte Taniguchi-kun!” – Essas eram Tsuruya-san e a forçada Asahina-san que tentavam incentivar um homem sem talento. Infelizmente parece que aquela torcida realmente funcionou no inocente Taniguchi, que jogou a bola como se fosse a última coisa que faria em sua vida miserável...

Após alguns arremessos era minha vez e ao invés de me incentivar, a competitiva Haruhi gritava exasperadamente para eu não decepcionar minha equipe. Por que você não pode ser normal como as outras garotas só pra variar um pouco?

No final, a decisão da partida ficou nas mãos de Koizumi. E por culpa da minha irmã e do desempenho monstruosamente inesperado dos integrantes homens da outra equipe, só um milagre faria minha equipe vencer. Mas Koizumi, como todos sabem, é um esquisito. E ele conseguiu arremessar com força suficiente para vencermos.

“Muito bem Koizumi-kun, como esperado do vice líder da Brigada” – Tsc! Que nojo, por que você não se agarra logo com esse palhaço...

“Obrigado Suzumiya-san, que bom que pude ajudar” – Puxa-saco irritante!

Não contente com aquele final, perguntei a ele que magia ele tinha usado para conseguir aquilo. Teria sido Nagato?

“Não, na verdade eu estou bem acostumado a fazer esse tipo de exercício. Afinal, nem só de poderes psíquicos eu poderia viver quando enfrento os celestiais”. – Pensando bem, tenho que considerar isso quando pensamentos repentinos de quebrar sua cara vierem a minha cabeça.

O segundo jogo era basquete. Tinha uma quadra no parque e como Haruhi não devia ter muitas ideias, era lógico pensar que a maioria dos jogos restantes se passariam naquele lugar.

A regra para se vencer no basquete era que o time que marcasse 20 pontos primeiro levava a partida...

Alguém percebeu que vamos jogar basquete e temos minha irmãzinha no meu time? Pra minha sorte, todos os integrantes da minha equipe que não eram Nagato fediam nesse jogo. Até mesmo a poderosa Haruhi não tinha a menor desenvoltura com basquete. Contudo, ela não parava de bradar ordens para passarmos a bola para ela. E adivinhem o resultado...Isso mesmo 1/13. Haruhi tinha um arremesso muito ríspido e sem noção. Koizumi fedia igualmente, mas insistia em passar a bola para a fonte da nossa humilhante derrota.

Do outro lado fui surpreendido pelo desempenho absurdamente bom de Kunikida, Tsuruya-san e Sasaki. Kunikida carregava a bola surpreendentemente bem, Tsuruya-san tinha um jogo ridiculamente bom embaixo da cesta e Sasaki sabia arremessar de longa distância, sendo que ela sozinha acertou três das cinco bolas de três pontos que havia lançado. Nossa única chance de vitória seria pedir para Nagato entrar em modo Jordan, mas isso estava fora de cogitação.

O resultado foi um sonoro 21 a 8. Pelo menos Haruhi não me culpou pela nossa derrota. Entretanto, ela também não se culpou por querer monopolizar todas as jogadas e acabar com a mínima chance que tínhamos de vencer...

O próximo evento, segundo Haruhi, era uma corrida de três voltas em torno do parque. Eu já mencionei o tamanho desse lugar? É enorme! Mas com Haruhi e Nagato no time não tivemos problemas em vencer. Afinal, vocês lembram da maratona quase infinita que Haruhi fez com Yasumi Watahashi, ou seja, com ela mesma. Além disso, Nagato não tinha nenhuma limitação física que normalmente afeta os humanos normais.

Por enquanto a equipe A liderava por duas vitórias contra uma da B. O seguinte evento foi futebol. Seriam 10 minutos de jogo. Nossa técnica e atacante Haruhi, decidiu escalar minha irmã como goleira.

“Eu me sentiria mal, se eu não desse uma vantagem para eles.” – Oh sim! Com um goleiro desse tamanho não estamos fadados ao fracasso...

Por melhor que fossem meus esforços na defesa, nada adiantou. Taniguchi e Kunikida se aproveitaram do tamanho do nosso arqueiro e apenas chutaram de longa distância pelo alto...Nem preciso confirmar que perdemos essa partida...

Com tudo empatado foi hora de encarar uma espécie de luta parecida com sumô. Claro que essa invenção estúpida só podia ter partido de Haruhi. Basicamente existia um círculo, que eu pintei no chão, e tudo que era necessário era empurrar o adversário pra fora do círculo. Não valiam socos, pontapés e o restante. Você só podia agarrar o adversário e manda-lo para fora do ringue. Mori-san, como juíza geral dos jogos, fez o sorteio das lutas. Ah, claro, seriam homens contra homens e mulheres contra mulheres...

As lutas definidas foram as seguintes:

Kyon x Kunikida

Taniguchi x Koizumi

Tsuruya x Nagato

Irmãzinha x Mikuru

Haruhi x Sasaki

Quanto aos resultados, bem...Eu venci Kunikida. Não por ser exatamente mais forte, mas o que aconteceu foi que ele escorregou assim que partiu pra cima de mim, o que me permitiu empurrá-lo facilmente para fora do “ringue”. Koizumi perdeu para o Taniguchi que estava fortalecido pela torcida das garotas, embora eu ache que ele tenha feito isso de propósito. Realmente eu não entendo esse cara...Antes que pudéssemos dar ordens para Nagato sair do seu passeio pelo mundo da lua, Tsuruya-san simplesmente a carregou gentilmente até fora do ringue. Minha irmã perdeu também, mas foi por pouco. Asahina-san parecia estar extremamente envergonhada de ter vencido aquela partida, mas estava linda de qualquer maneira.

Como perdemos a maioria das lutas e não existia mais jeito de reverter à situação, Mori-san achou por bem cancelar a luta entre Haruhi e Sasaki e dar a vitória ao time B. Na verdade eu fiquei aliviado por essa luta não acontecer. Quem sabe as atrocidades que Haruhi poderia cometer.

Apesar disso, eu tinha um novo problema para me preocupar. O placar agora estava em 3 x 2 para o time B. Isso significava que pelo critério de impossibilidade de se reverter o placar, nós perderíamos a competição caso o time B vencesse o próximo evento. Eu já podia ver nuvens negras rodeando minha cabeça. Haruhi estava definitivamente ficando infeliz com o desenrolar que estava acontecendo.

“Nós temos que vencer o próximo evento de qualquer maneira. Eu sinto que Suzumiya-san não vai ficar muito satisfeita caso ela perca na competição que ela mesma criou.” – Não precisa me dizer. Essa era uma conclusão óbvia. Contudo, eu não me destaquei em nada e duvido muito que exista alguma competição física em que eu possa ser de grande ajuda para vencermos...

Enquanto eu pensava nisto, Haruhi anunciou o próximo evento...Antes de falar qual seria ele, eu quero ressaltar que se por um acaso os deuses do olimpo, aos quais os jogos chamados olimpíadas são dedicados, existissem, eles nos puniriam severamente por incluir a próxima competição que Haruhi havia anunciado...

“Torneio de Xadrez Ocidental.” – O que? Isso nem mesmo é um esporte...

“Eu tenho certeza que daqui a uns anos teremos esportes assim nas olimpíadas. Afinal, a mente tem que ser treinada e testada também.” – Ah essas explicações que não fazem o menor sentido...Mas espera aí, nisso eu posso me destacar...Já devo ter mais de 1000 horas de jogos de tabuleiro com Koizumi enquanto não fazemos nada naquele clube. Haruhi escolheu essa competição pensando em mim? Será que ela quer que eu me destaque em algo? Não deve ser isso...Só pode ser mais um plano egoísta dela...

Dessa vez fizemos o torneio em formato de eliminatórias internas. Quem obtivesse mais vitórias contra os integrantes de sua própria equipe, a representaria contra o time adversário em uma partida única.

Eu venci todos que enfrentei da minha equipe. Koizumi sempre foi péssimo. Nagato estava desinteressada. Haruhi, assim como minha irmã, mal sabia jogar....

Do outro lado Sasaki saiu como vencedora.

“Kyon, se você perder essa partida de propósito você será severamente punido...punido!” – Haruhi gritou para mim. Bem, não é como se eu tivesse outra escolha. Caso eu perdesse quem sabe o que Haruhi iria aprontar com o mundo. Entretanto, não é como se Sasaki fosse perder de propósito também. Por isso me concentrei bastante no jogo.

Como esperado, Sasaki era uma adversária bem difícil. Contudo, apesar dessa constatação ser deprimente, esse era única área em que eu notadamente me destacava no meio daquele povo cheio de talentos especiais da Brigada. Perto do fim do jogo, eu comecei a enxergar as jogadas de Sasaki como um cristal polido que transparecia de forma vívida. Antecipando o movimento em que ela queria me encurralar com uma de suas torres, eu planejei uma jogada simples, mas que era absurdamente infalível.

“Check-mate! Kyon-kun é o vencedor da partida!” – Essa era Mori-san que fazia o anúncio.

A reação da minha equipe foi...sem precedentes. Haruhi ao invés de sair provocando o outro time, da maneira que eu esperava, comemorava com minha irmã enquanto vinha em minha direção. Koizumi as seguia apenas para puxar o saco de Haruhi, enquanto Nagato olhava para o nada da maneira estática de sempre.

Meu senso de perigo começou a me incomodar e quando eu me dei conta, Haruhi estava me abraçando, pulando e falando coisas como...

“Muito bem Kyon, eu sabia que você não podia ser ruim em tudo!” – Isso era um elogio? Provavelmente não, mas essa sensação...Meu cérebro, oficialmente, tinha sofrido um curto circuito...Eu reagi da maneira mas inimaginável possível. Eu estava me aproveitando da situação? Eu queria fazer isso? É culpa da adrenalina? Não tenho resposta...Eu apenas abracei Haruhi de volta e céus como isso era ridiculamente bom. Dessa vez eu não estava despencando de cabeça do terceiro andar de um prédio escolar, por isso eu pude me envolver um pouco mais naquilo. Aquele corpo quente, macio e pequeno...o perfume que eu já havia decorado e parecia sentir até quando só a via nos meus pensamentos...Haruhi pareceu a princípio um pouco estranha com a minha reação, mas não me empurrou ou quis se desvencilhar de mim como eu previa...E quando olhei nos olhos dela, meu desejo era...bem, não pude completar minhas fantasias pois percebi que todos estavam nos bisbilhotando de forma atônita.

Com o choque de entender em que situação estávamos, eu e Haruhi nos desgrudamos rapidamente. Eu sorria um pouco sem graça...Mas sempre pode piorar né?

“Hey Kyon! Por favor, deixa pra vocês fazerem isso quando estiverem sozinhos, tem crianças aqui!” – Taniguchi gargalhava ao falar isso. Minha vontade era de deixar o espírito esportivo de lado e atropelar aquele idiota. Mas juntei toda minha compostura e respirei fundo para voltar ao normal.

“Idiota, isso era apenas uma comemoração...Vocês ficam vendo coisas que não existem...” – Haruhi gritou isso parecendo brava, mas eu sei que no fundo ela não estava muito irritada e levou tudo na brincadeira.

Bem, após essa cena estranha e incomum era hora de encarar a última competição: Queimada??? Zeus deve estar se contorcendo em agonia no lugar onde está. Só espero que ele não jogue um relâmpago nas nossas cabeças.

Tudo muito simples, quem levasse uma pancada da bola e a deixasse cair era eliminado. Quem segurasse a bola eliminava o adversário que a tinha atirado e ainda podia trazer um aliado de volta para partida...

Após diversas eliminações e recuperações. Finalmente sobraram apenas três jogadores em quadra. Pelo time B apenas Sasaki restava. Eu e Haruhi sobramos pelo lado do time A.

Sasaki tentou atirar uma bola em minha direção e eu me desviei sorrateiramente. Ao mesmo tempo, Sasaki escorregou, o que abriu uma brecha para Haruhi acerta-la. Como eu imaginava, Haruhi queria exagerar nessa eliminação. Eu quase senti as intenções assassinas de Haruhi enquanto ela se preparava para lançar uma bola extremamente agressiva na direção de Sasaki. Por instinto ou por amizade, tanto faz, eu segurei a mão de Haruhi e joguei a bola que estava na minha mão bem devagar nas pernas de Sasaki...

Era isso, nós vencemos. Entretanto, eu posso dizer que Haruhi não ficou nada satisfeita com aquele final. Ao contrário do que eu esperava, ela não esbravejou comigo. Ela nem mesmo gesticulou, nem nada...

Fizemos uma cerimônia de premiação simples, mas todos ganharam medalhas iguais, inclusive quem perdeu. Esse era o jeito Haruhi de agradecer a participação de todos.

No final nos despedimos, mas Haruhi não dirigiu mais nenhuma palavra para mim durante o restante do tempo que ainda ficamos no parque.

Exausto, eu queria retornar pra casa, mas Koizumi ainda queria falar algumas palavras desencorajadoras para mim...

“Acho que precisamos conversar depois...Aproveite para descansar um pouco, pois devo te chamar mais tarde...” – Não acredito que ainda vou ter que ficar acordado durante algum tempo hoje...


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Notas finais do capítulo

Vou começar a trabalhar no segundo capítulo e espero não demorar muito pra terminá-lo. Deixo claro aqui que estou aberto a sugestões e correções!



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