Foi realmente uma confusão e muitas coisas aconteceram, tudo por que eu deixei minhas adoráveis amigas June e Marin ficarem em meu apartamento. Elas tinham alguns compromissos aqui em Paris e eu acabei convidando elas para morarem comigo durante dois meses.
Dois meses de muita confusão e baderna, apesar de tudo, eu até sinto um pouco a falta delas.
Agora que elas foram embora, a minha vida voltou a ser aquela mesma rotina de sempre.
Tenho que admitir que até foi muito bom aquele tempo juntas, lembro como se tivesse sido ontem quando elas chegaram aqui...

Depois de um longo tempo no avião, Marin e June finalmente chegam em Paris, elas teriam dois meses de compromisso e ficariam hospedadas no apartamento de Geisty.
Marin iria substituir uma professora de literatura enquanto June foi temporariamente contratada por um dos mais refinados restaurantes de Paris. Resumindo, elas estavam ali a trabalho, mas parecia que June não gostou da idéia de apenas trabalhar.

— Eu não acredito, estamos em Paris e só vamos trabalhar?! Isso não é justo!
— Pare de fazer escândalo, nós estamos no meio do aeroporto sua escandalosa.
— Mas Marin, nós não vamos ter tempo de passear e conhecer essa cidade tão bela. Isso é muita tortura.
— Pare de reclamar, em primeiro lugar nós estamos aqui para trabalhar. Mas podemos sair de vez em quando e conhecer um pouco a cidade.
— Isso ainda é pouco, esse mundo é tão injusto.
— Não vou brigar com você, e não comece com esse assunto de mundo perfeito. Eu já estou cansada dessa sua tolice.
— Tolice?! Marin eu...
— Já chega, agora vamos, Geisy já deve estar esperando por nós. E você não tinha nada melhor para vestir? Sinceramente minha amiga, seu gosto e suas roupas estão ridículos.
— Eu já disse que esse é o meu estilo, sua sem graça.
— Eu também uso roupas casuais, mas ao contrario de você, eu sei combinar as roupas e não fico parecendo uma palhaça de circo.
— O que?! Você ainda vai me pagar por esse insulto Marin!
— Eu dúvido, sua escandalosa.

Depois de pegar as malas, as duas garotas encontram Geisty esperando por elas na sala de espera do aeroporto.

— Sejam bem vindas, espero que tenham tido uma boa viagem.
— Olá Geisty, a viajem foi tranqüila, mas não posso dizer o mesmo de June que não para de reclamar desde que chegamos.
— E você queria o quê? Estamos em Paris e não vamos poder aproveitar tudo por que estamos aqui para trabalhar. Isso é injusto.
— Já chega June, eu já disse antes que nós vamos sair nos finais de semana, e é bom que você fique satisfeita com isso, senão você vai ficar trancada no apartamento, entendeu?!
— Sim Geisty.
— Muito bom, agora vamos.

O trajeto até o apartamento foi tranqüilo, Geisty e Marin conversavam sobre trabalho enquanto June estava emburrada sentada no banco de trás do carro.
Tudo estava tranqüilo, até que elas chegaram no apartamento e June viu o quarto dela.

— Não, isso não é justo! Por que eu tenho que ficar no quarto menos?!
— Eu já disse que os nossos quartos são do mesmo tamanho, então não seja uma egoísta!
— Então troque de quarto comigo.
— Já chega June, nós acabamos de chegar e você já esta fazendo um escândalo. Por que você tem que fazer um escândalo por nada garota mimada?!
— O que você disse?!
— Que você é uma garota mimada, arrogante e preguiçosa!
— Retire o que disse!
— A verdade dói, não é mesmo?
— Agora você vai ver!

Em seguida June puxa com força o cabelo de Marin que dá um tapa na cara dela por ser tão infantil. Então as duas começam a brigar chamando a atenção de Geisty que ao chegar no quarto vê as duas brigando e rolando no chão.

— Já chega!
— Foi ela quem começou, está brigando por causa de um misero quarto!
— Mas...
— Já chega June, você está no meu apartamento e vai ficar no quarto que eu escolhi pra você! E eu não quero mais ver mais de suas infantilidades enquanto você estiver aqui, entendeu?!

A garota de cabelo loiro não responde e vai para seu quarto e se tranca nele até a hora do jantar. Agora sabia que enquanto morasse com Geisty, não iria conseguir nada com suas birras.

Foi realmente engraçado ver aquelas duas brigando no chão, não tinha sido o começo calmo que eu pensava que fosse ser, mas pelo menos June parou com suas infantilidades por um bom tempo. 
Mas de uma coisa que eu nunca vou esquecer, foi a vez em que Marin sem querer colocou June e eu em um grande apuro em nossos trabalhos.

Já fazia três semanas que June e Marin estavam morando com Geisty, apesar de brigarem de vez em quando, elas estavam convivendo muito bem.
Mas até mesmo a mais cuidadosa das amigas poderia cometer um terrível erro.
Era uma manhã de sexta feira, Marin tinha acordado mais cedo e estava tomando seu café na cozinha. Sua aula daquele dia tinha sido cancelada, então teria o dia inteiro livre.

— Bom dia Marin, caiu da cama hoje de manhã?
— Bom dia pra você também Geisty. Na verdade eu acordo mais cedo algumas vezes. Eu fiz café, você quer?
— Sim obrigada. Ah, antes que eu me esqueça, você poderia me fazer um favor?
— Sim, que favor?
— Eu vou receber um telefonema do hospital com a confirmação da cirurgia de um dos meus pacientes. Você poderia anotar a data pra mim?
— Sim, não se preocupe, hoje eu vou ficar o dia inteiro no apartamento planejando as minhas aulas.
— Obrigada Marin, meu celular quebrou e eu estava preocupada com esse telefonema.
— Não se preocupe, você pode ir trabalhar tranqüila.

Mais tarde naquele mesmo dia...

— Marin você está muito ocupada?
— Não, mas o que você quer June?
— Eu estou esperando um telefonema, mas tenho que sair. Você poderia anotar a data da confirmação de um jantar especial que eu terei que fazer?
— Sim, não se preocupe.
— Obrigada, você sabe que eu nunca escuto o meu celular tocando dentro da bolsa, e esse telefonema é muito importante.

Em seguida a garota sai do apartamento, qunze minutos depois o telefone começa a tocar.

— A Dr. Geisty se encontra?
— Não, eu sou a amiga dela, mas posso dar o recado.
— Então avise ela que a cirurgia do paciente dela está marcada para amanhã às cinco da tarde.
— Sim, irei avisá-la quando ela retornar.

Em seguida ela anota o recado em uma folha de papel para não esquecer. Uma hora depois, o telefone toca novamente.

— A senhorita June está em casa?
— Não, mas você pode deixar um recado.
— Avise ela que o jantar dos executivos franceses está marcado para amanhã as oito da noite.
— Tudo bem, darei o recado pra ela quando chegar.

Novamente Marin escreve o recado na mesma folha para não esquecer. Depois era só avisá-las. Então guardou o papel em uma gaveta da pequena mesa do telefone.
A tarde passou rápido, como ela já tinha terminado de planejar suas aulas, ela decide sair e fazer algumas compras na cidade, tinha que aproveitar que June não estava ali.

Quando voltou ao apartamento, já era muito tarde e suas amigas já estavam dormindo, daria o recado para elas no dia seguinte.
Na tarde do dia seguinte, Marin estava em sua sala corrigindo algumas provas enquanto os alunos faziam as atividades do livro. Foi então que em um flash de memória ela se lembra que não tinha dado os recados para Geisty e June.
Ela olha no relógio e percebe que já eram 4:45 da tarde, mas não sabia o numero do telefone do consultório dela e já estava quase na hora. Com certeza Geisty irá querer matá-la por esquecer de algo tão importante.

Geisty estava em seu consultório, tinha terminado de atender um paciente e estava esperando o próximo. Foi então que o telefone tocou, era o chefe do centro cirúrgico.

— Geisty onde você está?!
— Que pergunta idiota, eu estou no meu consultório!
— Você tem uma cirurgia marcada para as cinco horas!!!!
— O que?!
— Eu dei o recado para a sua amiga, não posso fazer nada se ela não te avisou.

Então ele desliga o telefone na cara dela, Geisty olha para o relógio e percebe que já eram 4:50 da tarde.

— Marin eu vou te matar! Como você pode esquecer disso e não me avisar?!

Então Geisty sai correndo do consultório, chegaria atrasada pela primeira vez em sua carreira de médica. Enquanto ela dirigia, xingava de vários nomes sua amiga, estava encrencada por culpa dela. Queria ter estudado um pouco mais aquele caso antes da cirurgia, mas não teria mais tempo.

June estava cozinhando alguns pratos tranquilamente, quando seu chefe entrou na cozinha.

— Você ainda não começou a fazer o jantar deles?
— Fazer o jantar de quem?
— Dos executivos franceses, eu deixei o recado ontem com sua amiga.
— O que?! Mas que horas eles chegam?! 
— As oito da noite, você tem duas horas para preparar um jantar decente.

Então ele sai da cozinha deixando June quase desesperada, tinha apenas duas horas para fazer um jantar chique.

— Marin você vai me pagar por isso! Como você pode esquecer?!

Depois de gritar e de se descabelar, ela corre para pegar as receitas dos pratos para o jantar. Não podia perder um minuto e cada segundo era precioso. Com certeza seria demitida se o jantar não estivesse perfeito e na hora marcada, e tudo isso por culpa de Marin.

— Céus, eu vou precisar de um milagre! Maldita Marin!

Depois de mais alguns berros, ela corre para fazer o jantar dos executivos.

Marin já tinha chegado ao apartamento, andava de um lado para o outro de tão nervosa que estava. Tinha tentado telefonar para June, mas a distraída não ouviu o celular tocando ou não estava com ele por perto.
Não era seu costume esquecer dessas coisas, principalmente avisos importantes, mas dessa vez sua boa memória não funcionou. Estava tão furiosa que rasgou e picou o papel onde tinha anotado os recados.

— Maldição! Elas devem estar furiosas comigo e vão querer me matar quando chegarem. Não, eu não vou fugir, preciso me acalmar para enfrentar as conseqüências.

Em seguida ela sai do apartamento, precisava esfriar a cabeça para enfrentar as amigas. E com certeza iria apanhar das duas.

— Você está muito encrencada Marin, se prepare para ganhar uma enorme surra delas.

Mais tarde naquela noite...

June estava voltando exausta para o apartamento, tinha conseguido fazer o jantar a tempo e ganhado muitos elogios. Mas estava podre de tão cansada, foi realmente desesperador fazer um jantar chique em apenas duas horas. Estava furiosa com sua amiga por ter colocado ela naquele aperto sufocante. 
Estava na metade do caminho quando um carro para ao seu lado.

— June você quer uma carona?
— Oi Geisty, sim eu quero, pois eu estou podre de cansada.
— O que aconteceu? Você está com uma aparência horrível.
— Marin esqueceu de me dar um recado importante e eu fiquei em um grande apuro.
— Ela também fez o mesmo comigo, quase que a minha reputação foi manchada.
— Eu posso ver que você também ficou em um grande apuro, sua aparência também está péssima.
— Sim, mas agora eu só quero um bom descanso.
— Eu juro que vou arrancar os cabelos dela quando nós chegarmos no apartamento! Ela vai ouvir um monte e eu vou desfigurar aquele rosto de boneca!
— Já chega June! Sei o que ela fez foi errado, mas não precisa exagerar. Vamos deixar ela se explicar e depois daremos uma boa bronca nela.
— Mas Geisty...
— Nada de mas, não vamos piorar a situação e ponto final.

Quando chegaram no apartamento, perceberam que Marin não estava ali. Aquilo deixou a loira ainda mais furiosa, já a morena não se importou por ela ter saído.

— Covarde, ela está fugindo!!!
— Já chega sua escandalosa! Ela deve estar nervosa, mas tenho certeza que ela não está fugindo. Agora controle-se, eu mesmo falo com ela, pois você só vai piorar tudo.
— Mas é isso que eu quero e você deveria querer também. Ela merece morrer e...
— Já chega! Cale a boca sua exagerada escandalosa!

June se assusta com o berro dela e ao ver que Geisty estava no limite da paciência, decide ficar quieta e vai para seu quarto.
Mais tarde quando Marin voltou para o apartamento, percebeu que elas já tinham chegado. Era a hora de enfrentar as conseqüências. Ao entrar na sala, encontra Geisty sentada no sofá tomando uma xícara de café enquanto esperava por ela.

— Eu sabia que você não iria fugir.
— Geisty, eu...
— Marin, eu estou muito decepcionada com você, seu esquecimento me colocou em um grande apuro e a minha reputação foi quase manchada.
— Eu aceito todas as suas acusações, eu até anotei o recado, mas guardei o papel e acabei esquecendo de avisar você no dia seguinte. Pode fazer o que quiser comigo, eu mereço o seu castigo.
— Depois eu vou pensar em algo, mas espero que isso não aconteça novamente, entendeu?
— Não se preocupe, não vai mais acontecer, eu juro.
— Bem, é melhor você ir para o seu quarto e trancar a porta, June está louca de raiva e você sabe como ela é exagerada e escandalosa.

Mas antes que ela pudesse sair, elas escutam uma forte batida na porta.

— Então a cadela está de volta!
— June, eu disse que eu cuidava disso e pode parar com esses insultos agressivos.
— Essa maldita me colocou em um grande aperto, agora vai pagar...
— Já chega sua escandalosa, amanhã nós decidimos um castigo pra ela. Mas nada de violência no meu apartamento, entendeu?!
— Isso não vai...
— Já chega!

Geisty ameaçou com tanta ferocidade que June sentiu seu corpo gelar por dentro. Em seguida ela volta para seu quarto.
Assim alguns dias se passaram e tudo parecia ter voltado a normalidade, exceto que June ainda estava furiosa com Marin evitando ela a todo custo.

— Até quando ela vai fazer isso?
— Não se preocupe Marin, deixe ela se acalmar sozinha, você sabe que ela é muito imatura quando quer.
— Obrigada pelo consolo Geisty, bem, agora eu tenho que ir. Tenha um bom dia.
— Você também.

Na intervalo das suas aulas daquela tarde, Marin decide dar uma olhada em seus e-mail, mas não encontra nada interessante. Quando estava desistindo, encontra uma mensagem de Geisty que dizia: “Um vídeo feito especialmente pra você”.
O vídeo era sobre lendas urbanas, não era muito assustador e foi o suficiente para prender a atenção dela pois era um de seus assuntos favoritos.
Mas de repente um monstro aparece na tela junto com o som de gritos, por muito pouco Marin consegue segurar um grito de susto que com certeza chamaria a atenção de toda a escola.

— Céus, isso só pode ser vingança.

Então ela olha novamente a mensagem de Geisty e percebe que não tinha lido a parte final.

— Esse é o meu castigo pra você minha querida, só espero que você não acorde os mortos em seus túmulos.

Agora estava explicado aquela brincadeira, assim como Geisty, ela também odiava aquele tipo de vídeo de mau gosto.

— Apesar do grande susto, isso até que foi pouco para um castigo. Mas agora é oficial, nunca mais eu me esqueço de dar um recado a alguém.

Na noite daquele dia depois do jantar...

— Geisty, onde está aquela estúpida chamada...
— June, já chega dessa infantilidade! Você vai ficar em guerra pra sempre?!
— Apenas me diga onde está ela.
— Hoje a Marin vai chegar tarde, parece que terá uma palestra na escola onde ela trabalha. Agora eu vou dormir, hoje foi um dia muito cansativo.

Depois que Geisty saiu da cozinha, June olha para a garrafa térmica de café e uma idéia perversa veio em sua mente.
Já era tarde da noite quando Marin chegou no apartamento e foi direto para a cozinha.
Ela pegou uma fatia de bolo e colocou o café que estava na garrafa térmica em uma xícara, mas quando tomou um grande gole do café sentiu um gosto horrível. Só não cuspiu o café por que já o havia engolido.

— Isso só pode ter sido coisa da June, Geisty ama demais o café para ter feito isso. Argh! Mas o que foi que ela colocou no café?! Que sabor horrível!

Em seguida ela pega a jarra de suco na geladeira, depois de terminar sua pequena refeição e lavar a louça que tinha sujado, vai para seu quarto e não demora muito para dormir.
Mas no meio da madrugada ela acorda sentindo uma forte dor de barriga. Depois de ter ido ao banheiro várias vezes e a dor não diminuía, começou a ficar preocupada e para piorar estava ficando muito enjoada.

— June eu vou te matar por isso garota exagerada! Precisava me deixar doente para se vingar de mim?!

Marin não teve alternativa, precisava da ajuda de Geisty, pois estava muito mal para ir ao hospital. Com muita dor e dificuldade ela caminha até a porta do quarto de sua amiga.

— Geisty, Geisty acorde por favor.

Não demorou muito e Geisty abriu a porta e ficou preocupada ao ver a amiga muito pálida.

— Marin o que aconteceu?! Você está péssima.
— Colocaram alguma coisa na garrafa do café e isso está me fazendo muito mal.
— Isso só pode ter sido coisa da June. Sente-se em minha cama e espere um momento.

Em seguida ela vai até a cozinha para dar uma olhada no café, ao abrir a garrafa e sentir o cheiro de remédio, Geisty rapidamente identificou o que June tinha misturado no café.
Depois ela pega um comprimido e um copo com água e volta para seu quarto.

— Tome isso, vai ajudar a tirar o efeito do remédio que ela colocou no café.
— Obrigada Geisty, não sei o que seria de mim sem você.
— Mas você não percebeu o cheiro diferente do café.
— Não, eu estou um pouco gripada e não sinto muito bem os cheiros.
— Essa garota pensou em tudo, mas ela exagerou na dose e por muito pouco você não teve algo grave.
— Mas o que ela misturou no café? Me lembro que tinha um gosto horrível e amargo, só não cuspi por que já tinha engolido.
— Era remédio para prisão de ventre ou intestino preso. Quando usado de forma abusiva causa fortes dores abdominais, diarréia e vômito. Mas não se preocupe, esse remédio que eu te dei vai cortar o efeito do remédio que estava no café. Amanhã eu vou ter uma conversa séria com June, jamais se brinca com remédios.
— Bem, obrigada pela ajuda, agora vou voltar para o meu quarto.

Em seguida Marin retorna para seu quarto e Geisty volta a dormir.
Na manhã do dia seguinte Marin acorda pelo barulho de uma briga na cozinha, como estava um pouco fraca teve que caminhar com cuidado se apoiando nas paredes.
Quando chegou na cozinha, viu June e Geisty em uma briga por algo.

— Eu já disse que nós vamos repartir a torta de limão em partes iguais!
— Nem pense nisso, é a minha torta favorita e é toda minha!
— Não seja esganada, ontem você comeu uma inteira sozinha, então essa será repartida entre nós três e ponto final!
— Mas...
— Mais uma palavra e você vai ficar sem a sua parte, entendeu gulosa?!
— Outra vez, tudo isso por causa de uma simples torta de limão.

Ao ouvirem aquela voz elas se viram e vêem Marin na porta da cozinha.

— Essa gulosa já comeu uma torta inteira e agora também quer comer a outra sozinha.
— Deixe ela comer, quem vai virar uma baleia gorda é ela e não nós duas.
— O que você disse?!
— Ela está certa June, mas se você quer virar uma baleia, nós não podemos fazer nada.
— Já chega Geisty, já não foi o suficiente aquela bronca que você me deu hoje cedo?!
— Não, e é sempre você quem começa as brigas, então pare de ser uma criança e seja mais madura.
— Sua chata.
— Sua egoísta gulosa exagerada.

Em seguida June e Marin se sentam na mesa enquanto Geisty dividia a torta de limão. Depois elas comem em silencio, até que June parecia estar muito agoniada com algo.

— Geisty o que você fez com a minha fatia, isso está muito forte e apimentado.
— O que você quer dizer com isso?
— Pelo amor de Deus, você colocou pimenta na minha fatia! Isso está queimando a minha linda boca!
— Ah, isso é pra você aprender a não ser egoísta e não brincar mais com remédios. Ontem a Marin quase acabou indo parar no hospital por sua culpa! Então que isso sirva de lição pra você sua egoísta louca.
— água! Eu preciso de água!

June corre até a pia da cozinha e abra a torneira, bebia desesperadamente toda a água que conseguia. Ficou bebendo até sentir o ardor da pimenta diminuir. 
Geisty e Marin não conseguiram segurar o riso ao verem aquela cena e o desespero de June, riram muito da amiga desesperada para apagar o incêndio em sua boca.

— Então June, já passou o incêndio em sua boquinha?
— Geisty, você vai me pagar por isso, eu juro que...

Mas June não teve tempo de terminar sua ameaça, pois de repente sentiu um forte enjôo e precisou correr para o banheiro.

— Isso não foi um pouco exagerado? Ela pode ser egoísta e exagerada, mas você não acha que isso foi demais pra ela?
— Não, June estava merecendo um bom castigo. Acho que agora ela aprendeu a lição.
— Com certeza que sim.

Foi realmente muito engraçada aquela cena e o desfecho de tudo isso, pelo menos June aprendeu a não ser mais tão gulosa e exagerada com as coisas.
Depois disso, Marin nunca mais se esqueceu de dar um único recado, ela me disse que depois de toda aquela confusão, jurou que nunca mais esqueceria nada importante.
Então eu dei a dica de sempre anotar tudo e deixar as anotações onde ela pudesse ver com freqüência, como no espelho ou na geladeira.
Bem, as semanas passaram tão rápido que quando nós percebemos, estava quase na hora delas irem embora. Me lembro de ter sentido um aperto no coração, apesar de tudo, nós somos boas amigas e nos divertimos muito juntas.
Até me lembro como se fosse hoje a nossa ultima vez juntas no maior shopping de Paris.

O tempo realmente havia passado muito rápido, aquela seria a ultima semana delas juntas no apartamento.
Agora era Geisty era quem estava tentando ajudar suas amigas, tentava ajudar elas a escolherem uma roupa para a festa de final de ano em seus trabalhos.

— Geisty, eu até gostei das roupas, mas está muito formal, é uma festa de final de ano e não uma formatura.
— Ah me desculpe Marin, você sabe que o meu estilo é apenas formal, mas posso tentar fazer outra combinação.
— Tudo bem, isso pode ser formal com um toque de casual, se isso facilita a tarefa pra você.
— Excelente, eu vou pegar as roupas pra você.

Depois de algum tempo Geisty retorna com algumas combinações um pouco mais casuais. Foi então que ela escutou June lhe chamando no outro provador.

— Então Geisty, como eu estou?

Ao ver sua amiga, Geisty quase cai pra trás. June novamente estava ridícula com um vestido extremamente chamativo e curto.

— Ridícula, isso é até uma ofensa para os olhos.
— O que?!
— June, eu sei que o seu estilo é o casual, mas isso está ridículo e parece uma fantasia de carnaval. 
— Mas eu amei essa vestido.
— Então fique com ele e seja o motivo de deboche por um longo tempo. Sem falar que isso vai manchar sua futura carreira como chef internacional.
— Tudo bem, eu desisto. Então qual é a sua sugestão?
— Eu estou pensando.

Foi então que ela viu as roupas perfeitas para sua amiga em uma das mesas da loja de roupas. Então ela as pega e entrega para June.

— Aqui está, essas são perfeitas pra você.
— Geisty, eu acho que isso está perfeito, mas eu quero a sua opinião.

Então ela se vira e vê Marin usando um belo vestido roxo, tinha um perfeito equilíbrio de formal e casual, fazendo Marin parecer uma princesa moderna.

— Você está radiante, esse vestido está perfeito e você poderá usá-lo em diversos tipos de ocasiões.
— Muito obrigada Geisty, eu vou comprá-lo. Mas e June?
— Aquela sem noção está vestindo uma roupa mais decente do que aquelas que ela escolheu.
— Ai céus, eu gosto do estilo casual, mas o estilo casual dela é ridículo e... e...
— Uma ofensa para os olhos.
— EU OUVI ISSO SUAS FALSAS AMIGAS!!!!
— E uma escandalosa também, não sei como nós agüentamos ela.
— Sim Geisty, ela não tem salvação. Não é de menos que nenhum rapaz a suporta como namorada.

Foi então que June apareceu diante delas, ela usava uma saia jeans azul escuro com uma camisa laranja claro.

— Agora está muito melhor.
— Concordo com você Geisty, agora ela está apresentável.
— Bem, eu até gostei da combinação, mas ainda prefiro o vestido.
— Então seja a palhaça da festa ao invés de uma futura chef internacional.
— Tudo bem, tudo bem, eu escolho essa roupa. Não sou louca de arruinar a minha preciosa e futura carreira.

Depois que elas pagaram as roupas, decidiram dar uma volta pelo grande e belo shopping. Não demorou muito e Geisty preferiu esperar elas sentada na praça de alimentação bebendo um bom café. 
Meia hora depois, June aparece com várias sacolas e se senta ao lado de sua amiga.

— Veja este livro de crônicas que eu comprei, as crônicas parecem realmente muito interessantes.
— Eu não conheço o escritor, mas parece muito interessante. Talvez depois eu dê uma olhada na livraria.
— Ah Geisty, como esse mundo seria melhor se...
— June não comece com esse assunto de mundo perfeito e feliz. Infelizmente isso é apenas uma ilusão da sua cabeça.
Depois June continuou falando mais um monte de coisas sem importância e Geisty decidiu apenas ignorar a presença dela. Até que...
— Geisty, você não ouviu nada do que eu disse? Você está me escutando?
—...

Uma das coisas que mais enfurecia June era ser ignorada enquanto estivesse falando. Furiosa com sua amiga, ela pega o copo de café das mãos dela para chamar a atenção de Geisty.

— Você tem prazer em fazer isso, não é mesmo?!
— Devolva o meu café sua chata! Você fala tanta asneira que até me dá sono!
— Não, eu não vou devolver até que você...
Mas antes que June pudesse terminar a ameaça, Geisty pisa no pé dela.
— Isso dói sua grossa! Agora você...

Foi então que Geisty deu um forte beliscão no braço da loira e foi se sentar em outra mesa. June pensou em segui-la e reclamar, mas ao ver a expressão enfurecida de Geisty, achou melhor ficar ali e calada.
Quando Marin encontrou as amigas, soube perfeitamente o que tinha acontecido ao ver a cena delas sentadas em mesas diferentes. Ficou triste em ver suas amigas brigando novamente e justamente quando elas estavam quase indo embora.
Então a ruiva se aproxima de Geisty e toca em seus ombros.

— Eu sei que June é bastante chata às vezes, mas muito em breve ela não estará mais aqui.
— Eu sei, mas o que você quer que eu faça, é sempre ela quem começa as brigas e confusões.
— Sim, mas você poderia tentar controlar seus impulsos por cauda do café. Eu não queria ir embora sabendo que vocês duas estão brigadas desse jeito.
— Mas...
— Tente fazer um esforço, no sábado eu e ela iremos embora e você irá ter novamente seu sossego. Pense direito minha amiga, essa é a nossa ultima semana juntas.

Enquanto isso, June estava em sua mesa com a cabeça baixa, pensava no que tinha feito, mas não tinha sido sua intenção deixar Geisty brava. Foi então que sentiu alguém tocando em suas mãos e ficou surpresa ao ver que era Geisty.

— Tire essa tristeza da cara, não quero arruinar a nossa ultima semana por causa de uma briga tola. Mas e você.?
— Eu digo o mesmo, me desculpe se eu te ofendi. Não era a minha intenção irritar você.
— Eu sei, você só queria chamar a minha atenção, mas nunca mais faça isso, entendeu?
— Sim.

Então June abraça sua amiga, sabia que Geisty podia ser dura, mas no fundo tinha um bom e nobre coração.

— Você não muda nunca, sua obcecada por café.
— Olha só quem fala, obcecada por coisas fofas e um mundo perfeito.
— Meninas, vamos deixar isso de lado e aproveitarmos ao máximo a nossa ultima semana juntas.
— Sim Marin.

A semana passou rápido e quando elas perceberam, já era o dia de Marin e June voltarem para suas casas.

— Apesar de tudo e das brigas, eu vou sentir falta de vocês duas. Foram dois meses de muita agitação com vocês aqui.
— Ah Geisty, talvez algum dia nós viemos te fazer uma visita quando estivermos de férias.
— Concordo com a Marin, mas o tempo passou tão rápido, não consigo acreditar que nós estamos indo embora.
— Não fiquem tristes, vocês sabem que eu também odeio despedidas.

Foi então que elas ouviram o anuncio que os aviões já estavam esperando pelos passageiros. Então elas se abraçam como ultima despedida, depois as duas garotas vão para a sala de embarque, cada uma iria em um avião diferente.
Geisty ficou observando os dois aviões decolarem levando embora suas amigas.
Apesar de terem personalidades fortes e diferentes, no fundo elas complementavam uma a outra. Podiam brigar, mas entendiam muito bem cada uma.
E a distância jamais poderia destruir uma amizade verdadeira como a delas, pois apesar de tudo e das diferenças, eram verdadeiras amigas.

Como eu disse antes, apesar de tudo, foi muito bom aqueles dois meses que passamos juntas. Mas eu tenho que admitir, elas são as melhores amigas que eu poderia ter.