Depois de quase meia hora a espera que Clary aparecesse novamente, Jace já não viu mais sentido ficar por ali.

— Eu já vou nessa – ele levantou-se, mas Magnus interferiu.

— Mas Já? Pensei que ficaria para a apresentação... – Bane deu um pequeno sorriso.

— Que apresenta... – mas Jace não conseguiu terminar a frase, pois todas as luzes se apagaram, deixando apenas um holofote no centro do palco, agora já vazio.

Então Magnus levantou-se e caminhou até lá, aumentando o tom de voz para ser ouvido.

— Senhoras e senhores, tenham a honra de receber a melhor cantora e dançarina do Texas, Clary Fray!

Então Clary surgiu no palco. Ela usava uma roupa extremamente sexy: um top preto, que a valorizava bastante, deixando sua cintura altamente definida e sua barriga sarada à mostra; uma saia preta curta na frente e longa na parte de trás, exibindo suas belas pernas, e um sapato preto com um salto alto e um cadarço. Seus belos cabelos ruivos estavam soltos, emoldurando seu rosto, que estava perfeitamente maquiado, terminando com um marcante batom vermelho, destacando seus lábios.

E Jace não conseguiu evitar ficar boquiaberto. Que mulher era aquela! Ele iria se dar mais do que bem nesta aposta. No máximo em cinco dias ganharia o coração de Clary, disso ele já tinha certeza.

Mas infelizmente, para Clary, ele não era tão irresistível assim que não se pudesse despistar.

Todos no bar gritavam de entusiasmo, com suas bebidas erguidas, olhando babando para Clary.

Ela sorriu, piscou para todos e se colocou em certa posição, no centro do palco. De repente, outros dançarinos surgiram; todos bem másculos e com roupas tão sexy – ou vulgares – quanto às dela. Estava com um microfone já adaptado em seu rosto, sem que ela precisasse segurá-lo. Então uma melodia começou a tocar, e Clary abriu sua boca.

It’s going down
       I’m yelling timber
       You better move
       You better dance

Let’s make a night
        You won’t remember

       I’ll be the one you won’t forget

Oh oh oh oh oh

Cada movimento que ela fazia era correspondente com a música que cantava. E sua voz era surpreendentemente afinada, suave, sexy e gostosa de ouvir.

Ela também cantou na hora do rap, e todos estavam mais do que entusiasmados com a música. E Jace... Jace observava atentamente cada pequeno detalhe dela. Seu sorriso, seu corpo esbelto, seus cabelos, seus olhos, suas pernas, e ouvia sua voz como se fosse a mais bela melodia a qual já ouvira. Simplesmente estava de olhos arregalados para o palco, e nunca, nunca desejou tanto uma mulher em sua vida. Ele estava tão despeço em seus pensamentos com Clary, que só despertou quando a música já estava no fim, e todos já quase derrubavam o bar.

E, nesse exato momento, os olhos verdes e brilhantes da ruiva encontraram os dele, justamente enquanto ela cantava a última nota:

"…I’ll be the one you won’t forget…"

***

O lugar simplesmente explodiu em aplausos altos e convictos dos clientes, enquanto Clary reverenciava sorridente e saía do palco. Jace estava sem palavras para o que acabara de ver, o que apenas tornou toda aquela situação ainda mais interessante e apetitosa para ele. Levantou-se preguiçosamente, já pronto para colocar em ação o plano que surgira em sua mente.

— Ei Magnus, onde é que fica o camarim, hein?

— O que você estar querendo fazer? – O sorriso de Magnus era notório. Obviamente ele também estava se divertindo com toda aquela situação.

— Quero apenas ganhar essa aposta, amigo – Jace piscou. 

Magnus apontou para uma porta de madeira pero do balcão, e Jace foi em direção á ela.

Não se deu nem o trabalho de bater. Entrou sem permissão e deparou-se com Clary tirando a maquiagem em frente ao espelho. Os outros dançarinos estavam próximos dela – a maioria já sem camisa. Trocaram olhares feios, mas Jace prosseguiu até ela.

— Belo show – disse ele.

— Eu faço o que eu posso – ela sorriu. – Mas obrigada.

— Olhe, senhorita – Jace começou, encostando-se na bancada onde Clary estava apoiada. – O que eu disse mais cedo, em relação a querer sair com você, era realmente sério.

Clary parou o que estava fazendo e voltou-se para ele, com uma expressão tranquila.

— Eu sei que era. Mas lembro-me muito bem de não ter aceitado.

— Você não disse não, mas também não disse sim. Achei que havia interpretado errado, e por isso eu estou aqui; para deixar bem claro de eu só vou embora quando você aceitar – ele sorriu cinicamente.

Clary soltou uma leve risada.

— Parece que alguém aqui não sabe aceitar um não, garotos! – ela disse, e os dançarinos ao seu redor acompanharam-na nas risadas.- Olha, cowboy, deixa agora que eu te esclareça uma coisa: Eu não quero sair com você, e eu não vou sair com você. Agora eu agradeceria se você me deixasse em paz.

E com isso voltou a tirar sua maquiagem.

Jace não acreditou no que acabara de ouvir. Quem, em sã consciência, daria um fora em Jace Wayland? O grande, galanteador e milionário Jace Wayland? Por um segundo, ficou chateado com aquilo. Não continuaria com a aposta se tivesse que passar por essa humilhação novamente. Mas, como também era um traço marcante de sua pessoa, ele não era homem de desistir fácil. Se as coisas não estavam seu favor, ele as fazia ficar.

— Isso é uma pena – ele disse, desencostando-se da bancada. – Eu te levaria em um passeio incrível na minha Harley-Davidson.

— Está insinuando que eu mudaria de ideia pelo fato de você ter uma moto? – ela pareceu incrédula, mas mantendo o sorriso.

— Todas as outras mudaram, minha cara. Por que com você seria diferente?

— Por que eu, cowboy— ela estava diante dele agora. Os cabelos soltos pareciam fogo, e contrastavam perfeitamente com sua pele. Os olhos de um verde intenso. – Não sou que nem as outras.

E, com uma piscadela, deixou o camarim.