Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 60
Capítulo 61




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Maximus olhou para o seu irmão mais novo e fechou aquele livro em um único movimento antes de caminhar para ficar próximo de Ellylan. Ele não precisou dar nenhum sinal para que ela soubesse que o que havia sido revelado agora pouco deveria ser mantido como um segredo. Elly não discordaria do anjo loiro, pois não estava em condições de falar sobre o assunto com outra pessoa. Sua mente, em total negação, havia se fechado completamente e nada iria permitir que ela aceitasse tudo o que Maximus havia falado naquele momento.

Para Ellylan, isso era realmente bom, pois Dimitrius não teria que vê-la chorar e entrar em uma agonia miserável por descobrir que se tornaria uma canibal se desejasse ficar ao lado de Maximus como uma imortal.

Dimitrius, após Maximus se colocar ao lado dela, os observou com cautela e naqueles olhos escuros uma explosão de ironia apareceu. Ele provavelmente não tinha deixado de lado o fato deles estarem sujos de sangue e em sua mente deveria existir suposições ainda mais sujas que isso.

— Então...— O anjo responsavel pelos humanos tentou começar algo que provavelmente deixaria Elly irritada ou constrangida, mas o arcanjo do inferno foi mais rápido em cortá-lo quando caminhou para frente.
— Não pergunte.— Maximus falou ao mesmo tempo que puxava um lenço de seda que decorava o blazer do seu irmão mais novo para que pudesse entregar a Ellylan quando voltou para o seu lado.— Apenas fale o que o trouxe até aqui.—

Ela pegou o lenço sem questionar e fez o seu melhor trabalho para tirar aquele sangue seco do seu queixo e outras partes do seu rosto. Era realmente uma pena que aquele tecido tão elegante tivesse sido sujo com o sangue de Maximus, mas isso era melhor do que ter que encarar os olhos perversos de Dimitrius que diziam o quanto ele desejava fazer brincadeiras cruéis com Elly por ter sido pega daquela maneira.


Ellylan entregou o lenço para Maximus pensando que ele também desejava se limpar, mas o anjo loiro apenas pegou o pedaço de seda da mão dela para enfiá-lo no bolso da sua calça. E isso fez com que a mente de Elly visse e compreendesse completamente quando o arcanjo dizia não se importar com certas coisas. Entender isso, mesmo que um pouco tarde, fez com que ela ficasse menos assustada com a ideia do que estava se tornando.

— Eu sei que Ellylan está se tornando imortal.— Dimitrius disse algo que, aparentemente, não era mais um segredo.— E qualquer dúvida sobre isso é tirada quando olho para a alma dela e vejo como está se transformando rapidamente, mesmo que pareça que algo impeça a transformação.—

Elly ficou rígida naquele momento, pois tudo indicava que Dimitrius parecia saber o que estava acontecendo com ela também. Sua parte iludida, que também era fã da beleza do irmão mais novo de Maximus, dizia que se preocupar era algo ridículo. Mas Ellylan sabia sem questionar que Maximus a protegeria de qualquer coisa, só não sabia se os seus irmãos também fariam o mesmo por ela.

Seus olhos foram para o arcanjo ao seu lado e vendo o quão relaxado ele estava, ela decidiu escutar sua voz iludida dizendo que Dimitrius não faria nada para machucá-la. Afinal, a lealdade que existiam entre esses irmãos eram maior do que qualquer outra união que Ellylan já tivesse visto e era bem possível que nunca encontrasse algo tão forte e grande como o respeito que existia nesse elo.

Mesmo que Meridius a apavorasse e Dimitrius tivesse um certo olhar de cientista louco, ela tinha que confiar nos irmãos de Maximus como ele confiava.

O imperador do inferno se manteve em silencio, pois que certas coisas eram obvias demais e Dimitrius não precisava de ninguém concordando com o que ele dizia para depois continuar falando.

— Vocês me perguntaram por que Elly não podia ser mandada de volta para a dimensão dos humanos quando ela apareceu no inferno sem nenhuma explicação e eu respondi que o corpo dela era tão fraco que morreria no momento em que passasse pelo portal.— Sim, Ellylan lembrava disso claramente em sua mente. Era dificil esquecer a imagem de três homens com asas sentados em tronos decidindo o que fariam com a vida dela sem ao menos perguntarem sua opinião.

Maximus foi quem ficou rigido naquele momento, toda a sua postura tranquila foi deixada de lado quando seus ombros se ergueram para se alinharem, o que fez com que Elly ficasse em alerta.

— Mas agora ela não é mais fraca.— O arcanjo do inferno falou por Dimitrius e seu irmão concordou com sua cabeça, mostrando que ele estava completamente correto em sua dedução.

Ellylan estava prestes a fazer uma pergunta em que pedia explicações sobre esse assunto já que não compreendeu, mas sua ficha caiu rapidamente depois que seu cérebro processou as palavras de Maximus e Dimitrius.

Ela estava se tornando imortal e nada poderia deixá-la mais forte do que isso para passar por um portal que a levaria para casa.

— Você disse que estou me tornando imortal e se eu voltar para o lugar onde pertenço, isso não será um erro?— Ellylan pensou rápido, pois uma terceira opção havia aparecido em sua vida e ela era tão desagradável quantos as outras, mas não deixava de ser tentadora considerando o que o futuro lhe aguardava. Ela tinha que odiar essa opção.— Ser meia imortal entre mortais não parece algo correto.—
— É exatamente por isso que precisamos mandá-la embora antes que se torne uma imortal por completo.— Dimitrius a respondeu sem qualquer dúvida.— No momento em que atravessar o portal para a sua dimensão, você voltará a ser tão humana quanto os outros.—

E sem canabalismo, sua mente gritou, mas também sem Maximus.

— Mas preciso deixar claro algo importante.— O arcanjo em sua frente voltou a falar.— Quando passar pelo portal, todas as suas memórias sobre nós não existirá mais. Você não se lembrará de nada que aconteceu aqui, não se lembrará de ninguém, inclusive Maximus. Tudo será como se estivesse despertando de um sono profundo que não permite que você se lembre do seu sonho.—

Ellylan congelou naquele momento.

Ela perderia tanto apenas por não querer se tornar uma pessoa que come carne humana...

— Ellylan não será mais Ellylan e sim a pessoa que sempre foi quando era humana.— Maximus disse calmamente.

Uma prostituta suícida, era isso o que ela era em sua vida esquecida.

— Eu não quero isso.— Ela falou rapidamente, surpreendendo os dois anjos perto dela.— Definitivamente não.—
— Ellylan.— Maximus suspirou o nome dela.— Talvez essa seja a melhor opção.—
— Você está de sacanagem comigo, Maximus?— Elly o fuzilou naquele momento.— Onde está toda aquela baboseira que falou de não me deixar partir mesmo que isso fosse meu único desejo?—
— Ouch.— Dimitrius soltou aquela palavra em um tom provocativo, o que fez com que recebesse dois olhares fuziladores em sua direção.

— De qualquer maneira,— Ela preferiu ignorar as provocações do anjo mais novo.— O que acontece se eu não voltar?—
— Absolutamente nada.— O arcanjo moreno deu de ombros.— Será como agora, como se você nunca tivesse existido naquele mundo, mas para permanecer aqui teremos que descobrir uma forma de transformá-la em imortal por completo, pois...—
— Eu sei.— Elly resmungou com um humor negro.— Imortalidade e mortalidade não podem conviver juntas.—

Dimitrius elevou suas sobrancelhas em surpresa naquele momento.

— Vejo que vocês estão bem informados sobre o assunto.— E então o arcanjo da humanidade olhou para o livro que Maximus havia fechado e o deixado de lado, seus olhos escuros, como os de Meridius, correram para o titulo dele e Elly pode jurar que Dimitrius ficou um tom mais pálido do que já era.— O que aquele livro esta fazendo ali?— Ele perguntou em descrença, sua mente provavelmente trabalhando em respostas.
— Eu falerei com você e Meridius sobre isso mais tarde.—
Maximus.— Seu irmão disse o nome dele de maneira severa, como se aquilo fosse uma exigência para que explicasse.
— Mais tarde.— O arcanjo do inferno segurou os olhos de Dimitrius para dizer aquelas duas palavras, seu tom era calmo apesar de tudo e desde que o outro anjo olhou para Ellylan antes de voltar seus olhos de chocolate para Maximus, ela compreendeu que teria que fazer algumas perguntas a mais sobre a parte do canabalismo.

Afinal, um arcanjo como Dimitrius não ficária pálido sem nenhum motivo coerente e realmente assustador.


***

Ellylan estava parada em frente da janela ampla do quarto de Maximus, ela encarava o oceano a baixo dela que não possuía nenhuma onda. Seus pensamentos foram para os monstros que Maximus dizia existir naquelas águas e mesmo que ela quase considerasse o inferno como sua nova casa, era impossivel não temer a ideia de estar próximo de algum desses animais.

Ela esperava não ter que encontrar nenhum deles algum dia.

Dimitrius havia os deixado a algumas horas e Maximus o acompanhou para que pudessem conversar a sós, deixando que um Gate mal humorado levasse Ellylan para o quarto deles.

Ela não estava surpresa pelo humor negro do tenente, mas desde que era uma pessoa curiosa foi impossivel não perguntar o que havia acontecido com ele e quando Elly recebeu uma emburrada resposta com as palavras “Não é da sua conta, enxerida.”, ela preferiu não se comunicar mais com o soldado de confiança de Maximus para que não perdesse o pescoço no caminho até o quarto do arcanjo.

Seu último desejo era causar mais problemas ao tenente quando estava tão raivoso.

Ellylan foi tirada dos seus pensamentos quando o som de uma porta sendo aberta interrompeu o silêncio que a envolvia completamente e bastou olhar para o vidro em sua frente para que visse o reflexo de um arcanjo entrando no quarto.

Maximus caminhou com toda a sua calma para se aproximar de Elly e o anjo apenas parou quando seus braços estavam em volta dela, seu corpo a suas costas fazendo um encaixe tão perfeito que ela achava que nem mesmo quebra-cabeças poderiam ser mais bonito do que isso.

Seus braços fortes e quentes ao redor da cintura de Ellylan deixavam um aviso claro que esse arcanjo a seguraria dessa forma mesmo quando não desejasse e nada poderia deixá-la mais protegida do que estar ciente disso. Ela colocou suas mãos sobre as de Maximus, que descansavam em seu estomago, para também passar o recado de que ele sempre seria bem vindo.

— Você está pensando em ir embora?— As palavras de Maximus não passaram de um sussurro próximo do seu ouvido já que ele havia inclinado sua cabeça para que sua bochecha descansasse sobre o ombro dela.
— Você está pensando em me mandar ir?— Ellylan o respondeu com outra pergunta, desde que o “Talvez essa seja a melhor opção” não havia a agradado.
— Não.— O arcanjo falou aquela única palavra de maneira séria.— Mas, Elly, eu não permitirei que você morra. Então, escolha voltar para o seu mundo ou aceite a imortalidade por completo. Não existem três opções, apenas duas.—

Ellylan não podia deixar Maximus, definitivamente não podia, e parecia tão errado não poder se lembrar desse anjo que cuidou tanto dela... Ela já havia feito a sua escolha, mas antes de aceitar essa decisão, Elly precisava ter certeza.

— Por que Dimitrius ficou tão aflito ao ver aquele livro?—
— Aquele livro contém informações sobre as criaturas que vivem no purgatorio.— Ele foi direto ao ponto.— Criaturas que talvez sejam mais poderosas do que os arcanjos.—

Bom, pelo menos Ellylan podia entender a reação de Dimitrius agora, mesmo que isso não fosse algo agradável para se ouvir.

— Maximus, eu...—
— Não se preocupe.— O arcanjo do inferno a cortou rapidamente.— Quando Edward disse que você se transformaria em um monstro, era apenas por ter que comer carne humana, mas...—

Claro, sempre existia um “mas”.

— Você não pode perder sua mente por causa da fome, Ellylan.— Ele disse depois de suspirar.— Se isso acontecer, eu terei que matá-la. Então, se deseja ficar, você tem que aceitar o seu destino. —
— Eu entendo.— Elly murmurio, se movendo nos braços de Maximus para que pudesse ficar de frente com ele e ver aqueles olhos azuis tão incrivéis. Ela levou seus dedos até o rosto do anjo e acariciou lentamente a sua bochecha enquanto observava cada sentimento que existia naquelas piscinas perfeitas.— Imagino que todos temos que fazer alguns sacrifcios para alcançar a felicidade, certo?—

Maximus sorriu naquele momento.

— Tudo bem,— Ellylan sussurrou mais para ela mesma do que para Maximus desde que seu coração decidiu acelerar com a determinação que invadiu todo o seu corpo. Afinal, aceitar que o inferno seria sua nova casa não era algo realmente fácil de se acreditar, mas ela também sabia que nada poderia tirá-la do lado de Maximus.— Você pode preparar minha refeição.—

O sorriso do arcanjo em sua frente cresceu enquanto bons sentimentos explodiam em seus olhos, ele se inclinou para frente até que seus lábios encontrassem os dela e antes que ficassem inseparáveis, Ellylan pode ouvi-lo murmurar as palavras roucas e eletrizantes que escaparam dele.

— Eu te amo, Elly.—


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