Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 52
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Pessoal lindo *o* Gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando minha fic e esse agradecimento se estende até mesmo para os leitores fantasmas, pq o importante é a história ser lida e apreciada, não comentários u.u Para todos que estão lendo e gostando desde o primeiro capítulo, já são exatamente 310 paginas de Maximus e Elly! O/ E ai, aguentam mais 300 ou já devo parar? :p ahuahuh Brincadeira pessoas, sinto em dizer que logo, logo estarei finalizando essa fic, mas para alegrias de todos (ou não) começarei outra historia *-*



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Ellylan despertou do seu profundo sono no momento em que sentiu uma pequena dor crescer em seu estômago. No entanto, essa dor não era forte o suficiente para que a fizesse sair de dentro daquele quarto que a escondeu e protegeu de olhares durante uma semana.

Pelo menos Elly pensava que era uma semana que havia se passado desde que se trancou naquele lugar, mas como havia se perdido diversas vezes no tempo, ela não podia ter uma certeza absoluta de quanto tempo tinha se passado.

O único ponto bom de toda essa situação, era que ela não chorava mais e já estava até mesmo se sentindo conformada com o fato de ter sido uma prostituta um dia. Mas esse sentimento que a conformava, não era forte o suficiente para fazê-la sair de dentro daquele quarto.

E seu constrangimento apenas piorou quando não comeu nenhum tipo de alimento durante toda essa semana que se passou, fazendo com que Ellylan tivesse a certeza de que não era mais uma humana, pois nenhum humano tinha a capacidade de ficar 7 dias sem colocar nenhuma comida em sua boca.

Ela provavelmente já deveria estar morta, mas não estava.

Isso deveria fazê-la querer se descabelar e chorar até que suas lagrimas acabassem, mas Elly aceitou que era diferente de qualquer outro humano e nenhuma anormalidade seria pior do que o seu passado.

E para sua infelicidade, Ellylan sabia que Maximus estava bem ciente de que ela não havia se alimentado nesses dias que se passaram. Afinal, todas as noites o arcanjo do inferno aparecia em sua porta com a ilusão de que Elly o deixaria entrar e quando não o fazia, o anjo apenas ficava do outro lado e contava tudo a ela sobre o seu dia. Inclusive como o inferno estava se tornando em uma grande revolução com os soldados de Meridius sobrevoando pelo nível 2, incomodando vários demonios.

Niffie ainda estava desaparecida e isso fazia com que Elly se sentisse triste pelo arcanjo do paraíso, mesmo que o anjo a odiasse, Meridius não tinha que passar por isso.

Ellylan começou a sentir muito comoda com as visitas de Maximus e quando escurecia, ela sempre o esperava sentada próxima da porta para ouvir tudo o que o anjo tinha para dizer. Escutar a voz do arcanjo era algo realmente bom, que fazia todo o seu interior aquecer para acompanhar a sensação calma que existia quando aquelas pequenas caricias começavam em sua mente.

Assim como Maximus, Marie, que sempre trazia sua comida em uma bandeja que era deixada no chão antes de um toque em sua porta, conversava com Ellylan também. E sempre reclamava por Elly não pegar aquela bandeja que era deixada lá.

Ellylan, apesar de nunca abrir sua porta em quanto havia pessoas no corredor, foi tratada como uma verdadeira hospede. Afinal, até mesmo roupas em uma mala foram deixadas lá para ela.

Elly não tinha o que reclamar, suas reclamações eram sobre si mesma que não possuía a coragem suficiente para conversar com as pessoas que a tratavam tão bem. Era realmente dificil de acreditar que ela...

Uma pontada no seu estômago a fez se encolher naquela cama, fazendo com que todos os seus pensamentos desaparecessem de sua mente para dar boas vinda a uma sensação semelhante ao de uma faca sendo enfiada bem ao centro da sua barriga.

Ellylan colocou a mão sobre o ponto em que estava doendo e respirou fundo, como se aquele ato fosse ajudar a melhorar aquela dor que estava até mesmo cortando sua respiração. Foi algo inútil desde que a dor apenas pareceu continuar a crescer.

Essa dor em seu estômago era similiar a da vez de quando Elly vomitou sangue nos pisos brancos do banheiro do seu quarto, mas em quanto os minutos passavam e ela se contercia na cama, Ellylan não se sentiu enjoada

Ela sentiu todo o seu corpo se esquentar por dentro, mas estava sentindo tanto frio por fora que os cobertores da sua cama eram poucos para esquentá-la. Sua garganta parecia queimá-la a ponto de deixar em carne viva, mesmo que seu corpo estivesse suando frio. Ellylan soltou um gemido cheio de dor quando ela passou a ser insuportavel.

Elly sentiu o medo crescer dentro dela, pois nunca havia passado por algo como isso e não sabia o que fazer para que tudo melhorasse. Sua mente rapidamente gritou o nome de Maximus, seu subconsciente confiava o suficiente no arcanjo para escolher o seu nome como seu protetor.

Mas Ellylan não queria encontrá-lo... Ela se sentia evergonhada demais para encarar aqueles olhos que demonstravam todos os seus sentimentos ao mesmo tempo que não mostrava nada.

Uma única lágrima escorreu pela bochecha de Elly, aquela dor se tornando tão insuportável que segurar o seu choro estava sendo algo impossivel de se fazer.

Ela não queria encontrar Maximus, principalmente daquela maneira, mas precisava de ajuda.

Levantando da sua cama quando Ellylan pareceu levar outra facada em seu estômago, ela caminhou para fora de seu quarto com certa dificuldade, mas superando os obstáculos que seu próprio corpo impunha para ir atrás de ajuda. Sua mente dizia que aqueles soldados que existiam em todos os corredores do castelo de Maximus poderiam ajudá-la de alguma forma, mas no momento em que abriu sua porta e viu que não existia ninguém por perto, esse pequeno fato apenas fez com que o seu choro aumentasse por puro desespero.

Se Elly saísse andando pelos corredores sem saber onde exatamente ir, ela provavelmente se perderia e isso era algo que Ellylan realmente gostaria de evitar agora que estava com tanta dor a ponto de nem ao menos conseguir andar. E sua visão embaçada por causa das suas lágrimas, que não parava de escorrer, não ajudava em nada. Assim como o medo que estava crescendo dentro dela que parecia apenas piorar toda a situação.

Maximus...— O nome do arcanjo do inferno saiu de seus lábios em um sussurro silencioso, seu subconsciente insistindo que o anjo seria a única pessoa a ajudá-la mesmo quando Elly não desejava vê-lo.

Ellylan começou a andar nos corredores daquele castelo, sem ao menos guardar o caminho que estava fazendo já que sua mente estava tão embaralhada quanto os seus passos. E quando o seu equilibrio deixou de existir, ela se segurou na parede ao seu lado para que não caísse.

Naquele momento Elly parou de se mover para respirar, sua garganta parecia estar fechando e não permitia que nenhum ar passasse por ela e a dor dentro dela não parava de atormentá-la. Tudo estava ficando mais dificil, inclusive pensar.

No entanto, Ellylan precisava encontrar alguém.

Ela precisava de ajuda.

Elly virou no próximo corredor que apareceu em sua frente, mas antes que pudesse continuar caminhando, ela caiu sobre os seus joelhos quando suas pernas a traíram e perderam as forças que a permitia ficar de pé. Ela soltou um gemido de pura dor, ignorando totalmente a imagem de asas brancas que pensou ter visto. Ellylan não estava mais conseguindo ver nada com sua visão embaçada, ela não podia acreditar no que estava enchergando.

— Ellylan.— Ela escutou seu nome, aquele tom tão frio que não podia pertencer a outra pessoa além de Meridius e mesmo que existisse uma pequena preocuação em sua voz, o gelo não deixava de existir. Ellylan ouviu o som de passos em sua direção e rapidamente cor negra das botas de Meridius preencheram sua visão em sua frente antes que ele se abaixasse para encontrar os olhos dela.

O anjo a segurou por seus ombros para ajudá-la a arrumar sua postura, Ellylan não estava tendo mais nenhum controle pelo seu corpo e não culpou o irmão mais velho de Maximus por fazê-la de uma marionete para que ela encontrasse aqueles olhos escuros.


— Por que você está tão fria?— Ele perguntou.— O que aconteceu?—

— Meridius...— Ela disse o nome do outro arcanjo em um sussurro, tentando respirar para que o ar chegasse aos seus pumões, mas falhando completamente quando se afogou.— Eu sinto como se estivesse morrendo.—

O arcanjo do paraíso ficou sem nenhuma reação por alguns segundos, Meridius provavelmente estava pensando que a vida de humanos eram tão fragéis que isso não o surpreendia. No entanto...

— Você não possui permissão para morrer.— Foi o que ele disse, como se Ellylan tivesse qualquer escolha sobre aquilo.— Você não pode fazer isso com Maximus, Ellylan.—

Ellylan não sabia o que dizer para aquele arcanjo, pois dele ela esperava qualquer tipo de xingamento que a chamasse de fraca, mas não a preocupação pelo seu irmão que não teria boas reações se Elly morresse.

Ela tão pouco desejava morrer, mas essa dor estava fazendo com que ela pensasse duas vezes sobre esse assunto. E antes que tivesse a chance de dizer qualquer coisa sobre isso ao anjo que a segurava para não encontrar o chão completamente, Ellylan abaixou a sua cabeça para liberar o liquido grosso e com gosto de ferro que passou por sua garganta no momento em que sentiu novamente uma facada no centro da sua barriga.

Meridius a segurou mesmo quando o seu vômito de sangue sujou suas botas escuras, o anjo apenas mudou a sua posição para que pudesse segurá-la de uma maneira mais firma e tirar seus cabelos negros da frente para não terem nenhum contato com aquele liquido.

E antes que Ellylan sentisse qualquer outro tipo de dor ou vomitasse mais sangue, ela começou a tossir até sentir sua visão ficar escura e perder completamente o controle da sua mente.

***

Ellylan abriu seus olhos no momento em que acordou, seu coração começando a bater acelerado ao se lembrar que Meridius tinha estado com ela em um momento em que não desejava ser vista por ninguém. Vômitar aquele liquido vermelho e grosso não era comum e pelo olhar que existiu no rosto do arcanjo do paraíso, Elly pode deduzir que não era comum nem mesmo para imortais.

No entanto, ela respirou aliviada ao notar que não existia nenhum tipo de dor desconhecida em nenhuma parte do seu corpo.

Ellylan se sentou na cama que havia sido colocada, seus olhos encarando aquele quarto enorme que foi construído para anjos. Ainda era dia lá fora e desde que as cortinas não foram fechadas, ela pode ver a tempestade que atormentava o silencio que era a dimensão que Maximus governava. E Elly também pode ver claramente Meridius sentado no chão próximo daquelas enormes janelas, com suas asas abertas quase completamente e com seus braços apoiados em seus joelhos.

Ele a encarou em silencio, assim como ela. Ellylan não sabia o que havia acontecido para dar qualquer tipo de explicação e ficou ainda mais confusa quando viu sangue manchando a camisa clara do anjo. Elly se lembrava claramente de ter abaixado sua cabeça com a intenção de não vomitar em Meridius.

Ellylan franziu o cenho, pois era impossivel que o arcanjo estivesse sujo com o sangue que saiu da sua boca.

— Por que você está sujo de sangue?— Ela perguntou calmamente.
— Você me atacou novamente.— Meridius a fuzilou com os seus olhos escuros.— E dessa vez obteve sucesso ao conseguir morder meu braço.—

Elly ficou paralisada por alguns segundos, buscando imagens em sua mente que mostrassem que o que o arcanjo do paraiso estava dizendo era verdade, mas ela simplesmente não encontrou nada. E o seu constragimento apenas ficou pior.

Maximus uma vez havia dito que ela atacou Meridius inconscientemente pelo devido fato dela se sentir ameaçada pela presença dela, mas agora... O outro anjo apenas estava a ajudando. Por que ela o atacaria?

— Me desculpe...— Ellylan falou um pouco assustada por causa do olhar que Meridius a lançou. Um olhar que mostrava o quão irado ele estava por ter recebido uma mordida em seu braço e que uma simples desculpa não resolveria a situação. Mas o que Elly poderia fazer? Ela nem ao menos se sentia surpresa por estar se tornando uma aberração.
— Maximus sabe de tudo o que esta acontecendo com você?—

— Sim.— Sua resposta foi um simples murmurio.
— Você precisa contar o que aconteceu hoje a ele.— Meridius falou friamente.
— Eu não quero encontrá-lo.—
— Por que não?— O tom do arcanjo foi de pura repreensão.— Por causa de um passado que foi esquecido pela sua própria mente?—

Naquele momento Meridius conseguiu com que Ellylan se sentisse ridícula. Afinal, tudo o que haviam descoberto sobre sua vida não passavam de memórias perdidas em sua mente que ela nem ao menos sabia se realmente a afetava quando conhecia a si mesma. Ela se sentia envergonhada demais para ter que encarar Maximus, mas do que exatamente se não se lembrava?


— Você não entende.—
— Eu entendo.— Meridius falou cruelmente.— Eu e meus irmão já fizemos coisas tão piores do que o seu passado, Ellylan, nós conhecemos sentimentos que deveriam ser proibidos de existir e mesmo assim sempre nos damos segundas chances para sobreviver nesse posto em que fomos obrigados a assumir. E acredite, Maximus já fez coisas muito piores que deveria fazê-lo se isolar de todos, mas algumas vezes nós realmente não temos opções de escolhas.—
— Você está dizendo que eu não tive escolha quando me tornei uma prostituta?—
— Talvez.— Meridius deu de ombros.— Humanos são orgulhosos demais para se submeterem nesse tipo de situação sem ter realmente um motivo.—
— Meridius, eu...— Ellylan parou de falar, ela não sabia como explicar seus sentimentos em palavras. Era dificil expor sua opinião quando se sentia suja.
— Maximus já dormiu com mais mulheres do que você pode imaginar.—
— Ele nunca fez isso por dinheiro.— Ela rebateu.
— Não, ele não fez.— O arcanjo concordou.— Mas fez com intenções piores.—


Ellylan desviou seus olhos do arcanjo que continuava sentado e tão imóvel quanto uma estatua. Ela abaixou sua cabeça como se fosse uma grande criança mimada que estava levando um sermão por algo que fez de muito errado.

— Por que você se importa?— Ela perguntou sem olhar para o anjo.
— Porque Maximus gosta de você.— A resposta de Meridius foi curta e grossa.— E eu me preocupo com meu irmão.—
— Você?— Ellylan voltou a olhar para ele, não conseguindo esconder a descrença em seu tom de voz.— Você não é conhecido por tais sentimentos, Meridius.—
O arcanjo do paraíso arqueou sua sobrancelha e era primeira vez que Ellylan via uma expressão amigavel no rosto dele, mesmo que a frieza ainda existisse ali.— Como posso estar casado se não possuo sentimentos?—

— Eu nunca ouvi bons comentários sobre o seu casamento com Niffie.— Ellylan suspirou em resposta.

— Não importa qual dimensão seja, as pessoas nunca gostam de comentar coisas boas.— Meridius refletiu.— Elas são mais felizes falando de desgraças ao invés de alegrias.—
— Então seu casamento não é tão ruim quanto fazem parecer?— Elly decidiu perguntar, pois o arcanjo sentado próximo das janelas daquele quarto estava certo ao dizer que ninguém se importava com a felicidade e desde que ele estava dando a abertura para perguntas, ela não via problemas em satisfazer sua curiosidade.
— Meu casamento... Ele já foi despedaçado de maneiras impossivéis, mas se Niffie ainda esta comigo é por que existem motivos para isso.— Foi a resposta dele.— Contudo, o amor nunca é o suficiente, Ellylan.—
— O que aconteceu com vocês?— Ellylan resolveu fazer a pergunta que atormentava sua mente. Sua curiosidade muito maior do que seu medo pelo arcanjo que estava tão próximo dela.

— Niffie acreditou que me casei com ela apenas pelo motivo de precisar de um herdeiro para ajudar Maximus e depois que boatos começaram a ser inventados sobre minha infidelidade, ela também acreditou neles e começou se afastar de mim. Niffie criou uma grande muralha entre nós e eu permiti que isso acontecesse.— Meridius desviou seus olhos para o chão naquele momento.— Se eu estivesse interessado apenas em um herdeiro, Niffie jamais seria sido a escolhida. A probabilidade dela engravidar é muito mais baixa do que qualquer outra angelical... Ela não seria útil para mim.—
— Mas mesmo assim você escolheu Niffie.—
— Niffie sabia que se casar com um arcanjo nunca seria um sonho encantado com finais felizes, mas também sabia que meu coração pertencia a ela.— O anjo falou.— Eu nunca teria permitido que minha alma e a dela se tornanssem apenas uma se o único motivo que estivesse me fazendo se unir com ela fosse para ajudar Maximus.—

— Almas se tornando apenas uma... Isso parecer ser algo grande.—

Ellylan não sabia o que aquilo significava, mas estava ciente de que almas possuiam um grande significado para esses imortais tão complexos que pareciam a conhecer melhor do que ela mesma.

— Eu imagino que essa seja a maior prova de amor que existe no mundo dos anjos.— Ele explicou.— No momento em que um anjo permite que a ligação de almas exista, não há mais volta e será para sempre. Quando duas almas se juntam, elas tem a capacidade de transformar o casal em uma única mente, fazendo com que eles fiquem presentes sempre na vida um do outro, fazendo com que saibam o que estão sentindo e pensando.—

— Sua ligação com Niffie foi quebrada...— Ellylan deduziu, entendendo que se a situação fosse contrária, Meridius já estaria com sua esposa ao seu lado.
— Sim.— Meridius falou friamente.— Eu não posso ver mais a linha que me mantinha ligado a ela, no lugar disso, vejo apenas o vazio.—

— Eu pensei que vocês fossem invenciveis.— Ellylan sussurrou, pois desde que os arcanjos possuiam o controle de tudo no mundo deles, ela pensou que nada poderia ser escondido deles.

— Invenciveis? — Meridius sorriu amargamente — Nós temos poderes para destruir o mundo se esse for nosso desejo, mas até mesmo arcanjos podem ser enganados por truques. Eu me sinto como se estivesse fechado em um quarto completamente escuro com meus poderes bloqueados e procurando por uma alma que sei que deveria ser a mais brilhante do lugar.—

— A magia do demonio... Ela não deveria ser tão forte, não é mesmo?—

Ellylan havia ouvido as fofocas do castelo até mesmo quando se manteve fechada dentro do quarto que a protegeu durante uma semana, ela sabia que magia de demônio foi uma criação inútil para combater os poderes dos arcanjos e sabia também que qualquer pessoa que mexesse com ela, estaria encontrando a morte rapidamente. No entanto, a pessoa que estava tentando atingir os arcanjos estava apenas tendo sucesso. Trazer uma humana para o inferno e ainda quebrar uma ligação de almas não parecia ser coisas simples e essa pessoa conseguia ser transparente para todos, inclusive para os arcanjos, algo que provavelmente não deveria estar acontecendo.

— Não. É como se... — Meridius ficou em silencio, como se estivesse pensando seriamente no que iria dizer.— É como se quem estivesse mexendo com ela fosse aqueles entre os anjos e arcanjos.—


Entre anjos e arcanjos?

A mente de Ellylan automaticamente se perguntou sobre o que isso poderia significar, já que para ela não fazia nenhum sentido. No entanto, pela expressão séria e pensativa do arcanjo, Elly pode deduzir que isso significava algo muito grande.

Ellylan pensou em perguntar o que Meridius estava pensando, mas ele não era Maximus. Esse arcanjo que governava o paraíso não a conhecia como Maximus para que falasse o que estava passando por sua mente. Nem mesmo Maximus confiava seus pensamentos mais pessoais e que envolviam o seu reino a ela.

— De qualquer maneira, não afaste Maximus de você por tolices humanas ou irá perdê-lo.— Meridius voltou a falar.— Todos nós iremos perdê-lo novamente.—
— Tolices humanas?— Ellylan perguntou indignada com a falta de respeito.— E se fosse Niffie em meu lugar? Como você reagiria?—
— Não a compare com você.— Seu tom foi tão frio e cheios de ameaças não ditas que fez com que a mente de Ellylan se tornasse mais cautelosa.— Niffie jamais seria tão fraca.—

Meridius se levantou naquele momento, fazendo com que o coração de Ellylan saltasse um pulo das suas batidas constantes. O movimento do arcanjo foi tão rápido que ela ficou surpresa ao ver que alguém com asas tão grandes e pesadas, segundo Maximus, podia se mover com tanta agilidade.


O anjo que governava o paraíso a encarou com aqueles olhos escuros e mortos, tão piores quanto os de Maximus quando não existiam sentimentos. Afinal, nos olhos azuis do outro arcanjo Elly apenas não via os sentimentos, mas nos de Meridius ela podia ver a morte e um vazio tão grande que fazia qualquer um se sentir ameaçado.

Ele a encarou em um silencio assustador em quanto Ellylan permanecia imóvel na cama em que foi colocada quando estava inconsciente. Ela tentava controlar as batidas do seu coração que estavam muito rápidas, mas de nada adiantou quando o anjo começou a falar em um tom muito ameaçador.

— Você pode fazer o que bem entender com o seu corpo, pois pecados humanos não nos interessam. O que realmente importa no final é o valor da sua alma. Se ficar trancada em um quarto pelo resto dos seus dias é o que te faz bem, isso não me importa. Humanos nunca significaram nada a mim para que me preocupe com uma infeliz que veio parar no inferno sem nenhuma explicação. Contudo, antes de ser egoísta, deve se lembrar que fez com que um arcanjo se apaixonasse por você.— Meridius a fuzilou com os seus olhos, demonstrando o quanto se sentia enojado pelas atitudes de Ellylan.— Um arcanjo e uma humana apaixonados é tão ridículo quanto a junção dessas palavras, mas se você destruir Maximus, eu irei acabar com a sua vida exatamente como fiz com todos aqueles que tentaram prejudicar meus irmãos.—
— Suas ameaças não possuem nenhum significado.— Uma mentira que a fazia soar ridícula, mas essa era a única resposta que conseguiu pensar para dar ao arcanjo.
Meridius permitiu que seus lábios se transformassem em um pequeno sorriso frio, tão ameaçador e sem sentimentos que não o tornava bonito como qualquer outra pessoa que sorria.— Você não precisa me temer, saber do que sou capaz é o suficiente para minhas ameaças fazerem algum sentido.— Ele avisou.

E sem ter mais o que dizer, o arcanjo deu suas costas a Ellylan para poder abrir o vidro da janela que ocupava todo o espaço de uma parede, fazendo com que um vento gelado atingisse o corpo quente dela, mas ele deixou de existir no momento em que Meridius abriu suas asas em um estalo antes de saltar em direção da tempestade que fazia com que o oceano lá em baixo criasse vida.

Elly começou se mover em cima daquela enorme cama com a intenção de chegar até aquela janela para fechá-la, mas antes que seus pés encontrassem o chão, o vidro se fechou sozinho em um único movimento rápido, fazendo com que ela ficasse paralisada por alguns segundos.

Idiota.

É claro que ela entendia do que Meridius era capaz, mas era cruel da parte dele tentar assustá-la usando seus poderes para fechar uma janela quando nem ao menos estava presente no local. Ellylan suspirou para encontrar sua calma, pois não fazia nenhuma diferença ficar com raiva do arcanjo que governava o paraíso naquele momento.

Meridius ameaçou sua vida, disse apenas coisas que a machucaram, a tratou pior do que um pedaço de lixo, mas não falou nenhuma mentira. O anjo estava completamente correto ao dizer que ela podia perder Maximus se continuasse a agir daquela maneira e Elly não queria perdê-lo.

Se Maximus se tornasse essa pessoa que levou a todos ao desespero, essa pessoa que desejou explodir todas as almas que existiam no inferno sem se importar com o seu destino, Ellylan não aguentaria ver essa transformação. Ela não desejava ser apenas uma humana para o anjo e seria exatamente assim que ele a veria caso se tornasse alguém sem nenhum sentimento.

Ellylan não ficou surpresa com as palavras de Meridius quando ele disse que seu irmão estava apaixonado por ela, pois seu lado iludido já havia admitido isso para si mesma que esse sentimento existia. Na verdade, ninguém precisava dizer para que Elly soubesse da verdade quando Maximus não fazia nada para esconder como se sentia perto dela.

E ela deveria se sentir envergonhada por fazer isso a alguém que gostava dela a ponto de não se importar com o que aconteceu com o seu passado, Ellylan devia se envergonhar por suas atitudes com Maximus ao invés de ficar trancada em um quarto.

Se levantando daquela enorme cama e caminhando em direção da porta, Elly tomou sua decisão naquele momento.

Ela estaria indo atrás de Maximus.


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