Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 42
Capítulo 43




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Ellylan abriu seus olhos no momento em que acordou e a primeira pessoa que viu foi Maximus sentado próximo da cama que ela havia sido colocada depois de desmaiar.

Ela não sabia exatamente o que havia acontecido para ter desmaiado na frente de tantas pessoas, pois mesmo que aquela mulher tivesse causado diversos hematomas dolorosos em seu corpo, Elly ainda estava se sentindo bem. Mas no momento em que encontrou os olhos de Patrick e viu aqueles verdes águas se tornarem brilhantes, Elly não podia dizer mais o mesmo sobre se sentir bem. E como não podia acreditar mais em sua própria cabeça, desde que a tinha batido, ela chegou rapidamente na conclusão de que alucinou quando viu os olhos do tenente ruivo se tornarem brilhantes.

Maximus curvou sua cabeça para o lado com a intenção de encontrar os olhos de Elly que estavam presos nas imagens da noite passada. Ela o olhou também, mas desviou seus olhos em direção de seu peito. Afinal, era primeira vez que ela tinha visto esse arcanjo machucado e antes onde existia uma enorme ferida sangrenta, agora uma faixa tão branca quanto suas asas estava ao redor de seu tronco.

— Você está bem?— Ela perguntou, pois isso era uma vista muito incomum.
— Sou eu quem deveria fazer essa pergunta.— Maximus disse de maneira arrogante, o que indicava que ele estava realmente bravo. Elly não conseguia entender o por que disso.— E eu gostaria de uma explicação para poder entender o porque de seu corpo não possuir mais cortes, quando deveria estar cheios deles.—

Ellylan congelou, até mesmo sua respiração havia deixado de existir naquele momento. Isso também era uma novidade para ela, mas ela já acordou sem cortes quando deveria possuí-los devido ao treinamento que ocorria todos os dias com Maximus, Elly apenas não esperava que o arcanjo descobrisse desse novo defeito dela tão rápido.

Ela nem ao menos havia conseguido se acostumar com ele.

Ignorando Maximus, Ellylan olhou para seu corpo que deveria estar pior do que estava, pois diversos cortes estavam manchando sua pele noite passada e tudo o que ela possuia agora era hematomas roxos. E ela não precisava levar seus dedos até sua testa para saber que aquele corte havia sumido também.

Sua mente ficou em branco naquele momento, pois não sabia o que iria dizer para Maximus e se fosse para dizer tudo o que estava escondendo, Elly nem ao menos sabia onde começar. Ela poderia mudar de assunto rapidamente ao perguntar quem havia tirado sua roupa e limpado o sangue de seu corpo, mas também sabia que esse arcanjo estava certo em estar com raiva.

Depois de olhar para o seu corpo e continuar em silêncio, ela decidiu encontrar os olhos de Maximus. O medo estava corroendo seu estomago, pois esse anjo loiro podia fazer qualquer coisa com ela agora que sabia que Elly era uma humana com defeitos.


— Você deseja minha ajuda para voltar ao seu mundo, mas eu não posso ajudá-la com mentiras envolvidas, Ellylan.—

Elly se encolheu ao som de seu nome usado como uma grande repreensão, mas muitas coisas haviam acontecido na noite passada para que ficasse em silencio. Usando seus braços, ela empurrou seu corpo para cima até que estivesse em uma posição sentada.


— Maximus...— Ela sussurrou seu nome, não sabendo exatamente o que deveria dizer e ficou ainda mais aturdida quando percebeu que estava no quarto daquele arcanjo novamente, deitada em sua cama.
— Nós podemos conversar sobre isso mais tarde.— Ele a cortou.— Você matou uma pessoa e não posso ignorar esse assunto agora.—
— Ser uma humana estranha não é prioridade em seus assuntos?— Ellylan falou com seu tom baixo, com medo que sua voz tremesse devido ao nervossismo.
Maximus sorriu, um sorriso tão lindo que Elly não podia ignorar.— Todos no inferno são estranhos.— O arcanjo do inferno estava brincando com ela e todo o seu medo por aquela situação passou rapidamente quando o tom dele mudou, assim como seu olhar.
— Incluindo você?—
— Talvez eu seja a salvação desse lugar.—
— Talvez.— Elly ressaltou suas próprias palavras.
— Talvez.— Ele concordou.

Maximus encostou suas costas no encosto da enorme poltrona que estava ao lado da cama, colocada ali com a intenção clara de observá-la em quanto dormia. Suas asas incrivelmente brancas estavam abertas o suficiente para que pudesse se sentar em um lugar considerado apertado para um anjo. Seu único movimento em seguida foi passar uma de suas mãos por seus cabelos loiros para tirá-los de frente de seus olhos. Uma atitude que demonstrou que esse arcanjo estava frustrado e ela não o julgava por isso. Afinal, Ellylan sabia muito bem o quanto o seu reino estava de cabeça para baixo.

— O que aconteceu, Elly?—

Ela suspirou e desviou seus olhos de Maximus... Como se explicava isso? Como alguém poderia dar detalhes de uma morte que causou? Matar um demônio, ela já sabia exatamente como fazer, mas não havia aprendido nada sobre o que acontecia depois. Ellylan estava confusa, não triste por seus atos.

Isso era errado? Ou certo?


Elly estava se sentindo sensível demais para falar qualquer coisa que a envolvesse no assunto, mas desde que esse anjo ao seu lado ignorou um fator importante que deveria ser questionado para não pressioná-la, ela não conseguiria fugir disso também.

Ellylan empurrou o grosso cobertor que cobria todo o seu corpo, surpreendendo a si mesma quando se deparou com uma camisola de seda amarela. Curta demais, mas adorável. Ela se movimentou para que pudesse ficar em seus joelhos e engatinhou até que estivesse na borda da cama, tão próxima de Maximus quanto podia.

Seus cabelos estavam caídos como uma cachoeira ao redor de toda a parte superior de seu corpo, tão bagunçados que provavelmente sua aparencia era próxima a de um leão, mas ela não se importou com isso. Para Elly, a única coisa que era importante naquele momento, foi o modo que Maximus observou cada movimento dela.

— Posso me aproximar?—
— Isso não deveria ser uma questão.— Seus olhos azuis eram como os de um felino, tão felino que Elly se sentia como se estivesse sendo caçada por um predador que não estava fazendo nenhum movimento para atacá-la. No entanto, quando ela estava pronta para se juntar a ele naquela poltrona feita apenas para uma pessoa, o arcanjo do inferno esticou seus braços até que suas mãos estivessem cobrindo a cintura de Ellylan para que pudesse puxá-la ao seu colo.

Ellylan passou seus braços ao redor do pescoço daquele anjo e descansou sua bochecha na pele tão quente que Maximus possuía. Por um momento ela ficou com medo que seu corpo pudesse machucá-lo, mas tudo o que pode sentir ao ser ajeitada carinhosamente em seu colo foi como se esse arcanjo fosse uma grande barreira e ela uma flor que cresceu entre suas pedras.

Ela dobrou seus joelhos sobre um dos braços da poltrona e a mão livre de Maximus, que não estava ao redor de sua cintura, rapidamente cobriu sua coxa nua devido a falta de pano daquele pijama que haviam arrumado para ela.

— Por que você deseja ser mimada?— Maximus perguntou ao encontrar seus olhos, seu tom era calmo e gentil. Sua cabeça estava tão perto da sua que ela podia sentir a respiração desse imperador cruel em sua pele.
— Estou confusa sobre meus sentimentos.— Ela foi sincera e não precisou dar detalhes do que aconteceu no banheiro, pois Maximus sabia de tudo sem precisar perguntar. E seus tenentes provavelmente já haviam feito um bom trabalho ao relatar cada detalhe que viram no quarto.— Eu deveria me sentir arrependida pelo o que aconteceu, mas não estou.—
— O que você está sentindo agora?—
— Nada.— Ellylan respondeu sua pergunta sem precisar pensar.— Eu... Agora estou apenas preocupada com você.—
— Comigo?— Maximus sorriu.— Por quê?—
— Eu nunca o vi sangrando.—

— Sou um arcanjo, Elly, você não precisa se preocupar comigo.— Maximus acariciou sua coxa com seu polegar, fazendo com que seu estomago sacudisse com mil borboletas que se despertaram todas ao mesmo tempo.— Além do mais, é comum irmãos brigarem.—
— Não é comum arremessar um irmão contra a parede com força o suficiente para derrubá-la junto.—
— Meridius irá sobreviver.— Maximus falou com ironia.— Não se preocupe com ele, continue se preocupando comigo.—
— Devido ao fato de estar mortalmente ferido?— Elly também usou ironia em sua voz.— Você se machucou em mais algum lugar que está o levando direto para a morte?—
— Sim.— O arcanjo do inferno a respondeu.— Meu orgulho está a beira da morte nesse momento.—
— Ninguém morre por levar uma surra de seu irmão mais velho na frente de seus suditos, Max.— Ela brincou, sem se importar em chamá-lo dessa maneira.
— Oh, sério?— Maximus ameaçou a derrubá-la, mas Elly se segurou contra o seu corpo quando ele permitiu que seu corpo escorregasse o suficiente para fazê-la acreditar que a deixaria cair. No entanto, o arcanjo do inferno voltou a segurar o seu corpo antes que isso acontecesse. — Isso soa melhor do que apanhar em um banheiro.—

Ellylan abriu sua boca para mandá-lo ao inferno, mas desistiu de dizer essas palavras que para ela significava grosserias, mesmo quando ninguém via isso como ofensa. Ela não poderia xingar Maximus quando tudo o que esse anjo estava fazendo era brincar, fazê-la se distrair da confusão de sentimentos que estava prestes a atingi-la em um grande tsunami.


Ela levou uma de suas mãos até o rosto daquele arcanjo que governava o inferno e tocou levemente com as pontas de seus dedos um lado das bochechas quentes dele. Maximus a encarou em silencio total, seus olhos azuis fixos em seu rosto em quanto ela olhava para os lugares que tocava. Ele recebeu aquela caricia sem reclamações, sem questionar.

Elly se movimentou para que ficasse sentada no colo de Maximus ao invés de uma posição quase deitada, ele segurou a cintura dela com ambas as mãos dessa vez e manteve seu corpo próximo do seu. O anjo loiro olhou para cima com a intenção de encontrar os olhos dela, mas Ellylan não permitiu que isso acontecesse quando se curvou até que seus lábios estivessem tocando os seus.

Eletrizante.

Essa palavra era perfeita para explicar o que ela sentia quando beijava Maximus.

O arcanjo do inferno levou uma de suas mãos até sua nuca para segurá-la contra sua boca quando ela teria se afastado. Elly sorriu, sem se importar que os lábios de Maximus estivessem junto dos seus. Ela não sabia o motivo de querer sorrir naquele momento, existiam tantas perguntas em sua cabeça que poderiam proibi-lá de estar tão próxima de Maximus, mas Elly pareceu esquecer qualquer assunto importante quando aquele arcanjo a beijou.

A língua de Maximus tocou a dela em uma lenta caricia que chegava a ser até mesmo torturador, seus lábios macios e quentes se movimentaram tão lentamente que Elly teve a impressão de que ela poderia quebrar se esse anjo fosse mais agressivo.

Ellylan levou uma de suas mãos até os cabelos loiros dele para que pudesse enterrá-la naquela incrivel maciez. Ela não resistiu quando usou força para agarrá-los e manter Maximus perto o suficiente para que nunca quebrasse aquele beijo que não possuía nenhum desespero. Foi Elly quem se afastou de seus lábios quando desejou, mas ela não possuía nenhum desejo em parar. Curvando ainda mais seu corpo, Ellylan se movimentou até que seus lábios estivessem no pescoço de Maximus.

Uma das mãos do arcanjo que estava em sua cintura foi levada até suas costas para que Elly ganhasse uma lenta caricia em sua espinha em quanto seus lábios roçavam na pele quente do pescoço dele. Ela distribuiu diversos e pequenos beijos naquela região e quando encontrou o lugar que fez com que Maximus ficasse imóvel sob o seu toque, Ellylan permitiu que ele sentisse seus dentes em sua pele.

Em questão de segundos todo o corpo do arcanjo do inferno ficou rigido a baixo dela, até mesmo o leve aperto que ela possuía em sua cintura se tornou mais agressivo. E aquela leve caricia que havia em toda a extensão de suas costas deixou de existir para que Elly sentisse dedos grandes e fortes se cravarem em sua pele.

Ellylan esperou durante vários segundos alguma reação de Maximus, mas o arcanjo apenas respirou fundo para que voltasse a relaxar a baixo dela. Ele movimentou sua cabeça para que pudesse encontrar os dela e Elly permitiu que isso acontecesse quando arrumou sua postura.

O imperador do inferno a olhou profundamente com aqueles olhos de um felino faminto e colocou uma de suas mechas negras para trás de sua orelha antes de começar a falar.

— Nós temos tantas coisas para conversar,— Ele disse em um tom baixo.— que não posso me permitir ser distraído.—
— Você pode falar agora.— Se era tão importante conversar, Ellylan não se importaria em parar o que estava fazendo. Muitas coisas haviam acontecido para que ambos ficassem se beijando.
— Eu sou um homem, Elly.— Maximus a lembrou de algo desnecessario em um tom ironico.— Homens não conversam com lindas mulheres em seus colos.—

Ellylan riu, não se importando mais em fazer isso em frente de Maximus. Antes parecia muito dificil rir com ele, mas agora era tão natural como se esse lugar fosse sua verdadeira casa. Afinal, era assim que Maximus a fazia se sentir.

Deslizando de seu colo, Elly voltou para a cama e se sentou de frente com o arcanjo. Ela o encarou e esperoupela conversa que eles precisavam ter. E, infelizmente, Ellylan sabia que no meio dessa conversa envolvia o assunto que teria que desfazer todas as suas mentiras e dizer o que realmente estava acontecendo com o seu corpo.

— Niffie sumiu.— Maximus foi direto ao assunto tão rápido que ela se sentiu como se tivesse levado um tapa no rosto. Normalmente as pessoas costumavam a enrolar quando possuíam algo grande para revelar, atitudes muito diferentes das de Maximus.— Meus irmãos e seus tenentes estão a procurando em cada canto do inferno.—
— E você?—
— Antes de me expor a qualquer perigo preciso que meu corpo esteja curado.— O arcanjo disse friamente, tão frio que Elly nem ao menos reparou que anjos podiam ser vulneravéis.— No entanto, meus tenentes estão vasculhando cada canto do castelo para encontrar respostas de como o inimigo pode causar diversos problemas aqui dentro, bem de baixo dos meus olhos.—

— Talvez o inimigo esteja aqui dentro.— Ellylan disse com sinceridade, pois ela não confiava em ninguém do castelo. Claro que haviam exceções, mas todas elas podiam ser questionáveis.— Alguém que você confie.—
— Essa sugestão não está sendo ignorada, Elly, mas eu também tenho minhas dúvidas sobre você.—
— Eu?— Ela perguntou perplexa, franzindo o cenho.— O que eu poderia fazer contra imortais que pisariam em mim como um inseto?—
— Você já acordou no meio do nada completamente suja de sangue sem poder se lembrar o que havia acontecido.— Ele a lembrou e Elly viu que aquele arcanjo estava fazendo tudo o que podia para não assumir sua pose de imperador. Um imperador que estava interrogando o prisioneiro que considerava culpado.
— Sonambulismo existe, Maximus.—
— Assim como existem poderes que podem transformá-la em um fantoche.— O arcanjo do inferno rebateu rapidamente, o que fez Ellylan ver que ele estava desconfiado sobre sua presença no inferno. Ela não o julgava por isso, mas também não conseguia negar a pequena raiva que cresceu em seu interior.
— Você acredita que estou sendo controlada?—
— Eu acredito que você está no inferno para me distrair de tudo aquilo que ocorre ao meu redor.— O anjo loiro movimentou uma de suas asas brancas até que tocassem os joelhos de Ellylan. Aquelas penas macias em sua pele fez com que um grande desejo de rolar em suas asas crescesse dentro dela, mas agora isso não era o momento para pensar sobre isso.— Mas eu não posso ignorar essa teoria também.—
— Algo estranho, que não se encaixa em termos humanos, está acontecendo comigo e acho... Ninguém está me controlando!— Ellylan exclamou em um momento de raiva, ela não podia ser racional quando Maximus estava a acusando de traição.
— Elly, eu não possuo nenhum acesso a sua mente.— Ele disse.— Milhares de coisas podem acontecer sem sabermos.—
— Milhares de coisas já estão acontecendo.—
— Eu sei.— Maximus a encarou.— E sei o quão longe de ser humana você está.—
— Eu sou humana.— Ellylan o cortou com raiva dessa vez.— Até que provem ao contrário, eu sempre serei humana.—
— Humanos não se curam tão rapidamente, Elly, e muito menos ficam dias sem se alimentar.—
— Você esteve me observando.— Ela deduziu, sem estar surpresa. É claro que Maximus faria isso.
— Sim.— Concordou friamente.— Mas não posso acusá-la de nada antes que me diga tudo o que deve.—
— Isso não é importante agora.— Ellylan sussurrou.— Você deveria se preocupar com Niffie ao invés de mim. Se nem mesmo dois arcanjos conseguiram encontrá-la...—
— Meridius irá encontrá-la, mesmo que tenha que mover o oceano para outra dimensão.— Maximus falou com confiança.— E Niffie não esta morta... Se essa fosse a intenção do nosso inimigo, eles teriam deixado o corpo dela para trás. É isso o que imortais fazem.—
— Você parece estar calmo demais com tudo o que ocorreu hoje.— Isso, definitivamente, não era certo.
— Não posso demonstrar fraqueza nesse momento, Elly.— O arcanjo do inferno movimentou a asa que havia descansado sobre seus joelhos e desviou seus olhos dela para outra direção.— Sei que odeia quando não demonstro minhas emoções, mas agora tenho que agir como um verdadeiro imperador. Meu reino está caindo e sinto que estou permitindo isso.—
— Eu não irei julgá-lo por isso, Maximus.— Elly falou em um tom baixo, encontrando aqueles olhos tão azuis e perfeitos.— Mas você terá que me prometer uma coisa.—
— O quê?—
— Você não pode agir como um imperador quando existir somente nós em um lugar.—
— Como agora?— O arcanjo arqueou uma sobrancelha.
— Eu não me importo se você é um arcanjo ou não... Para mim, você é apenas Maximus. E eu não pertenço a esse lugar, suas regras não funcionam comigo.—
— Isso é um grande pedido para uma humana.— Maximus comentou, movimentando suas asas em suas costas para deixá-las abertas ainda mais. Aquelas penas tamparam completamente sua visão a ponto de não ver mais nada no quarto além do arcanjo em sua frente e suas asas perfeitamente brancas.
— Eu posso lidar com você.— Ellylan disse em um tom sarcastico, sabendo que não seria facil lidar com o que era o verdadeiro arcanjo do inferno. Mas ela estava disposta a tentar.— É isso que casais fazem, não é mesmo?—

Maximus não a respondeu nos próximos segundos, o anjo loiro apenas a encarou e se movimentou até que estivesse de joelhos em frente dela na cama. Seu corpo se acomodando facilmente entre suas pernas quando manteve aquelas asas perfeitas abertas para que não esmagassem os joelhos de Ellylan.

Seus olhos azuis ficaram presos aos dela e pareciam estar especificando cada sentimentos que neles apareciam. E então aquela caricia surgiu em sua mente, uma caricia que lhe dava a mesma sensação de estar em um campo onde podia sentir toda a brisa leve se debater contra seu corpo.

— Eu irei prometer isso,— Ele começou calmamente.— Se você prometer contar tudo aquilo que aconteceu e omitiu de mim.—

Aquilo foi sua condição e uma ordem que Ellylan cumpriria sem problemas. Afinal, estava na hora de Maximus saber o quão problematica ela era.

Antes de dizer qualquer palavra, Ellylan precisou respirar fundo e fechar seus olhos por alguns segundos para pensar, ou pelo menos tentar. Ela tinha medo da qual reação Maximus podia ter, mas isso acabaria se tornando algo inevitável de se esconder. E o arcanjo do inferno preferiu confiar nela e perguntar, não arrancar a verdade dela do modo que fazia com demônios mentirosos.

Então, depois que tomou coragem para abrir seus olhos e encarar aqueles azuis piscina, ela falou tudo. Ellylan falou sobre o seu problema em ingerir comida, falou sobre sua atração pelo sangue de Maximus quando suas mãos estavam sujas dele, falou de quando havia um corte na sua mão e no dia seguinte não havia nenhum rastro dele, assim como não sentia nenhuma dor dos treinos severos que ela tinha com ele. Falou também do dia em que vomitou apenas sangue e da dor que sentiu em seu estomago.

Ela falou tudo o que podia lembrar e não escondeu nada daquele arcanjo que se manteve em silencio o tempo todo em quanto ela jogava as palavras para fora dela.

Em determinado momento, Maximus se afastou dela e se lavantou em seus pés para caminhar de um lado para o outro no quarto em quanto ela falava. Ellylan não se importou, pois em nenhum momento ela viu repulsa nessa atitude do anjo. Maximus apenas ficou pensativo.

E quando Elly não tinha mais o que dizer, o arcanjo ficou em silencio por vários segundos que se transformaram em minutos depois de um tempo.

— Como você conseguiu esconder tudo isso de mim?— Maximus falou perplexo, mostrando que não conseguia acreditar em tudo o que ela havia dito.
Ellylan deu de ombros.— Talvez você não tenha reparado o suficiente em mim.—
— Confiança.— Maximus a corrigiu.— Eu confiei em você.—
— Eu estou ciente de tudo o que aconteceu comigo, Maximus, e isso significa que nada e ninguém esta me controlando.— Ellylan resolveu ignorar o que ele havia dito, pois não havia amargura e muito menos magoa em sua voz. O arcanjo apenas se tornará muito pensativo com esse assunto de confiança.— Você pode confiar em mim mesmo que não tenha nenhum acesso em minha mente.—

O anjo loiro parou de andar de um lado para o outro em quanto pensava e seus olhos se voltaram para ela em questão de segundos. Ele a observou em silencio antes de falar.

— Eu confio em você, Elly.— Seu tom era suave.— No entanto, nós precisamos saber o que esta acontecendo com você. Tudo o que você me disse... Nada se encaixa com o termo de humanos.—

— Vocês está dizendo que não sou mais uma humana?— Ela odiava a ideia de não ser, mas o arcanjo do inferno entendia muito mais disso do que ela.
— Eu não sei.— Maximus foi sincero.— Mas você já tentou atacar Meridius e quando não teve sucesso, coelhos foram mortos por suas mãos, aparentemente tudo por causa de sangue. E Freddy já havia dito que existia algo terrivelmente errado com o gosto do seu sangue.—

Coelhos?

Ela se lembrava claramente desse anjo loiro ter lhe dito que algum animal selvagem havia a atacado quando acordou no meio do nada suja com sangue. No entanto, ela não questionou essa mentira, pois animal selvagem ou não, Elly havia tirado a vida dele. E por causa do sangue dele.

Ellylan desviou seus olhos de Maximus e seu coração batia tão rapido que não havia duvidas de que ela estava com medo. Tudo o que era diferente gereva o temor de humanos, e ela nem ao menos sabia explicar o que sentia ao saber que esse “diferente” era com o seu próprio corpo. Se nem ela conseguia pensar, tão pouco conseguia imaginar o que o arcanjo em sua frente pensava.

— Você não precisa ficar assustada.— Maximus falou mesmo quando ela não o olhava mais em seus olhos, parecendo ler sua mente.— Não posso julgá-la quando não sou humano também.—

— E agora você irá me dizer que “tudo ficará bem”?— Ellylan foi sarcastica, mais por causa do seu nervosismo do que qualquer outra coisa.
— Sim.— Maximus sorriu, um sorriso tão lindo que fez todo o seu interior se derreter. E o arcanjo nem ao menos a respondeu no mesmo tom que ela usou, sendo que merecia isso por motivos obvios.— Tudo ficará bem, Elly, pois eu farei com que tudo fique bem.—
— Maximus...—
— Você precisa descansar. Ainda não amanheceu e mesmo que fisicamente você esteja bem, sua mente não está.—

— Maximus, ainda existe algo que tenho que dizer... Aquelas letras...—
— H.R?— Ele não a deixou terminar.— Elas podem ser alguma assinatura, não se preocupe com elas.—
— A.— Ellylan disse antes que o arcanjo a mandasse dormir novamente.— Quando eu vomitei sangue no banheiro até desmaiar, essa letra estava marcada no chão quando voltei aos meus sentidos.—
— H.A.R.— Maximus sussurrou, pequenas linhas aparecendo em sua testa.— Isso não faz o menor sentido.—
— Talvez essa pessoa esteja montando uma palavra ao inves de ser uma assinatura.— Ellylan disse o que pensava sobre esse assunto.
— Sim.— O arcanjo concordou, sua mente tão longe desse quarto que sua voz veio sem nenhuma emoção.— Mas, quem quer que seja o lider que todos os demonios dizem seguir, ele não conseguira terminar essa palavra. Não mais.—

Maximus se tornou ainda mais distante quando voltou a andar de um lado para o outro em um profundo silencio assustador. O arcanjo do inferno estava com suas asas fechadas em suas costas e seus olhos estavam fixos no chão.

Ele estava se torturando para tentar descobrir o que estava acontecendo com o seu reino e isso era injusto. Maximus não merecia passar por isso. Por mais que fosse correto o arcanjo do inferno fazer tudo ao seu alcance para deixar tudo em ordem novamente, ele havia sido ferido e a faixa sobre o seu peito era a prova viva de que não foi um simples machucado que estava se curando rapidamente.


— Hey,— Ellylan disse para chamar sua atenção e funcionou, pois aqueles olhos azuis pertenciam somente a ela agora.— Mesmo que mentalmente você esteja bem, fisicamente não está.—
O arcanjo arqueou perfeitamente uma das suas sobrancelhas.— Não use minhas palavras para me dar ordens, humana.—
— Não seja um idiota, arcanjo.—

Maximus sorriu e seu interior, que já havia se derretido, explodiu com borboletas que batiam suas asas de acordo com o ritmo de seu coração. Elly se perguntava como ele conseguia ficar tão lindo quando sorria dessa maneira, como se esse sorriso pertencesse somente a ela.

— Como você espera que eu descanse quando está em minha cama?— O arcanjo foi ironico e Elly notou isso devido ao fato de que o pensamento de se deitar na mesma cama que ela já havia invadido sua mente, sua ironia era a prova disso.
— Eu não sei.— Ellylan suspirou ao mesmo tempo que levantava suas pernas do chão e puxava o cobertor para cima do seu corpo.— Procure outro quarto. Essa cama está ocupada hoje.—
— Isso é uma pena, pois não poderei mostrar como anjos dormem na companhia de outra pessoa.—
— Eu não me importo.—
— Não?— Maximus sorriu, seus olhos brilharam com diversos sentimentos que apenas envolviam brincadeiras.— Então você não se importaria em dormir em uma cela com palhas novamente?—
— Isso é covardia.— Ellylan resmungou, cruzando seus braços em frente de seu peito.— Você está usando o seu poder de imperador contra mim.—
— É uma regra mundial: Os mais fortes sempre vencem suas batalhas.—
— E qual seria o seu trofeu dessa batalha, Maximus?— Ela perguntou.

O arcanjo do inferno não a respondeu de imediato, ele apenas caminhou até estar próximo da cama novamente e depois colocou suas mãos nos braços de Ellylan para descruzá-los. Ela não fez nenhum movimento que o impedisse de controla-la como uma boneca, na verdade, mesmo que desejasse isso, jamais conseguiria dizer não para esse anjo com olhos tão azuis e perfeitos.

— Meu troféu,— Maximus sussurrou, puxando Ellylan por seus braços até que ela estivesse de joelhos naquela cama, seus olhos fixos nos dela.— Está bem aqui.—
Ellylan riu mesmo quando tentou segurar o seu riso, ela também levou suas mãos até estarem sobre as bochechas de Maximus para que pudesse apertá-las em quanto ria.— Romantismo não combina com um arcanjo.—
O anjo loiro movimentou sua cabeça para trás com a intenção obvia de se livrar do aperto de Ellylan em suas bochechas.— Eu sei. Então...— Ele a encarou com pura arrogancia, mas que não a irritou.— Chega de cortesia.—

Maximus se afastou dela, apenas alguns centimetros, mas o suficiente para pegá-la por sua cintura e jogar o seu corpo por cima de um de seus ombros. Ellylan sentiu todo o seu corpo congelar, pois não considerava aquela posição muito adequada para quem estava usando uma camisola. No entanto, ela nem ao menos pensou em se debeter, pois sabia que poderia machucá-lo ao acertar a sua ferida no seu peito enfaixado.

— Maximus!— Ellylan exclamou.— Me coloque no chão!—
— Não.— Ele a respondeu com sua arrogancia habitual, provavelmente apenas para provocá-la.— Na verdade, eu acredito que será mais agradavel jogá-la do alto da minha varanda para ouvir seus gritos do que apenas colocá-la no chão.—
— Não aja como um psicopata, seu idiota com asas!— Ellylan ouviu o riso de Maximus que estava sendo segurado. Isso a irritou, pois seu temperamento estava o divertindo.

O arcanjo se virou e agora a única coisa que Ellylan podia ver era a cama em que estava deitada antes, por um momento ela achou que Maximus começaria a andar em direção de sua varanda desde que estava de frente com ela agora, mas o anjo loiro apenas a segurou por sua cintura novamente e a desceu de seu ombros. Ellylan o segurou por seus ombros em determinado momento para recuperar seu equilibrio e não o soltou quando deveria ter se movimentado para longe.

— Idiota com asas?— Maximus sorriu.— Isso não é muito educado, Elly.—
— Você mereceu isso.— Ellylan falou, pronta para se afastar daquele arcanjo que, por algum motivo, sua mente a proibia de se mover para longe dele. No entanto, Maximus a segurou por sua cintura quando ameaçou se movimentar. Suas mãos grandes cobriram toda a sua cintura e ele era tão quente que sua pele estava queimando onde esse anjo a tocava.

Seus olhos estavam fixos nos seus e mesmo que ambos estivessem brincando um com o outro, esse clima divertido acabou no momento em que os olhos desse arcanjo pararam de brilhar com a diversão.

— Eu tenho uma pergunta.— Maximus disse, não a deixando ir quando seus muros de defesa se ergueram devido ao tom dele.— Você não se alimenta a dias e tão pouco sente fome... Mas quando viu meu sangue, sentiu o prazer e a tentação de fazer algo. Eu vi em seus olhos que você desejava algo, Elly. O que era?—
Ellylan podia muito bem mentir, poderia usar diversas respostas que não eram verdadeiras, mas ela sabia que seria um erro. Maximus era o único que podia ajudá-la e Elly precisava de ajuda. Então, ela não mentiria mais. Nunca mais.— Eu queria sentir o gosto dele.— Ela sussurrou, tentando desviar seus olhos para o chão devido a vergonha que sentia ao admitir isso, mas Maximus foi rápido quando tirou uma de suas mãos da cintura dela para levantar o seu queixo com o proposito de encontrar aqueles olhos azuis novamente.
— Não esconda o seu verdadeiro eu de mim.— Era uma ordem de um arcanjo.— Você não precisa se sentir constrangida por apenas dizer a verdade, Elly. E não importa quão dura elas sejam, eu irei aceitá-la de qualquer forma.—
— Eu não quero mais mentiras, Maximus.— Ellylan sussurrou.— Então, por favor, não faça isso comigo também.—
— Sim,— Ele concordou, como se estivesse fazendo uma promessa que continha mais palavras do que esse simples pedido.— Sem mentiras.—


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