Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 30
Capítulo 31




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Niffie estava fechada dentro de seu quarto, não tendo saido muito de lá naquele dia pelo motivo de estar finalizando alguns detalhes em seu vestido para o baile de Diane. Para variar, ela havia feito um ótimo trabalho sem precisar de motivações para criar algo realmente bonito.

Seu vestido era da cor bordo em um tecido brilhante, sua cor quase puxava para algum tom de roxo dependendo de como a luz refletia contra ele. Era perfeito. Seu recorte era de apenas um ombro e sendo moldado para ser agarrado até sua cintura e depois ele se tornava solto para formar pregas naturais conforme os movimentos.

Não havia nada muito chamativo, pois apesar de Niffie desejar ficar bonita para Meridius, aquele dia era para Diane. E Ellylan já iria tomar a atenção de muitos já que essa seria a primeira vez que todos os convidados viriam uma humana no inferno, mas de longe Niffie havia criado um vestido tão lindo a ela por causa disso, aquele vestido foi desenhado com a intenção de chamar a atenção somente de um arcanjo em especial.

Maximus já havia feito muito para agradar Diane em seu aniversario, convidando todos para o seu reino e oferecendo um baile em comemoração para sua irmã, o maximo que Niffie poderia fazer para alguém que se preocupava tanto com seus irmãos, era deixar Ellylan linda. E como ela já havia tido sucesso nessa missão, ela estava focada em seu vestido.

Niffie havia gostado dele, mas ela estava em duvida se Meridius iria olhá-la daquela maneira que ela amava, como se ela fosse a única naquele salão de festa cheio de mulheres tão lindas e até mesmo com asas.

Ela suspirou, pois estava agindo como se tivesse inveja dos anjos do sexo feminino. Isso não era verdade, pois Niffie já estava bem conformada com o fato de não ter asas para voar para qualquer lugar sem nenhum limite, mas ela ficava terrivelmente ofendida por essas mulheres serem ainda mais belas do que as angelicais. A única coisa que a deixava contente em todo esse assunto, era que tinha se casado com um arcanjo que estava completamente fora das mãos delas.

Então, ponto para Niffie.

Ela não possuia uma beleza rara como aquelas anjas, mas tinha Meridius, o que era muito melhor. No entanto, uma pequena parte dela, muito pequena, desejava ter um par de asas. Não apenas por causa da questão de beleza, mas sim para poder voar também. Niffie adorava ver anjos voarem e amava ainda mais quando Meridius fazia isso com ela em seus braços. Ela se perguntava o quão maravilhoso poderia ser se fizesse isso sozinha.

Niffie. A voz de Meridius invadiu sua mente. Tão calma, tão macia. Por que seu humor está tão ácido?

Eu não estou certa sobre meu vestido para o baile.

Silencio, como se ele não estivesse mais na sua mente, mas Niffie sabia que seu marido ainda estava lá. Ele sempre estaria.

Você sabe que eu a acharei linda independente do que estiver usando.

Isso soa como se você não se importasse.

É apenas um baile, Niffie, não a coroação de uma nova imperatriz. Ele falou, dessa vez sem paciencia. Para variar, isso não era uma novidade.

Niffie suspirou emburrada, o ignorando em sua mente já que não podia expulsá-lo. Na verdade, mesmo que não fosse pelo casamento que os obrigavam a ter uma ligação eterna, ela jamais poderia expulsar um arcanjo de sua mente, apenas Meridius poderia fazer isso. Mas naquele momento, ela possuia várias distrações e isso incluia terminar alguns detalhes de seu vestido.

Isso, com certeza, era melhor do que sentir a presença permanente de Meridius em sua mente.

No entanto, quando ela levou suas mãos até o tecido delicado do vestido, um relampago cortou aquele céu escuro com apenas uma lua para iluminar toda a escuridão que existia lá fora. O som forte de um trovão que tremeu até mesmo suas janelas veio logo em seguida daquele clarão.

Niffie se afastou do manequim em sua frente, levando sua mão até seu coração que se acelerou com o pavor que caminhou como uma serpente venenosa por toda a sua pele. Seus olhos se fecharam no momento que sua respiração se alternou para encontrar o controle.

Estava tudo bem, ela disse para si mesma, nada poderia machucá-la. Nunca mais.

Niffie.

Ela se agarrou na voz de Meridius, invadindo sua mente novamente por causa de seu medo que o atingiu na ligação de suas mentes.

Estou bem.

Não está. Ele discordou, deixando claro que não acreditava em sua mentira que estava tão longe de se tornar uma verdade quando a conhecia tão bem... Estou indo até você.

São apenas as tempestades do outono. Ela falou, seu coração se tornando ainda mais acelerado com a ideia de ter Meridius em seu quarto.

Niffie não sabia o que era tão tolo, sentir medo de tempestades que sempre ocorriam nas dimensões conforme as estações ou reagir de uma forma tão infantil em relação de ter seu marido em seu quarto.

Eles eram casados, eles já foram apaixonados um dia.

Ela não deveria ficar tão anciosa com a ideia de ter Meridius em seu quarto sendo que isso deveria acontecer todas as noites. Como marido e mulher, eles deviam dormir juntos.

Você não tem a obrigação de estar comigo toda vez que as tempestades chegam, Meridius. Niffie completou sua resposta, já que a primeira foi tão insignificante.

Eu sou seu marido, ele disse pausadamente e então o som de sua porta sendo aberta foi o próximo som que invadiu o silencio de seu quarto, seu coração martelou contra seu peito ao se virar e ver Meridius parado em sua frente.— Não aja como se isso fosse algo estranho.— O arcanjo do paraiso concluiu com sua voz mal humorada.

Mas aquilo era estranho, ele não podia culpá-la por agir daquela forma.

Niffie encarouMeridius por um momento, esquecendo os problemas internos de seu casamento naquele instante para observá-lo. O arcanjo estava segurando a maçaneta de sua porta, sem nada para esconder seu corpo além de um par de calças de moletom de uma cor verde escuro que chegava quase a ser negro, seus cabelos que iam até a cima de seus ombros em mechas desiguais estavam bagunçados e tudo isso indicava que ele já estava deitado em sua cama e até mesmo dormindo antes de sua mente despertá-lo naquela madrugada.

Meridius era mais pálido do que o restante de seus irmãos, o que fazia seus olhos escuros se tornarem chamativos, mas nada era mais chamativo naquele momento do que toda a parte de seu corpo superior nu. Seu abdomen com linhas que marcavam sua forma bem definida eram uma tentação que poderia se tornar sua obra prima favorita. No entanto, ela não achava nada mais encatador do que o pequeno furinho que existia no meio de seu queixo, um local que Niffie já havia beijado diversas vezes e que ainda tinha vontade de beijar.

Ele era tão lindo, tão perfeito. E um dia ela já pode dizer que esse arcanjo pertencia somente a ela.

Niffie desviou seu olhar em direção de sua cama, ela era grande o suficiente para que a fizesse se sentir solitária ao pensar que possuía um marido que dormia em um quarto separado, mas não grande o suficiente para acomodar um anjo. Sua cama não era própria para anjos adormecerem.

Meridius entrou em seu quarto, fechando a porta em suas costas para logo em seguida caminhar em sua direção. Seus olhos ficaram presos ao dela quando Niffie o olhou para ver seus movimentos calmos e perigosos de um arcanjo que já havia visto coisas que ela não conseguia imaginar, coisas que o transformou em um homem frio que não permitia nenhuma abertura para os outros, nem mesmo para ela.

— Não se preocupe sobre isso.— Meridius falou.— Nós daremos um jeito.—

Seu arcanjo tocou suas costas com seus dedos longos, sua mão era grande o suficiente para ocupar grande espaço daquela região e era tão quente que Niffie podia sentir sua temperatura mesmo com o tecido de seu pijama entre suas peles.

O toque era um aviso para que ela caminhasse com ele até sua cama, o leve empurrão em suas costas para que andasse foi um incentivo que não era necessário palavras para que Niffie entendesse, mas no momento que ela deu seu primeiro passo, outro relampago cortou o céu noturno do paraíso.

Seus olhos foram até a janela para acompanhá-lo do momento em que apareceu até sumir, algo que levou segundos e que estimulou sua mente a lembrar memorias que deveriam ser apagadas. Pelo menos era isso que Niffie desejava.

— Eu odeio temp...— Niffie não conseguiu terminar sua frase, não quando foi surpreendida com Meridius se aproximando até onde seus corpos permitiam para levantá-la em seus braços. Ele não fez nenhum esforço com esse movimento, diferente de Niffie que teve que controlar toda sua mente e coração para não ter um colapso que a levaria direto para uma morte.

Era, realmente, dificil lidar com o fato de ter todo o seu corpo colado com o desse arcanjo para sentir todo seus musculos e respiração. Niffie olhou para seu marido e em seus olhos escuros como o céu la fora, ela pode ver toda a sua face refletida neles.

— Minha mãe,— Meridius começou assim que se movimentou em direção de sua cama. Todo o— interior de Niffie que estava agitado se acalmou com suas palavras. O arcanjo do paraiso falava tão pouco sobre seu passado que isso a fez considerar um momento valioso quando ele falava sobre sua infância.— Ela costumava dizer que tempestades são fenômenos apaixonantes quando deixamos de temê-las.—
— Você as consideras apaixonantes?— Niffie perguntou com curiosidade, deixando de usar força em suas mãos que estavam nos ombros de Meridius quando percebeu que estava quase o esmagando.

— Eu as considero como problemas.— Ele sorriu, um sorriso tão pequeno, mas que ainda poderia ser considerado assim.— Elas trazem muitas destruições em todas as dimensões para que sejam apaixonantes.—

Meridius colocou Niffie deitada em sua cama assim que eles se aproximaram dela, o arcanjo que poderia ser chamado tão facilmente de bruto e insensivel não poderia ser considerado assim por Niffie quando ele a tratava dessa forma, quando ele cuidava dela.

— Mas eu acho,— Meridius continuou, puxando seus cobertores até estarem a baixo do queixo de Niffie.— Que você não deve temê-las e nem odiá-las.—

Depois que segundos se passaram em quanto ela tentava considerar o que ele falará, o arcanjo do paraiso se moveu para longe, fazendo Niffie pensar que ele havia desistido de dormir junto com ela. Isso não era uma surpresa vindo de Meridius. No entanto, ao invés do anjo se mover até a porta para sair, ele foi em direção das janelas e fechou suas cortinas escuras até que não existisse nem um vão para contar historia do que estava acontecendo do lado de fora. Meridius fez o caminho inverso depois, caminhando até a porta, mas não para sair, apenas para apagar as luzes do quarto.

Niffie mordeu seu lábio inferior quando as borboletas em seu estomago decidiram ignorar os barulhos do lado de fora. O perigo agora estava do lado de dentro, bem em frente dela.

Meridius foi até sua cama, puxando os cobertores que a cobriam para que pudesse entrar a baixo deles, mas o arcanjo se deteve antes que fizesse isso. Seus olhos escuros estavam sobre a cama e uma expressão pensativa tomou conta de seu rosto.

O anjo que governava o paraiso não sabia como caberia em uma cama tão pequena e isso divertiu Niffie por um momento, pois nada detia Meridius e seu temperamente ruim. Era quase surreal que uma cama fosse um problema.

Niffie tirou os cobertores de cima dela para que pudesse empurrar todo o ceu corpo para cima de seus joelhos. Só existia uma maneira de ambos ficarem nessa cama e ela não se importaria de ficar de uma maneira tão intima com Meridius, de uma maneira que não combinava mais com eles.

Ela se arrastou até a ponta da cama, até que estivesse em frente de seu marido para que pudesse envolver seus braços ao redor de seu pescoço, permitindo que ele a segurasse em sua cintura quando o arcanjo moveu uma de suas asas para cima da cama. Meridius fez o mesmo logo em seguida, ainda a segurando, ele a deitou sobre sua asa.

Niffie não se preocupou em machucá-lo por deitar em cima de sua asa, pois mesmo que fosse tão macia a baixo dela, elas eram fortes e poderesas a ponto de seu corpo ser apenas uma folha de papel que não incomodaria nem um pouco.

Meridius estava deitado de frente com ela, seus olhos negros encontraram os seus no momento em que Niffie tirou suas mãos de seu pescoço para levá-las até o peito nu de seu marido. Ele a apertou ainda mais contra o seu corpo.

Seus braços ao redor de sua cintura possuíam um aperto de ferro, tão forte que Niffie protestaria se fosse qualquer outra pessoa a segurando. Mas não com Meridius. Ela se sentia segura demais quando ele não escondia o que realmente era.

Meridius levou sua outra asa para cima deles, fazendo dela um novo cobertor para eles já que o verdadeiro estava a baixo da sua asa que Niffie estava deitada em cima. E mesmo que ela sentisse frio naquela noite, isso não seria mais um problema. As penas brancas e suaves das asas de seu marido fariam um ótimo trabalho em esquentá-la, assim como o corpo que estava de frente com o dela, a segurando tão perto.

Niffie fechou seus olhos, se sentindo segura o suficiente para ignorar qualquer clarão e barulhos que aconteciam na tempestade, ela aninhou seu rosto na curva do pescoço de Meridius, sentindo o seu cheiro de inverno que ela tanto adorava.

Frio, tão frio, mas com o cheiro de chocolate quente e canelas que não podiam ser omitidos apesar de todo o gelo.

Meridius apoiou seu queixo no topo da cabeça de Niffie, mas não sem antes beijar seus cabelos negros em uma caricia de boa noite.

— Você nunca precisou de asas para voar, meu pequeno Rouxinol.— Ele sussurrou, tão baixo que Niffie quase não ouviu, sua voz tão carinhosa ao falar um apelido antigo que esse anjo a deu que ela podia jurar que estava sonhando sobre isso.

Talvez ela estivesse.


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