Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 25
Capítulo 26




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Ellylan havia passado grande parte de seu dia junto com Morgan, depois que Maximus a deixou sozinha naquele corredor em quanto ela o seguia, seu soldado surgiu minutos depois que ela começou se perguntar que caminho iria seguir, deixando um pouco obvio que o arcanjo havia mandado o pai de Patrick até lá para acompanhá-la.

Por mais estranho que fosse, Elly gostava de passar seu tempo com aquele homem tão misterioso com um leve ar que deixava a palavra “psicopata” estampada em cada gesto dele. Isso deveria fazê-la querer fugir, mas desde que se sentia totalmente confortável ao lado de Maximus, isso não surpreendia mais Ellylan.

Ela ainda estava completamente confusa sobre seus sentimentos quando se tratava do arcanjo, mas prefiriu ignorá-los e deixar de pensar em qualquer coisa que tivesse ligação a Maximus. E para evitar qualquer fuga da parte de sua mente, Elly focou toda a sua atenção nos movimentos de Morgan em quanto ele limpava pequenas laminas, que apesar de serem denominadas assim, não pareciam ser inocentes.

Por um momento, ela imaginou o soldado como aquele mordomos da antiguidade que limpavam talheres de cristais com lenços brancos antes do jantar. E era tão irônico que a mesma coisa acontecesse no inferno, com a única diferença sendo laminas ao invés de colheres. O lamentável, era que Morgan agia como se isso fosse completamente normal.

Ellylan estava sentada em um banco alto, suas pernas estavam longe de alcançar o chão, então ela se manteve tão imóvel quanto pode quando notou que perder o equilibrio era algo realmente facil. E ela não desejava cair em cima daquelas laminas que Morgan limpava tão elegantemente.

— Por que você está me olhando como se fosse algo anormal, Ellylan?— O soldado de Maximus perguntou calmamente, não tirando seus olhos daquele lenço e lamina em nenhum momento da pergunta.

— Você age como se isso fosse um hobbie.— Ela decidiu ser sincera.

Morgan parou com seus movimentos lentos e olhou para a parede em sua frente antes de virar seu rosto até encontrar os olhos de Ellylan.

— Apenas porque elas são usadas para a morte, não significa que mereçam ficar sempre manchadas com o sangue do inimigo.—

— Olha...— Ellylan falou ao mesmo tempo que lançava um olhar estranho para a lamina.— Você fala como se elas fossem um bicho de estimação.—

— Por que não seriam?—

— Porque isso não é normal.—

— Nós estamos no inferno, milady,— Ele a lembrou.— Qualquer coisa é normal.—

Ellylan suspirou, não podendo compreender qualquer sentido que existia entre Morgan e suas pequenas laminas.

— Se você não as temesse, acharia elas tão lindas quanto uma beleza masculina que tanto admira.— Ele tentou explicar ao vê-la confusa, mas de nada adiantou...

— Eu não consigo ver onde isso seria mais bonito que Maximus.—

Morgan inclinou sua cabeça ligeiramente para o lado e deixou que um risso escapasse de seus lábios, ele não estava surpreso por Ellylan admitir que achava Maximus bonito, talvez todos soubessem disso e ela podia provar por causa da aposta que haviam feito em quanto ela e Maximus treinavam, ou melhor dizendo, em quanto Maximus a atacava e ela fugia.

— E eu não consigo ver melhor hora para você falar algo como isso.— O soldado de Maximus disse rindo e movimentou sua cabeça para frente, um gesto que dizia para que Ellylan olhasse para trás.

Ellylan virou seu corpo um pouco para que pudesse ver o que Morgan havia apontado e após seus olhos verem rapidamente as penas brancas de uma asa, todo o seu equilibrio que a mantinha sentada naquele banco foi embora em questão de segundos. Se não fosse por Morgan a segurar por um de seus cotovelos após soltar uma das laminas que ilustrava, Elly tinha certeza que encontraria o chão, o que a deixaria ainda mais humilhada.

Maximus estava parado na entrada daquele comodo e tudo dizia que ele havia parado no meio de seu caminho quando ouviu o seu nome sair dos lábios de Ellylan, mas tudo piorou depois de Elly ver que todos aqueles soldados, que o arcanjo chamava de tenentes, estavam atrás dele. Sua respiração havia falhado por vários motivos, mas ela decidiu que se preocuparia com esse pequeno acontecido depois. Afinal, a expressão dos seus tenentes diziam tudo aquilo que faltava no rosto de Maximus.

— Ellylan,— Maximus disse friamente, a fazendo dar um pequeno passo para trás com a intenção de ficar próxima à Morgan, o que era tão inutil desde que aquele homem era parte desses soldados que o arcanjo considerava fiéis.— Nós precisamos conversar sobre a noite passada.—

Elly olhou para Maximus com certo assombro, seus olhos estavam grandes por causa da maneira que o arcanjo estava agindo, como se novamente ela fosse uma prisioneira. E ela não poderia deixar de lado a parte que pensou que seus pensamentos estariam livres dessas memorias.

— Não...— Ela sussurrou, olhando para todos os homens que estavam atrás do anjo, suas expressões eram mais assustadoras agora que Ellylan sabia do que porque estavam ali.

— Eu preciso saber o que você viu.— Maximus disse firmamente, sem nenhuma piedade.— Se isso não acontecer, meu reinado será questionado.—

— Eu não me importo com o seu reinado.— Ellylan respondeu amargamente, se virando para dar as costas ao arcanjo e olhar Morgan, que era uma pedra silenciosa naquele momento. Seus olhos encontraram com os dela por um momento, mas isso não durou já que olhar para o seu imperador era muito mais importante.

— Imperatore,— Morgan disse de maneira que deixou obvio que respeitava Maximus mais do que seu próprio orgulho.— Essa não é a melhor forma de fazê-la falar.—

— Sim, Maximus,— A voz de Diane invadiu o local, tão firme que Elly mal havia reconhecido.— Como você deseja que uma pessoa que quase quebrou fale qualquer palavra diante de você e seus soldados mal humorados?—

Ellylan se virou para poder encontrar Diane ao invés do anjo loiro que continuava parado no mesmo lugar, a irmã de Maximus estava atrás de todos os tenentes dele e depois que ela anunciou dignamente sua chegada, todos olharam para ela, inclusive seu irmão.

— Você possuí uma sugestão, Diane?— Maximus perguntou com seu mal humor habitual.— Aproveite esse momento para não se calar, já que demonstra tanta sabedoria sobre o assunto.—

Diane movimentou seus lábios primeiramente, sem que nenhuma palavra saísse deles, a irmã dos arcanjos respirou fundo para que não mandasse Maximus à um lugar ruim, já que seria isso que Ellylan faria se estivesse no lugar dela.— Parar de ser um ogro é a primeira das minhas sugestões, Maximus.—

— Porque você não vai cuidar das suas coisas ao invés de se preocupar com o que faço?—

Ellylan franziu seu cenho ao olhar para Maximus, não podendo acreditar que horas atrás ele estava brincando com ela, a provocando... E agora, tudo o que podia ver nesse arcanjo, era a brutalidade e raiva.

Para infelicidade de Ellylan, ela sabia muito bem o porque disso. Afinal, todos diziam que Maximus estava próximo da loucura antes dela misteriosamente chegar até aqui e agora um assassinato havia ocorrido dentro de seu castelo, a pessoa que matou aquele soldado havia quebrado todos os significados de medo e respeito por aquele que era responsavel pelo inferno.

Mas isso não era justificativa para que Maximus falasse de maneira tão indelicada com Diane. Por mais que fosse normal irmãos discutirem, não parecia certo que isso ocorresse na frente de Ellylan e por um motivo que a envolvia.

Ela olhou novamente para os tenentes de Maximus para procurar por uma intervenção, mas tudo o que ela viu foi o silencio. Até mesmo de Patrick.

O arcanjo estava tão cheio de raiva que seus tenentes não davam palpites como Ellylan já havia visto diversas vezes acontecer, eles agiam como aqueles soldados que obedeciam os lideres de suas nações sem questionar o que faziam. Não questionavam se suas ordens eram corretas ou atitudes de covardes.

Maximus estava agindo como Meridius naquele momento e se ele a ameaçasse de morte, Ellylan nem ao menos ficaria surpresa. No entanto, ela sentia que uma magoa a atingiria de uma maneira assustadora, pois por algum motivo idiota, sua parte iludida a fez acreditar que para Maximus Ellylan era alguém diferente dos demais, mas agora, no momento em que ele demonstrava sinceridade por causa de sua raiva, tudo que ela via era que não passava de um problema, de uma prisioneira com liberdade por não ter nenhuma opção para onde fugir.

O olhar que Maximus usou para calar Diane fez com que os cabelos de sua nuca se arrepiassem de uma maneira que demonstrou que ela sentia medo desse arcanjo que foi tão amavel pouco tempo antes de estarem aqui. Ellylan não podia acreditar que não existia nenhum rastro daquele homem que a tratava tão bem e que a abraçava quando necessario.

Ellylan poderia facilmente dizer que Maximus era bipolar, mas a questão estava obvia demais para que ela se iludisse com o mais agradavel.

Existiam dois Maximus em um só corpo, existia um anjo carinhoso que a permitiu chamá-lo de apenas Max e usou suas asas para protegê-la de pregos e o outro era aquele arcanjo nascido e criado para liderar um inferno. Ele jamais agiria como um homem que a mimava na frente de seu exercito, na frente de seus inimigos. Diante deles, Ellylan passava a ser uma humana que trouxe problemas, diante deles ela deixava de ser aquela mulher que ele chamava de Elly.

Diane estava prestes a rebater o que seu irmão mais velho havia falado com a mesma educação que ele havia usado, mas Ellylan intervio antes que aquela pequena discussão se tornasse grande.— Maximus,— Sua voz quase travou, uma certa agonia subiu de seu estomago até sua garganta para não permiti-la dizer suas próximas palavras.— Eu...—

Ellylan não iria conseguir, ela desejava acabar com isso, mas não queria lembrar. Sua mente parecia ameaçar quebrar apenas com a menção do que aconteceu na noite anterior e ela não queria se partir...

Maximus se virou em sua direção, seus olhos da cor de uma piscina em um dia ensolarado prenderam toda a sua atenção.

Existia tanta raiva, tanto vazio em seus olhos...

— Eu irei falar com você sobre noite passada.— Ela sussurrou, desviando seus olhos para o chão. Ela ouviu o suspiro de indignação de Diane após Elly falar e logo em seguida o som de seu salto contra aquele chão foi ouvido até que tudo o que escutasse fosse um levo eco sumindo conforme sua distancia.

Maximus apenas encarou Ellylan por alguns segundos, o silencio pareceu ser um pesadelo, principalmente quando existiam várias pessoas lá dentro que não ousaram quebrá-lo.

— Saiam.— O arcanjo do inferno falou em um tom cru para seus soldados que estavam presentes, Ellylan não levantou seus olhos nem mesmo quando os tenentes obedeceram a ordem de seu líder e os deixaram sozinhos naquela sala.

Sua vontade era de chorar e fazer qualquer coisa que a impedisse de acessar aquelas memorias que insistiram em ficar trancadas em sua mente. Na noite passada, ela havia sofrido tanto... Havia tanta dor e medo a cada pensamento que Ellylan não queria se obrigar a reviver aquele momento novamente.

Mas ela teria.

E Maximus não iria protegê-la novamente, pois naquele momento, aquele arcanjo não passava de um inimigo.

— Meus tenentes deveriam estar presentes, como testemunhas, mas imagino que você não diria uma palavra diante deles...—

— Não banque o compreensivo agora.— Ellylan cuspiu as palavras em puro desgosto antes mesmo que Maximus terminasse sua frase. Naquele momento, seu orgulho desejava falar com qualquer um ao invés desse homem arrogante.

— Então,— Ele começou a falar novamente, seu tom tão, tão calmo que fez seu estomago revirar.— Fale.—

Ellylan olhou para os pés de Maximus, ele usava botas pretas com detalhes prateados e por um momento, sua cabeça a fez imaginar quantas vidas ele já havia finalizado ao pisar em um corpo quase morto. Não parecia digno desse anjo se sujar de sangue, pois sua aparencia era algo tão angelical...

Quando as pessoas, como ela, pensavam em anjos, as caracteristicas de Maximus eram as que surgia em suas mentes. No entanto, Ellylan sabia mais do que ninguém que esse anjo era tão impiedoso como qualquer humano que havia se tornado psicopata. Talvez os psicopatas tivessem feito muito pouco quando comparados à Maximus.

— Ellylan.— Ela quase se encolheu ao tom que foi usado para dizer seu nome em um aviso de que o arcanjo estava esperando.

— Eu...— Ellylan tentou começar, mas não conseguia compreender porque era tão dificil falar... Ela respirou fundo e fechou seus olhos por um momento.— Eu estava dormindo quando tudo aconteceu...— Sussurrou.— Mas pude ouvir o som da porta do meu quarto quando ela foi aberta... E por um momento pensei que fosse...você.—

Ela se calou, sua garganta foi alfinetada por agulhas que a fizeram fechar a boca, mas Maximus estava esperando e ficar em silencio apenas iria irritá-lo ainda mais.

Elly não queria que ele ficasse bravo com ela.

Ellylan levantou seus olhos para encontrar aqueles azuis perfeitos de Maximus e quando ela achou que escontraria apenas o vácuo do nada, existia uma explosão de sentimentos. A raiva era o que deveria ter se manifestado naqueles olhos do anjo, pois era esse sentimento que havia trazido Maximus até aqui para obrigá-la a falar o que havia acontecido. No entanto, não existiam sentimentos ruins no olhar do anjo que estava em sua frente.

Elly não conseguia compreender mais nada quando o assunto era sobre os sentimentos de Maximus. Ela se preocupou por causa disso, pois isso podia ser o sinal da loucura que todos diziam que já havia o atingido.

— Eu...— Ela estava tentando, estava mesmo, principalmente quando sabia que o arcanjo se sentiria melhor depois de encontrar quem havia feito aquilo.— Haviam duas pessoas.—

— Ellylan...— Maximus disse em um tom baixo, aquele seu tom de um líder já não existia mais em sua voz e aquilo havia soado realmente gentil. E depois de seu nome ser falado em voz alta que Ellylan percebeu que chorava em quanto soluçava suas palavras.

Em um ato de desespero, ela levou suas mãos até seu rosto para que Maximus não a visse chorando, principalmente quando seus cabelos longos não foram o suficiente para omitir suas lágrimas que escorriam.

— Estava tudo tão escuro...— Ela soluçou.— Os vultos negros... Nenhum possuía asas...——

— Ellylan,— Maximus disse severamente.— É o suficiente.—

— E então houve o som de uma explosão abafada e... Eu senti...—

Maximus não permitiu que Ellylan terminasse sua frase nem mesmo quando ela tentou finalizá-la, o arcanjo abriu suas asas que até aquele momento estavam fechadas, o barulho de um estalo forte quase a assustou, mas foi seu próximo movimento que deixou Elly sem reação.

O arcanjo se aproximou dela em um único passo e a envolveu em seus braços quentes com força, a trazendo para se rencostar em seu peito, uma maneira gentil e carinhosa para acalmá-la. Mas Ellylan não relaxou como nas outras vezes, ela continuou com suas mãos em frente de seu rosto para esconder suas lágrimas.

Ela já estava tão cansada de chorar...

— Pare.— Sua voz saiu abafada, mas não incompreensivel.— Pare de ser bom quando não pode fazer isso.—

— Eu não consigo mais.— Maximus murmurio perto do ouvido dela, seus dedos se fecharam em algumas mechas de seu cabelo em um sinal de pura possessividade.— Sua humanidade tocou minha alma, Elly.—

— Não.— Ela sussurrou.— Eu sou uma humana, você deve me tratar como agora... Não assim.—

O riso baixo de Maximus fez com que todo o corpo dela congelasse, mas dessa vez não foi por medo. Aquele som parecia algo tão pessoal, tão intimo que ela não deveria ter escutado.— Por que você sempre cria problemas sobre a maneira que a trato?—

— Maximus...—

— Para você nunca está bom se a trato mal ou bem.—

— Não importa o que eu sinto quando não me agrada o tratamento que recebo.— Ela disse.— Você deve me tratar como uma prisioneira, um problema. Assim será mais fácil...— Mais fácil para ela, mais fácil para não deixar de sentir medo para esse sentimento não ser substituido por outro.

— Assim é o correto.— Maximus concordou, mas ele se afastou para que pudesse tirar as mãos de Ellylan de frente do rosto dela, a obrigando encontrar aqueles olhos novamente.— No entanto, não sei se é o que desejo.—

O arcanjo fechou suas asas em suas costas e deu alguns passos para trás, mantendo a distancia entre eles novamente e soltando suas mãos que havia segurado para tirá-las de frente de seu rosto escondido. Seus olhos azuis estavam fixos com os dela e não demonstrava mais nenhum sentimento como antes.

Ellylan não podia acreditar que depois de Maximus dizer algo como aquilo, ele tinha coragem suficiente para não demonstrar nenhum sentimento em seus olhos. Além de ser muito insensivel da parte dele, deixou a mão de Ellylan formigando para bater naquele rosto que era tão lindo, mas tudo o que ela fez, foi ficar imóvel ao mesmo tempo que assistia o anjo loiro sair daquele lugar.

Ela era uma covarde.

Tão covarde que nem ao menos conseguiu agredir Maximus ou se afastar quando ele se aproximou. O que seria o correto quando ele achava que poderia brincar com ela de dupla personalidade.

Elly suspirou, a raiva invadiu seu corpo em questão de segundos e o pior de toda essa situação, o que a deixava com mais ódio ainda, era que no primeiro momento que visse o arcanjo novamente todo esse sentimento se dissiparia como neve ao sol.


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