Pesadelo | Amor Imortal 01 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 12
Capítulo 12




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Quando Maximus disse que eles estariam indo para dimensão de Meridius no dia anterior, o arcanjo esqueceu plenamente de avisar Ellylan que essa pequena viagem iria acontecer na manhã seguinte. Ele só não esqueceu também, como fez questão de omitir a parte mais importante disso tudo: Como eles chegariam até essa dimensão que era tão desejada pelos humanos.

Na beira de um precipicio, literalmente, existiam dois arcos lado a lado que eram formados por pedras grandes e antigas com desenhos que provavelmente tinham muito o que dizer, mas que não significavam nada para ela. Segundo o anjo loiro, eles tinham que atravessar aquele portal que pertencia à dimensão de Meridius, mas Maximus não compreendia que ela não se moveria quando do outro lado daquelas pedras não possuia mais chão, e sim, um oceano e rochas que a levariam direto a morte.

Elly havia empacado em meio do caminho que estava fazendo atrás de Maximus quando sua mente conseguiu juntar os fatos que estavam diante de seus olhos e que não havia percebido até o momento.

Maximus se virou em sua direção quando notou que ela não o seguia mais, suas asas brancas e grandes fizeram um leve movimento, ameaçando-a abri-las, mas parando antes que estivesse até mesmo na metade do caminho. Aquele movimento demonstrou o quanto sem paciencia ele estava naquele dia.

E Ellylan não se importava nem um pouco de acabar com aquilo que Maximus mal possuía, não quando ele pedia para que ela pulasse em um precipicio. Ela podia estar no inferno sem se lembrar de nada, mas não havia enlouquecido.

— Eu não escolhi um nome para você com a intenção de gravá-lo em uma lapide no dia seguinte.— Maximus falou ao encontrar os olhos dela.— Quando atravessamos o portal, nossos corpos são transportados para outra dimensão. Você não irá cair do outro lado do arco como aparenta que acontecerá.—

— Eu não duvido de você, Maximus.— Talvez duvidasse um pouquinho.— Mas não sou imortal, não posso simpleste atravessar aquilo sabendo que posso cair.—

— Você não irá cair.— O anjo repetiu aquilo pela decima vez.— Acredite em mim, eu faço isso desde que era uma criança.—

— Mas você possuí asas!— Ela exclamou nervosa.— Cair de lugares altos não é realmente um problema.—

Maximus suspirou, provavelmente buscando a paciencia para lidar com aquela situação, o que Ellylan duvidava que ele possuía pelo menos um pingo de sobra para ajudá-la a sair viva. O anjo a olhava como se fosse uma criança mimada que mesmo obrigada a fazer algo ainda batia seu pé para fazer seu pai desistir.

— Olha, seu maior problema será lidar com Meridius, não atravessar o portal.— Maximus usou a verdade para convencê-la, mas falhou rapidamente em ter que lembrar que Ellylan teria que enfrentar seu irmão que a odiava.

Elly olhou com pura descrença na direção do anjo loiro, até mesmo jogou suas mãos para o ar com a frustração. Ela não podia acreditar que Maximus havia dito algo como aquilo para convencê-la a passar por aquele portal tão estranho. Durante toda a noite Ellylan havia pensando em como tentaria esquecer seu medo para enfrentar o irmão do arcanjo do inferno, mas Maximus não estava ajudando muito quando dizia tais coisas.

Ela virou as costas para o anjo com a intenção de voltar para dentro do castelo e parmanecer andando por aqueles corredores até encontrar o seu quarto, já que aparentemente não teria a ajuda de ninguém quando tais pessoas provavelmente receberiam a ordem de levá-la de volta para o anjo loiro. Porém, Ellylan apenas teve a chance de dar apenas alguns passos antes que a mão quente de Maximus envolve seu braço para pará-la onde estava.

E não foi apenas isso, o arcanjo usou sua força para puxá-la contra ele até que o corpo de Ellylan se debatesse contra o dele, que era tão duro quantro uma rocha. Ela encontrou os olhos de Maximus assim que seu abdomen estava colado ao dele, com as mãos grandes do anjo cobrindo toda a sua cintura. Ela não podia negar que sua única reação foi susto, mas logo em seguida de encontrar aqueles olhos azuis, seus coração disparou.

Maximus se curvou um pouco, de um modo que sua orelha quase colou no peito em que seu coração batia descontroladamente. Era obvio que o anjo estava ciente da reação que Elly estava tendo, pois ela havia sentindo todo seu corpo esquentar apenas com aquela aproximadade, mas o arcanjo apenas passou um de seus braços por baixo de seus joelhos e a levantou do chão.

Ellylan se segurou nos ombros do anjo loiro quando aquele movimento foi feito, com medo que ele a derrubase ou simplesmente a jogasse em direção do oceano lá em baixo, coisa que ela tinha certeza de que não faria, mas não custava nada se assegurar de ficar protegida em quanto Maximus a carregava como se não pesasse nada.

O anjo encontrou seus olhos depois de um momento, sua mente muito prejudicada por estar nos braços dele, não fez com que ela desviasse o olhar para outra direção. Ellylan permitiu que seus rostos ficassem próximos naquele momento.

— Se a possibilidade de cair existir,— Maximus falou em um tom calmo, que não estabelecia a sua frieza, mas sim proteção.— Nós caíremos juntos.—

— Maximus...— Ellylan disse o nome dele sem ter o que realmente dizer, mas ela focou sua atenção em segurar nos ombros fortes dele sem que esbarrasse em suas asas que estavam logo atrás. Por mais que demonstrasse que não se importava com aquilo, Elly sabia que se possuísse asas não iria deixar qualquer pessoa tocá-la e ela concordava plenamente com aquilo que Dimitrius havia dito sobre eles não terem muito com o que se importar e por isso faziam de suas asas uma prioridade. Que eram presentes para suas amadas. Maximus tinha o direito de dar aquilo para a pessoa que amaria, do mesmo jeito que Dimitrius desejava dar.

— Não feche seus olhos durante a transição.— Ele disse, caminhando em direção do arco feito com pedras, segurando o corpo de Ellylan de uma maneira forte e protetora que dizia que jamais a soltaria. Esse gesto apenas fez com que ela diminuisse a força que usava para fincar suas unhas nos ombros do arcanjo.— É algo impressionante.—

Maximus atravessou o arco e no segundo seguinte toda a imagem que estava diante dos olhos da prisioneira se desintegrou. O castelo, os muros e gramados verdes, o mar que existia ao lado de sua casa. Tudo pareceu ser apenas uma bela pintura em uma folha de papel que foi jogada na água, que aos poucos foi desmanchando e se partindo conforme a água invadia os limites da folha de papel. Invadindo até que tudo desaparesse e outra imagem surgisse diante dos olhos de Ellylan.

Isso não era apenas impressionante como Maximus disse, era muito mais que isso. Essa mudança de cenario apenas fez com que sua mente aceitasse ainda mais que estava em um mundo totalmente diferente daquilo que conhecia.

Ellylan apenas não sabia se considerava isso algo bom ou ruim, pois ambos empatavam quando ela parava para pensar no que estava acontecendo em sua vida. Mas nada passava de hipoteses. Nem mesmo a relação que estava construindo com Maximus.

— Então?— O anjo loiro virou seu rosto para encontrar os olhos dela.— O que achou?—

— É...— Ela franziu o cenho, procurando uma palavra que não houvesse a verdade envolvida de que estava cada vez mais confusa sobre ter que lidar com o fato estar no inferno e não saber quem realmente era.— É diferente.—

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios do arcanjo com a resposta dela e sua aparente confusão, Maximus voltou a andar para sair de baixo do mesmo arco que eles haviam atravessado para chegar até a dimensão de seu irmão. Ele permitiu que Ellylan encontrasse o chão logo em seguida que parou, acompanhando o olhar dela para o castelo que pertencia a Meridius.

— Bom,— O anjo falou calmamente.— Seja bem vinda ao paraíso, Elly.—

Elly.

A vontade de Ellylan se virar na direção de Maximus após ele usar um tipo de apelido para seu nome, sendo essa a primeira vez que a chamava pela palavra que escolheu como um nome para dar a ela, foi grande. Mas os olhos azuis dela estavam tão fixos no novo lugar que estava sendo apresentado para sua mente que não conseguiu dar atenção ao arcanjo naquele momento.

O paraíso era... um paraíso. E ela não podia acreditar que em questão de segundo todo o cenário havia sido trocado como em uma peça de teatro.

Ellylan não sabia descrever o que seus olhos viam, mas tudo era diferente do inferno, tudo desde até mesmo o ar que se movimentava ao redor deles. A impressão que aquele lugar permitiu que ela possuísse era de pura paz e calmidade. E o céu... o céu era azul com nuvens brancas, do mesmo jeito que ela conhecia e sabia que pertencia ao seu mundo. Uma parte dela não deixou de se perguntar se durante a noite ele possuíria estrelas.

Existiam flores bonitas em todos os cantos que Ellylan olhava, existia uma natureza tão viva e feliz que não sabia como conseguia diferenciar daquela que viu no inferno. Apenas sabia que essas flores eram mais motivadas a viver. Talvez fossem devido a suas cores fortes que chamavam o olhar de qualquer pessoa.

E o castelo que devia pertencer ao anjo que provavelmente era chamado de imperador do paraíso era digno de um rei. Era um castelo como aqueles que eram apresentados para crianças nos contos de fadas, com torres ponteagudas altas e outras menores. Mas o que mais chamou a atenção de Ellylan, era a cor do castelo que era todo trabalhado em branco com telhas azuis claras.

O castelo de longe era como aquele que ela estava vivendo no inferno, em quanto o que pertencia a Maximus possuia um toque sobrenatural, esse que estava diante de seus olhos era completamente... lindo.

— Eu acho que nunca pensei que castelos poderiam ser tão lindos.—

— Meridius e eu somos os únicos que vivemos em castelos.— Maximus falou ao lado dela.— Apesar de Dimitrius seguir as mesmas regras de uma era passada para que nada saia do controle, ele preferiu viver em uma mansão ao invés de castelos. Porém, nós temos certeza de que se Dimitrius desejasse viver em um, seria mais bonito que o de Meridius.—

— Para que nada saia do controle...— Ellylan repetiu.— Você está dizendo que se vivessem como os humanos e não como reis, tudo seria bagunça?—

— Sua mente se lembra como era a vida humana, diga-me a resposta dessa pergunta.—

Ellylan tentou imaginar Maximus como um delegado em quanto seus soldados e tenentes eram os policiais, ela quase riu imaginando o anjo loiro atrás de uma mesa cheias de papeis com uma chicará de café quente próximo a ele, mas essa ideia se transformou em algo ridículo ao perceber que o arcanjo do inferno lidava com demonios. Com pessoas que quando eram vivas provavelmente se adaptavam a vida de serem psicopatas, assassinos e serial killers. Definitivamente, o governo que os humanos usavam não funcionaria com Maximus.

E nem mesmo com Meridius que vivia entre os inocentes, que Maximus deixou claro uma vez que era um mundo cheio de narcisistas querendo encontrar a perfeição. Essas pessoas que viviam nessa dimensão provavelmente eram piores que os demonios.

— Imagino que vocês perderiam tudo que construiram se seguissem o modo como nós vivemos.— Ellylan respondeu Maximus, olhando para o anjo que também encontrou o olhar dela.

— Os imortais possuem tendencias de odiarem e culparem os humanos por tudo, mas eles não entendem que sua raça é muito mais inocente do que eles mesmo serão algum dia.— Disse o arcanjo com aqueles olhos azuis escuros segurando os dela.— A mornaquia acabou muito tempo nessa dimensão por ser injusta.—

— Mas para vocês é justa por questão de milhares de pessoas terem que respeitar apenas um arcanjo.—

— Exatamente.— Maximus disse, cortando o assunto rapidamente e desviando seu olhar para ver que uma mulher se aproximava deles.— Vamos.—

Ellylan acompanhou os passos do anjo que começou a caminhar na direção daquela mulher, que agora até mesmo sorria para o arcanjo que pertencia ao inferno. Essa mulher não possuía asas também, o que a fez pensar que mulheres não nasciam com a capacidades de voar. Porém, aquela estranha que não podia ser escalada como anjo, possuía uma beleza angelical e refinada.

Seus olhos claros quase não eram destacados por causa do tom da sua pele tão branca, mas por outro lado, seus lábios incrivelmente rosados chamavam atenção por tudo em seu rosto um pouco arredondado. Seus cabelos longos e ondulados eram tão negros quanto o ébano e os cilios longos que eram da mesma cor faziam um ótimo trabalho em deixá-la apenas mais bonita com aqueles par de olhos azuis pálidos.

Uma pequena parte de Elly desejou parar de andar e puxar Maximus para trás dela, pois o anjo também acabou sorrindo para aquela mulher que estava cada vez mais próxima. Era algo ridículo de pensar ou desejar, mas ela não podia acreditar que o anjo sorria com tanto facilidade quando passou uma semana sem conversar com Ellylan. Aquilo deveria significar que ele era dificil e que fazê-lo rir no segundo dia em que estavam convivendo juntos fazia dela especial.

Mas o arcanjo do inferno destruiu todos esses pensamentos ao sorrir para a mulher com um vestido longo de um azul marinho quase preto, um vestido tão lindo quanto os que Diane e Katherine usavam. Naquele momento Ellylan se sentiu patética de ter cortado o seu traje nos joelhos, pois se sentia terrivelmente rebaixada em apenas olhar para aquela estranha tão bonita.

Bom, ela admitia que o que estava sentindo era ciumes por pensar que o mundo de Maximus estava girando ao seu redor, mas isso não significava que o anjo loiro se importaria com os sentimentos dela ou que Elly se permitiria sentir isso por mais um segundo.

— Niffie.— Maximus disse, aparentemente, o nome dela quando o espaço entre eles acabou e ambos se abraçaram. Aquela estranha se aconchegou em meio do peito de Maximus em quanto tomava cuidado para não tocar nas asas dele que se estendiam em suas costas. O arcanjo do inferno a envolveu com seus braços grandes de uma maneira muito carinhosa, como se estivesse a protegendo do mundo que existiam fora daquela proteção que ele podia oferecer. Ellylan apenas observava os dois em silencio, sabendo que uma expressão fuziladora estava em seu rosto, mas Maximus e Niffie estavam ocupados demais para perceberam aquilo.

— Ezin dut uste zu hemen, Max.— Max. Elly não entendeu nenhuma palavra, mas pode entender que eram intimos. Na verdade, aquela estranha não precisava chamar Maximus de Max para saber o quão intimos eram. Aquele abraço dizia tudo!

— Fale veneziano, Niffie.— O arcanjo disse, beijando o topo daquela cabeça negra que estava logo a baixo de seu queijo para em seguida soltá-la e permirtir que Niffie se virasse na direção de Ellylan.— Ela não compreende nossa língua.—

Rebaixada de Ellylan para “ela” em questão de segundos, ótimo.

— Maximus, você não me disse que sua humana era tão bonita.— Aquela estranha disse com um sorriso gentil crescendo em seus lábios.

— É, Maximus.— Ellylan concordou furiosamente.— Você também esqueceu de dizer que eu não sou sua humana.—

Os olhos azuis escuros do anjo explodiram em divertimento, mas ele manteve seu rosto tão frio quanto pode, mesmo que seu olhar o traísse.— Seu nome é Ellylan agora, Niffie.— Ele falou para depois encontrar os olhos de Elly.— E, Ellylan, essa linda mulher é a esposa de Meridius.—

Oh!

— Olá.— Ellylan falou gentilmente, esquecendo sua raiva por pensar que essa mulher era apenas uma atirada. Mas agora que foi informada que era apenas a esposa de Meridius, ela podia encostar em qualquer lugar de Maximus, pois conhecendo seu marido, ele provavelmente a mataria se o traísse com o próprio irmão.

— Ellylan.— Niffiu sorriu ao dizer o nome dela, olhando para Maximus.— Isso foi é bem criativo da sua parte, Max.—

— Poderia ter sido qualquer um.— O anjo deu de ombros, seus olhos demonstravam o quanto o arcanjo gostava da esposa de seu irmão.

— Oh não, definitivamente não poderia.— Riu Niffie.— Mas de qualquer maneira, estou feliz que vocês já possuem um vinculo, assim não terei que me preocupar com uma humana desejando meu marido.—

Ellylan se afogou com sua própria saliva com a menção do “vinculo formado”, pois Niffie não falou aquilo como uma simples amizade para resolver os problemas que estavam postos diantes deles. Havia mais um significado para Niffie no meio daquilo tudo. Elly se preocupou por um momento achando que ela havia visto sua expressão ao ver os dois abraçados, mas Maximus notou o seu desconforto e logo mudou de assunto antes que Ellylan soltasse a primeira coisa que veio a sua mente sobre não ser masoquista ao desejar o marido dela. Elly não queria ofender Niffie antes de conhecê-la melhor. Talvez quando estivessem mais intimas ela perguntaria que tipo de remedios tomava para ter aceitado Meridius como seu marido. Talvez.

— Nos leve até Meridius, Niffie.— O arcanjo falou.— Ele está nos esperando.—

— É claro.— Ela sorriu ironicamente para Ellylan e o anjo.— Vamos.—

***

Niffie os levou até um salão dentro daquele castelo branco que era exatamente igual ao que Maximus possuía no inferno, exatamente igual aquele que aconteceu o julgamento de Ellylan. A única diferença era que depois daqueles dois degraus que formavam uma meia lua, existia quatro tronos ao invés de três. Dois estavam mais a frente dos outros, o que deu a entender que os que estavam em destaque pertenciam a Meridius e a sua esposa, a imperatriz do paraíso.

Ellylan gostaria de ter reparado mais nos detalhes daquele castelo em quanto ela e Maximus caminhavam atrás de Niffie, pois agora que havia chegado naquele salão e viu que ele era magnifico, sua mente não deixava de imaginar como seria o resto do local. Porém, pensar em ter que encontrar Meridius não era algo realmente fácil, não quando ele desejou matá-la. E agora que seus olhos estavam fixos nela, Elly apenas se sentia cada vez mais pequena e insignificante.

Era assustador ter que enfrentar o olhar daquele anjo que aparentemente estava furioso, que estava escrito em todas suas expressões que ele preferia que ela estivesse morta, mas Ellylan não desviou seus olhos em nenhum momento. Ela não seria reconhecida como covarde na frente de Meridius.

Niffie deixou de estar ao lado de Maximus para caminhar até o seu trono, presenteando seu marido com um pequeno sorriso quando se sentou ao seu lado. Um sorriso que foi completamente ignorado, mesmo quando o anjo acompanhou com os olhos os movimentos de sua esposa.

Ellylan observava Meridius com cautela, imaginando como era possível ele ser mais fechado que Maximus e ainda possuir uma mulher que estava obvio que o amava. Ela não sabia se o anjo correspondia os sentimentos de Niffie, pois Patrick havia mencionado que o arcanjo se casou por causa de herdeiros, mas ainda assim existia algo entre ele e Niffie que não deixava Elly concluir que era apenas aquela mulher elegante que possuía sentimentos naquele casamento tão estranho aos olhos dela.

Seus olhos encontraram o rosto de Maximus por um momento, ele olhava para seu irmão em silencio e seu queixo erguido impunha sua posição como o de um rei. Porém, por mais que desejasse descrever todos os gestos do anjo, ela não conseguiu deixar de pensar em quantas mulheres deveriam estar apaixonadas pelo anjo loiro. Afinal, sua personalidade era fria, mas ele ainda tinha a capacidade de rir e tratar sua família como algo muito precioso, Elly não tinha certeza sobre essas coisas quando se tratava de Meridius, mas o anjo estava casado mesmo sendo o lado negativo e Maximus que era o positivo deveria possuir muitas pretendentes. Assim como Dimitrius que era o mais gentil de todos.

De qualquer maneira, Ellylan sentia uma pequena inveja de Niffie, pois amando ou não Meridius, ela possuía aquele corpo digno de um deus a sua disposição. A beleza daquele arcanjo fazia a mente de qualquer mulher virar água, mesmo sendo tão cruel como era.

— Irmão.— Maximus falou a palavra em um sinal de respeito, curvando sua cabeça quando o outro anjo nem ao menos se mexeu. Aquilo deixou claro para todos que Meridius provavelmente era o mais velho, o mais respeitado.

— Max,— Meridius se levantou de seu trono, fazendo o primeiro movimento desde que eles entraram naquele salão.— É bom vê-lo em meu reino, mesmo que os assuntos que o tragam aqui sejam deploraveis.— Ele olhou para Ellylan ao terminar sua frase.

Ellylan apenas sorriu ironicamente, tentando mostrar todo o sarcasmo de uma resposta que nunca poderia ser dita, pois ela tinha que respeitar o arcanjo do paraiso desde que estava em sua casa. E o pior de tudo, era que assim como Dimitrius, Meridius também estava ajudando Maximus sobre o que havia acontecido com ela. E mesmo que os motivos dos três arcanjos para ajudá-la fosse para descobrir quem causou aquela confusão e não apenas por que eles eram bons o suficiente para levá-la de volta para casa, isso significava muito.

— É ótimo vê-lo novamente, Meridius.— Ellylan disse com o seu sorriso amarelo.— Você continua tão gentil quanto da última vez.—

Atrás do anjo mal humorado sua esposa deixou que um pequeno riso escapasse de seus lábios, um som tão angelical que nem mesmo Meridius pode jogar um olhar fuzilador para Niffie quando olhou por cima de seus ombros com a intenção de encontrar seu olhar. Ou o anjo era tão frio a ponto de não se importar se ela ria dele.

As duas opções eram muito validas.

— Obrigado, Ellylan.— Meridius falou ignorando a ironia dela, mas a surpreendendo por dizer seu novo nome. Elly olhou para Maximus com suspeita, descobrindo que a fofoca não só rolava solta no inferno como as noticias vazavam para as outras dimensões.

— Meridius, pare de provocá-la e vá direto ao ponto.— Maximus falou, prendendo seu olhar com os de seu irmão.— Traga o traídor.—

— É claro, meu irmão.— Meridius falou com um sorriso digno de um lider, a aprovação em seus olhos escuros era obvio.

Meridius desviou seu olhar deles para colocar seus olhos nas portas duplas que estavam atrás de Ellylan, a mesma porta que ela e Maximus haviam passado logo atrás de Niffie para chegar até esse lugar cheio de tronos, que provavelmente era onde acontecia os julgamentos do tão desejado paraíso. Ela também acabou acompanhando o olhar do arcanjo em cima daquele palanque, principalmente quando o som das portas sendo abertas e resmungos perturbados invadiram a sala, conseguindo quebrar seu autocontrole para não olhar.

Ellylan não pode esconder seu horror quando seus olhos encontraram o tal traídor, ela deu alguns passos para trás por reação do seu espanto e Maximus a acompanhou, abrindo uma de suas asas pra tampar aquela visão que o anjo traídor possuía dela quando ele começou a ficar ainda mais perturbado em vê-la.

Esse anjo já não podia mais ser chamado dessa maneira e se algum dia ele forá tão angelical e bonito como era Maximus, nenhuma pista para responder aquela duvida existia nele. O anjo estava completamente deformado, sua pele parecia ter sido queimada e o pus escorria por todas as partes que estavam danificadas, assim como o sangue seco que o sujava por quase todo o seu corpo que era coberto apenas por calças rasgadas. Um dos seus olhos já não existiam mais, ali na orbita apenas possuía um buraco sangrento e traumatizador para quem olhasse, mas o pior não era isso e sim o fato de uma de suas asas terem sido arrancadas de suas costas e deixar uma cicatriz aberta e totalmente infectada. A outra asa que ainda estava ali, aparentava ter sido quebrada.

O anjo estava completamente insano, seu único olho não tinha um lugar fixo para olhar e suas unhas pequenas coçavam uma parte de sua mão que já estava machucada e escorrendo sangue, mas isso não foi o motivo para fazê-lo parar o movimento. Porém, eram suas palavras que a intrigavam a manter seu olhar nele.

Ele dizia frases sussurradas que não faziam nenhum sentido, como por exemplo, “Humanos nas dimensões”, “Os sete pecados capitais de volta” e “mortais se transformando em monstros”. E Ellylan sabia que aquilo não significava nada para Maximus também, pois uma pequena ruga surgiu em meio de sua testa tampada por seus cabelos dourados, mostrando o quanto não entendia o que aquele anjo deformado dizia.

O arcanjo do inferno esticou seu braço em frente de Ellylan, fazendo daquilo uma barreira muito protetora para que ela não movesse ou permitisse que aquele anjo insano se aproximasse. Ainda mais agora que os soldados que o seguravam, ou arrastavam, estavam próximos do palanque em que Meridius ainda continuava em pé.

— Meu senhor.— O anjo insano proclamou, tentando ficar de joelhos quando falou, mas aquele ato foi proibido pelos guardas que o seguravam pelo braço sem cuidado nenhum.

Ellylan não sabia exatamente pelo o que ficava horrorizada, pelo modo em como uma pessoa perturbada era tratada ou pelo estado que aquele anjo se encontrava. Eles estavam no paraíso, isso não deveria ocorrer. Pelo menos era isso que Elly acreditava, que tudo era lindo nesse lugar.

Seu estomago estava se revirando completamente em olhar para aquele buraco sangrento em seu rosto, o sangue que surgia para manchar sua pele estava lhe causando calafrios.

— Maximus...— Ela sussurrou, encostando seus dedos no braço que ele havia colocado em sua frente. Uma parte dela desejava se aproximar daquele homem sangrento e deformado, mas não por piedade e solirariedade. Existia algo a mais que estava chamando seu corpo.

O arcanjo do inferno não moveu nenhum musculo ao seu toque, seus olhos azuis estavam fixos no anjo insano em sua frente. Seu corpo estava tão rigido quanto uma pedra de gelo.

— Deixe-o.— Meridius falou para os guardas que seguravam o anjo sem uma asa.— Esse assunto não é do interesse de vocês.— O arcanjo falou arrogantemente, demonstrando o quão diferente ele e Maximus eram. Em quanto Elly via que o anjo loiro mantinha um tipo de amizade com seus tenentes, Meridius tratava os seus como apenas servos.

O anjo insano riu descontroladamente após os guardas os soltarem sem ao menos questionarem o pedido de Meridius, eles saíram do salão em questão de segundos, deixando o traídor solto e próximo de Ellylan, tendo uma barreira chamada Maximus para protegê-la.

— Mexa-se e você ganhará uma passagem de ida para o nivel 2 do inferno.— Meridius falou com um tom afiado, ameaçador.

— MMe- Mestre, você me trouxe uma humana.— Ele gaguejou, se virando na direção de Maximus e Ellylan.— Tão linda, tão mortal ainda.—

O movimento daquele anjo insano apenas fez com que Meridius descesse um degrau daquela meia lua que se encontrava seu trono, a postura de Maximus se tornou ainda mais rigida e aquilo provou que ambos os anjos estavam a protegendo. Isso deveria tranqualizá-la, mas Ellylan perdeu totalmente o ar pelo fato de dois arcanjos estarem a protegendo de um único anjo que estava totalmente destruído.

— Você reconhece esse rosto, Edward?— Meridius perguntou friamente.

— Não vejo nada, mestre.— Edward respondeu, passando a língua em seus lábios como se diante dele estivesse alguma comida muito deliciosa.— Não vejo nada.— Sussurrou rindo histericamente.

— Maximus.— O arcanjo do paraiso disse o nome de seu irmão como uma simples ordem, pedindo ao o anjo loiro que saísse da frente de Ellylan para que Edward pudesse observá-la. Maximus entendeu o pedido e estava se movendo para o lado, mas Elly segurou o seu braço ainda mais forte com a mão que havia depositado sobre sua pele. Ellylan se sentia segura com Maximus em sua frente, pois não permitia que aquele anjo tivesse qualquer tipo de acesso a ela.

Os olhos azuis de Maximus depois de olhar para a mão dela, encontraram seus olhos aflitos. Ela tentou expressar tudo que sentia em seu olhar já que não podia falar naquele momento, mas também duvidava que conseguiria admitir em voz alta que estava com medo daquele anjo insano ou ficar cara a cara com ele.

— Está tudo bem.— Maximus disse baixinho, colocando sua mão sobre a dela para retirá-la. Ellylan não insistiu em continuar segurando-o pelo braço, mas seus olhos ficaram fixos com os do anjo até quando ele se colocou ao lado dela, ficando o mais próximo que podia.

— Amor.— Edward disse uma palavra coerente depois de tantos murmurios e risadas, chamando a anteção dela.— Amor, mestre.— Ele começou a rir novamente, caindo em seus joelhos em quanto olhava para Ellylan como se ela fosse o motivo de sua loucura.— O mais temido está caindo nas graças do pecado. Caindo.—

— Você. Reconhece. O rosto. Dela?— Maximus repetiu a pergunta de Meridius pausadamente, a assustando por usar aquele tom sombrio que deixou de usar com ela a alguns dias. Elly não podia acreditar no quão amigavel seu tom havia se tornado depois que ele deixou de considerá-la como um problema.

— Não.— Ele andou sobre seus joelhos, fazendo Ellylan recuar.— Ela não é minha humana, mas ainda assim é um monstro.—

— Por que monstro?— Meridius perguntou.

— Mate-a em quanto é possível.—Edward riu.— Mate-a em quanto ainda não é um monstro. Humanos fazem parte dos sete pecados, eles se transformam nas transições.—

— Meridius,— A voz calma de Niffie invadiu o salão.— Ele não está fazendo nenhum sentido.—

— MATE-A!— Edward gritou dessa vez, se levantando de seus joelhos em um movimento rapido e assustando Ellylan quando o anjo perturbado se jogou em sua direção com um prego em mãos que havia retirado de suas calças rasgadas. Maximus tentou pegá-lo em meio desse caminho para que não caísse em cima dela e a atacasse com o prego, mas ambos foram pegos de surpresa e antes que o anjo loiro se movasse, Edward fincou a ponta daquele prego enferrujada em sua pele, próxima de sua jugular.

Ellylan sabia que sua intenção era acertar apenas a veia de seu pescoço com ligação ao seu coração para matá-la, mas ela segurou seu punho quando eles estavam indo de encontro ao chão, não tendo força suficiente para afastar, Elly apenas conseguiu desviar o ponto de ataque para outro lugar.

Ela gritou pela dor que aquele prego lhe causou ao fazer um rasgo em sua pele, gritou ainda mais quando Edward fez o mesmo movimento para acertar sua jugular e errar novamente, machucando-a em outra região de seu pescoço.

O anjo insano não parava de rir e chamá-la de monstro, o que estava a deixando ainda mais apavorada por estar em baixo dele, mas antes mesmo que Edward tivesse a chance de atacá-la novamente com aquele prego, ele foi retirado de cima de Ellylan.

Maximus pegou o anjo por sua única asa e o jogou para longe até que encontrasse o outro lado do salão que estavam, no entando, o arcanjo loiro fez de sua asa um pedaço de papel antes de atirá-lo para longe. O arcanjo do inferno arrancou sem nenhuma piedade sua outra asa para lhe causar dor e desistir de atacar Ellylan para focar sua atenção em Maximus. Edward gritou de uma maneira que mostrou que o que sentiu era pior do que a morte.

O anjo loiro jogou aquela asa branca para o lado como se fosse apenas um lixo e em seguida, o corpo do traídor.

Elly, após ficar livre do ataque, recuou até que suas costas debatessem contra a parede daquele lugar, impondo limites para que não fugisse como desejava. Ela segurava seu pescoço machucada e sentia seu sangue quente escorrer por todo o seu peito e sujar seus dedos que faziam pressão sobre os machucados. Ela estava chorando antes mesmo que percebesse as lagrimas, seus olhos arregalados provavam o quanto estava horrorizada por todas as atitudes que aconteciam naquela sala.

Ela levantou seus olhos para ver que aquele anjo insano estava correndo em uma velocidade anormal em sua direção novamente, sua saliva caia ao lado de sua boca como se fosse um cão bravo e ele ainda ria. Ellylan se comprimiu ainda mais contra aquela com medo de que ele a ataquesse de novo e quando ela soltou um grito de puro horror, se encolhendo totalmente pela proximidade de Edward, a voz de Meridius invadiu o salão.

Explodere.— Seu tom foi sombrio, calmo como se soubesse o que estava fazendo, mas o que realmente aconteceu não era nada tranquilizante como sua voz fez parecer.

O corpo já prejudicado de Edward com todas as suas deformidades causadas por uma tortura feita por mãos sem piedade simplesmente explodiu após a única palavra que saiu da boca de Meridius. Pedaços de órgãos, de membros voaram para todos os lugares daquele salão. Porém, apesar disso ser traumatizador aos olhos de uma humana que ainda estava aprendendo o significado de pura maldade, isso não foi a pior coisa.

Juntos com os pedaços daquele anjo insano, pregos se juntaram a explossão. Edward provavelmente havia ingerido pregos para se transformar em uma arma quando seu corpo fosse explodido, deixando claro que ele sabia muito bem qual seria o seu destino. E apesar desse destino levá-lo direto para a morte, ele acabou se tornando perigoso.

— Niffie!— Meridius exclamou, se aproximando de sua esposa com suas asas abertas para protegê-la dos pregos que voaram em sua direção, e até mesmo a cortando, antes que estivesse sob a proteção do arcanjo do paraiso, tendo suas asas o alvo principal dos pregos agora.

Essa foi a ultima coisa que Ellylan viu antes que Maximus fizesse o mesmo movimento que seu irmão para protegê-la, sendo eles os mais próximos de Edward, aqueles pregos voaram na direção deles com uma força impressionante, atigindo todo o corpo do anjo loiro que se ajoelhou na frente de Elly, se curvando para colocar seus braços um de cada lado do corpo encolhido dela. Suas asas tamparam toda a visão que ela possuía, a obrigando a olhar para os olhos de Maximus que por um momento vacilaram com a dor que sentia ao receber aqueles pregos enferrujados em seu corpo.

Dor.

Essa era a única palavra que estava presente desde o momento que acordou no meio desse mundo que ela não pertencia. Essa palavra de três letras era a culpada por seu sofrimento, que não a permitia sorrir ou rir estando ao lado de pessoas que apenas estavam a ajudando para retornar para o lugar que pertencia.

Tudo isso era culpa por estar convivendo em um lugar onde a morte era algo completamente normal, em que loucos tentavam matá-la com um prego e logo em seguida eram explodidos sem ter nenhum significado.

E para piorar, isso foi o que Maximus tentou fazer com ela quando se encontraram pela primeira vez.

— Max...— Ela tentou dizer seu nome inteiro, mas falhou quando ouviu sua voz sussurrada cheia de medo e pavor. Ellylan não queria compartilhar seu medo, pois Maximus era o único que podia ajudá-la a passar por cima disso, mas o anjo loiro fazia parte desse mundo. Ele não poderia ajudá-la.

Maximus não olhou para ela quando a tentativa de dizer seu nome falhou, porém o anjo a escutou e não ignorou esse chamado. Antes que Ellylan percebesse o que estava acontecendo, Maximus a envolveu em seus braços e a apertou contra seu corpo, fechando suas asas ao redor dela para que pudesse se sentir segura.

Ele havia notado seu medo no tom de sua voz, percebeu também o quão perto estava para explodir por tudo que estava acontecendo em sua vida que era tão desconhecida para ambos. E Ellylan sabia que esse não seria o momento, mas chegaria uma hora que tudo aquilo que deveria sentir ao descobrir que estava no inferno e vivendo com imortais viria à tona logo. Ela tinha medo do que isso poderia causar e ficou ainda mais apavorada pelas coisas que Edward havia dito antes de virar o nada.

Mas agora que Maximus a segurou contra seu peito, a abraçou e envolveu suas asas ao redor dela para privá-la do mundo, Ellylan apenas se sentia... segura. O anjo estava a protegendo como prometeu e foi nessa promessa que ela se focou para não ter um surto em quanto podia ouvir as batidas do coração do arcanjo.


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