[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 37
A Agente Dupla


Notas iniciais do capítulo

Hey gente, esse é um capítulo da Ana, a Yay tá sem internet, por isso a fic ficou parada por tanto tempo, então resolvemos "pular" a vez dela até que ela possa voltar. Bom, é isso, espero que gostem :3



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Ana

Minha mochila quase não pesava em minhas costas e a capa esvoaçava ao redor de meu corpo enquanto caminhava lentamente até o que sabia ser a saída do túnel. Minha visão já não era turva e a pequena chama em minha mão projetava o que pareciam ser chamas dançando pelo túnel. Meus olhos faiscavam de dor, raiva, fome, angústia, mas acima de tudo, o desejo de vingança. Meu problema era saber de quem queria me vingar. “Você pode tê-lo de volta”, a voz de Ares vibrava pelo túnel e percorria meus ouvidos. Mais que tudo, precisava de carinho, e Peter parecia a única pessoa que me daria o que buscava.

O frio me tomava, nem mesmo a capa me protegia muito bem, meus dentes batiam uns nos outros com voracidade enquanto todos os sentimentos ruins me tomavam. Quando pensava em desistir, a voz de Ares voltava aos meus ouvidos com insultos bastante... Pesados.

– Vou voltar atrás se não calar a boca, verme.

O ódio me tomava, já não media as palavras antes de empurrá-las boca afora, o que poderia ser um problema no futuro. Ou não.

Depois de muito caminhar, cheguei a uma escada, parecida com as de emergência que estava acostumada a ver nos prédios. Subi lentamente, e abri um tipo de alçapão que havia no topo. Segurei um suspiro de alívio ao ver onde estava. O antigo parquinho para crianças do condomínio de tia Tereza. Saí do túnel e corri até o apartamento dela, era minha única esperança. O condomínio parecia tão... Vazio. Nenhuma criança corria por ali, apesar do sol que brilhava intensamente no céu, nenhum adulto entrava apressado em um carro para trabalhar, e nem mesmo o gato do zelador estava resmungando por aí. Estava tudo tão vazio e tão silencioso que quase pude sentir o medo me invadir. Entrei no apartamento de tia Tereza, seu cachorrinho não latia desesperadamente, e ela não estava no sofá assistindo televisão. Mas eu não podia prestar atenção nisso, fui até a cozinha e comi tudo que me faltara enquanto estivera sozinha no túnel; após, tomei um longo banho, sentia minhas feridas se curarem, e minhas necessidades serem saciadas.

***

Agarrei um moletom azul-marinho que não havia levado ao acampamento, ele ainda era tão reconfortante quanto eu me lembrava, pendurei a mochila nas costas e amarrei a capa junto ao corpo. Saí do apartamento calmamente, o condomínio continuava com a mesma aparência deserta, mas isso já não me preocupava. Pelo menos não até aquele momento. Uma risada nada meiga prendeu minha atenção, vinha de algum ponto atrás de mim. Virei-me para encarar uma mulher que com certeza não visitava um salão de beleza há anos. Não que eu fizesse isso, e não fazia. Mas ela era do tipo que tomar um banho já ajudaria bastante.

Seu rosto era retorcido, nariz grande e curvado, olhos vermelho-sangue e os dentes grandes, afiados e amarelos. Da cintura para baixo, o corpo de serpente era repugnante. Quando falou, sua voz era um tanto conhecida.

– Fugir é feio, sabia, criança? Olha como você ficou mais bonita agora que seus olhos têm cor, seria uma pena se eu os arrancasse do rosto. Os filhos de Hades não estão mais aqui para te socorrer, como acha que vai escapar agora? Filha da magia, você tem um cheiro saboroso, igual ao dos seus amigos, acho que vou atrás deles depois que almoçar você!

Ela veio para cima de mim com tanta velocidade que eu mal pude me defender. Ergui a espada a tempo de evitar um ferimento grave, mas senti um corte se abrir em meu braço esquerdo. Suspirei, e fiquei paralisada por um momento quando a voz dela invadiu minha mente.

“Você ainda não controla seus poderes. Dou-te até o final da luta para aprender a lidar com as trevas. É melhor renunciar ao que já tinha. No final, Cass não estava tão errada assim.”

– Cala a boca, mãe.

Trevas. Trevas, onde? Talvez trevas seja algo semelhante a sombras. Nunca mexi com sombras. Ótimo. Já tinha uns três cortes no meu corpo, e não havia muito que fazer. Renunciar ao que já tinha. O que eu tinha? Companhia? Não. Ela falava de poderes. Vejamos, tinha meu instinto no túnel e... Isso! Os poderes de meu pai. Tinha que ser. Se não fosse isso, estaria ferrada. Cass... Sangue. Deveria renunciar aos poderes de meu pai, e precisava de sangue. Não tinha sangue. Só o meu. Lâmia ainda me atacava, e em meio aos pensamentos mal podia desviar de seus golpes. Corri, sentia o monstro me perseguindo, fui até o parquinho de crianças e subi na casinha pela escada, ótimo, pelo menos Lâmia não poderia subir tão fácil quanto eu. Abri a mochila, tinha que ter algo útil, eu precisava de algo útil e... no fundo da mochila um saquinho púrpura, duas inicias bordadas em branco nele: “C.A.” Cass Alethea. Abri o saquinho, dentro dele um bilhete e um frasco com um líquido vermelho. Ignorei o bilhete, não podia perder tempo, Lâmia vinha atrás de mim.

– Tá. Vou fazer o que pede. Estou rejeitando os poderes de meu pai. Ainda quero viver. Não posso fazer isso sozinha. Não tenho tempo para fazer algo decente. Sinto muito. Escute-me, por favor.

Bebi o líquido vermelho. Esperava que fosse mesmo sangue. Caso não fosse, estaria ferrada. Podia ser veneno. Podia ser qualquer coisa. Mas pelo jeito não era. Senti como se minha essência evaporasse. Meu cheiro ainda era o mesmo. Minha aparência não havia mudado. Mas era como se algo sumisse em mim. Algo doloroso, difícil de controlar, fraco. Como se fosse uma barreira com a qual eu já estava acostumada. Ouvi a risada de Lâmia, ela havia subido na casinha. Agarrei minha mochila e pulei pelo outro lado. Uma vez havia um escorregador ali, mas o mesmo estava quebrado. Senti meu tornozelo latejar, e quando olhei para ele, vi-o em uma posição estranha, que me fez franzir o lábio. Afastei-me o máximo que pude, o que era pouco, mas Lâmia estava logo atrás de mim. Ela ria e me lançava provocações, a monstra me atirou no chão, senti o impacto do mesmo contra minhas costas, o que não foi nada divertido. Pelo jeito eu estava perdida, tudo acabaria ali.

– Vou comer você e seu namoradinho filho de Hades vai ser a sobremesa. – Lâmia disse, rindo enquanto aproximava-se lentamente. Algo em mim, uma raiva que eu conhecia um pouco, me tomou. Senti a voz sair de minha garganta em um grito abominável, uma voz que não era minha, uma voz que gritava um forte “Não”. Sem saber o que fazia, estiquei o braço direito e vi um orbe negro se formar rapidamente, esse foi lançado contra Lâmia, que um tanto surpresa, não pôde desviar e explodiu em pó dourado.

***

Haviam se passado algumas horas desde meu incidente com a Lâmia, eu havia voltado ao apartamento de tia Tereza e cuidado de meus ferimentos. Agora eu descia de um táxi e subia a colina do acampamento lentamente. Pelo jeito, não havia torcido o tornozelo, como pensei. Os poderes de Hécate ainda eram um mistério para mim, assim como tudo que a deusa fazia, assim como toda sua existência. Mas os mistérios às vezes também eram parte de mim. E era com isso que eu contava. Quando cheguei ao topo da colina, o vi. Uma pequena guerra parecia instalada no acampamento, os semideuses e um bando de guerreiros esqueletos. Avistei Peter defronte dum garoto, que estava de costas para mim. Eu já não usava a capa, apenas um short e uma regata branca que quase tornava meu sutiã visível. Desembainhei a espada e apontei para o pescoço de um semideus que encarava Peter com ódio no olhar.

– Sua mãe não te ensinou que é feio apontar a espada para os outros desse jeito, fofo?

Cortei a cabeça do garoto e encarei o olhar do rosto conhecido e agora morto. Marc. Eu havia me tornado uma agente dupla. Fitei Peter com um sorriso de canto.

– Boa noite, honey.


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Notas finais do capítulo

Yey! Gostaram? :3 Deixem comentários, perguntas, qualquer coisa, vamos adorar o que puderem fazer para sabermos que ainda acompanham :3