[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 26
Coração de gelo


Notas iniciais do capítulo

Helo aqui *-*



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Helo

“Durma bem, meu bebezinho..."

Então Éris apareceu novamente:

– Acho que já chega, agora volte, minha querida – ela disse "querida" de uma forma tão desagradável que me deu calafrios. – Tenho várias surpresinhas pra você e aqueles outros patinhos. – Deu uma risada maligna e continuou: – Mas por ora vá, e lembre-se: quando chegar a hora, vai ter uma morte tão lenta e dolorosa que até vai me implorar pra morrer.

Eu chorava e soluçava, mas não conseguia dizer nada.

– Nos veremos em breve – disse ela enquanto estalava os dedos.

Acordei com Marcy me chamando.

Então acordamos os outros e caímos em uma espécie de lago. Marcy se machucou e não quis a minha ajuda, ok , não é porque eu sou filha de Apolo que vou ficar chateada e me sentindo uma inútil porque ela aceitou a ajuda de Matt e não a minha, certo?

Matt rasgou um pedaço de sua camisa e UAU, ele era bem sarado, pena que não era hétero, senão... céus, esqueçam o que eu disse!

Peguei o primeiro turno da vigília com Marcy e ela assistiu a 45 minutos de meus fracassos tentando produzir luz. Que ótimo! A propósito, vi o conselheiro do chalé de Hades, Gee, no banho (o que foi uma experiência um tanto constrangedora). Enfrentamos um grifo que levou Peter e só então percebi que a missão estava mesmo acontecendo. Agora era real, antes estávamos apenas nos preparando para o que enfrentaríamos dali para frente.

Então daí foi tudo muito surreal, muito pra que eu pudesse processar. Matt sumiu em uma curva qualquer nos deixando tipo “AHN?”. Ficamos completamente arrasadas, havíamos perdido Matt, nosso líder, quem sempre mantinha o grupo unido mesmo em meio às muitas dificuldades, mas tivemos que continuar, agora éramos só nós três. Senti uma presença obscura e encontramos Peter, fiquei bem feliz por ele ter voltado, talvez por não saber o rato sujo que ele era.

Paramos para comer e dormir. E então veio o sonho: estávamos eu e Marcy na floresta do Acampamento, que pegava fogo e nós duas estávamos jogadas ao chão agarradas a um corpo borrado, não podia ver quem era. Nossas lágrimas poderiam formar uma cascata.

Acordei com os gritos de Peter e Marcy, ele estava fora de si, disse coisas horríveis. Assisti a ele e Marcy lutarem e não fiz nada. Falei que ela o deixasse ir e foi o que ele fez. Ele havia passado para o lado de Éris.

Ana caiu de joelhos e começou a chorar e soluçar desesperadamente. Limpei os ferimentos de Marcy e não demos uma única palavra até que voltássemos a caminhar.

– Ele não podia ter feito isso, não podia – começou Marcy bem baixinho, porém sua voz era cortante e parecia que ela iria desabar a qualquer instante.

– NÃO PODIA! – disse novamente, dessa vez berrando. Ana ainda soluçava, então eu disse:

– Vamos encontrá-lo e então conversar com ele...

– ELE É UM TRAIDOR! – rebateu Marcy.

Marcy gritava e Ana chorava. Eu não estava triste, não tinha ódio, só... um vazio. Éramos uma equipe, e de tantos deuses a quem se aliar, porque ele escolhera logo Éris? Ela havia tirado tudo de mim, minha vida, minha família, a chance de ter uma infância normal como qualquer outra criança, de jogar bet e pular amarelinha na rua. Porém eu cresci brincando com lâminas. Minha ficha ainda não caíra, parecia mais um sonho. Queria acordar e ver que isso era uma ilusão, que Peter nunca nos traíra, porém eu sabia que isso não era verdade. Peter havia nos traído.

Marcy gritava e Ana chorava.

– CHEGA! – gritei. Elas se calaram, então continuei, porém falando baixo e firme, me dirigi à Marcy. - Não fique berrando feito uma louca, ele foi embora sim, aceite o fato de que ele é um traidor. Pare de fingir que ele não faz falta porque eu sei que você se importa, que queria que ele estivesse aqui, mas ele não está porque é um TRAIDOR, ele não merece que percamos tempo e nos desconcentremos na missão pensando nele, ele merece ser ignorado como se sua presença não fizesse a mínima diferença.

Lágrimas silenciosas corriam pelas bochechas de Marcy, talvez eu tivesse pegado muito pesado, mas não me importava, elas precisavam ouvir. Me virei para Ana.

– ENGOLE ESSE CHORO! – gritei. – Já está me irritando, será que não percebe que ele se foi? Se sente tanto a falta dele, então por que não foi junto? Porque você não é uma traidora como ele, você escolheu ficar e agora vai aceitar o fato de que ele não passa de uma barata nojenta. Ele não merece as suas lágrimas, é uma cobra traiçoeira, um escorpião peçonhento que só aguarda o momento de dar o bote. – Ufa, finalmente havia falado tudo o que queria. – E não quero mais ouvir o nome Peter daqui pra frente, pra mim ele morreu.

***

Estávamos andando fazia horas, bem, pelo menos eu achava, já que não tínhamos como ter certeza estando dentro do túnel. Ninguém havia falado um palavra desde o que eu dissera.

– Acho melhor pararmos para comer alguma coisa – eu digo. – Ainda devemos ter algumas barras de cereal e água.

– Os suprimentos estavam com Peter, estamos sem nada – disse Marcy com uma aparência quase como fantasmagórica.

Estava com muita fome e sede, não sabia quanto tempo conseguiríamos ficar sem comer, mas resolvi não dizer nada. Não queria assustar Ana. Afinal, ela era a que mais estava sofrendo com essa missão. Ela acabara de chegar ao Acampamento e já havia sido nomeada Conselheira-Chefe de seu chalé. Quando já estava se habituando ao lugar, teve que sair em uma missão completamente insana que ela poderia talvez até nem mesmo sobreviver, para piorar ainda estava cega e a pessoa que amava se mostrou um traidor. Marcy era diferente, eu não conhecia sua história mas sabia que ela também estava sofrendo, olhar em seus olhos era agonizante, ver a dor estampada no seu olhar. Me sentia egoísta de pensar que a minha situação era difícil, bastava olhar para elas.

A verdade é que eu sempre quis saber como era ser uma pessoa normal. Ir para a escola e voltar para uma família que me amasse, ser fútil a ponto de que minhas únicas preocupações fossem notas e a combinação de roupas para vestir no dia seguinte. Queria conhecer o mundo lá fora, já que tudo o que eu sabia tinha aprendido em missões. Mas não escolhemos nosso destino, então tinha que me conformar.

O caminho foi se estreitando e então vimos a primeira placa.

– À frente? – leu Marcy. – O que significa isso?

– Não faço a mínima ideia.

– Gente, aqui não está ficando um pouco... frio? – perguntou Ana, que estava apoiada em mim, agora que Peter se fora.

Era verdade, meus pelos já estavam todos arrepiados. Continuamos e a uns 100 metros à frente havia outra placa. A cada segundo ficava mais frio.

– Não terá – foi minha vez de ler.

Continuamos andando e a cada cem metros aparecia uma nova placa, formando ao fim:

À FRENTE – NÃO TERÁ – SOSSEGO – QUEBRE O – CORAÇÃO – DE GELO.

Junto com a última frase havia três pares de patins, como aqueles de patinação artística. Estava realmente muito frio, estávamos com fome, sede e congelando e a cada segundo a temperatura parecia cair um pouco.

– Então nós... colocamos? – perguntei indecisa.

– E se for uma armadilha? - perguntou Marcy desconfiada.

– Temos que colocar – disse Ana, o que me impressionou muito pelo fato de ela estar cega e nem saber que se tratavam de patins, mas a profecia era clara. Ela nos guiaria, então peguei os patins.

No momento em que toquei, o chão congelou. LITERALMENTE. Abaixo de nossos pés só havia gelo e então começou a nevar. Estava tudo muito belo, o gelo formava figuras que pareciam cristais, parecia mágico.

Vestimos os patins rapidamente e me surpreendi ao notar que eu sabia patinar, mesmo nunca tendo feito isso. Ana estava um pouco desajeitada, talvez pelo fato de estar cega, mas Marcy patinava com a graciosidade de uma princesa, o que me surpreendeu. Agora estava realmente muito frio. Meus dentes rangiam e eu tremia mais que uma foca sendo eletrocutada. E o frio só parecia aumentar. Não acredito que enfrentei tudo isso pra morrer feito um picolé, fala sério!

Continuamos seguindo pelo túnel congelado.


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Notas finais do capítulo

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