[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 24
Inveja ou Remorso?


Notas iniciais do capítulo

EAAAÍ, Will aqui, se divirtam com a leitura...



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Peter

Eu acordei exasperado, tentando ouvir os sons do rugido, estavam todos de olhos abertos, nossas armas refletiam luminosidade, mas eu não precisava de claridade, sou filho de Hades, posso enxergar no escuro. Uma pata surgiu na curva mais próxima logo à frente. Helo e Matt estreitaram os olhos para tentar ver algo, então uma chama surgiu no dedo de Ana, pura magia.

– Grifo! - Helo gritou exasperada.

As cenas seguintes se passaram rápidas demais até para um filho de Hermes. Eu corri para abater o monstro, ele se defendeu dos golpes e então senti algo puxando meu sobretudo aberto que estava usando (sim, aquele túnel era muito frio), ouvi Marceline gritar e então fui arrastado. Sentia as paredes passarem por mim a uns 100 km/h, aquele grifo corria muito rápido. Por sorte eu não soltara minha espada, e com um movimento extremamente difícil eu me desvencilhei do sobretudo, sendo deixado para trás pelo animal. Ralei meus braços no chão duro, mas consegui cair de um jeito ainda um pouco confortável. Quantos metros eu havia me afastado do outros? Será que conseguiria encontrá-los rapidamente? Eu estava usando apenas uma regata laranja com uma caveira preta no meio e pouco a pouco meu corpo começou a congelar. Sozinho, se aparecesse algum monstro agora, a minha melhor estratégia era fugir, pelo menos um pouco de ética eu tinha.

O túnel naquele lugar parecia mais estreito e estava úmido, como se um rio fluísse logo acima dele. Gotas d’água pingavam aqui e ali formando poças no chão. Logo logo eu estaria com sede, seria aquela água potável? Quando fui pensar em tirar um recipiente da minha mochila, percebi que a deixara com os outros, com todos os meus mantimentos e curativos. Eu precisava encontrá-los agora mais do que nunca.

Fui retornando pelo túnel, com os olhos atentos a qualquer movimento ou som quando me deparei com três caminhos diferentes, “Merda!”, pensei. Fechei os olhos e fiz uma prece a Hécate, deusa das encruzilhadas. Por intuição resolvi seguir o caminho do meio e rapidamente percebi ter escolhido o correto, havia uma pena caída ao chão, só podia ser de grifo.

Pensei em Éris, quando eu toquei aquela luz mágica com os outros ela apareceu a mim, e eu havia aceitado a proposta dela. Mas agora eu precisava encontrar Matt, Marcy, Ana e Helo, eles estavam com minhas coisas. Lembrei-me das cenas que eu havia visto. O acampamento em chamas, das janelas da Casa Grande saíam imensas labaredas de fogo, os estábulos estavam destruídos, os chalés vazios e alguns em ruínas, ouvi o barulho de espadas e gritos de semideuses misturados a monstros a alguns metros dali. Uma guerra se expandia, vi semideuses lutando contra semideuses, monstros apoiando uns e outros, filhos de Apolo curando uns aos outros e alguns atirando flechas, vi guerreiros esqueletos do submundo emergindo e no meio deles, Marceline, invocando-os, fendas se abriam aqui e ali, fantasmas flutuavam loucos e mortos-vivos caminhavam brandindo espadas, no meio deles, uma cópia minha.

Voltei à tona e pensei em Maia, e no quanto eu sentia saudades dela, de seus abraços e daquele olhar confortante. As gotas d’água pingavam ali com maior frequência, senti uma gota cair eu meu braço e levei um pequeno susto, aquela água era escura, praticamente preta. Então ouvi uma gargalhada, que percorreu todo o túnel, forte como um trovão, e eu caí. O chão abaixo de mim se rachou e um buraco se abriu, tentei desesperadamente me segurar em algo e fiquei pendurado, uma mão segurando o beiral do chão e a outra minha espada. Levantei-a e a joguei para fora do buraco, eu não ousava olhar para baixo, senti um vento gélido passar por meus cabelos, me apoiei com as duas mãos e então... Crack! Despenquei de mãos vazias e gritando. Meu corpo tocou a superfície da água e senti um alívio imenso em perceber que estava inteiro, voltei à superfície procurando ar, olhei para cima e constatei que havia caído de uns 15 metros de altura, em um poço onde das paredes a água jorrava.

Recordei da minha infância em Londres, em minha casa havia uma piscina, uma vez eu escorreguei e caí na água, eu não sabia nadar e me afoguei, por sorte meu padrasto me salvara; desde então eu nunca mais entrara lá, eu tinha medo de me afogar. Porém com o passar dos anos, eu comecei a frequentar aulas de natação, por insistência de meus pais adotivos. Meu medo passara e eu era um ótimo nadador, olhei ao meu redor buscando um meio de sair dali. Havia lacunas entre meio às rochas que circulavam o local, talvez eu pudesse me apoiar nelas e escalar, no acampamento tínhamos atividades de escalada e eu sempre me saía bem. Foi então que eu afundei, gritei e me debati tentando voltar à superfície, mas era como se a água me puxasse para baixo. Morrendo afogado... minha cabeça começou a latejar, ouvi vozes, gritos, olhei para cima e vi o contorno de três silhuetas femininas. Meu corpo começou a subir, subir e subir até eu estar completamente fora d’água, eu continuava subindo, eu estava flutuando. Vi o rosto de Helo, Ana e Marceline, Ana estava com os olhos fechados e com dois dedos apoiados nos opostos de sua fronte na cabeça.

– Agora para o lado – dizia Helo dando comandos para Ana.

– Peter! – gritou Marcy me agarrando.

– Eu sabia que era você – dizia Helo segurando minha espada e entregando-a.

Ana se agarrou em mim e me deu um beijo, entrelaçou seus braços no meu corpo e eu senti o gosto de lágrimas junto com o sabor de seus lábios.

– Nunca mais vá embora. Prometa – disse ela “olhando” para mim.

– Eu prometo – senti como se algo estivesse errado e então me toquei. – Onde está Matt?

– Ah Peter, ele desapareceu logo depois de você, em uma curva, como se evaporasse, sem monstros, sem gritos – Helo estava com os olhos baixos e tristes.

– Minha mochila...

– Aqui – disse minha irmã entregando-a. – Temos que nos manter o mais unidos possível, não podemos nos separar, seria... horrível.

– Eu que o diga.

– Precisamos achar o Matt – comentou Ana de mãos dadas a mim.

Fomos nos afastando daquele lugar, indo em direção de onde eu acabara de vir. Ana dizia que o caminho era aquele e todos confiávamos nela. O túnel foi estreitando, como eu havia previsto a elas. Não sabíamos que horas eram, nem que dia. Minha barriga começou a roncar, nos sentamos em círculo e retiramos algumas coisas das mochilas, bebi um pouco da água de Marcy e me certifiquei antes se aquela era realmente transparente. Comi um sanduíche preparado e aquecido por Ana e mordisquei uns pedaços de biscoitos.

– Eu estou muito cansada – disse Helo. – Quando isso vai acabar?

– Não faço ideia – respondeu Ana. – Eu também estou cansada, podemos fazer uma pausa novamente?

– Claro – falei com um leve sorriso no rosto. – Descansem vocês duas, eu e Marcy podemos ficar de vigia, não é, mana?

– Sim, podemos sim – disse ela bocejando.

Guardamos os alimentos de volta nas mochilas e eu me escorei na parede, olhando minha espada. Rapidamente, as garotas dormiram e eu fiquei observando a respiração frenética delas, com certeza estavam sonhando, deduzi não serem sonhos bons, mas elas precisavam descansar, precisavam recompor suas energias.

– Você me lembra tanto o Will – Marcy estava olhando para mim. Meu coração acelerou, “Não fale dele”, pensei. – Não só na aparência – ela continuou –, mas no modo de agir, vocês são semelhantes demais, como se ele... – Tentei me controlar. - Como se ele... não sei explicar. – Respirei fundo.

– Por que você não tenta dormir também?

– Por que você sempre foge do assunto Will?

– Porque eu tenho raiva dele – respondi secamente, minha cabeça começava a esquentar.

– Mas Peter, ele é seu irmão! Seu irmão gêmeo! Sangue do seu sangue, mais do que eu e você. Você precisa aceitar o fato de que...

– Eu não preciso aceitar fato nenhum – falei em um tom mais alto.

– Ah, você precisa sim – ela começara a enraivecer-se também.

– Marceline! Eu tive uma vida inteira escondida de mim! Por culpa de quem? Desse garoto! – disse com desprezo. – E culpa também desse nosso pai ridículo que temos, e minha mãe?? Ela simplesmente aceitou me separar deles. Como se eu não valesse nada! Como se eu fosse um mero RATO que nascera prematuro, uma cópia mal feita de meu irmão Will perfeito, o verdadeiro herói da história.

– Pet... – Marcy começou a falar. Helo e Ana acordaram assustadas com as vozes.

– Calada! Eu quero falar! – ela me encarou com raiva, o sangue fervendo em sua cabeça. – Como se não bastasse, todos vocês que se diziam meus amigos, ficaram me comparando a ele, porém, eu sei! Sei que vocês o preferem - apontei para elas -, sei que vocês querem ele e não a mim. Éris me mostrou cenas, cenas que me fazem querer CUSPIR em vocês.

– O que está havendo aqui? – disse Helo com uma cara de espanto, mas ninguém disse nada.

– ÉRIS! PETER, ELA...

– JÁ MANDEI VOCÊ SE CALAR! Escutem aqui – lágrimas jorravam do rosto de Ana e ela dizia baixinho pondo as mãos no ouvido “Parem! parem!” – Eu sei, ninguém gosta de mim. Eu não quero que vocês gostem... Pra mim é uma HONRA vocês não gostarem de mim. Porque glorifica que eu sou diferente e eu estou feliz em ser diferente! Gente... vocês são nojentos! – Peguei minha mochila e me virei para sair dali, senti uma mão apoiar em meu braço livre, me virei e minha espada raspou no olho direito de Marceline, cortando-o em um risco vertical de cima a baixo. Ela gritou e brandiu a espada, lutamos por alguns segundos e ela conseguiu fazer um corte bem parecido no meu olho também, porém no esquerdo e na diagonal, um não, dois, lado a lado como uma retribuição em dobro.

Ana ouviu os gritos e se jogou na frente de nós dois.

– PAREM! – gritava ela.

– MARCELINE! – gritava Helo. – Pare! Deixe que ele vá embora! Ele escolheu o caminho dele, deixe-o seguir!

– Vem comigo, Ana?

– Peter... eu não posso.

A luta cessou e eu me retirei, com meu olho sangrando, eu andava apenas com o direito aberto, estava com minha mochila e com Penagem, era isso que importava, eu iria achar uma saída, iria-me por ao lado de Ares, e acabaria com aqueles semideuses imbecis.

O tempo foi passando e eu andava sozinho naquele túnel, estava tudo escuro, mas eu enxergava, me apoiei na parede e sentei, eu precisava de um contato com Éris, Ares ou Nêmesis, algum deus que me tiraria dali naquele momento. O sono veio rápido, mas os sonhos não. Eu apenas dormi, por um longo período, mas sem mensagens ou cenas. Acordei, olhei para os lados, me levantei e segui em frente, os passos ecoando no túnel.


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Notas finais do capítulo

:3 Gostaram? kkkk tretas, tretas, tretas



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