[Insira seu título aqui] escrita por Helo, William Groth, Matt the Robot, gomdrop, Ana Dapper


Capítulo 17
Uma proposta tentadora


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui é a Yara de volta. Espero que gostem :3



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Marceline

O nível de estresse de um semideus pode aumentar muito quando o mandam numa missão fadada ao fracasso. As missões são sempre problemas dos deuses que jogam nas nossas costas, mas essa estava se superando pelo fato de (1) estarmos andando feito bobos por aí à procura do tal túnel-da-irritação-construído-para-tornar-a-vida-da-Marceline-um-inferno-maior-ainda, (2) sonhos cem vezes mais perturbadores, (3) a filhinha de Apolo estava me irritando mais que o normal, (4) a frescura de Peter e Ana já estava me irritando (ASSUMAM LOGO!), (5) missões me irritam, (6) deuses me irritam, (7) sou uma pessoa muito irritada, (8) preciso urgentemente de um terapeuta/psicólogo.

Depois de passar bastante tempo procurando o tal túnel naquele parque abandonado, ser ameaçada por um mortal estúpido e cair no esgoto, eu estava exausta e me convenci de que nada mais podia dar errado. Pensamento equivocado.

Estávamos cercados por cerca de uma dúzia de garotas muito bem vestidas – e armadas, diga-se de passagem –, cada uma usava um lindo vestido de seda, joias e braceletes de ouro e pedras preciosas, eram de uma beleza estonteante. Eu estava parada, paralisada pelo choque. Nós tínhamos sido cercados, desarmados, rendidos, e feitos de reféns em pouquíssimos segundos e eu fiquei ali parada sem fazer nada, sem agir. Eu me sentia mal. Isso não poderia acontecer de novo. Eu não aceito ser derrotada tão facilmente. Não posso ser derrotada tão facilmente.

– E aí, gente – eu disse. – Não reparem em nós, meninas, só estamos procurando o tal do túnel do medo, fiquem aí com suas joias e vestidos. Olha, Helo – disse olhando pra ela –, você devia perguntar onde elas compraram os braceletes, quem sabe não fica mais brilhante.

– Marcy!- repreendeu-me Matt.

– Então vocês vieram do Acampamento – disse uma garota de cabelos ruivos e olhos negros que era aparentemente a líder. – A Chefe vai gostar disso!

– Que chefe? – perguntou Matt.

– Vocês vão ver – ela respondeu, e juro que parecia estar dando um olhar malicioso para Matt.

– Sabe o que é? – intervim. – Nós adoraríamos ficar, mas precisamos realmente ir, sinto muito. Mas mande lembranças à chefe.

– Vocês vêm com a gente – ela disse autoritária –, e não é um pedido.

Nós saímos do esgoto e andamos quase meio parque, paramos ao lado da montanha-russa, elas abriram uma portinha, como a de um porão, e entramos nela.

Ao entrar, não consegui evitar o “Uau”, o lugar era simplesmente magnífico. Em primeiro lugar, era enorme, possivelmente bem maior que o parque em si. Segundo: era lindamente lindo, as paredes todas revestidas de ouro e pedras preciosas, a mobília de dar inveja até nos próprios deuses. Seguimos as garotas por um corredor, passando por várias salas onde outras garotas treinavam lutas corporais, com armas e... Magia. Elas nos levaram até uma sala e quando aquela porta se abriu, entrei em choque. Primeiro: a sala do trono era ainda mais magnífica que o resto do lugar, nas paredes havia várias pinturas de mulheres praticando magia, algumas imagens de Hécate e de algumas outras feiticeiras. Segundo: a garota sentada no trono devia ter uns quinze ou dezesseis anos, estava vestida apenas com uma regata preta e um short jeans surrado e ainda assim era tão bela que a própria Afrodite deveria se ajoelhar e implorar por uma benção. Terceiro: eu a conhecia.

Quando ela nos viu, se levantou e veio em nossa direção. Tinha longos cabelos negros e olhos castanho-claros.

– Minha senhora – a primeira garota se ajoelhou numa forma de respeito e as outras a acompanharam.

– Não é possível – ela murmurava encarando Peter. – Marceline... Helo... O que é isso? – ela agora me encarava.

– Vocês a conhecem? – perguntou Matt.

– O que está acontecendo? – murmurou Ana.

– Essa é Samilee – expliquei –, a namorada de Will. Samilee, esses são Matt, Ana e... Peter, meu irmão, e como você deve ter notado, irmão gêmeo de Will!

– Então é você... – Peter disse boquiaberto.

Eu pensava sobre a Samilee. E dava pra ver que a Helo pensava a mesma coisa. Ela mudou, e muito. Ninguém sabe o que aconteceu depois que ela sumiu do acampamento, mas depois disso, ela parecia mais durona, mais confiante, mais forte. Como se nada pudesse abatê-la, como se ela fosse indestrutível. E acima de tudo, ela tinha se tornado uma pessoa a quem você olha e percebe que é aquele alguém que se deve respeitar, ela tinha virado uma líder. E eu diria que uma líder extremamente versátil em batalha, totalmente diferente daquela garota sorridente e feliz que dormia toda hora por causa da enorme energia que a magia tomava dela.

– Isteene – Samilee chamou e a garota ruiva atendeu –, leve-os para a sala de jantar, chegarei em seguida!

– Sim senhora – Isteene respondeu nos levando pra fora.

A sala de jantar era enorme, nós nos sentamos à mesa e algumas garotas serviam a comida. Eu sabia que não devíamos comer, podia ser uma armadilha e tal. Mas fale isso para o meu estômago.

– Gente, e o túnel? – perguntou Ana depois de engolir alguns bolinhos.

– Ainda temos tempo – respondeu Matt. – Deuses, isso está muito bom.

– E talvez Samilee possa nos ajudar – eu disse.

– É isso aí – disse Matt se convencendo.

Após cerca de 15 minutos, Samilee adentrou a sala com uma bolsa pendurada nos ombros e sentou-se à mesa.

– Vou ser direta – ela disse –, o que fazem aqui?

– Estamos numa missão – Matt se adiantou –, e temos um prazo bem curto.

– Entendo – disse pensativa –, os deuses sempre arrumam uma forma de nos controlar, mas eu arrumei um jeito de me livrar deles, bom, da maioria.

– O que exatamente vocês fazem aqui? – perguntou Helo.

– Somos como uma escola, onde as garotas aprendem as maravilhas da magia – Samilee explicou.

– Tipo Hogwarts? – perguntou Peter.

– Não exatamente – ela sorriu. – Somos seguidoras de Hécate, minha mãe. Isteene, por exemplo, é uma filha de Ares, que desistiu de tudo para seguir o caminho da magia. Eu fui uma das garotas de Circe, aprendi muito com ela. Até que ela foi derrotada... Mas eu sigo muitas de suas técnicas, e aqui essas meninas têm abrigo, amor e família. O que mais vão querer?

– Como conseguiu fazer tudo isso? – perguntei.

– A magia pode tudo!

– Bom, espero que possa nos ajudar – disse Ana. – Já que somos, hum... Irmãs!

– Ah claro, sim, nós somos. – Ela sorriu. – Vocês poderiam ficar aqui, aprender a magia...

– Adoraríamos – disse Helo –, mas temos compromissos...

– Tudo bem, eu entendo. Mas podem passar a noite aqui, descansar.

– Acho que não há problema – concordou Matt.

Elas nos levaram para os quartos – os quartos mais lindos que já vi na minha vida – e lá passamos a noite. Eu, é claro, fui invadida por vários pesadelos.

Começou num túnel escuro, eu estava sendo perseguida por alguma coisa, mas dessa vez não estava sozinha, Helo e eu corríamos juntas, de mãos dadas. Corríamos apavoradas procurando uma saída, mas não encontrávamos nenhuma. Então parávamos de repente e a Ana aparecia como se estivesse em transe, alguma coisa me dizia que ela sabia aonde ir, mas ela negava e nos perdemos. Depois vi Matt amarrado a uma roleta, desmaiado. Tentei ajudá-lo, mas o sonho se desfocou e me vi em uma floresta, ao longe Hezel e John corriam com armas na mão. John tinha um corte na perna e Hezel alguns nos braços, algum tipo de monstro os perseguia. Não entendi o motivo de estarem fora do Acampamento, mas não tive muito tempo para pensar nisso. O sonho mudou de novo e vi Peter ajoelhado no escuro, estava de olhos fechados e lágrimas escorriam pelo seu rosto, eu tentava chamá-lo, mas minha voz não chegava até ele. O sonho se desfocou e me vi no Acampamento, uma batalha estava acontecendo, mas, ao contrário do que eu imaginava, lutavam uns contra os outros. Vi Charlie e Luc travando uma sangrenta batalha, irmãos lutando uns contra os outros, alguns destruíam as estátuas dos deuses. Quando comecei a correr até lá, senti algo me puxar para trás e me atirar longe. “Esse é seu futuro, pequena semideusa. Contemple-o!”.

Acordei com a batida de Matt na porta do quarto.

– Acorda, bela adormecida!

Tomamos café, e foi na hora de sair que as coisas ficaram estranhas.

– Vocês não podem sair – disse Samilee, quando perguntamos quando poderíamos ir.

– Como assim? – Ana perguntou confusa.

– CALADA! – ela gritou para Ana.

– Hum, Samilee... – eu comecei a protestar.

– Isteene – ela chamou –, leve os garotos para provarem de nosso shake especial.

– Claro – Isteene sorriu.

– Pra onde vão levá-los? – perguntei.

– Para um lugar onde recebam o tratamento merecido – ela respondeu.

E assim ficamos Helo, Ana e eu com Samilee.

– E vocês, garotas, tenho uma proposta para vocês duas – ela disse apontando para Helo e eu.

– E quanto a mim? – perguntou Ana.

– Você, garota – Samilee disse com cara de nojo –, você não tem valor, não para mim. É fraca, não tem a mente de uma guerreira. Você só se preocupa em ser bonita, e se as pessoas te acham bonita. Beleza não ganha guerras. Você é uma desonra para minha mãe, e para a família. Envergonharia a fraternidade. Não queremos uma garotinha, queremos guerreiras. Desse jeito parece mais uma filha de Afrodite. Poupe-me.

–Samilee - falei, um pouco emocionada. - Quanto tempo? Por que você fugiu? O que aconteceu?

–Calma. Muitas perguntas. E você sabe por que fugi, eu simplesmente não podia ficar lá, sabendo que... - e ela suspirou exausta.

–Mas Samilee, nós ficamos preocupadas com você. Imagina o que você deve ter passado... - a Helo começou.

–Antes que vocês comecem, sim, eu passei por dificuldades, mas agora estou aqui sã e salva. Esse lugar foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Eu não sou mais aquela garota fraquinha. E é por isso que eu queria conversar com vocês

–Como assim? - falei.

– Você, Marceline. Gostaria muito que você e Helo se juntassem a nós. Aprender a magia... – eu já não mais a ouvia, imersa em meus próprios sonhos. Ser uma feiticeira, morar naquele palácio, poder fazer o possível e o impossível. Tentador, admito que quase murmurei um “Sim, eu aceito”, mas me obriguei a voltar à realidade. Eu não podia abandonar tudo, a missão tinha que ser cumprida, eu precisava salvar meus amigos, e eu queria voltar, eu tinha meus amigos, tinha meus irmãos, tinha... John. Não, eu não podia simplesmente abandonar tudo, precisava continuar e lutar junto com meus amigos. Um olhar de entendimento passou entre mim e Helo, e concordamos.

– Confesso ser uma proposta tentadora, Samilee. – Eu expliquei. – Mas não posso simplesmente abandonar tudo.

– Não podemos – concordou Helo.

– Nós e os garotos precisamos realmente ir – eu disse.

– Hum, complicado – ela respondeu.

– Onde eles estão? – Helo perguntou.

– Onde merecem estar – ela deu de ombros e nos guiou até uma sala.

Isteene segurava uma gaiola, e lá se encontravam dois porquinhos-da-índia. Um todo preto e o outro num tom de laranja com branco. Peter e Matt, pensei.

– O que você fez com eles? Ai meus deuses! – Helo estava boquiaberta.

– Traga-os de volta ao normal, Samilee – pedi. - Por favor.

– Os homens não são merecedores – ela disse friamente.

– Samilee – sussurrei –, por Will.

Ela me olhou como se eu tivesse enfiado uma faca em seu peito.

– Um dia você entenderá, Marceline. Entenderá minha dor – falou fitando o teto. – Você já entende, não é mesmo, Helo?

Helo engoliu em seco. E eu também. A dor da Helo foi em grande parte causada por mim, e não me orgulho disso.

– Muito bem, solte-os, Isteene – ela ordenou. – E traga-os de volta à forma humana.

– Obrigada – eu e Helo agradecemos em uníssono.

Quando Peter e Matt já estavam na forma humana, fomos arrumar nossas coisas, elas nos deram novos suprimentos e roupas.

– Até logo - eu disse com um meio sorriso.

– Marceline e Helo. Preciso falar com vocês, a sós – ela pediu.

– O que foi? – perguntei assim que nos afastamos.

– Minha proposta estará sempre de pé, vocês duas são mais que bem-vindas em meu lar – ela sorriu. – Vocês darão ótimas feiticeiras.

– Obrigada – agradeceu Helo.

– Vocês precisam ser fortes, muita coisa ruim está por vir. Mas... – ela nos entregou dois cristais brilhantes – ...se precisarem de mim, é só chamar.

– Obrigada de novo – falei.

Coloquei-me ao lado de Peter na hora em que íamos subir, e pude ouvir Samilee sussurrar em seu ouvido um “Eu e você nos veremos em breve, não terminei com você ainda.”

Num jato de luz branca chegamos às portas do parque, era cerca de meio-dia.

– Isso foi esquisito – reclamou Matt. – Me lembrem de da próxima vez trazer escudo contra feiticeiras malucas.

– Não haverá próxima vez – expliquei.

E lá vamos nós de novo, como marionetes.


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Notas finais do capítulo

Hey, e aí? Gostaram? Deixem reviews :3
P.S.: um agradecimento especial ao meu querido João que me ajudou



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