Tudo o que Sou escrita por Samantha Silva


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários.
Infelizmente durante a semana é complicado respondê-los, pois o tempo é muito corrido, mas no fim de semana falo com cada um de vocês. ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/457252/chapter/9

Thomas estava esperando do lado de fora, enquanto Jorge conversava com Brenda dentro da enfermaria. Já estavam a sós há muito tempo.

Tudo bem que se fosse caso de perda de memória mesmo, muitas coisas deviam ser ditas, mas ele estava impaciente, preocupado e prestes a quebrar qualquer protocolo e entrar naquele lugar para interrompê-los e dizer que ele não podia ser excluído daquele momento, pois era essencial na vida de Brenda

Pelo menos gostava de acreditar que sim.

Andava de um lado para o outro, pensando em como as coisas saíram do eixo de repente. Quando tudo que faltava para resolver sua situação com Brenda era dar-se conta de que gostava dela e queria ficar com ela – o que ele tinha conseguido -, Brenda simplesmente não o iria querer mais, simplesmente porque não se lembrava dele.

Se não estivessem a salvo naquele lugar, seria capaz de jurar que tratava-se de mais um teste do CRUEL.

Estava prestes a entrar, quando a porta se abriu e Jorge apareceu.

– E aí? Como ela está? Realmente perdeu a memória?

Jorge tocou-lhe o ombro e o fez parar de andar.

– Sim, muchacho. Brenda não se lembra de muitas coisas.

– Até onde ela se lembra?

– Até, bom – Jorge parecia entender o peso de suas palavras, - um pouco antes de nos conhecermos lá nas ruínas.

Brenda já havia demonstrado não se recordar de Thomas, mas escutar a certeza disso nas palavras de Jorge o deixou arrasado. Escorou-se na parede e escorregou até o chão sentando-se sem saber o que fazer.

Jorge sentou-se ao seu lado e dando tapinhas em seu joelho, tentou consolá-lo.

– Não me parece permanente, enquanto conversávamos ela teve alguns vislumbres de algumas coisas recentes, disse que não conseguia entender muito o que via, mas que parecia real.

– Tomara que esteja certo. Eu achei que estava prestes a perdê-la ontem, mas ela sobreviveu e me iludi achando que tudo se ajeitaria e ficaríamos juntos. Mas fui tolo, não é? Era cedo demais para planos. Acabei a perdendo de qualquer forma.

– Você não a perdeu. Ela está viva e bem. E tenho certeza de que te achou um rapaz muito atraente, muchacho. - Ele riu e Thomas o encarou como se ele estivesse louco. - Então, tem chances de conquistá-la

– Ah, claro – ironizou. - Pela forma como me tratou ela não deve estar muito disposta a me dar uma chance.

– Ela estava assustada. Acordou em um lugar estranho, sendo acariciada por um desconhecido que demonstrou intimidade demais, não foi...

– Ah ela contou? - questionou Thomas, constrangido.

– Claro que sim. E também contei a ela que vocês realmente são íntimos, que passaram por muita coisa juntos e que são grandes amigos.

– E o que ela disse?

– Que quer te ver.

– Sério? - os olhos cintilantes de expectativa.

Jorge riu da reação exagerada. Levantou-se e estendeu a mão para ajudar Thomas a se levantar também.

– Muito sério.

Dirigindo-se até a porta, Thomas podia sentir o coração querer saltar pela boca. Estava louco para ver Brenda e preocupado com como as coisas seriam dali pra frente. Ela não o conhecia mais. Será que seria capaz de se apaixonar por ele novamente? Não. Ele sequer conseguia entender como ela havia sido capaz na primeira vez.

– Ela está te esperando - avisou Jorge. - E está debilitada demais para que possa te atacar, então, sem neura. Entre de uma vez.

Os dois trocaram um olhar de encorajamento e Thomas entrou, fechando a porta atrás de si.

Ao entrar ficou surpreso quando viu Brenda sentada na maca, as costas apoiadas na parede. Ela parecia bem, havia ajeitado o cabelo em uma trança caída sobre o ombro. Estava linda, para variar.

– Oi – ela cumprimentou nitidamente sem graça.

– Oi – respondeu Thomas se aproximando.

O silêncio ameaçou engoli-los, mas como não era o que Thomas queria, tratou de pensar em algo para dizer, antes que perdesse a coragem.

– Jorge te contou tudo?

– Acho que tudo é muita coisa, vai levar um tempo, mas creio que o mais importante ele contou.

– E como se sente em relação a isso?

Brenda o encarou por um breve momento, como se tentasse entender a pergunta antes de respondê-la. Thomas sustentou o olhar, decidido a ser o garoto obstinado e corajoso que ela havia conhecido.

– Acredito em tudo que ele me disse, mas algo em particular está custando um pouco a entrar na minha cabeça.

– E o que seria? - sentindo que o clima começava a melhorar, sentou-se na beira da maca, o mais próximo que conseguiria ficar dela, sem intimidá-la.

– Você – a resposta veio acompanhada de um meio sorriso, o que deixou Thomas confuso.

– E posso saber por quê?

– Sinceramente, não consigo acreditar que alguém com essa cara de bom moço tenha me ganhado tão facilmente.

– O quê!? - a surpresa em cada sílaba.

– É, eu sempre me considerei exigente nas minhas relações de amizade. Como posso ter me tornado a melhor amiga de alguém que me ama tanto a ponto de congelar e não conseguir me salvar? É meio decepcionante, sabe?

Havia ironia e escárnio em cada ponto do rosto de Brenda e, enquanto Thomas decidia se gostava daquilo ou não, um sorriso se formou nos lábios dela e ele teve certeza de que amava tudo aquilo.

Sua amiga estava de volta, se não a memória, pelo menos a personalidade.

– Não foi por você. Foi desesperador imaginar que as crianças não teriam quem as mandasse tomar banho e jantar.

Os dois se olharam e riram.

– Você parece um cara legal, Thomas. - Brenda se ergueu um pouco para conseguir dar um tapa leve no braço dele. - Desculpe não me lembrar.

– Tudo bem, você não tem culpa.

Sem se dar conta do que estava fazendo, Thomas tocou o local em seu braço onde segundos antes Brenda tinha batido. Brenda notou o gesto e foi ao ver uma pergunta nascer nos olhos dela que ele percebeu o que tinha feito e logo fingiu coçar o braço. Respirou aliviado quando Brenda pareceu acreditar em sua intenção.

– Quero que me conte as nossas aventuras – pediu ela animada. - Jorge me disse que somos uma dupla e tanto, quero provas de que não me enganei ao me juntar a você.

– Está pronta para a melhor história da sua vida?

– Sim!

– Certo. Tudo começa quando eu, sozinho, salvei algumas pessoas de um labirinto e termina quando salvei todos e os trouxe para cá.

– Ah, cara, seja menos convencido, por favor! - pediu Brenda em um tom exagerado de súplica., lhe tacando um fiapo do pano que prendia sua trança.

Os dois riram e Thomas recomeçou a história, a verdadeira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!