Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 24
Sinto por ti


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho demorado a postar porque estou com muita dificuldade em algumas matérias e estou tentando me concentrar nos estudos, mas prometo que vou encontrar mais tempo...principalmente porque as férias estão chegando ♥



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A chuva caia serenamente, tão fina que mal podia ser notada. Podia sentir o frescor que trazia a minha pele e a calmaria ao tempo e sozinha ali, diante ao corpo recém enterrado de Eve, notei que ela era a única coisa que me aquecia . Em meu peito, podia sentir a enorme pedra de gelo que havia assumido o lugar do meu coração que um dia pulsara com fervor, minhas mãos endurecidas, assim como meu corpo sem nenhuma expressão, não tinha como me sentir pior . Eu tinha tentado contatar qualquer pessoa que a conhecesse, que se importasse, ou pelo menos alguém que a amasse o suficiente para dizer algumas palavras, porém não havia ninguém . Aquela que agora descansava sem vida sob a terra, não tinha nenhuma família, amigos ou sequer um namorado, ela havia sido uma presa ideal para os Volturi e agora que se fora, não havia ninguém para chorar por sua morte, ninguém além de mim, que a matei.

De alguma maneira, eu sabia que estava morta . Me doía ter de aceitar que a cada dia que se passava, as chances de recuperar minhas memórias se tornavam cada vez menores e com elas a minha única esperança de voltar a ser mais humana. Me pergunto se alguém sentiu a dor da minha perda, chorou por mim quando teve de aceitar que eu não poderia estar viva . Quando o carro dos Volturi retornou, entrei em silêncio, levando comigo toda a minha raiva, arrependimento, culpa, tristeza e amargura, fazendo a promessa de não deixar que aquela mulher se perca com o passar dos anos... eu chorarei por sua perda, chorarei junto a seu túmulo por uma eternidade e mais .

Tentei ignorar a nova humana que havia assumido o lugar de Eve . Ela se mostrou muito respeitosa, provavelmente já sabia quem eu era, portanto me recebeu com um entusiasmo enorme. Podia sentir seu cheiro da entrada, e soube que aquela era a maneira de Aro me mostrar que por mais que eu tentasse fugir de mim mesma, eu ia me tornando cada vez mais parecida com eles. Abri as portas e tentei também não focar em Caius ou Azazel . Faziam exatos dois dias que eu não dizia uma sequer palavra, não conseguia, e ao menos compreendiam o tempo que eu precisava e não haviam tentado uma aproximação . Troquei de roupa, vestindo o que já havia sido escolhido para mim, era um dia de reuniões e o clã passaria o dia no salão principal, o mesmo onde o corpo de Eve havia passado por horas. Me aprontaram e me levaram até o salão, não me senti capaz para me sentar em minha cadeira e assistir Aro arrancando cabeças de vampiros ou fazendo o que quer que fosse fazer, por isso me sentei em um piano que havia em um dos cantos da sala que até o momento havia passado despercebido .

Eu pude ver diferentes tipos de vampiros entrarem, diferentes coisas acontecendo. Uns estavam ali para dedurar aqueles que desejavam ver mortos ou em desgraça, outros estavam atrás de favores e inclusive haviam aqueles que estavam ali para implorar por uma vaga junto aos Volturi. Eu já nem mais percebia as horas passando, não mais notava nada que acontecia, apenas permanecia submerça em meus pensamentos, vizualisando um monte que ainda não acreditava . Nos últimos dias, tinha vivido coisas que poderiam me fazer acreditar que estava ficando louca, porém a minha sanidade é a única coisa que ainda me resta, então me recuso a acreditar que estou perdendo a cabeça . Um silêncio se fizera ao meu redor, voltei meus pensamentos para a sala que agora estava cheia, vampiros diplomatas aristocráticos, bem vestidos e pomposos me observando com cuidado. Olhei para Caius e Azazel que mantinham seus olhos presos em mim, retornei minha atenção para minhas mãos e notei que tocava o piano sem perceber. Eu podia ter perado, o medo me fizera desejar isso, mas em vez disso, fechei os olhos e permiti que a melodia, aquele doce sentimento, me guiasse do fundo do meu peito apenas por mais alguns segundos .

Era quase como se eu pudesse ouvir a chuva novamente, soando mais forte, senti-la contra a minha pele . Abri e tornei a fechar os olhos e por um instante, pude me ver em meio a mata, estava molhada, porém não estava assustada, estava inspirada e cheia de vontade, cheia do desejo de vida, um desejo que eu como Makena, não o conheço . Abri um sorriso e finalizei a canção, pausei as mãos em meu colo e me levantei, caminhando então em direção a minha cadeira, me sentando ao lado de Caius.

– Continuem . - Disse quase em um sussurro ao notar que ainda me observavam atentamente .

– Comentávamos que não será nada fácil encontrar o anjo perfeito para o ritual . - Disse Azazel colocando-me a par do que falavam .

– Ritual ? - Perguntei por perguntar, não estava de fato interessada .

– É um dos entreterimentos do festival... na terceira noite, durante o ápice da lua de sangue, um anjo perfeito realiza uma dança para a lua, como se fosse uma oferenda para a mãe... - Resumiu ele .

– Ah sim - Concordei. - Posso ver o que consigo fazer . - Eu não sabia por onde começar a procurar, mas tudo aquilo havia começado por minha causa.

– Que bom que falou isso . - Disse Aro animado . Olhei-o confusa e ele logo continuou . - Seja no piano como dançando, jamais vi criatura mais perfeita do que você minha bela joia . - Disse Aro enchendo sua voz com um profundo estado de carícia .

– Makena ? - Perguntou Caius . Por seu tom notei que ele não apenas achava que aquela não era uma boa ideia, como não gostava nenhum pouquinho .

– Eu faço . - Concordei suspirando . - Senhor . - Abri um sorriso simples e então me levantei, acreditando não mais ser necessária ali .

– Makena, ainda precisamos do seu voto ... - Tentou me impedir de deixar a sala .

– Faça as palavras de Azazel as minhas, ele ainda é o meu noivo . - Eu sabia que já não éramos mais um casal rumo ao altar, porém além de não desejar ficar ali, ele era o mais sensato e humano naquela sala, o único em quem confiaria .

Fui puxada para um canto diferente. Estava pronta para protestar quando notei que na verdade era a única pessoa que desejava ver. Theo estava com um olhar apreensivo e nele tentei ver mais, porém notei que estava fraca, pois apenas tentar me deixara tonta . Segurou em minha mão e me conduziu para uma sala bem longe de onde estávamos, onde pude ouvir uma melodia quase mágica. Segurou-me em seus braços, um deles envolvendo minha cintura, o outro me endireitando enqunato segurava minha mão. Minha cabeça nivelada a sua, meus olhos presos aos seus e então foi inevitável conter um sorriso, eu não sabia o que pretendia, mas já me sentia melhor e brevemente mais leve .

– Pelo que ouvi, você será o anjo . - Disse antes de começarmos o que quer que fosse que ele planejasse .

– Estava ouvindo , senhor ? - Perguntei arqueando uma das sobrancelhas.

– Bem, o festival vem atraindo as atenções por aqui e eu sou um dos poucos que pode andar por essas bandas . - Disse começando a me conduzir a medida que as batidas se tornavam mais densas .

– Aparentemente, serei o anjo . - Concordei, não pedindo por mais explicações .

– Provavelmente uma sacerdotiza a ensinará o que tem que fazer, mas não me importarei de a ajudar com as demais danças - Fiquei confusa por um segundo, porém podia notar que ele dançava muito bem . - O festival, é mais do que uma festa de adoração, é mágico... foi usado para uniões de vampiros, coroações e qualquer coisa que imagine que seja digna de uma lua de sangue .

– Disso eu não sabia .

– Se precisa de um tema, magia é a sua resposta. - Disse enquanto continuava a dançar, complicando cada vez mais os passos . - Conheço a vampira que poderá a vestir da cabeça aos pés, assim como aquela que lhe dará as joias certas... o anjo deve ser o destaque, desde os primórdios da festa, até as últimas vibrações .

– Senhor, está oficialmente contratado como meu assistente pessoal para me ajudar com todos os preparativos . - Disse sorrindo continuando a dançar.

Eu não havia errado. Naquele dia, eu havia tido de fazer diversas escolhas e ele sabia a resposta para tudo. Enquanto eu pensava em cores suaves , ele indicava para tudo o que havia luz, cor ou que parecia ser surreal. Suas ideias de decoração, pareciam ter sido premeditadas a tempos e não poderiam ser melhores, ideias que me fizeram vizualizar perfeitamente o que eu queria. Claro, que eu sentia que havia algo errado por trás de seu súbito interesse em me ajudar com aquilo, porém, em seus olhos eu não via nada além de bondade, por isso, qualquer coisa que aquele coração planejasse, me seria bem vinda a essa altura do campeonato . Por mais que meu coração ainda pesasse, eu me sentia melhor, mais distraída, ele me fazia bem, o que me fez desejar fazer algo por ele, mesmo sem o conhecer tão bem.

– Tem feito um bom trabalho. - Disse Azazel assim que me encontrou sozinha. Eu estava em um dos escritórios, envolta por tercidos azuis e algumas fotos para a decoração .

– Não fiz sozinha . - Completei com um sorriso. Senti suas mãos em minha cintura e me virei assustada, notando que estava prenssada contra a mesa de madeira e ele .

– Anjo... - Sussurrou, se aproximando de meus lábios. O olhei confusa por alguns segundos. - Prometa-me que não irá sozinha ao festival. - Acrescentou em sussurros ainda próximo a mim .

– Mas... acontecerá aqui - Acrescentei, começando a também sussurrar.

– Por isso mesmo... - Disse me apertando um pouco mais - Entenda que eu não posso a perder novamente. - Eu não poderia explicar, mas naquele momento, senti algo diferente... algo como um aperto no peito.

– Seja meu par...- Sussurrei. Dominada por um sentimento ainda mais forte e ainda mais estranho, eu o beijei calmamente. O beijo era tranquilo, porém me envolvia cada vez mais. Era uma boca desconhecida, porém provocava sentimentos muito profundos. - Seja meu par para uma vida... Anael . - Assustei-me . Aquela era uma frase pronta, uma frase que não havia sido dita por mim... bem, tinha saído de minha boca, porém eu a dissera sem desejar a dizer. Emma ...


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