Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 1
When a wolf tries to run away


Notas iniciais do capítulo

03.06.2018



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Perdida em meio a pensamentos embaralhados, com a visão embaçada pelo meu próprio sangue, não sabia para onde estava sendo levada, com que propósito ou motivo, ou compreendia qualquer razão. Agora, eu já não mais possuía certeza alguma, com a cabeça preenchida por densa névoa negra, apenas três coisas me eram certas. A primeira, era de que eu havia sido capturada, apanhada em meio a terra, por rostos que podia jurar jamais ter visto antes. A segunda, certamente não mais acolhedora, era de que a morte inevitável estava à porta, podia senti-la com o pouco de sentido que ainda me sustentava e, por último, mas não menos, não havia restado nada dentro de mim além de angústia, medo e dor. Jogada ao chão, meus sentidos foram entorpecidos pelo cheiro de madeira misturado ao forte odor de sangue.

 "Devíamos matá-la..."

 O sussurro viajou pela sala, sombrio e angustiante, em uma voz arrastada e áspera, colidindo contra as paredes e reproduzindo-se em eco até que atingisse-me a espinha em um gélido arrepio profundo.

 Não era como se eu não esperasse a morte…

 "Não ... ainda não irmão"

 Uma voz distinta, mais nítida e cheia de presença juntou-se a discussão. Não me eram vozes conhecidas, mas a sensação que me traziam, embrulhava-me o estômago.

 "Não vejo razão para a manter viva...o coração dela mal bate, qualquer que seja o seu propósito, não acredito que ela poderá ajudar."

 A primeira voz, vinda daquele que estava determinado em colocar um fim em tudo, tornou a se manifestar. Meu coração ardia a cada vez que eu o ouvia falar, as batidas se tornando cada vez mais dolorosas...talvez parte de mim, ainda que em dor...desejasse viver.

 "Hummm..." Fora algo em meio a um suspiro ou gemido confuso. No próximo instante, minha mão havia sido apanhada… jamais havia sentido toque mais gélido. "Não vejo nada" Ele estava tão perto que a escuridão que ele parecia possuir dentro de si, afetava-me.

 "Eu disse...sem propósito." Ele...ele tinha ódio demais ao tom de sua voz...ódio demais por alguém que sequer conhecia.

"Humm...Molto bello" Ele sussurrou, fazendo-me sentir em seguida, a ponta de seu dedo correr contra o meu rosto em uma carícia sombria. "O quanto deseja viver...angelo?" Talvez aquela tenha sido a primeira vez em que finalmente se dirigiam a mim.

 O quanto eu desejava viver…?

 Ainda que não houvesse nada além de dor e pensamentos confusos...deveria acabar tudo ali? Faria sentido que eu morresse sem sequer saber o por que..? E se acabasse tudo ali, do que eu me lembraria...o que eu levaria junto...quantos anos eu havia vivido? Morrer em meio a tanta confusão? Não...não era justo.

 "Lasciami vivere...ti prego." Minha voz saiu arrastada, pesada em toda a consternação que me engasgava à garganta. Me deixe viver...eu imploro…

 "Affascinante.." Ouvi sua voz suavizar. Ele me soltou. "Então...quem fará as honras?"

 Eu não podia nem sequer imaginar o que aquilo poderia significar...Será que eu seria morta? Será que ele me fizera implorar apenas pelo prazer de diminuir-me antes de me trazer o fim? Será que me deixariam viver? Me manteriam presa?

 Não tive muito tempo para continuar a pensar…Senti seus dentes contra o meu pulso...

 No próximo instante, a dor que já estava ali...multiplicou-se aos montes...se aquilo não era a morte mais amarga que eu viria a receber...eu temia profundamente o que o inferno pudesse vir a significar.

 O sangue que corria em minhas veias, aos poucos, tornou-se fogo líquido sob a pele, fazendo-me convulsionar dos pés a cabeça. Meus pensamentos foram socumbidos por uma imensa latejação e minha garganta fora tomada em um grito de puro horror em agonia. Imagens sem sentido cruzavam os meus olhos em meio a uma escura penumbra, meu corpo tremia, o suor a escorrer frio, a dor a aumentar a cada segundo até que ultrapassasse o insuportável.

 "Faça...parar..." Murmurei em dificuldade para qualquer um que pudesse vir a ter piedade.

 Quem quer que estivesse próximo, prendeu meus dois pulsos contra o chão, imobilizando-me. Agora que eu estava contida, o fogo ia se espalhando mais e mais rápido...mais e mais gritos deixavam o meu corpo.

 "Aguente ai" Ouvi-o sussurrar e em seguida...seus lábios foram de encontro ao meu pescoço...uma nova mordida.

 A dor se multiplicou…

 Até que eu não mais pude a suportar… A morte havia chegado e todas as minhas dúvidas haviam chegado ao fim, aquele era o inferno.


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Notas finais do capítulo

CoMeNtÁrIoS ?? *-*



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