A volta de Bianca di Angelo escrita por Mariana


Capítulo 12
Dor e Vingança




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A Volta de Bianca di Angelo

capítulo XII

Annabeth gritou:

—Vocês não podem matá-las! Se fizerem isso, elas os amaldiçoarão!!

—Se não as matarmos, quem morre é a gente! -Dânae replicou enquanto bloqueava uma Arai, estava fazendo o possível e o impossível para afastar o monstro de Melina.

Nico, Percy e Annabeth se esquivavam dos golpes dos outros demônios como podiam.

O som do choque das espadas ecoava pelo túnel inteiro. Estavam num impasse: não podiam matá-las e não podiam morrer. Ótimo. Muito promissor.

—Se entreguem, semideuses, morrerão de forma menos dolorosa que os outros. Não podem sequer pensar em nos ferir com suas armas! Percy Jackson matou mais monstros do que qualquer outro herói. Todos eles lhe lançaram maldições horrendas, pestinha. Eu posso lhe oferecer as mais terríveis torturas se ousar alguma coisa contra nós. Para todos vocês que assassinam todos os monstros que encontram. Merecem a Tormenta Eterna!

A Arai da direita riu ( ou pelo menos parecia que estava rindo, porque emitia sibilos e sons estranhos com a boca).

—Isso mesmo, irmã. Mas, vocês podem se render agora e nós seremos misericordiosas e os devoraremos! Talvez só as meninas... Os garotos poderiam levar uma lavagem cerebral e trabalhar no exército de Pasifae. Dariam bons recrutas. Todos saem ganhando no fim.

Nico encarou o monstro:

—Está mentindo. Pasifae não poderia de forma alguma construir um exército em tão pouco tempo. Ela nem tem tanto poder assim.

—Ah, não? Olhe para isso.

Ela agitou a mão e imagens começaram a tremular em torno dela. Os garotos viram telquines, hidras, empousai e outros monstros que pareciam estar em outro túnel. Uma quantidade bem expressiva de monstros, sem dúvida alguma, porém poucos se comparados ao exército de Gaia e até mesmo com o de Cronos.

Annabeth deu um sorriso nervoso para Percy. A conversa era a única coisa que os mantinha vivos e o garoto entendeu a mensagem. Olhou para todos do grupo com uma expressão que dizia claramente: continuem a conversa ou morreremos.

Dânae puxou assunto:

—Pelo que Nico me contou, os exércitos que eles enfrentaram eram muito maiores do que esse. Pasifae não pode causar a queda dos olimpianos com esse exército tão pequeno.

Annabeth concordou com a cabeça.

—Os deuses recuperaram seu poder. Não estão mais divididos entre lados romanos e gregos. Diria até que estão mais fortes agora. Vocês não tem chance!

—Menina tola! Ainda se diz filha de Atena! Acontece que a Senhora é mais paciente e mais sábia. Sabe exatamente o que fazer. Ora, os deuses tem suas forças vitais centradas na humanidade, tal qual o idiota do Dédalo com aquele labirinto velho, não é mesmo? Pois bem, pense, use a lógica, pestinha! Os deuses só existem hoje por uma coisa.

Annabeth empalideceu.

—Eles não têm nada a ver com isso. Nem sabem da existência desse mundo.

—De que importa? Poder é poder. Destruindo completamente todos os mortais, os deuses ficarão fracos, definharão, morrerão aos poucos. E a Era de Ouro retornará. O rei Caos vai reinar outra vez.

Percy tentou invocar a água até lhe doer o estômago, mas nada aconteceu. Ele arfou em busca de ar.

A Arai da esquerda pareceu achar graça.

—Acha que somos idiotas, filho de Poseidon? Essa área do túnel é especial. À prova de poderes. Seus truques não funcionarão comigo. Nunca mais.

A Arai limpou as garras de novo na faca de Annabeth. Isso a enraivecia de uma maneira doentia.

—Então, esclareceram todas as dúvidas? Fim do show. Estou com fome.

Ela atacou tão rápido que Nico quase não processou. Em um segundo, já estava lutando outra vez. O único jeito era continuar.

Porém, uma hora ou outra, iam se cansar. Quando isso acontecesse, a morte seria certa.

Melina estava escondida atrás de uma pedra. Não tinha muita habilidade, mesmo com o treinamento, ainda tinha apenas sete anos. Quis ajudar, mas Annabeth e Dânae insistiram para que permanecesse ali. Ela se sentia inútil, vendo seus amigos naquela situação, sendo que não podia fazer nada.

Foi quando um grito cortou todos os sons. Era de Dânae. Melina olhou para o lado e viu. A Arai maior apunhalara a menina pelas costas. Uma imagem terrível. O sangue jorrava do ferimento. O medo e a dor inundaram de vez o ambiente já infestado desses sentimentos.

O demônio ergueu as mãos para o céu.

—Parem de lutar e contemplem, irmãs. Essa foi a primeira a cair.

Os monstros ficaram em volta dela, vendo a menina se contorcer no chão. A espada cravada nela tinha veneno.

Em poucos segundos, a pele de Dânae assumiu um tom de verde doentio e seus lábios perderam completamente a cor. Tremia violentamente, mas parecia reunir forças para falar alguma coisa. Até que olhou para Nico e sua expressão mudou.

—Vingue-me. Pelo meu nome.

Foi aterrorizante porque havia muito ódio em suas palavras, e Dânae nunca fora o tipo de pessoa que deixasse sentimentos como esse transparecer. Nem quando a mãe lhes abandonou. Nem quando no frio do inverno nas ruas ela precisou usar o próprio corpo para aquecer a irmã porque o mundo parecia não ter lugar para elas. Mas agora esses sentimentos estavam todos ali. E eram fortes, desesperados e necessários. Porque haviam tirado dela qualquer possibilidade de encontrar um lugar, de ter uma identidade. "Pelo meu nome". Nico prometeu honrar o nome dela, e prometeu vingança.

Aos poucos, parou de se contorcer. Seus olhos azuis se voltaram para Nico, agora em súplica, e então fixaram-se no céu da caverna.

"Paz"

Melina começou a chorar. Os outros também, enquanto os monstros riam. Nico parecia pior ainda do que todos. Chorava, gritava e amaldiçoava em grego antigo. Parecia uma sina, perder a mãe e todas as suas irmãs.

Vendo-o assim, uma onda de ódio maior do que qualquer coisa tomou conta de Melina. Empunhou a espada e se dirigiu às Arai, que estavam de costas para ela. Desceu a espada na Arai que tinha matado sua irmã. Ela se desintegrou imediatamente. A garota ouviu uma voz sibilante falar algo, como a voz do monstro que acabara de matar.

Talvez fosse uma maldição, mas ela não sentiu nada no momento. Então gritou furiosamente e desintegrou outro monstro. Ouviu a voz novamente, mas continuou.

Annabeth gritou:

—Melina, não! A maldição!

Mas Melina já havia matado o último demônio.

—Isso foi pela minha irmã! Apodreçam no Tártaro, demônios!

Todos olharam para ela, com expressões de puro terror nos olhos. A menina acabara de matar três monstros que não podiam ser mortos. Tinha ódio e adrenalina emanando de si. Não parecia em nada aquela garotinha indefesa que chegara ao acampamento dias atrás.

Percy conseguiu falar, enfim.

—Como...COMO ela fez isso?

Annabeth também falou, porém com a mesma expressão horrorizada de antes.

—E não sofreu maldição nenhuma. Como...?

Nico estava ajoelhado ao lado do corpo inerte de Dânae.

—Ela é uma criança. É pura. Não sei como não tinha pensado nisso. Melina nunca matou nenhum monstro antes, estava livre de maldições. Ainda está, porque as Arai procuraram uma maldição para ela e não encontraram. Arais  não podem inventar maldições. Além disso...sei que pode parecer loucura, mas senti a presença de Bianca naquele instante. Bianca protegeu Melina.

Todos estavam perplexos, mas Nico tocava o rosto da irmã morta. Falou algo quase inaudível em grego e o corpo de Dânae desapareceu.

—Ela está em paz agora.

Foi quando aconteceu algo realmente estranho. Nico parecia ter levado um choque. Levantou-se rapidamente. Depois se voltou para onde os outros estavam. Mas fixou seus olhos apenas em Melina.

—Você sabe, não sabe? -a voz doce de Melina perguntou.

Nico estava espantado. Parecia estar vendo além do que os outros viam. Ele hesitou um momento, e perguntou:

—Bianca?

Uma luz prateada começou a emanar de Melina.

Nico correu aos tropeços e abraçou a menina. Bianca. Bianca di Angelo.


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