PET - 3ª Temporada - Combate nas Sombras escrita por Kevin


Capítulo 49
Capítulo 49 - Como cuidar do seu pokémon




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– Por que não os levaram ao centro a noite anterior? -

Dream parou por alguns instantes olhando para o lado, a porta do banheiro estava aberta e ele podia ver facilmente dois Krabbys dentro de aquários com alguns produtos. Kevin fez questão de tratar dos dois pokémon ele mesmo, não havia tempo hábil de sempre levá-los ao centro pokémon e correr o risco de receber uma avaliação negativa das enfermeiras.

No entanto, parecia que a Quest Liga estava bem organizada. Uma enfermeira estava entrando em contato com Kevin para saber por que ele não havia levado o pokémon dele ao centro pokémon após a batalha, inclusive queria que ele entrasse em contato com a irmã para que ela também o fizesse.

Dream disse que eles estavam tomando café, já que a luta da manhã aproximava-se, mas a pergunta lhe foi feita da mesma forma. Ele era o assistente de um deles e por tanto deve3ria saber responder a mesma.

– Algum problema senhor Dream? -

A enfermeira do outro lado do videofone pressionou um pouco mais. Dream não tinha como falar que Kevin estava cuidando dos pokémon sem criar uma situação estranha para o jovem. Na verdade, Dream não acreditava que ele fosse realmente fazer aquilo e não sabia como ele estava fazendo-o.

– Voltamos! -

A porta se abria junto a voz de Julia que ressoava pelo local. Ela olhou para o monitor e reconheceu a enfermeira. Dream fez sinal para ela tomar o lugar dele. Julia negou-se e foi para o outro apartamento fazendo um sinal que o irmão iria cuidar disso.

– Pelo visto ficarei sem resposta. - Joy suspirou. Moça não havia visto Julia pelo monitor. - Ambos os competidores estão intimados a comparecer ao Centro Pokémon nas próximas horas portando os pokémon que já foram utilizados em batalha. -

– Eu os avisarei. - Disse Dream tentando encerrar a ligação.

– Avisará quem do que? - Kevin entrava no quarto fechando aporta que a irmã havia deixado aberta.

– O Centro Pokémon está questionando por que você e sua irmã não levaram seus pokémon até eles após a rodada anterior. - Dream fez sinal de que a vídeochamada ainda estava ativa. - Agora estão sendo intimados a levá-los. -

– Não sou obrigado a fazê-lo. - Disse Kevin indo para a videochamada.

– É obrigado a vim me ver, sim senhor! - Disse a Joy sorrindo no monitor.

Kevin parou surpreso diante a tela do monitor. A Joy era muito mais jovem que as normais. E de certa forma, não parecia estar brava ou questionando algo com o sorriso que estampava.

Pokemon Estilo de Treinador
3ª Temporada - Combate nas Sombras
Capítulo 49
Como cuidar do seu pokémon

– Eu... -

Trevor Gutmor estava atônito. O Campeão de Jotho agora estava diante de algo que ele não havia imaginado. Perder na segunda rodada de forma humilhante não nem de longe algo que poderia ser esperado. Se o adversário fosse um Mestre ou líder de ginásio aceitaria muito mais fácil a derrota, mas tendo perdido para Dance que usou apenas o pokémon obrigatório as coisas não passavam bem em sua cabeça.

– Ela é boa. - Comentou Amanda tentando fazer o irmão sair daquela fossa. - Todos são bons na sua chave. -

Trevor escutava o que a irmã dizia e concordava. Dance era uma das campeãs da Copa Equipe e realmente era uma adversária de valor. No entanto, seu Dolphan ter sido abatido por um pokémon recém capturado que apenas ficava dançando enquanto girava no mesmo lugar era algo que ele ainda estava tentando compreender.

Dance encontrou um pokémon que encaixou-se perfeitamente em sua habilidade musical. Na verdade, toda a Pokemusic. O único problema que o grupo todo para não se classificasse foi a dependência dos barcos. O grupo aventurou-se no mar com seus pokémon aquáticos, Sing e Song possuíam bons Blastoises para a jornada. Mas, os gêmeos deixaram seus equipamentos caírem no mar, não conseguindo recuperá-los com a escuridão. Apenas Music e Dance estavam na segunda fase.

– Dolphan ter sido derrotado por aquela criaturinha pequena, com tanta facilidade foi algo que eu não posso acreditar. - Trevor olhou para a irmã. - Será que eu estou subestimando meus adversários? -

Amanda ficou calada por alguns instantes. Estava acompanhando os resultados da segunda rodada e observou a vitória fácil que Aline teve na rodada. Ela talvez fosse uma adversária perigosa para muitos da chave três, a chave de seu irmão. Ninguém conhecia o verdadeiro potencial dela e ela não teve muitas dificuldades até ali.

– Acho que superestimou o Dolphan. - Comentou Amanda voltando-se para o irmão. - Além de tê-lo supervalorizado. -

Trevor olhou para irmã esperando que ela explicasse. Era mais nova, menos experiente, mas havia crescido muito no mundo pokémon. Ela tinha habilidades que ainda não conhecia, mas que com a ajuda certa floresceriam dando a ela um rumo em sua vida.

– Na primeira Liga de Jotho usou Dolphan. Em Kanto usou Dolphan. Na segunda liga de Jotho usou Dolphan. - Amanda parou. - Todos já sabem que você vai levar Dolphan, o rolo compressor do seu time. -

– Poucos estão preparados para o ataque rolo. - Disse Trevor. - Mas, aqui devem estar reunidos os poucos que podem dar um jeito em Dolphan. - Ele pareceu compreender o que a irmã disse. - Eu pensei em guardar alguns novos para os Mestres, mas acho que não vai adiantar se eu perder para os que não forem Mestres. - Trevor cerrou os punhos. - Traga-me Golduck para a próxima rodada. -

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– Você realmente está prestando atenção no que estou falando? -

Dawn estava sentada em uma mesa do Centro Pokémon conversando com Kevin. Já fazia uns dez minutos que eles estavam ali, mas não parecia que o garoto estivesse prestando atenção no que a organizadora estivesse falando. Na verdade, parecia mais que ele estava ignorando-a.

Era pouco mais de dez da manhã e a primeira rodada do dia havia acabado. Kevin e Julia chegaram ao centro para levar os pokémon, conforme foram solicitados pela organização e pela Joy. Julia escapou de Dawn, mas a rapaz não teve tanta sorte e escutava um discurso sobre cuidados e alguns questionamentos.

Havia um desconforto de Dawn com aquela conversa. Ela era contra ao anti-dopping que estava sendo empregado na segunda fase, principalmente quando ela era a responsável por fiscalizar se alguém não estava passando pelo processo.

– Não sou inconsequente. - Disse Kevin encarando Dawn. - Já fui, mais do que você pode imaginar, ou mais do que as noticias exageradas diziam que eu era. - Kevin sorriu para a organizadora.

– Eu sei como as reportagens podem ser exageradas e não refletir a realidade. - Dawn sorriu tentando fingir ter entendido o que Kevin dizia a respeito do quanto ele fora inconsequente. - Para não ser inconsequente e trazer problemas para você, seus adversários ou pokémon é que precisa levar seus pokémon ao centro após cada partida. -

– Céus! - Kevin bufou. - Parece até que estão querendo fazer anti-dopping em segredo. -

Dawn parou encarando-o um pouco assustada, mas parecia que fora apenas um desabafo de frustração pela discussão prolongada.

– Há situações que o Centro Pokémon é desnecessário. As coisas agora são diferentes. Sei quando preciso de um Centro Pokémon e quando não preciso. Cansaço não é a mesma coisa de estar com dores musculares, que não é a mesma coisa que ferimentos. -

– Não colocamos nas regras anti-dopping ou obrigatoriedade de ir ao centro pokémon porque achávamos que os competidores eram todos conscientes, mas pelo visto foi um erro. - Dawn falou já cansada daquilo. Não parecia haver problemas Kevin saber sobre o Anti-dopping. - Você faz-me arrepender de ter sido contra a essa obrigatoriedade. - Dawn levantou um dedo. - Como você poderia diferenciar uma coisa da outra? Você possui treinamento médico? Por acaso é Médico Pokémon? Sabe mais que as enfermeiras? -

– Escolha com cuidado suas próximas palavras Organizadora Dawn. - O sorriso de Kevin de repente saiu de seu rosto e os olhos ficaram frios. - Beirou a linha que divide sinceridade e insultos por toda essa conversa e não pretendo tolerar isso. -

Dawn sentiu o olhar gelado e não soube dizer se foi sua expressão que havia assustado aos demais, ou eles também sentiram algo de ruim vindo daquela conversa. Mas, ela percebeu que estavam todos olhando para eles.

– Está ameaçando uma Organizadora. - Disse Dawn.

– Está insultando um competidor. - Kevin foi mais rápido não deixando Dawn falar. - Está acusando-me indiretamente de Dopping e com certeza está tirando-me do sério com isso. Bastaria ter ido direto ao ponto, mas ficou com esse papo furado floreando o que queria. – Ele sorriu debochoso. - O que seria muito interessante já que meu próximo adversário é Cinthia. - Dawn franziu o cenho não entendo a relação dos assuntos. - O que as pessoas diriam se soubessem que antes da minha luta contra a Mestra, uma de suas melhores amigas e também organizadora, esteve insultando-me e perturbando-me? -

Dawn ficou irritada. Fechou os punhos encarando Kevin e tentando controlar-se, lembrando que muitas pessoas estavam olhando. Ela havia ido conversar com Kevin no melhor das intenções, falando da importância de manter os pokémon na melhor forma possível. Mas, a conversa parecia ter ido pelo lado errado.

– Cinthia não precisa desse tipo de coisa e você é muito idiota se acha que eu faria esse tipo de coisa. - Dawn respirou fundo. - Você é considerado um herói em Jotho, uma celebridade em Kanto. Mas, não o faz melhor que as outras pessoas. Vim aqui para te ajudar, ajudar seus pokémon. Mas, visivelmente tornou-se arrogante o suficiente para... -

– Acho melhor vocês irem conversar em outro lugar. -

Havia uma jovem Joy olhando-os um pouco séria. Com o uniforme de sempre das enfermeiras, ela não parecia interessada que a conversa dos dois continuasse. Muitos já observavam o pequeno conflito que estava acontecendo, apesar de não escutarem muito bem a conversa, sabiam que algo estava muito errado.

– Desculpe-me por isso Joy. - Kevin olhou sem graça para ela. - Não vai se repetir. -

– Desculpe-me enfermeira. - Dawn abaixou a cabeça. Mesmo a Joy sendo mais jovem que ela, ela respeitava sua posição dentro do Centro Pokémon. - Estava apenas tentando explicar ao competidor que ele precisa cuidar de seus pokémon e o melhor jeito é trazendo ao centro. - Ela virou-se para Kevin. - Até por isso pesquisamos qual Joy cada competidor teve mais contato. Certamente com uma Joy que conheça mais o competidor e seus pokémon o processo seria muito mais fácil e agradável. -

– Bem... - Joy ficou sem graça com a informação. Ela não sabia bem sobre aquilo, mas certamente Dawn não sabia do pequeno romance que ela teve com Kevin. - Os pokémon dos Maerds não teriam como estarem em melhor forma. -

– Como é que é? - Dawn quis confirmar que havia escutado realmente aquilo.

– Eu tinha minhas dúvidas sobre como estariam os pokémon obrigatórios. - Comentou Joy estendo as pokebolas para Kevin, tanto as dele quanto as de Julia. - Mas, estão tão bem como quando chegaram aqui, após a captura no circuito. Ao que parece a luta apenas cansou-os não tendo nenhum ferimento ou algum outro tipo de dano. -

– Vocês trocaram o pokémon obrigatório? - Dawn ficou parada sem entender. - Eu revi a luta de vocês, levaram bons ataques. -

– O que eu falei sobre insultos? - Questionou Kevin olhando Dawn.

– Eu posso garantir que são os mesmos pokémon, organizadora. - Disse Joy tentando acabar com aquele clima estranho. - Crygonal é o pokémon que aparenta uma fadiga maior da luta, mas nada que descanso não resolva. A Jynx de Julia parece não ter entrado em campo, apesar de ter feito muitos ataques. -

Dawn demorou alguns instantes para lembrar-se que na batalha da manhã Kevin enfrentou Gardenia e usou apenas Crygonal para vencê-la, não necessitando enviar a campo seu Krabby.

– Como cuidaram dos Krabbys? - Questionou Dawn. - Sério. Desculpe-me pela insistência. Mas, todos os pokémon devem vir para o Centro Pokémon para analise e assim passaram por Anti-dopping. Quando vocês não o trazem e ainda os apresentam em ótimas condições o que você espera que pensemos? -

– Vou fazer uma queixa contra você! - Disse Kevin irritado. - Está novamente me acusando disso. –

– Fiz o exame neles e não a nenhuma substancia ilegal, ou mesmo anormal. - Disse Joy intervindo para a contenda tivesse fim. - Mas, talvez pudesse falar com ela sobre sua habilidade medicinal para que isso acabasse. - Joy tocou a mão de Kevin massageando-a fazendo Dawn notar a proximidade dos Dois. - Por favor, Junior! -

– Bem... - Era difícil para Kevin resistir ao pedido de Joy. Não pela proximidade dos dois, mas sabia que de alguma forma ela também ficaria sendo questionada.

– Não! -

Um berro distraiu o trio. Eles viraram-se e viram um rapaz moreno caído no chão chorando desesperado. Havia um rapaz gordo e uma enfermeira Joy próximos.

– O que aconteceu? - Perguntou Dawn para ninguém em especial.

– Aquele é o Choc e o Are? - Kevin reconheceu-os de imediato e deu um passo para ir até eles, mas Joy o segurou.

– Não acho bom ir lá agora. - Joy disse em meia voz. - Eu não deveria dizer isso, mas acho que é melhor eu dizer do que você ir lá deixar as coisas piores. - Dawn aproximou-se um pouco mais da enfermeira para escutar. - O Tauros dele fraturou a pata direita na luta anterior. -

– Coitado. - Dawn levou à mão a boca tentando conter um suspiro prolongado.

– Tauros é seu principal pokémon. - Comentou Kevin passando a mão pelo rosto. - Quanto tempo até ele poder lutar de novo? -

– Não para essa competição. - Disse Joy. - Foi estimado umas 4 semanas, mas o médico acredita que seria melhor 8 já que os golpes que ele utiliza são na maioria efetuados pelas patas. -

– Realmente é melhor deixa-lo assimilar por um tempo a noticia. - Comentou Dawn. - Aglomeração em cima dele vai deixa-lo pior com os comentários que as pessoas farão. -

Dawn estava certa. As pessoas que foram conferir o deixavam cada vez mais para baixo. Are foi obrigado a abrir caminho com ele afastando a aglomeração e foram passar próximo de Dawn, Kevin e Joy.

– ... Droga... Eu só queria enfrentar o Cowboy. Nos preparamos tanto... -

O trio escutou a voz desolada de Cowboy. Ele realmente parecia em choque.

– Em que rodada você enfrenta Cowboy? -

Are virou-se, bem como Choc. Eles teriam ignorado as perguntas ou qualquer outra fala, não fosse Kevin a perguntar. Joy e Dawn olharam-no para ele, sem entender porque ele estava falando algo. Ele não tinha como falar com alguém naquele momento acabaram de presenciar que ele estava em choque, e ainda assim Kevin começara a fazer perguntas que nitidamente não iriam deixa-lo bem.

– Eu sei que está pensando em me emprestar o seu. - Conteve o choro para sorrir a suposta oferta do amigo. - Mas, não seria a mesma coisa. - Choc olhou para Are. - Obrigado Cara. Guarde seus pokémon para suas batalhas e vença por mim. -

– Última luta daqui da fase. São apenas dois dias para se recuperar. - Disse Are para não deixar Kevin sem resposta. - Você realmente é um ótimo cara, querendo oferecer seu próprio pokémon. -

– Vocês me valorizam demais. - Kevin revirou os olhos. - Choc tem uma dúzia de Tauros melhores que o meu. Mas, sei que este é o principal, é especial. Não tem como ser substituído. - Kevin encarou Choc durante alguns instantes e depois se virou para Joy. - Você me deixaria ver a fratura? -

– Bem... - A menina ficou confusa com a pergunta. Virou-se para Choc. Ela sozinha não podia autorizar, mas se o treinador dessa permissão não haveria problema. - Choc? -

Choc não estava com muita cabeça para aquilo agora, mas parecia que Kevin havia feito-o lembrar de algo que ele não estava lembrando-se. Não esteve com seu pokémon desde que o levara, as pressas, para o Centro. Realmente tinha que ir visita-lo, não importasse as condições.

Com um aceno de cabeça, não tão confiante quanto poderia, Choc assentiu e resolveu que acompanharia o amigo para ver o pokémon ferido. Dawn ficou olhando aquilo e resolveu acompanhar de perto aquela história. Para ela, Kevin havia arrumado uma desculpa para escapar da explicação que pedira.

Foram alguns minutos caminhando pelos corredores do grande centro até que pararam de frente para a sala onde Tauros descansava, sedado. Nenhum procedimento havia sido feito nele, apenas o sedativo para conseguirem analisar o que havia acontecido.

A sala não era muito grande, mas era bem limpa e iluminada a grande maca possuía presilhas para evitar que o pokémon se debatesse e Kevin notava as laminas de raio x que foram tiradas da fratura. Ninguém além dele parecia estar preocupado com as laminas, todos os outros presenciavam a cena de Choc pedindo desculpas ao pokémon por ter exigido demais dele.

– A culpa não foi sua. - Disse Daen tirando de seu bolso uma pequena tela por onde procurou algo. - Nem de seu adversário. Fatalidades acontecem. - Ela virou para Kevin. - Por isso é importante o pokémon estar 100% e a organização quer garantir isso por meio das consultas. Seria terrível algum pokémon ficar ferido gravemente e alguém ser acusado como culpado. -

Kevin continuava olhando para o raio X, dando pouca atenção para Dawn.

Dawn exibiu a imagem da luta onde Tauros feriu-se. Sua pata foi acertada por alguns destroços de uma explosão que aconteceu. O aparelho parecia um celular moderno, mas parecia ter anos de uso.

– Eu sei que não foi culpa de ninguém. - Choc suspirou. - Mas, é duro ver anos de treinamento duro jogados fora por causa de uma batalha. - Choc fechou os olhos. - O pior é que com isso os pokémon da minha fazenda perderão para os de Choc. -

Joy não dizia nada. Observava Kevin e sua curiosidade nas laminas de Raio x e na perna machucada do pokémon a qual observava rapidamente algumas vezes. O único momento em que ele parou aquela aparente comparação foi para observar o vídeo

– Não necessariamente. - Disse Kevin voltando-se para o grupo. - Seus outros pokémon podem dar cabo dos de Choc, mas acredito que Tauros conseguisse lutar normalmente em dois dias. Quatro semanas é um exagero. - Disse Kevin por fim. - Diria quatro se não possuísse bons músculos e se seguirem um tratamento normal muito cauteloso. -

O grupo ficou olhando para ele sem entender. Joy foi até a parede encostando-se. Estava Curiosa para ver aquilo. Ela era responsável por aquele conhecimento que ele adquirira nessa área e sabia que não era grande, mas nunca havia conversado realmente com ele sobre o que ele havia aprendido com suas apostilas.

– Está louco? As enfermeiras e um médico acabaram de dizer que precisa de quatro semanas. - Dawn irritou-se. - O que sabe sobre primeiros socorros e medicina pokémon? Como tratou dos Krabbys? -

A porta do local esteve aberta todo o tempo e as falas mais altas de Dawn chamaram a atenção do médico que estava em outra sala. Entrou apressado olhando o que estava acontecendo, estava pronto para questionar a organizadora, que reconhecera de imediato, bem como a Joy, que estava encostada em uma parede, sem parecer querer interromper tudo aquilo.

– Não sei muito sobre medicina pokémon. - Kevin parou alguns instantes. - Mas, sou um treinador que já viu muita coisa ruím acontecendo com pokémon e tive que me virar quando não podia contar com a assistência dos profissionais da área. -

Kevin passou a mão pelo cabelo meio sem graça. Percebeu a presença do médico, mas sabia que Dawn não iria deixa-lo sair sem se explicar. Além disso, ele tinha uma ideia de como ajudar o Choc, uma das primeiras pessoas com quem fez amizade. Não encarou o médico, apenas fitou Dawn.

Nunca imaginou que o que aprendeu na Liga das Sombras fosse ser usado novamente. Era tudo tão rústico e grosseiro as coisas que sabia fazer, mas tinha certeza, podia colocar aquele pokémon em pé em dois dias.

– A fratura não foi exposta, quero dizer, o osso não se quebrou rasgando musculo, carne e pele. Nem mesmo quebrou em vários pontos ou esmigalhou-se. Na verdade, ocorreu um trincado no osso, como uma rachadura na parede. - Kevin parou por alguns instantes. - A musculatura em volta do osso não sofreu dano, apenas o da pancada. Sei pelo tamanho e coloração do hematoma. -

– Eu entendo que isso é menos problemático e poderia ser bem pior. - Are comentou. - Mas, o médico e as enfermeiras disseram quatro semanas. Por que você acha que seria em menos? Mesmo assim, são dois dias até a luta, não faria diferença, né? -

– O osso é forte, pode ser feito um tratamento intensivo para fortificar os ossos e ele pode ficar de pé em dois dias, sem sentir dor ou incomodo. - Disse Kevin. - Poderia correr e fazer todos os movimentos, exceto aqueles que exijam movimentos extremos. Sem Terremoto e sem Fissuras.-

– Está louco? - Questionou Dawn. - Fale alguma coisa Brock. -

Kevin congelou por alguns instantes. Brock era a pior pessoa para que ele tivesse o prazer de encontrar naquele momento. No inicio de sua jornada teve um desentendimento com ele, fez um escândalo na cidade, no ginásio em que ele tomava conta interinamente e por fim ainda o fez ser punido por estar recusando-se a enfrentar os treinadores.

Kevin virou-se para o médico e viu os cabelos marrons quase que no formato de estrela, o jaleco branco e os olhos fechados do moreno. Brock parecia pensativo e olhou para Joy.

– Joy. - Brock disse enquanto todos o olhavam sem dizer muita coisa. Are e Choc pareciam ainda pensar no que Kevin disse e os outros três observavam Brock. - Apenas enfermeiras, médicos e o treinador do pokémon internado podem permanecer na sala. - Ele deu um sorriso para tranquiliza-los. - Sei que todos ficam querendo da poio e ver como o pokémon está, mas vamos manter o protocolo. -

Brock pareceu extremamente calmo para a situação, mesmo tendo o olhar de Dawn a pedir que ele se pronunciasse. Joy fez um movimento para que todos pudessem sair, mas Choc parecia ter saído do seu estado de choque.

– Espere! - Ele disse alto e percebeu que precisava controlar-se um pouco mais. - Doutor Brock, você escutou o que Kevin disse. - Choc sabia que ele havia acompanhado toda a explicação. - É possível fazer o que ele disse? É possível ele ficar em pé em dois dias? -

Brock saiu da sala fazendo sinal para que o seguissem. A sala foi fechada e Joy olhou para Kevin rapidamente. Ele não poderia dizer que emprestou o material de estudos dela para ele, muito menos o tablete exclusivo das enfermeiras.

– Existe a possibilidade de um tratamento como esse Choc, mas não é aconselhável. - Brock voltou-se para Kevin. - Eu não sei como tem conhecimento para isso e ninguém nessa sala tem autoridade para lhe obrigar a falar. - Brock deu uma olhada rápida para Dawn e logo voltou-se para Kevin. - No entanto, o que você sugeriria? Como pode ter certeza que o pokémon poderia se recuperar muito mais rápido? -

– O que eu sugeriria? - Kevin franziu o cenho. Estava tão aliviado de estar escapando da obrigação de explicar como tinha conhecimentos de primeiros socorros que não sentiu a conversa mudando. - Está falando do tratamento? -

– Sim! - Disse Brock. - São anos de estudo para aprender técnicas para cuidar de pokémon doentes. No entanto fez uma analise rápida da situação. Acredito que acabou aprendendo sobre essa área de ferimentos e fraturas por causa das coisas que passou com a Estilo de Poder. Aprendeu coisas de uma única área, acredito, mas mesmo assim ainda seria uma analise muito otimista. – Brock deu uma risada. - Para um jovem escandaloso. -

Kevin deu uma risada e olhou para Joy que já mostrava-se aliviada.

– Bem... Conheço esse Tauros. O padrão dele está toda na outra perna. Tudo o que ele vai fazer é iniciado com a perna não machucada. A pressão está nas pernas de inicio e a traseira contrária. A machucada serve apara o equilíbrio. - Kevin fechou os olhos relembrando as cenas de luta que vira Tauros protagonizar e a cena que assistira a segundos atrás. - Com a musculatura forte que possui a questão é garantir que aquele trincado não se agrave. Então sim, a melhor coisa é não suá-lo. Mas, se é questão de honra para o pokémon que treinou a vida toda para isso, eu fortaleceria os ossos dele por esses dias que restam, usando o Sino de Cura de um pokémon planta que também estivesse absorvendo nutrientes necessários para um pokémon do tipo normal fortalecer-se, bem como nutrientes necessários para fortalecimento dos ossos. - Ele coçou a cabeça. - Nutrientes esses que eu não tenho a menor ideia de quais são. Teria que pesquisar. -

– O Sino de Cura faz efeito imediato. - Comentou Joy. - Mas, nunca li a respeito de usar o movimento para injetar nutrientes. -

– Eu também não. - Comentou Brock. - Mas, eu gostaria de ver isso. - Brock virou-se para Choc. - Permitiria que seu pokémon fosse uma co... - Broock parou pensando que a palavra cobaia fosse ser muito forte. -... fosse um convidado nessa técnica experimental? Não posso garantir que ele estará de pé em dois dias, mas acredito que mal nenhum fará tentar o que Kevin está propondo. -

Dawn foi dizer algo, mas viu Brock fazer um sinal para ela. Ela conteve-se e olhou para Choc.

– Se tiver uma chance, por menor que seja. Eu vou agarrá-la! - Disse o Jovem.

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– Obrigado por conter-se. - Disse Brock Caminhando com Dawn pelos corredores do Centro Pokémon. - Sei que não está em uma posição fácil e que Kevin costuma dificultar as coisas. -

Choc assinou termos aceitando o tratamento experimental, enquanto Kevin precisou trazer o Professor Carvalho para assinar junto a ele como autor da técnica. Enquanto a jovem Joy fazia os preparativos para a técnica Brock finalmente tinha com Dawn uma conversa a respeito de tudo o que acontecera.

– Difícil? - Dawn pareceu surpresa. - Teve um momento que eu pensei que ele iria me atacar. - Ela chegava a se arrepiar ao se lembrar dos olhos gelados dele. - Não dá para acreditar que alguém como ele é um treinador tão acalmado. -

– O conheci no inicio de sua jornada. - Comentou Brock. - Por isso não o repreendi e incentivei a mostrar um pouco do que sabia. -

Dawn parou e olhou para Brock. Sim, ela tinha percebido que Brock estava a incentivar o jovem, de alguma forma, mas não sabia o motivo.

– Quando o conheci ele não tinha nenhum sonho. Tornou-se treinador e fazia jornada puramente pelos outros. Com o temperamento explosivo ele provavelmente poderia se tornar um perigo para muitas pessoas, fosse com seus atos inconsequentes, fosse com uma reviravolta para uma vida de crimes. - Brock parou por alguns instantes. - Mas, ele fez uma conexão única com uma pokémon, desobediente, na minha frente. A pokémon evoluiu por sentir-se compreendida por Kevin. –

– Uma evolução por ser compreendida? - Daen parou surpresa. - Sei que a evolução é muito complexa, mas ainda assim me choca uma evolução desse tipo. -

– Quando o vi analisando Tauros, não vi o mesmo garoto sem sonhos. Sinto que talvez ele desenvolveu tantas habilidades e descobriu tantas coisas que não se deu conta, ainda, do que pode e gosta de fazer. -

– Você estimulou-o a ajudar uma pessoa e a curar um pokémon. - Diz Dawn. - Duas habilidades que podem ser o rumo dele. -

– Mais do que isso. - Brock sorriu. - Você estava pressionando fazia um bom tempo. Ele estava tendo a oportunidade de fazer algo que talvez não quisesse. -

– Como falar sobre como adquiriu os conhecimentos médicos. - Dawn parou pensando naquilo. - Pelo que você falou ele pode ter sofrido muito enquanto foi forçado a se virar sozinho. Eu podia estar trazendo sentimentos ruins a ele por causa das lembranças. -

– Além de forçando-o a enfrenta-la. - Disse Brock.

Dawn sorriu sem graça. Talvez não fosse a melhor escolha realmente estar confrontando os treinadores da competição, mas ela tinha a missão de fazê-lo.

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– Não me diga uma coisa dessas. - Gritava Rogerio desesperado na sala de espera do Centro Pokémon. - O que vou fazer? -

A enfermeira deu um sorriso de consolo para o competidor mais jovem e inexperiente daquela competição. Queria poder ajuda-lo mais, mas estava além de suas possibilidades recuperar os pokémon do jovem na velocidade necessária para que eles estivessem em condições de realizar a terceira luta do dia.

– Pare de escândalos. -

O General Surge chegava ao centro para recuperar seus pokémon e já escutava do lado de fora toda gritaria que o garoto fazia.

– Era só o que me faltava. - Resmungando Rogerio olhou para a enfermeira Joy. - Volto uma hora antes da luta para pegar o obrigatório. Não o colocarei na luta, mas precisarei levá-lo. -

A enfermeira acenou com a cabeça e virou-se para o general que estendeu apenas uma pokebola, deixando Rogério curioso. O garoto ficou observando enquanto o General parecia caminhar para o refeitório.

– Ei! - Rogério chamou-o. - Só vai cuidar de um? E sua responsabilidade como treinador? Tem que cuidar de todos os pokémon. -

– Benzinho... - O General sorriu. - Usei apenas um pokémon na partida. -

– Ah... - Rogério lhe deu as costas resmungando. - Deveria saber que o todo poderoso Surge não precisaria de dois pokémon. -

A voz era debochada, mas claramente com arrependimento de ter intercalando-o a respeito dos outros pokémon. Sentiu-se um idiota, sentou-se na primeira cadeira que achou e ficou ali.

– Eu perdi. - Comentou Surge. - Desisti, na verdade. Mas, isso não muda o placar. -

– Você o que? - Rogério gritou saltando da cadeira. - Por quê? -

– Tenho que cuidar de todos os pokémon. - Surge encarou Rogério por alguns instantes e o jovem parecia não ter compreendido. - Enfrentei o Mestre Thor. Ele também tem a especialidade com pokémon elétricos e o primeiro pokémon que ele enviou foi um Luxray poderoso. Quando o meu primeiro pokémon caiu e ele trocou para o Alakazam não vi motivos para lançar o obrigatório ou um outro, eles seriam abatidos e perderiam suas condições físicas para a próxima luta onde eles terão maiores chances de vencer algum adversário. -

Rogério ficou olhando para ele surpreso. Desistiu de uma partida pensando nas condições para a outra. Desistiu de uma partida que apenas havia começado quando viu o potencial do time adversário.

– Você desistiu sem tentar? - Rogério estava chocado.

– Eu desisti para conseguir avançar. - Comentou Surge. - Aquele Alakazam deu a vitória a ele na Quest Liga passada. Ele fica usando o recuperar, teleportando-se, hipnotizando os adversários e desarmando os melhores movimentos do pokémon. Mesmo vencendo-o, eu voltaria a enfrentar o Luxray com um pokémon esgotado, ou pior, teria de encarar o Luxray e outro pokémon obrigatório com o meu capturado na ilha. -

Rogério parou pensando no que escutava. Talvez Surge estivesse certo, apesar de parecer que era apenas medo. Mas, imaginou que se tivesse feito o mesmo, talvez tivesse chances de vencer na luta da tarde. Enfrentaria a Líder Gardenia e mesmo as plantas sendo melhores que os elétricos, seu Elekid teria sim uma chance de abater um ou dois, mais do que fez até agora.

Ele lutou pela manhã até o último suspiro e fez o mesmo na hora do almoço. Não sabia como seu Aipom havia aguentado de pé, mas havia aguentado, mas ele acumulava três derrotas, cinco pokémon sem condições e apenas dois prontos para a luta e nenhum deles era seu Elekid. Ele só vencia por causa do Elekid. As poucas vitórias que teve sem usá-lo foram por acaso e ele nem sabia dizer como aconteceram.

– Bom, sei que não está indo muito bem e que seu Elekid levou uma surra. - Surge coçou a cabeça. - Eu diria para não depender dele, mas a verdade é que não tem como não fazê-lo. Você possui sete pokémon, seis que trouxe para a liga e um capturado na ilha. - Surge parou. - Usou dois de manhã, três agora e a noite tem que usar quatro. Imagino que esteja com problemas numéricos, né? -

Rogério concordou com a cabeça. Surge nem estava na chave dele e sabia da sua situação, isso significava que seus adversários, da chave, estavam cientes disso também.

– Quer uma dica? -

– Quanto isso vai me custar? - Rogério definitivamente não gostava de Surge e não confiava nele e sua insistência dizendo que ele não deveria ficar com Elekid. - Quem estou enganando? To ferrado! Diga. -

– Não vou querer nada em troca. - Disse Surge. - Capture alguns novos pokémon para usar na próxima luta. - Surge sorriu. - De preferencia, pense no seu adversário na hora da captura! -

Rogério pareceu contemplar a sugestão por alguns instantes. Definitivamente aquilo era uma opção, apesar dele ficar em completa desvantagem. Lutar só com recém-capturados nem longe parecia interessante, mas era melhor do que perder por W.O.

– Por que me daria essa dica? - Questionou Rogério.

– Elekid é um perigo para os treinadores que o enfrentam e para você também. - Surge encarou-o. - Ele ainda não o respeita totalmente e não atende a seus comandos. Quanto menos dependente dele você for, mais preparado estará para lidar com ele. No entanto, se mantiver a dependência o que fará a machucar a todos em volta e inclusive ele mesmo. - Surge Bufou. - Por que acha que pego tanto no seu pé? Se quiser ficar com ele precisa se tornar mais forte. -

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Kevin estava conversando com Joy e colocando o assunto em dia. Já havia feito sua segunda batalha do dia, contra Cinthia, e o resultado fora três a zero para a Mestra Campeã. No entanto, ele estava bem, a derrota era esperada e foi esperto mandando a campo inicialmente Krabby que apenas espalhou agua no ambiente.

– Você amadureceu muito nesse espaço de tempo. - Comentou Joy. - Usou o Kraby para molhar o local e o retirou sem que ele levasse um único golpe. Evoluiu seu trabalho com o campo para um novo nível. -

Kevin sorriu lisonjeado. Ele realmente tinha afeições pela enfermeira e gostava que ela o reconhecesse daquela forma. No entanto a batalha foi bem dura. Kevin contou com Ampharos e Surskit no combate contra os pokemons da Mestra e sabia, tinha dado muito trabalho para ela. Surskit deslizou facilmente pela arena de grama. A velocidade e força surpreenderam a Mestra que retirou seu obrigatório a um golpe dele ser abatido. O segundo veio mais preparado, e Surskit foi retirado quando toda a água parecia estar no ar. Ampharos entrou fazendo diversos ataques relâmpagos e deixou o segundo pokémon da mestra em dificuldades, até a água acabar de evaporar. Com o término da água Cinthia percebeu a intenção de Kevin de realizar uma troca nova para molhar novamente o campo e impediu-o trazendo a campo um pokémon de grama fabuloso, um Serpirion que fez Kevin saber, a derrota era certa devido a vantagem de tipo.

– Olha quem fala. Agora é uma enfermeira formada que impõem respeito em todos só com a presença. - Kevin comentou sorrindo. - Foi uma pena eu não poder participar da formatura. -

– Quase um ano sozinha sendo responsável por Mahogany fez isso. A academia analisou os meus relatórios, estudos e desempenhos e concordaram que eu já tinha adquirido o conhecimento necessário. - Ela riu. - Mas, agora eu sei que eles apenas analisaram meu desempenho por causa do pedido da organização da Quest Liga que eu fosse uma das Joys participantes. -

Os dois estavam sentados em um banco de uma das praças da vila. Ninguém ligava muito para os dois sentados ali, no geral as Joys conversavam muito com os treinadores, dando orientações e outros mais.

– Só de ver como você assimilou meus ensinamentos de Mahogany com o material que usou nesse tempo, já foi meu melhor presente de formatura. - Joy corou. - Você poderia virar médico pokémon. -

– Você seria minha enfermeira assistente! -

Joy ficou vermelha com a pergunta e os dois começaram a rir.

– Sabe que não possuo conhecimento para médico pokémon. - Kevin disse por fim. - Meu conhecimento é restrito em ferimentos causados por batalhas. Doenças adquiridas ou genéticas, nascimento, velhice, problemas mentais, não sei nada de fisiologia ou... -

– Eu entendi. - Joy revirou os olhos. - Eu estava começando a gostar da sua proposta. –

– Por favor, me poupem! -

Joy e Kevin olharam para o lado um pouco assustados. Em pé, atrás do banco deles, estava Marjori. Com cara de poucos amigos. Joy levantou-se corada, mas não teve tempo de muitas falas.

– Não se preocupem. Só estou defendendo a minha honra. - Marjori apontou para Kevin. - Se este patife for visto com alguma garota elas dirão que eu fui trocada por ela. - Marjori passou as mãos no cabelo. - Não serei trocada por ninguém. - Ela cruzou os braços. - Mesmo que não passe de um mal entendido. -

Joy esperava uma gritaria, mas achou Marjori até calma o suficiente para aquela situação.

– Bom... Também não deveriam ver os dois juntos, ou acharão que estão reatando. - Joy riu. - Mas, isso com vocês. Meu intervalo está no fim de qualquer forma. -

– Te vejo a noite, quando for conferir como anda o tratamento. - Kevin levantou-se e abraçou Joy despedindo-se. - Provavelmente te levarei alguns pokémon completamente arrasados. -

Marjori esperou Kevin acabar de observar Joy afastar-se para poder ter toda sua atenção. Quando o jovem virou-se para ela ela teve vontade soca-lo, mas as palavras de Joy eram reais. Eles deveriam evitar o contato. Mas, felizmente não eram os melhores amigos do mundo.

– Deixa eu adivinhar... - Kevin suspirou imaginando o tipo de problema que a menina iria arrumar agora.

– Você quebrou a asa do pokémon do Mestre Gary. - Disse Marjori séria.

– Essa eu não iria adivinhar. - Kevin ficou parado por alguns instantes. Quando comandou o martelo caranguejo não pensou que a força seria grande para quebrar a asa. - Esfarelou o osso? -

– Acho que foram duas ou três partes. O fato é que não poderá entrar em campo novamente. - Marjori sentou-se no banco. - Não vim aqui brigar com você por isso, vim para conversar sobre. -

Kevin sentou-se calado. Fez tantas lutas muito mais poderosas que nunca resultaram em ferimentos tão sérios e agora recebia a noticia que além de acabar com as chances de Gary Carvalho na competição, ainda havia ferido gravemente um pokémon.

– Acha que por causa do que vivemos com a Estilo de Poder estamos indo para o combate como se ele fosse vida ou morte? - Marjori virou-se para encará-lo. - Acha que estamos esquecendo de presar a integridade do adversário? -

Aquela era um possibilidade. Estavam tão acostumados a bater com tudo que talvez nem percebessem mais que pediam movimentos fatais para serem aplicados em pokémon que estavam longe de serem ameaças.

– Machucou algum pokémon em sua luta? - Questionou Kevin.

Kevin percebia o quanto a menina estava pensativa e Marjori era elétrica demais para fazer reflexões tão melancólicas.

– Quase. - Disse Marjori que ficou calada por alguns instantes. - Disseram que a perna está machucada, mas não tem perigo de sequelas. Mas, está fora de combate. -

Kevin baixou o olhar processando a informação. Perna. Realmente Marjori e Choc estavam na mesma chave, ele não conhecia o quadro de batalha deles e nem preocupou-se em acompanhar as outras. A Dele já era complicada demais. Após sua terceira batalha é que sentaria com Julia, Dream e Dexter para ver seus desempenhos, ver as outras chaves e confraternizar com os demais competidores.

– São adversários fortes que conheciam os riscos. Viveram os mesmos perigos que nós. - Comentou Kevin. - Não é como se tivéssemos acertado um pokémon daquele moleque novato, Rogério. Ou outro treinador de expressão menor. - Kevin fechou os olhos. - No entanto, talvez tenhamos vivido algo que nos faz inaptos para sermos treinadores. -

Marjori ficou olhando-o enquanto ele parecia longe, de olhos fechados. Certamente tendo lembranças de coisas que acontecera, contra a Estilo de Poder, ou mesmo contra a Liga das Sombras.

– Começamos como treinadores normais, forçados a crescer rapidamente nos tornando letais a cada luta. Quantas lutas tivemos que a situação não gritava “nós ou eles”, ou mesmo “a derrota para alguém como ele é inadmissível”. - Kevin voltou a abrir os olhos. - Pessoas como minha irmã, Choc, Gary e muitos outros, começaram com pokémon muito antes do mundo se tornar perigoso. -

– Nós já começamos no olho do furacão. Para eles é fácil voltar ao brando. Voltar para uma batalha normal e divertida. - Marjori entendia o que Kevin dizia. - Por outro lado, alguns de nós não podemos voltar para o brando que nunca fizemos. Talvez não possamos mais ser treinadores. -

Marjori disse aquilo com certo pesar. Endireitou-se no banco e passou a olhar para o horizonte. Algumas pessoas passavam e os olhavam sentados ali. A dupla chamava a atenção, mas percebiam que havia um clima triste em volta deles.

– O que não é ruím. - Disse Kevin. - Os Grandes festivais logo voltaram. Você poderá seguir como coordenadora, como desejava. Não terá batalhas tão intensas que poderia leva-la a errar a mão. Seus novos desafios serão artísticos, coisa que voê já fazia antes de isso tudo. - Kevin suspirou. - O meu caso, por outro lado... -

– Você nunca quis ser treinador. - Comentou Marjori lembrando-se um pouco do que sabia de Kevin. - O que fará depois da Quest Liga? -

– Eu não tenho a menor ideia. - Disse Kevin. - Minha irmã irá as finais e vai tornar-se Mestra de Kanto. - Ele sorriu. - Eu farei o meu melhor e com sorte, cumpro a promessa que fiz a Détrio de enfrenta-lo na Quest Liga e assim, todas as minhas promessas estarão cumpridas. -

Marjori assentiu com a cabeça, mas virou-se curiosa para Kevin novamente.

– Como é que vai enfrentar Détrio na Quest liga se ele está morto? - Marjori não compreendeu. - Vai ter sessão espirita? -

Kevin começou a rir. O momento era melancólico, mas não conseguiu segurar as risadas. Marjori sabia que os pokémon de Détrio não tinham sido doados, por sinal ela estava com um deles. Mas, fora isso, ninguém na competição poderia representar Détrio para Kevin.

– Jura? - Kevin quase chorava. - Uma luta com o além? -

Marjori ensaiou uma irritação, mas acabou começando a rir. Realmente era algo ridículo.

– Eu vou ficar melhor posicionado que Gary, Trevor e você. Essa é minha meta. - Kevin afarvava tentando acalmar-se e interromper as risadas. - Se no quadro final, eu estiver melhor posicionado que uma companheira de treinamento e o mestre de Détrio, significa que o superei, certo? –

Marjori sacudiu a cabeça entendendo a lógica. Realmente Détrio possuiria nível semelhante que o dela e tendo feito o mesmo treinamento ela poderia muito bem representar Détrio. Assim como Gary sendo o mestre de Détrio, também o representava bem.

– Trevor é meu rival declarado. É apaixonado por pokémon e sonha em ser mestre com todas as forças. - Comentou o jovem Maerd. - Assim como Détrio. - Ele complementou. - Se Lubia estivesse aqui, eu a escolheria para ser a pessoa a ser superada, em luta direta ou na tabela, mas na falta dela, Trevor é quem mais se aproxima do que Détrio acreditava. -

Marjori sorriu. Ela escolheu pessoas que certamente seus amigos adorariam enfrenta-los, e lutaria usando um de seus pokémons e estilos. Mas, Kevin tinha uma promessa para com o falecido Détrio e pretendia cumpri-la. Enfrentá-lo na Quest Liga. Venceria, mesmo que indiretamente, pessoas que treinaram com ele, ensinaram-no e quem tinha o mesmo sonho que ele. Iria enfrentar o que ele representava.

– Boa sorte! - Disse Marjori. - Sabe que esta Estrela dos Palcos não pode ser alcançada, né? -

Os dois riram durante alguns instantes. Mas, pararam rápido. Havia ainda uma questão que não podia ser deixada de lado. Eles tinham medo de machucar as pessoas se continuassem como treinadores.

– Eu realmente estive pensando em virar coordenadora assim que fosse liberado a existência deles novamente. - Marjori comentou. - Talvez um tempo no meio artístico diminua minha sede de sangue. - Ela acertou o cabelo com a mão esquerda. - Até me inscrevi para fazer terapia. É mais pela Lubia, ela está depressiva por não estar aqui. Acho que isso vai ajudar um pouco. –

– Espero que ela fique bem. - Disse ele se levantando. - Vou me preparar para a próxima luta. - Ele deu alguns passos afastando-se.

– Você realmente não tem nenhuma ideia do que vai fazer? - Perguntou Marjori.

Kevin parou virando-se para ela. Balançou a cabeça negativamente.

– Dica de uma estrela. Portas se fecham, mas janelas se abrem. - Disse ela de pé. – Como gosto de cantar em uma de minhas canções... “Faça o que te dar prazer, mesmo que signifique fazer tudo o que não gosta de fazer.” -

Kevin deu um sorriso para ela e voltou a seguir o seu caminho.

Faça o que te dar prazer, mesmo que signifique fazer tudo o que não gosta de fazer.” E isso lá faz algum sentido? Depois me perguntam porque não escuto as músicas dela. Kevin refletiu sobre o que Marjori havia falado. Era muito idiota na opinião dele. Mas, gerou uma pergunta que ele ficou tentando responder. O que dá prazer que eu não gosto de fazer?


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Notas finais do capítulo

E os momentos finais da PET se aproximam. O que será de Kevin e Marjori após o final da Quest Liga?



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