Capítulo 01 – Introduzindo-se ao Mundo das Sombras

Quantas pessoas um adolescente de 16 anos poderia odiar? 16 como sua idade? Todas as pessoas que ele conhece e ouvir falar? Todas as pessoas do planeta? As criaturas vivas e não vivas também? Será que odiar qualquer criatura viva no mundo é errado? Mesmo que os odiados fossem demônios?

O que é odiar afinal de contas?

Quantas pessoas esse mesmo adolescente de 16 anos poderia querer matar? Um? Dois? O mesmo número que sua idade? Qual será o número que seria considerado muito? Será que alguém se importaria se essas pessoas que o adolescente matasse fossem assassinos? Será que há problema matar criaturas vivas que não sejam humanas? E se elas fossem demônios?

A capacidade de matar alguém nasce de onde?

Se alguém souber por favor me fale onde conseguir, pois ódio eu já consegui. Agora eu preciso da capacidade para matar alguém, na verdade a coragem para isso.

Quando a 6 anos atrás eu perdi meu pai, um pesquisador, e culpei um dos melhores amigos dele, também pesquisador que estava com ele no momento. Depois um Mestre e Pesquisador anunciou um concurso para selecionar discípulos e quando passei no concurso me dispensou. Mais tarde um pesquisador maluco colocou minha irmã e eu frente a frente com criminosos de alta periculosidade, quando pensei que minha cina com os pesquisadores tinha terminado, uma falsa amiga pesquisadora tenta roubar meus pokemons e mata meu melhor amigo. Por fim meu falecido pai pesquisador reaparece do mundo dos vivos revelando ser o Caçador das Sombras.

Tenho quase certeza que eu tenho motivos suficientes para odiar a pesquisadores e que ninguém pode contestá-los. De qualquer forma, eu só mataria dois deles, Melani, minha falsa amiga e meu pai.

Por que eu mataria meu pai? Não é por ele ter forjado a própria morte. Não é por ele ter abandonado minha irmã e eu. Não é por ele ter virado um supervilão. Não é por ele ter me roubado. Não é por ele ser líder uma organização secreta que combate demônios invencíveis e nunca ter me preparado para sobreviver a eles. É porque aquele patife sabendo que ninguém vence um sozinho, manda mais da metade do grupo, um para canto do mundo, procurar e capturar, ou afugentar as criaturas, para as lacrarmo no ninho de onde elas tem fugido.

Claro, se um supervilão e quatro Mestres Pokemons não está dando conta do recado, manda um adolescente revoltado! Kevin Maerd Júnior, Treinador Pokemon de 16 anos, dá conta de tudo.

– É sua vez. -

Uma voz cortou os pensamentos de Kevin Maerd Júnior que ergueu o olhar para confirmar que se tratava de Mewtwo. Um pokemon geneticamente criado, com poderes psíquicos maiores do que o imaginado, que colabora com a sociedade oculta de caça aos demônios.

Um dos poucos pokemons dotados de habilidades e consciência que assemelham-se as humanas. Ele coordena e monitora cada integrante da sociedade enquanto em missão, se a pessoa não estiver em missão, é cada um por si. Mas, para ajudar os integrantes enquanto estiverem fora de missão, ele usa o Visão de Futura.

Uma técnica poderosa, que possui dois possíveis efeitos.

O primeiro efeito é usado, normalmente, em batalha. O golpe é evocado e alguns minutos depois, normalmente mais do que dez minutos, um feixe de energia vem de uma direção improvável acertando o inimigo. Um golpe geralmente indefensável, já que não pode ser previsto a não ser por ele mesmo.

O segundo efeito é mais usado fora das batalhas. O pokemon usuário tem uma visão de acontecimentos do futuro. Um futuro que pode ser próximo ou muito distante. Uma visão que pode ser de uma cena perfeita ou completamente borrada e fragmentada. Tudo depende do poder e habilidade que o pokemon possui para efetuar tal técnica. Um treinador pode ter a visão compartilhada pelo pokemon usuário e, dependendo do treinador, pode amplificar o poder do pokemon para que a técnica seja efetuada com mais precisão.

Mewtwo dava a cada integrante da sociedade uma visão do momento mais crucial de sua jornada, que não envolvesse sua missão. Mewtwo concedia aos membros do grupo uma visão de momentos antes de sua possível morte. Momento este que não tinha relação direta com sua missão.

Kevin sentou em uma poltrona negra e acolchoada. A cadeira rapidamente se inclinou deixando-o quase que deitado. Mas, ele sentia que estava confortável e bem calmo. Mewtwo posicionou-se ao lado direito dele e respirou fundo.

– Apenas relaxe e não tente controlar a visão. Isso a faz embaçar e desfragmentar. - Disse Mewtwo. - Como o futuro que verá é provavelmente um futuro distante, não tente interpretar porque faltaram muitos elementos para isso. -

– Vou tentar me lembrar. -

Kevin fechou os olhos ao mesmo tempo em que os olhos de Mewtwo emanaram um brilho esverdeado.

A escuridão que Kevin via foi se tornando uma nevoa e a maciez e textura da poltrona foram se assemelhando ao de uma cama. Ele não tinha certeza, mas lembrava uma das camas de Centros Pokemons, mas tendo evitar o pensamento como havia sido instruído apenas deixou que a nevoa se dissipasse e percebeu que abria os olhos.

O lençol que cobria apenas parte do seu corpo lhe dava a sensação de estar faltando peças de roupa em seu corpo, o que foçou novamente a ideia de que ele estava em um Centro Pokemon. Ele vivia sendo hospitalizado e isso não parecia que iria mudar. Com os olhos abertos apenas percebeu que o local estava a meia luz. Ele esticou o braço direito a procura de um abajur e sentiu que tocou uma outra pessoa.

“Depois de um show a Estrela dos Palcos dorme pelo menos dez horas”.

A voz rabugenta fez Kevin arregalar os olhos esticando o braço esquerdo e finalmente encontrando o abajur e seu interruptor. A luz se acendeu e viu cabelos rosas a sua direita se remexendo a medida que o corpo dono dos cabelos girava. Os olhos se encararam assustados enquanto nenhum dos dois parecia saber o que dizer.

“O que faz na cama da Estrela dos Palcos?”

Assustado com a visão de Marjori enfurecendo-se ao lado dele, na cama, Kevin fechou os olhos assustado e a nevoa voltou a ser escuridão. Ele reabriu os olhos e viu que estava de volta ao Quartel General do Caçador das Sombras, deitado na poltrona reclinável com Mewtwo em pé ao lado dele.

– Isso jamais vai acontecer. - Disse ele virando-se para Mewtwo. - Eu e ela jamais vamos estar juntos daquela forma. -

Kevin saltou da poltrona saindo irritado.

– Essa é a melhor parte do trabalho. Nunca aceitam como vão morrer. - Mewtwo gargalhava enquanto Kevin se afastava falando sobre matá-la antes dela matá-lo.