CAPÍTULO XI:

10 mu-u mu muuuu muuú muu.

(Tradução: 10 meios de deixar a velha vaca com nome de erva daninha querendo te jogar do Olimpo)

Nota dos autores: Finalmente estamos aqui com um dos capítulos mais esperados de todos, principalmente pelos odiadores de plantão da titia Hera. Ou seja, basicamente 95% de todos os semideuses e etc. Jason, nosso querido filho de Zeus (ou Júpiter, tanto faz), que apaga mais que o Clovis durante as reuniões dos conselheiros chefes, nos ajudou nele. Com grade emoção, declaramos que hoje vamos ensinar vocês a deixar a nossa querida majestade bovina arrancando os cabelos por sua causa. Mas se acalmem gente. Sabemos que tá todo mundo querendo testar cada um desses jeitos divos de sacanear com a cara dela, mas cada um de uma vez, ok? Vamos, comecem a formar a fila, gente. Um por um e sem empurrar o amiguinho.

Método 1: Seja filho de Zeus.

Certo, isso é algo involuntário e só funciona com alguns. Não conta. Vamos começar outra vez.

Método 1: Pergunte se ela gosta de ir para a Índia, afinal, ela é bastante cultuada lá.

Era apenas uma sexta-feira normal no Olimpo, exceto por Jason Grace ter sido chamado para ir até lá por Hera. Na Mensagem de Íris que ela mandou, estava séria e só disse que precisava falar com ele. Quase que ele desmaia de novo, coitado.

— Preciso de um favor seu. Eu perdi, quer dizer, alguém roubou a minha aliança de casamento enquanto eu resolvia um problema com o templo de Hermes. — Ela disse.

Templo de Hermes? Ele tinha quase certeza que não tinha apenas o dedo dos Stoll nisso, como o resto do corpo também. Fazia tudo parte do plano para passar algum tempo com Hera e conseguir pôr em prática a tão conhecida lista deles.

Falando nisso, é claro que Jason não aceitou logo de cara. Aquilo era muito pro jeito certinho dele, mas Connor ameaçou usar uma das bombas do amor da Lou na Piper. O ciúme acabou falando mais alto e ele aceitou.

— E você quer que eu ache ela, né?

— Sim, mas comigo. Quero me ajude a procurar, vocês semideuses são bons nisso de achar coisas roubadas. Mas eu posso localizar ela se tiver perto o suficiente. Por isso preciso de ajuda.

Jason quis dizer que quem tinha experiência em achar coisas roubadas dos deuses era o Percy e não ele. Mas ficou quieto, não queria ser transformado em uma caixa de leite desnatado.

— Tá, eu ajudo. Tem alguma pista ou lugar por onde começar a procurar?

— Não, realmente não sei de nada.

— Que tal a Índia?

Ela olhou pra ele sem entender.

— Que?

— Podíamos começar por lá. Você gosta de ir a Índia, né?

— É um bom país, mas por que lá?

Jason deu de ombros.

— É que dizem que você é sagrada lá, pode ter alguma coisa a ver.

A deusa olhou para ele como se o semideus tivesse se transformado em um unicórnio.

— Você está me chamando de vaca?

Método 2: Leve uma vaca ao Olimpo. Quando perguntarem o motivo disso, diga que achou uma irmã perdida de Hera.

No dia seguinte, Jason voltou ao Olimpo, já que tinha combinado com Hera de procurar por alguma pista no templo dela e por alguns outros lugares. Dessa vez, ele puxava uma vaca por um coleira. Não gente, não é zoeira ou exagero.

Seria ótimo se Jason tivesse filmado a reação do cara que ficava na recepção ao dar de cara com a vaca. Os olhos deve saltaram do rosto e ele deu um pulo de susto. Isso fez a cadeira ir para trás, bater na parede e ele quase cair no chão. Ah, e tinha também os óculos de grau que ele usava, que foi parar no cabelo de uma velhinha que estava perto. Ele ainda estava usando grampos nos cabelos, que pareciam simular uma boca. Seria engraçado se ela não estive parecendo o Voldemort.

Por causa do susto, ele nem falou nada quando o semideus pediu a chave do andar 600.

Já no Olimpo, ele amarrou a coleira na árvore ao lado do Templo de Hera e entrou. A deusa estava esperando por ele no primeiro andar.

— Que bom que chegou. Encontrei isso escondido no meu quarto. — Ela entregou uma folha de papel amassado para ele.

“Se quiser que o anel continue vivo, não fale para ninguém sobre isso. Entraremos em contato para resgate.”

Bem retardado, a cara dos Stoll.

— Acho que foi um filho de Hermes — falou a deusa.

— Ah, sério? Se não me falasse eu nunca teria imaginado — ironizou.

É como dizem, “já que é pra tombar, tombei”. Só que, no caso, tava mais para “Já que é pra zoar, vamos zoar”.

Hera fechou a cara, deixando ela mais feia ainda, se é que isso era possível.

— Trouxe suas coisas? — perguntou.

— Sim, por quê?

— Vamos encontrar uns conhecidos que podem saber alguma coisa sobre.

Ele assentiu e os dois saíram do tempo. Do lado de fora, Jason foi até a vaca, a desamarrando da árvore.

— O que é isso?

— Não tá reconhecendo? Essa é a Falsiane, sua irmã mais velha. Encontrei ela andando por ai e a trouxe pra fazer uma visitinha. Vai dar um abraço nela não?

O rosto de Hera ficou tão vermelho que parecia que ia explodir a qualquer momento ou começar a sair fumaça das orelhas, como num desenho animado.

Método 3: Pergunte como ela pode ser a deusa da maternidade se ela jogou o próprio filho do Olimpo.

— Então, onde vamos encontrar esse seu amigo? — Jason perguntou, antes de voltar a encher a boca de batatas fritas.

— Já disse que é só um conhecido. E digamos que ele trabalha aqui perto — respondeu a deusa.

O semideus molhou a pontinha de duas batatas no ketchup e colocou na boca como se fosse duas presas. Ele pegou o celular e tirou foto da brincadeira, rindo como se fosse a coisa mais divertida do mundo.

— Será que dá pra comer direito?

— Eo nu xero. — Tentou falar, mas as batatas atrapalharam.

— Se não quiser ficar sem os dentes, sugiro que largue o celular e coma direito.

Hera falou como uma verdadeira mãe, mesmo parecendo um pouco psicótica. No mesmo minuto, Grace largou o celular e acabou de comer direito.

— As vezes esqueço que você é a deusa da maternidade. Falando nisso, posso fazer uma pergunta meio estranha?

Ela pareceu parar para pensar por um segundo. Gente, que novidade, Hera sabe usar o cérebro.

— Olha, se for pra perguntar de onde os bebes vem, nem começa que eu sei que você sabe.

— Não. Você é doida?

— O que?

— Perguntei se é louca. Você é a deusa da maternidade e jogou o seu próprio filho do Olimpo. Amiga, já ouviu falar em psiquiatra? Tá precisando. Se quiser, tenho o telefone de um conhecido aqui, ele pode fazer um desconto especial para a majestade bovina.

O copo que a deusa segura se espatifou, voando pedaços de vidro para os lugares em volta. E isso não era nada perto do que ela queria fazer com Jason.

Método 4: Coloque chifres numa estátua dela, preferencialmente uma que esteja num lugar visível. Altere também a plaquinha.

Jason e Hera estavam em um museu para encontrar o tal conhecido da deusa. Enquanto ela ia encontrar com ele, pediu para o semideus esperar ela. E ele fez isso, dando uma olhada ao redor do museu. Ele era direcionado a mitologia grega e, por isso, tinha diversas estátuas dos deuses, espalhadas pelo local.

Jason procurou pela de Hera. Não foi fácil, já que o lugar era maior que o Acampamento Meio-sangue, estava vazio e as estátuas das deusas que tinham ali pareciam ser igual, só mudando a posição em que estavam. Um dos maiores desperdícios de espaço e gesso que o filho de Zeus já viu.

Demorou um pouco, mas ele achou uma, em tamanho real. Estava ao lado de uma de Atena, próximas à lojinha de conveniência, que vendia estátuas em miniatura. Por que raios alguém iria querer comprar essas coisinhas?

O semideus pegou na mochila um capacete com chifres, feito de plástico para festas de halloween e colocou na cabeça da deusa. Jason pegou também uma lata de tinta preta e fez algumas manchas no corpo da estátua, como as vacas têm.

Além disso, colocou uma plaquinha por cima da que já estava.

“Hera, a deusa vaca:

Protetora dos cornos, mal amados, das vacas sem coração, de todos aqueles que se iludem facilmente e deixar ser enganados por qualquer um”

— Jason, onde você está? — Ele ouviu a deusa perguntar.

— Aqui! — gritou e esperou por ela.

— Falei com ele e… — Hera parou de falar ao olhar a estátua. — O que é isso?

— Ah, estava muito falso isso aqui. Deixei mais parecido com a realidade.

Hera ficou vermelha dos pés a cabeça, literalmente, parecendo um morango gigante.

— Que foi? — ele perguntou e apontou para a estátua. — Olha essa obra-prima, que linda. Digna do Louvre.

— CORRE! — gritou.

Do lado dela, estava a loja de conveniência, o que realmente foi uma conveniência para ela. Hera pegou as pequenas estátuas e começou a jogar em Jason. Como ele não levou a sério o que a deusa tinha falado, continuou no mesmo lugar.

A terceira estátua, uma mini Atena, voou pelo museu e acertou em cheio a testa de Jason. Ele caiu pra trás, tão desacordado como a bela adormecida ao encostar o dedo na agulha.

É, depois do apelido do Percy virar Ariel, o do Jason virou Aurora.

Método 5: Jogue na cara dela que Zeus traiu ela na versão romana e grega com a mesma mulher.

— Ei. — Hera chamou, cutucando a barriga do semideus. — Será que dá para acordar logo? Eu não arremessei com tanta força assim.

Jason levantou num pulo, batendo o queixo na testa da deusa. Ele correu para trás de uma outra estátua.

— Sai pra lá — gritou.

— O que? — perguntou, tentando chegar perto dele, mas Jason se afastou mais.

— Olha, eu sei que você me odeia porque eu sou filho de Júpiter e ele traiu você nas duas formas, romana e grega, com a mesma mulher. Mas para de tentar me matar, sua velha doida.

Jason não queria falar essas coisas, mas as palavras saíram com tanta facilidade e parecia que tinham tirado um elefante das costas dele.

— Jason, o que deu em você? Ficou maluco ou bateu a cabeça forte demais? — Hera perguntou.

A deusa chegou perto de onde ele estava, tendo apenas uma estátua entre os dois. Quando ela tentava contornar a Héstia de 3 metros por um lado, Jason fugia pelo outro.

— Sai de perto de mim. A culpa não é minha se seu animal sagrado deveria ser um veado por causa daqueles chifres enormes que Zeus te bota toda semana.

Hera parou por um segundo.

— Garoto, eu vou te chutar daqui até o Olimpo.

Pelo tom de voz dela, ele achou que o lar dos deuses não seria o real lugar onde ele seria lançado, estava mais para do outro lado do mundo.

O semideus começou a correr, em volta da estátua, com a deusa atrás dele.

— SOCORRO. Vai resolver seus problemas com o meu pai, não tenho culpa por ele preferi passar o tempo que tem com mortais a passar com você.

A deusa soltou um berro de raiva.

Os dois ficaram correndo por um certo tempo, até Hera parar e Jason continuar correndo até dar de cara com deusa e cair sentado no chão.

— Agora vamos ter uma conversinha — disse. Ela sorriu de uma forma que fez o filho de Zeus pensar que, talvez, devesse ter sido melhor ter ido dar um voltinha no Tártaro a estar ali naquele momento.

Método 6: Quando ela falar alguma coisa, pergunte o que era e em seguida diga que não fala vaquês.

De acordo com a deusa, o contato dela tinha dito que realmente era coisa de um filho de Hermes, só um deles para roubar algo dos deuses e ainda deixar um recadinho. Infelizmente não sabemos dizer se isso significa que os mini-ladrões são loucos, retardados, corajosos ou os três juntos.

Além disso, ele falou que tinha informações sobre uma movimentação estranha num criadouro de porcos no Texas que pertence a Hermes. Por isso, Hera e Jason estavam indo pra lá.

Mas agora, vamos a uma coisinha bem estranha: Uma deusa usando aqueles vestidos enormes gregos e todo o resto bem típico, como aquelas sandálias cheia de amarrações que faz a perna da pessoa parecer um salame no mercado, estava dirigindo um carro. Isso pode ser normal para Apolo e até mesmo Ares ou algum outro deus mais “moderninho”, mas Hera? Realmente era estranho demais.

Sobre como ela dirigia, bem, Jason descreveu como pior que a cara dela quando acorda de manhã, depois de ter sido pisoteada um bando de animais selvagens. Nossa, tá ai uma cena bem ruim para imaginar.

A distância entre Ohio, estado onde eles tinham ido falar com o contato, e o Texas era longa. Por isso, a deusa usou uns truques, como Apolo, o que fez com que o carro pudesse voar e ir numa velocidade acima do comum.

Mesmo sendo filho de Zeus, Jason teve que se controlar para não abrir a janela e vomitar (ou se jogar).

— A gente já chegou? — O semideus perguntou, pela milésima vez.

— Não.

Alguns segundos se passaram, antes dele falar de novo:

— A gente já chegou?

— JÁ DISSE QUE NÃO — gritou Hera.

— Muuuu muu mú? É assim que se fala?

A deusa parou de olhar para frente e se virou para Jason. Por um segundo, ele ficou com medo de que ela batesse com o carro, já que ele seria o único que sairia mal, se isso acontecesse. Mas o semideus se lembrou que estavam no céu e a única coisa em que poderiam bater eram em nuvens fofinhas e se acalmou.

Pobre Jason, tantos desmaios fizeram ele esquecer da existência de aviões e dos pássaros. Se tudo der certo e você não morrer, vamos te levar para ver Mnemósine, a deusa grega da memória.

— O que Hades é isso? Garoto, você está bem? — Ela perguntou e encostou na testa dele. — Não está com febre, deve ter batido a cabeça muito forte, tadinho.

— O. QUE. VOCÊ. ESTÁ. FALANDO? — Jason gritou pausadamente — FALA NO MEU IDIOMA, POR FAVOR, EU NÃO ENTENDO A LÍNGUA BOVINA.

Hera freou o carro tão rápido que, se não fosse pelo cinto de segurança, Jason teria voado pelo vidro.

— Repete isso.

O semideus se virou para ela e segurou suas mãos, como se estivessem tendo uma conversa bem séria e um deles estivesse abrindo seu coração para o outro.

— Você é uma deusa, pode fazer praticamente qualquer coisa e isso inclui falar várias línguas, independente de que tipo de ser fale ela. Então faz um favor pra mim e fala inglês e não vaquês.

O rosto da deusa ficou vermelho como uma pimenta e ela tirou as mãos do semideus de perto. Sem que ele percebesse, ela abriu o cinto dele.

— Até nunca mais.

Num estalar de dedos, a porta do carona foi aberta e Hera empurrou Jason para fora.

Método 7: Diga que Hades se inspirou nela para fazer o elmo, já que queria algo que fosse extremamente assustador.

A deusa do casamento deu um grito de animação. Nunca tinha ficado tão feliz desde que fez churrasquinho com algumas amantes de Zeus, uns 500 anos atrás.

Ela continuou dirigindo, enquanto dava pulinhos e cantava uma música pop. Quem diria que a vaca rabugenta conseguia sorrir? Acho que sabemos a quem Ares puxou seu sadismo.

— OIIIIIIIIIIIII — Jason berrou do lado de fora do carro, voando ao lado da janela aberta de Hera.

A deusa deu um grito de susto e acelerou, fazendo manobras estranhas para tentar desviar dele. O que não adiantou muita coisa, já que o semideus tinha se prendido ao carro. A cada tentativa dela de se livrar dele, Jason ri dela e fazia alguma careta.

Numa dessas tentativas, Hera perdeu o controle do carro, fazendo ele não conseguir mais manter a altura e, por isso, o carro estava caindo.

— EU NÃO QUERO MORRER. SOU MUITO NOVA, NÃO CHEGUEI NEM A 10 MIL ANOOOOS, SOCORROOOO. — Ela gritava.

— Aperta o botão vermelho! — Jason falou, apontando para o grande botão no painel do carro.

O carro começou a girar no ar e Hera deu mais um grito, antes de, finalmente, fazer o que o semideus pediu. Num segundo, o carro parou e começou a subir novamente.

A deusa colocou a mão no coração e respirou fundo, aliviada. Ao mesmo tempo, Jason entrou no carro pela porta do carona, que Hera tinha fechado, mas não trancado, por isso, ele pode abrir por fora.

O filho de Zeus se jogou no banco com um sorriso na cara, apesar do cabelo parecendo, literalmente, um ninho de passarinho e de ter perdido o casaco. Bom, pelo menos dessa vez não foi o sapato de novo.

— Acho que não foi dessa vez que você se livrou de mim. — E piscou.

Mas assim que Jason olhou para a deusa, fez uma careta. Por ter deixado a janela aberta e, com isso, ter passado uma ventania horrível pelo carro ter girado, os cabelos dela estavam bem piores que o dele. Isso, sem falar no resto. Era como se ela tivesse acabado de acordar e enquanto dormia, alguém tivesse colocado ela numa máquina de lavar e depois ter deixado no sol para secar.

— Por Zeus, o que aconteceu com a sua cara? — Hera abriu a boca para responder, mas antes que conseguisse, ele continuou. — Ah, esqueci que ela é assim mesmo normalmente. Agora descobri de onde Hades tirou a inspiração do elmo, de você. Feia desse jeito, deixa qualquer um se borrando de medo. Me diz, já foi confundida com o monstro do lago Ness ou com o pé grande?

Hera deu um soco no volante, fazendo ele ficar sem um pedaço, no lugar onde ela acertou.

— Porque você é filho de Zeus? Não podia ser de Apolo? Ai eu conseguiria me livrar de você te jogando daqui.

O semideus fez cara de desentendido.

— Que? Já disse que não ente-

Jason foi interrompido pelo estalar de dedos de Hera, que com que a boca do semideus sumisse.

Método 8: Pergunte como ela faz para esconder o rabo.

— Tem certeza que esse é mesmo o endereço certo? — Jason perguntou, depois do dois descerem do carro.

O lugar onde eles estavam era uma fazenda no meio do nada. Tinha uma enorme casa de madeira com várias teias de aranha espalhadas por ela e era possível ver alguns animais longe o suficiente para que Hera e o semideus não pudessem identificar.

— Sim, é esse mesmo.

O semideus deu de ombros. Os dois passaram pela cerca, que era tão baixa, que dava para passar por cima sem muito esforço, e atravessaram o quintal até a casa. Lá dentro, não tinha moveis ou qualquer outra coisa, apenas poeira e mais teia de aranha. Aracne iria gostar de lá.

Enquanto saiam, Hera pisou numa tábua de madeira, que quebrou. Se ela não tivesse se segurado em Jason, teria caído de cara no chão.

— Cuidado, não vai cair ai hein. — Sorriu e é claro que ela estranhou.

— Tá…

— Não queremos que você bata com a cara no chão e deforme ela mais ainda. Já tá ruim o suficiente, não piora.

— Estava demorando pra vir com uma dessas piadinhas. — Ela revirou os olhos — Você tem sorte, não posso te matar pois preciso de você pra isso.

Jason suspirou.

Os dois andaram em direção aos fundos da fazenda, aonde os animais estavam. No meio do caminho, eles se depararam com uma placa de madeira, que parecia ser mais velha que Hera e Zeus juntos, assim como a casa. Nela, estava escrito numa tinta preta péssima:

“O que você procura está nos bacons voadores”

— Que? — Hera perguntou.

— Acho que estão falando daquilo. — Jason apontou para os animais, que os dois perceberam que eram porcos grandes e vermelhos, com asas, patas e rabos de pégasos. — Alias, como você esconde o rabo?

— Do que você está falando?

— Seus animais são o pavão e a vaca. Um tem rabo e outro uma cauda, você deve ter algo assim também.

Hera revirou os olhos.

— Anda logo e cala a boca, quero me livrar de você o mais rápido possível.

Método 9: Fale que prefere ficar solteiro (ou namorando) para o resto da vida. Casamento é para os fracos e é inútil.

Os porcos eram ainda mais estranhos de perto. Conseguiam ser mais feios do que Hera estava após as manobras com o carro. Eram, mais ou menos, 20 e estavam num cercado de mais madeira velha, cheio de lama dentro.

— Mas é claro, os porcos de Hermes — resmungou a deusa — Qual deles é o certo?

— Não sei, vamos ter que procurar. Isso se estiver mesmo aqui.

Jason largou a mochila longe do cercado e entrou nele, sendo seguido pela imortal. Os pés dos dois afundaram na lama, cobrindo o calcanhar e uma parte mínima da perna.

Logo quando tentou tirar um dos pés pela primeira vez, para andar pelo lugar, Hera se desequilibrou e caiu de costas na lama, fazendo com que o vestido branco sujasse todo atrás e um pouco na frente. O filho de Zeus deu uma gargalhada alta e quis ter deixado o celular no bolso, invés e na mochila, pra ter filmado o tombo.

— E aqui vemos um representante espécie Bos Taurus de chifre longo rolando na lama. Algo estranho, já que eles curtem mesmo é capim.

A deusa praguejou baixo, antes de levantar e ajudar o garoto a procurar por alguma coisa diferente nos porcos. Isso era bem difícil, já que eles eram esquisitices ambulantes. Jason se perguntou se o bacon deles era melhor ou se tinha o mesmo gosto dos normais.

Depois de quase duas horas ali, não tinham conseguido achar nada diferente. Os dois estavam cobertos de lama, tinha até nos cabelos, já tinham levados diversos tombos e escorregões. Não contem a eles, mas tinham algumas câmeras escondidas e gravamos tudo. Só mandamos os da titia do gado para a TV Hefesto, mas dá pra rir bastante da cara dela.

— Não dá pra comprar outro ou mandar fazer? Você é uma deusa, pode conseguir quase qualquer coisa que quiser — Jason falou.

— Não, essa aliança foi feita com um material único e eu não posso fazer nada, nem mesmo rastrear ela. Nã… ALI! — Ela gritou. — Aquele ali tem uma coisa presa na asa.

O porco-pégasos estava afastado, na sombra de uma árvore encostada a cerca, e tinha uma fita brilhante na asa. Jason foi lentamente até ele, não por querer, mas por causa da lama, que fazia ele andar igual ao Frankenstein misturado com o Dr. House.

Quando chegou perto do animal, ele se jogou em cima dele, para tentar segurar. Mas, assim que fez isso, o porco abriu uma das asas, acertando o rosto de Jason, que soltou o animal e caiu para o lado, com o rosto direto na lama.

— É POR ISSO QUE EU NÃO VOU CASAR! — gritou.

— Que? — perguntou a deusa.

— PARA DE FICAR FALANDO “QUE?” O TEMPO TODO. TÁ SURDA? COMPRA UM APARELHO DE SURDEZ, CARAMBA. — Jason se levantou, cambaleando como o sr. D, digo, um bêbado. — Eu disse que é por esses motivos que eu não vou casar. Casamento só traz desgraça, tipo uns serhumaninhos babões que só sabem comer, babar e fazer coco. Coisas como essas também ou você percebe que casou com uma mala sem alça que fica te irritando por éons, como no caso de Zeus com você. Por isso, vou ficar solteiro pra semp-

O semideus não conseguiu terminar de falar, já que a deusa deu um empurrão nas costas dele, fazendo Jason comer lama pela enésima vez no dia.

Método 10: Suma com a aliança dela.

Com um estalar de dedos, Hera fez com que sumisse a lama que sujava eles e a estava no chão.

— Não dava para ter feito isso antes não?

Ela deu de ombros.

— Esqueci que eu podia. Agora vai lá atrás daquele porco.

Jason revirou os olhos, antes de se esgueirar novamente até o porco-pégasos. Mas, dessa vez, ao chegar perto do animal, ele se jogou de uma forma que pudesse segurar as asas e foi isso que ele fez quando o porco começou a correr, quase como Afrodite fazia quando estava de TPM e Ares ia atrás dela.

Com cuidado pra não cair, ele pegou o papel preso a fita prata e leu:

“A partir do momento que você ler isso aqui, a magia da nossa cara miguxa Hazel vai se desfazer e qualquer um vai ver o pingente do cordão da forma que ele é de verdade.

Ps: FAZ ESSA VACA VELHA SOFREEEEER!”

Num movimento rápido, sem que a imortal visse, ele enfiou o papel no bolso. Mas esse pequeno espaço de tempo foi o suficiente para que o porco chegasse perto da árvore em que, anteriormente, ele estava na sombra. Quando Jason olhou pra frente, já era tarde de mais, um galho bateu no ombro dele, fazendo o semideus dar uma cambalhota no ar e cair. Mas dessa vez, a forma como ele caiu, fez o pingente do colar que ele usava por baixo da blusa sair do lugar, indo parar na altura do pescoço dele, totalmente a mostra. Esse pingente era, nada mais, nada menos, que a aliança perdida de Hera.

A deusa olhou para o colar com uma expressão raivosa.

— A MINHA ALIANÇA! — berrou — ESTAVA COM VOCÊ O TEMPO TODO, SEU PROJETINHO DE PARA-RAIOS MAL SUCEDIDO!

Antes que ela pudesse sequer pensar em outra alguma, que não fosse gritar como uma hiena misturada com pato com um apito entalado na garganta, Jason tirou o pingente da corrente e engoliu, como se fosse a última batata frita do universo.

Hera semicerrou os olhos antes de correr desengonçadamente e se jogar em cima dele. A deusa sentou em cima da barriga dele e usou as pernas para imobilizar Jason, antes de começar a estapear o semideus com o máximo de força que ela conseguia na forma humana e, olha, não era pouca.

Após alguns segundos, Grace já estava parecendo que tinha saído de uma guerra, mas, mesmo assim, ela não parava.

— EU VOU MATAR VOCÊ! TE CORTAR EM PEDACINHOS ATÉ PEGAR MINHA ALIANÇA E VOU DAR OS RESTOS PROS PORQUINHO COMEREM, ENQUANTO EU RIO DA SUA CARA.

Naquele momento, Jason pensou que talvez devesse ter feito outra coisa, em vez de irritar Hera. Talvez até mesmo enfrentar Gaia outra vez, parecia menos perigoso.