My life escrita por Clarisse Garret


Capítulo 1
Não admito




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Eu estava voltando para o meu quarto após passar horas cuidando dos assuntos Olimpianos. Todos estavam um pouco tensos porque Zeus estava se afastando cada vez mais dos seus deveres e tudo estava ficando um caos. Nada podíamos fazer sem a permissão dele. As pessoas temem meu marido por isso para tudo que fazem esperam que ele lhes conceda permissão.

Segui o caminho para o meu quarto, certa de que, pela quinta noite seguida, ele estaria vazio e eu passaria a noite sozinha em minha cama imaginando com quem meu marido estava. Eu já estava farta de suas traições, mas o que eu poderia fazer? Ele era o rei dos Olimpianos. Quando me casei com ele eu achei que estava fazendo a escolha certa, como fui iludida. Aquele desgraçado nunca me amou e nunca será capaz de amar ninguém além de Atena. Quando finalmente cheguei ao meu quarto ouvi barulhos através da porta. Abri esperando ver Zeus bêbado jogado na cama, mas não. Ele estava com outra mulher. Em nossa cama isso já era demais para eu suportar.

-Seu desgraçado. –Gritei chamando atenção dele e da vadia. –Na nossa cama eu não admito.

-Hera eu... –ele começou a falar, mas eu não ouvi a continuação, pois me desfiz em pó e fui embora daquela prisão que eu era obrigada a chamar de casa.

Eu acabei indo para em uma praia que eu não reconheci não saia muito do Olimpo para conhecer o mundo mortal. Sentei na areia e desabei. Será que eu era tão ruim que não merecia ser amada nem pelo meu próprio marido? O que eu fiz para merecer aquela vida desgraçada? Eu não tinha resposta para essas perguntas. Lágrimas corriam livremente pelo meu rosto. Ouvi vozes olhei para trás e vi alguns mortais conversando alegremente, eles pareciam felizes como se cada momento de suas vidas precisasse dessa felicidade. Fiquei observando até eles sumirem do meu campo de visão. Nesse momento eu invejei os mortais que não tinham que viver uma eternidade angustiante. Pobres ingênuos que às vezes falam que querem viver para sempre. Mal sabem eles que o para sempre é tempo demais para se viver sempre feliz.

Deitei-me na areia e comecei a observar o céu noturno. Sem nuvens era possível ver lindas constelações e observar aquela linda lua crescente. O céu me hipnotizou assei um bom tempo olhando aquela preciosidade. Após um tempo alguém se deitou ao meu lado. Olhei assustada para a pessoa tentando reconhecê-la, mas naquela escuridão eu só consegui ver que era um homem. Assustada com a sua presença repentina comecei a me levantar.

-Não se preocupe com minha presença Hera. –Assim que ouvi meu nome sentei-me novamente e comecei a encará-lo, mas ainda assim não consegui ver quem era. Até que ele levantou um pouco o corpo e apoiou-se em seus cotovelos. –Passou-se tanto tempo que não me reconhece mais?

-De fato se passou muito tempo mesmo. Mas agora já consigo te enxergar melhor. O que faz aqui? Eu tinha a esperança de ficar sozinha.

-Eu sempre venho aqui quando tenho problemas com meu reino. Não me culpe você que está no meu lugar. Mas e você o que faz aqui? Está muito longe de casa. Aconteceu algo grave? –perguntou-me preocupado.

-Zeus novamente. Eu sempre soube que ele nunca me amou e sempre me traia com qualquer vadia que entrasse na frente dele. –Comecei a desabafar. Eu precisava fazer isso. –Por anos eu suportei isso e nunca pode fazer nada. O que eu poderia fazer com Zeus? Absolutamente nada. Então comecei a me focar em toda administração já que ele não fazia isso, sempre arranjo algo para fazer para me manter ocupada. Eu até mesmo cuido pessoalmente de algumas brigas do Olimpo, afinal não importa a atitude daquele desgraçado eu continuava sendo rainha. Porém nessas três últimas décadas foi ficando pior. Ele começou a sumir por dias sem dar nenhuma noticia e voltava como se nada tivesse acontecido. O Olimpo está uma desordem sem um líder que se preze. Mas hoje à noite eu perdi toda minha força quando voltei para meu quarto e o vi com outra mulher em nossa cama. Em nossa cama! Aquilo foi demais para mim. Por isso estou aqui.

Ele não falou nada logo depois que eu terminei de falar. Talvez não soubesse o que falar. Todos sabiam que o que eu dizia era verdade. Poderia perguntar a qualquer deus ou deusa. É claro que as que já dormiram com meu marido iriam contradizer minha história.

-Por que você está aqui? Qual o seu problema? –perguntei querendo esquecer tudo que acabara de dizer.

-Você não é a única aqui que tem problemas de relacionamento, minha querida. -ele me chamar de “minha querida” me surpreendeu. Ele com certeza não temia que meu marido nos encontrasse. –Minha mulher vive tendo crises de ciúmes, hoje ela surtou por eu estar conversando com minha própria filha acredita? Eu sei que não sou eu que ela tem medo de perder e sim a coroa.

-Você pelo menos pode se divorciar se quiser. Eu não tenho nem essa opção por ser a deusa da fidelidade.

-Acha mesmo que um simples divórcio resolveria o nosso problema? Continuaríamos unidos ao nosso reino. Não podemos ser egoístas. Já imaginou o que seria do Olimpo se você não cuidasse dele?

-Para ser sincera nunca pensei. Procuro nem mesmo pensar no divórcio. Eu jamais poderei fazê-lo sem perder parte do meu poder. E quem seria capaz de agüentar Zeus se não eu? Esse destino eu não desejo nem para pessoa mais miserável desse mundo.

-Agora tenta me imaginar reinando sem ajuda da minha mulher? Ela pode ser bem chata, mas é muito útil na administração do castelo. Por isso para não fazer nada de cabeça-quente sempre que brigamos eu venho para cá.

-Você a ama? –Perguntei. Eu não sei o porquê de querer saber aquilo, mas eu simplesmente queria.

-Não consigo amá-la. Mas não é porque não a amo que eu a trato mal. Eu gosto dela só que não o suficiente para amar. –Ele falou olhando para o mar. Seu olhar era triste. –Eu sempre amei outra pessoa. Mas também sei que eu jamais poderei tê-la para mim. Enquanto ela viver eu acho que jamais serei capaz de amar outra pessoa.

-Nunca pense em jamais, tudo é possível quando se vive para sempre. –Falei tocando em seus ombros para consolá-lo. –Ela sabe disso?

-Eu nunca permitiria que ela carregasse esse amor que sinto. Isso poderia arruinar sua vida para sempre e quando se é imortal para sempre é muito tempo.

Deitei-me novamente na areia e voltei a encarar o céu pensando nessa conversa que tivemos. Poucos minutos depois ele também se deitou. Ficamos lá em silencio apenas olhando para as estrelas. Como se elas fossem capaz de nos ajudar. Eu acabei pegando no sono.

Quando acordei a primeira coisa que fiz foi olhar para o lado ver se ele estava lá, mas a única coisa que vi foi um pequeno bilhete com uma pequena concha servindo de peso.

“Se precisar de um lugar para ficar meu castelo sempre estará de portas abertas para você. Poseidon.”


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Notas finais do capítulo

Se alguém leu agradeço.



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