Senti meu celular vibrar na cama. Que droga, esqueci de guardar ele. Ok.

Peguei meu IPhone e aos poucos fui enxergando o que estava escrito, já que estava vendo tudo embaçado, pois havia acabado de acordar. Era uma mensagem do DC. Meu coração acelerou e me sentei para ler melhor.

" Eu sei que estamos brigados, mas eu não consigo passar um dia sem pensar em você e em como me machuca quando brigamos. Me perdoa. Eu tenho os meus defeitos e você também e por isso somos perfeitos juntos. Não deixe isso acabar, por favor. Te amo. "

Meus olhos voltaram a embaçar, só que dessa vez pelas lágrimas. Eu o amava. Muito. Mas dói tanto quando passamos por dificuldades como essas. E eu não gosto do jeito que dói, porque não apenas dói, como machuca. Apertei o celular contra o meu peito e suspirei fundo. Eu sentia falta dele. O que tivemos foi especial, não importa o que pensem. Saí do meu quarto e vi um bilhete na geladeira escrito:

" Mônica, viajei para Espanha, volto daqui uma semana. Qualquer coisa sabe que pode ligar. Beijos. Mamãe. "

Revirei os olhos e fui fazer um chá de maçã para mim. O bebi aos poucos para me acalmar e a cada momento os meus pensamentos trabalhavam em cenas da minha vida.

Ouvi alguém bater na minha porta e fui atender sem conseguir pensar em quem poderia ser.

_ Cebola ? -- perguntei surpresa --

_ Oi.

_ Olha, eu não... -- eu comecei mas fui interrompida --

_ Eu sei. Mas você ainda está me devendo uma promessa, lembra ? Terá que fazer algo que eu queira. Sem reclamações.

Cruzei os braços com raiva daquele dia, da minha boca grande e falta de inteligência.

_ E você se lembrou disso às 8:00 da manhã ? -- perguntei --

_ É porque pra você fazer o que eu quero, não pode demorar muito.

Fiquei calada o encarando, até que resolvi perguntar o que era.

_ E o que é ?

_ Eu quero passar um dia inteiro com você.

O olhei incrédula e descruzei os braços.

_ Só isso ?!

_ Só.

Desconfiada, pedi para ele entrar e fechei a porta. Troquei de roupa, porém com uma roupa mais apresentável e fomos ver um pouco de televisão. Em algum momento, o Cebola teve uma crise de loucura e virou para mim sorrindo animado.

_ Você tem uma piscina ?

_ Tenho.

Antes de qualquer reação, ele saiu correndo de roupa e tudo e pulou na piscina. Ele voltou para a superfície de uma forma atraente - mas não que eu tenha reparado - e me lançou um olhar desafiador.

_ Pula. -- ele disse sorrindo --

_ Não posso.

_ Pula.

_ Não.

_ Pula.

_ Não.

_ Pula.

_ Não!

Cebola saiu da piscina rapidamente e me pegou no colo. Bati com força em seu peito, mas nada adiantou. Quando percebi já estávamos debaixo da água. Nadei até ficar com metade do corpo para fora da piscina e o olhei como se fosse matá-lo.

_ Por que fez isso ?! Seu idiota! -- eu gritei --

O cretino ficou parado apenas rindo. Respirei fundo para não afogá-lo, decepá-lo e o esquartejar. Sim, eu tenho esse tipo de pensamento quando estou com raiva.

_ Espera. -- ele disse ficando sério --

_ O... Que ? -- perguntei ainda com raiva --

Ele foi se aproximando de mim e eu comecei a ficar um pouco tensa. Paralisei sem conseguir sair do lugar e apenas encarei seus olhos mel que estavam tão claros que quase possuíam a cor avelã. Ele colocou a direita no meu cabelo e eu senti uma vergonha enorme. E quando eu achei que ele iria fazer certas coisas, sabe o que ele fez ? Deu um tapa na minha nuca. Isso mesmo.

_ Que bosta é essa ?! -- perguntei gritando -- Por que fez isso ?!

_ Tem uma abelha no seu cabelo. -- ele disse dando de ombros --

_ Abelha ? -- perguntei sentindo meu desespero aumentar --

Ele assentiu e eu comecei a gritar e pular dentro da água.

_ Tira! Tira! Tira! -- eu gritei quase chorando --

_ Calma!

_ Eu sou alérgica! -- eu devolvi --

_ Tá, mas se você não parar de pular , não vai adiantar nada!

Cebola pegou no meu cabelo e começou a balançar perto do meu rosto. Eu lhe dei um tapa na cara e ele me olhou confuso.

_ Seu idiota! Quer que ela me ferroe ?

_ Bem que você tá merecendo.

Saí da água frustada com o seu comentário e fui até o banheiro da casa.

_ Ei! -- ele gritou --

Ele saiu da água e veio até mim pisando duro com os seus passos pesados.

_ Fica calma. -- ele disse assim que entrou --

_ Calma ? Achei que você ia me matar quebrando o meu pescoço! E por que não falou o que ia fazer ?! E você foi grosso comigo! -- desabafei irritada --

Ficamos em silêncio, até que o Cebola começou a rir e eu o olhei sem entender.

_ Que foi ?!

_ Toda vez que estamos juntos brigamos. Já percebeu ?

Parei para fazer um " flash- back " de todos os nossos momentos. É, ele tinha razão.

_ Verdade... -- eu disse envergonhada --

_ Vem cá.

O Cê meu puxou pela mão lentamente e pegou no meu cabelo de uma forma calma e ao mesmo tempo, estranhamente carinhosa. Ele pegou a abelha que estava morta e jogou no lixo. Depois que ele lavou a mão, ele tornou a passá-la no meu cabelo. Fiquei quieta sem fazer nenhum movimento. Constrangida, inventei uma desculpa para ele parar.

_ Cê, eu vou tomar um banho.

_ Tudo bem. -- ele disse parando de pegar no meu cabelo --

Tranquei a porta do banheiro e passei as mãos em meus cabelos molhados. Eu me sentia quente pela sensação que havia me tomado e ao mesmo tempo relaxada pelo seu toque. Afastei os pensamentos e entrei debaixo da água quente.

Passei o sabonete pelo corpo tentando esquecer que havia um homem no meu apartamento. Me incomodava isso, mesmo nós estando há mais de dois metros de distância separados por paredes e uma porta. Me enrolei na toalha branca e me virei para pegar o meu pente. Soltei um grito quando percebi que havia uma aranha ao lado dele. Tentei abrir a porta de várias maneiras para sair, até que o Cebola chegou nela.

_ Tá tudo bem ? -- ele perguntou preocupado --

_ Não! -- eu gritei --

Depois de várias tentativas para abrir, eu conclui: Como eu sou idiota. A porta está trancada. A destranquei rapidamente, sem me dar conta de uma coisa: O Cebola estava na porta. " O que... ? " foi a última coisa que ele disse antes de eu cair em cima dele. Sim, eu estava em cima dele, apenas de to-a-lha. Ele olhou para mim assustado, envergonhado e surpreso. Imagina uma pessoa vermelha. Só que muito vermelha de vergonha. Sou eu neste exato momento.

_ Ai meu Deus. -- ele disse sem conseguir desviar os olhos de mim --

_ Fecha. Os. Olhos. Agora! -- eu disse corada --

_ Não dá cara! Sai de cima de mim agora! Vai, vai! -- ele disse desesperado --

Ele levantou e desviava os olhos por míseros segundos de mim, me fazendo ficar mais vermelha, se é que é possível.

_ Para de olhar! -- eu gritei --

_ Veste uma roupa. Sério. Agora. De preferência, larga. Anda! Antes que eu mude de ideia! -- ele disse me olhando de uma forma estranha --

Fui para o meu quarto resmungando sobre sua atitude e coloquei uma blusa larga, porém pus um short curto. Odeio shorts grandes ou bermudas em casa.

_ Ah não! -- ele disse assim que me viu --

_ O quê ? -- perguntei confusa --

_ Você coloca um short curto, depois que eu te vejo de toalha ? Tá de sacanagem né ?

Corei e lhe dei um tapa forte no braço. Sentei ao seu lado e ficamos calados por um tempo. O Cê me puxou pelo braço e me abraçou de vagar. Não recusei. Ele pegou na minha mão e a acariciou de leve.

_ Vou fazer um chá! -- eu disse me levantando --

_ Espera!

Cebola me puxou pelo pulso e me fez sentar no seu colo. Ele pegou uma mão e acariciou o meu cabelo e a outra envolveu a minha cintura.

_ Fica.

Seus olhos perfuraram os meus. E naquela hora eu sabia... Era tarde de mais.