De noite ficamos na sala comendo pizza e cuidando de meus irmãos enquanto Frederick e a mulher dele saíam para um jantar a dois,em nenhum momento desde que cheguei aqui meu pai falou comigo, nem uma mera palavra dirigida a mim. Fomos dormir era cerca de meia noite, coloquei os pequeninos na cama e fui dormir no meu quarto,tranquila, tendo uma noite sem pesadelos.

Acordo sentindo uma mão sacudir meu ombro levemente, me viro de barriga para baixo,virando a cabeça para a pessoa e abrindo os olhos, era Frederick, ele me olha calmamente e sorri, passando as mãos nos meus cachos, não precisamos dizer nada um ao outro quando seus olhos se tornam marejados, simplesmente o abraço.

–Papai...- murmuro, envolvendo seus ombros com força, tentei me lembrar qual foia última vez que chamei ele assim, eu devia ter uns quatro anos mais ou menos, na época ele não era casado com minha madrasta, só o fez alguns meses depois, quando descobriu que ela estava grávida

–Me desculpe, Annie- sussurrou ele chorando em meu ombro e logo depois se soltando de mim, levantando da minha cama e ajeitando o casaco- vamos tomar café, te espero lá em baixo em dez minutos- disse sorrindo e saiu do quarto.

Me levanto e visto um shorts preto de corrida com uma regata vermelha, calço um tenis branco e amarro meus cachos em um rabo de cavalo alto e desço rapidamente as escadas em caracol, quase correndo. Chegando a mesa vejo somente meu pai e irmãos a mesa, minha madrasta estava na cozinha e não tinha nenhum sinal de meus amigos, franzi o cenho olhando em volta, confusa.

–Eles estão na piscina, Annie- disse Matt para mim, como que adivinhasse o que eu estava pensando.

Fui até a janela e olhei para fora, eles nadavam, riam e jogavam água nos outros, estavam se divertindo, assim que os olhos de alguns deles puseram-se em mim os sorrisos diminuiram um pouco, dando lugar a expressões preocupadas, como se eu tivesse tirado a felicidade deles e sabia que era porque quando me viram lembraram da difícil missão. Foi o que bastou, subi ao meu quarto, me perguntando o porque deles estarem assim comigo,eu os preocupava pois era a única que ainda deveria contactar seu deus, eu não queria que aquela bagunça toda se prolongasse então decidi que precisava ir.

Me troquei, vestindo um shorts jeans azul curto, uma blusa branca colada com bojo, saltos pretos e minha jaqueta de couro da mesma cor, soltei meus cachos e passei um lápis preto nos olhos, assim como um batom vermelho na boca. Segurei minha bolsa entre os dedos e desci as escadas com pressa, pegando a chave do carro que era meu, mas não havia levado para o acampamento e entrando nele sem que ninguém me visse, era vermelho, teto aberto e reluzente.

Dei a partida a tempo de ver um vislumbre de Percy falando com meu pai na sala, só para voltar logo para a piscina, rindo. Acelerei o carro, deixando a agonia e ansiedade sumir para dar lugar a uma sensação de adrenalina incrível, ri como uma criança enquanto cruzava a esquina, saía do bairro, eu estava deixando-os para trás temporariamente, os problemas, os amigos, a família, mas eu iria voltar. Porém por enquanto eu iria dominar, eu irira para New Orleans.

...

Eram três da tarde quando cheguei a bela cidade, me hospedei em um pequeno mas confortável hotel no centro caótico da cidade, passei algumas horas só andando por entre as lojas, comprando pequenas lembrancinhas e algumas roupas, estava em uma dessas lojas e vi um belo vestido, de uma cor vinho, justo no busto, solto e drapeado até os joelhos e de alças grossas com um decote sinuoso até o fim das costelas, o comprei sabendo que o usaria esta noite.

Assim que anoiteceu voltei para o quarto, tomando um bom banho de banheira, vestindo o traje vinho que comprei, junto com saltos altos pretos simples e brincos pequenos pretos. Passei lápis escuro, rímel, um batom cor de sangue, prendi alguns de meus cachos do lado esquerdo para trás com presilhas douradas que se misturavam com meu cabelo e joguei minhas outras mechas para o ombro direito, saindo do hotel.

Não precisei andar muito, logo vi a grande fachada iluminada e desenhada por luzes vermelhas e rosas neon. “Seduction”, era o nome da boate? Assim que entrei no local, fui cegada pelas luzes escuras mas chamativas, um lado do local era uma pista de dança, com luzes coloridas, um piso semelhante a um palco, de vidro, dançarinas erguidas em algo semelhante a pedestais, girando sobre eles em uma coreografia ensaiada usando vestidos dourados tomara-que-caia justos no tronco e soltos até os joelhos com sapatilhas de dança douradas.

O outro lado era mais tranquilo,mas nem por isso menos movimentado, tinham pequenas mesas douradas com duas ou três cadeiras em cada, um bar espelhado iluminado em dourado, garotas de saias rodadas, blazers e rolers circulavam daquele lado com bandejas de comida, servindo-as a casais ou oferecendo bebidas a solteiros

–Olá, posso ajudar?- perguntou uma voz atrás de mim, me virei e me deparei com uma garota de cabelos platinados e lisos até o quadril, corpo curvilíneo, olhos verdes jade e era da minha altura. Vestia uma saia azul escura reta e um blazer da mesma cor por cima da blusa de botões um pouco aberta branca, saltos altos e meias brancas com cinta-liga- sou Elizabeth, mas pode me chamar de Liz- disse como se fosse um discurso ensaiado

–Esse não é seu nome verdadeiro, não é?- pergunto gentilmente pois de algum jeito sabia que ela estava mentindo, ela trava a mandíbula, então mudo de assunto- estou procurando Eros- digo rápida e diretamente e ela me olha com curiosidade, em seguida sai andando, fazendo um gesto para segui-la.

Andei durante muito tempo, não fazia ideia de que o lugar era tão extenso. Chegamos em frente a uma porta diferente de todas as outras (banheiros) no corredor, era toda prateada, adornada por imagens mais escuras de casais se beijando e casamentos em diferentes épocas. Liz abriu a porta e me deparei com uma bela sala iluminada fracamente com móveis de veludo vermelho e madeira negra, como as paredes do local.

Percebi que em um dos sofás um casal se beijava, o homem era alto e musculoso, vestia jeans e uma camisa de botões com os primeiros dois abertos, ele tinha cabelos cacheados como os meus mas os dele eram curtos e negros. A mulher ao seu lado era loira, os fios dourados de cor igual aos meus cachos eram ondulados até a altura dos ombros, corpo esguio e curvilíneo também como o meu, ela se afastou do homem e pude ver seus olhos, de um cinza azulado com pontos cor de jade. O homem, que percebi ter olhos vermelhos, se levanta e sorri para mim, Eros.

–Annabeth!- exclama ele me abraçando e quase sufocando-me- Essa é Psíque, minha esposa e sua... bisavó- ele sorri e pega a mão da esposa, era incrível como eles eram apaixonados- bem, Liz, junte-se a nós- chamou a garota que sorriu- Essa mocinha- bagunçou o cabelo platinado dela que bufou- vai te guiar por toda a jornada, ela é uma amiga minha, quase minha filha.O nome verdadeiro dela é Amalisssa, eu sei que é estranho então chame-a de Lissa ou pelo nome inteiro, tanto faz. Ah! Quase esqueci porque você está aqui, os poderes, claro, venha comigo- Eros estende o braço e seguro nele, o deixando me guiar para um canto e simplesmente fala-seu poder será descoberto aos poucos e aprendidos conosco- faz um gesto para os presentes na sala- seu poder é o poder do romantismo, persuasão, sentimentalismo e o mais importante, o poder da paixão.