Capítulo 12 – Em busca de Navi

– Tivemos sorte de não haver ninguém por perto hoje – Impa dizia enquanto caminhavam por Faron Woods – Se houvesse uma luta aqui, teríamos problemas.

Os guardas, como Impa prometera à Zelda, ficaram na entrada da floresta, cuidando dos cavalos e aguardando o retorno do grupo. Já haviam andado um bom pedaço e nem sinal do Skull Kid. Link os levava para mais perto do local onde normalmente ele aparecia.

– Será que ele sabe que estamos procurando por ele? – Link* perguntou.

– Provavelmente. Embora eu não tenha ideia de como ele sabe tanto – o outro respondeu – Da última vez que o encontrei ele fez Midna e eu corrermos por aqui o procurando – Link disse quando chegaram a uma fonte que se estendia por alguns lugares da floresta.

– Aquilo foi irritante! – Midna lembrou – No final das contas ele só dizia “Isso foi divertido” e sumia sem deixar rastros.

– Mas encontramos vários locais secretos por causa dele.

Por algum tempo ninguém falou nada, incertos sobre o que aconteceria e tentando detectar algum som. Cansado de esperar, Link pegou a ocarina do tempo e tocou Saria’s Song durante alguns instantes.

– Link, pare um pouco... Estão ouvindo uma corneta? – Zelda alertou.

– E uma criança rindo – Zelda* olhou em várias direções, tentando identificar de onde vinha o barulho.

– É ele... – Link concluiu – Continua com a mesma risada.

O som aumentou enquanto os segundos passavam, até que a corneta parou e podiam ouvir uma risada infantil bem acima deles. Olharam para cima e puderam ver o Skull kid sorridente olhando para eles, sentado num dos galhos altos das árvores. Link pensava em como fazê-lo descer, mas não foi preciso, ele pulou da árvore e caiu alguns metros à frente deles, e incrivelmente não sofreu nenhuma lesão pela queda de tamanha altura. Link e Midna notaram algo diferente. Ao invés das vestimentas cinza e pele cinza ele agora tinha mais cor. Seu rosto cinzento se assemelhava à cor do tronco das árvores e suas roupas estavam em tons de laranja, verde e marrom. Ele olhou para cada um, ainda sem ousar se aproximar. Seu olhar parou em Link e ele riu de novo, saindo em disparada na mesma hora.

– Já começou! – Ele disse irritado, começando a correr como um louco na direção em que o Skull seguira.

Os demais o seguiram imediatamente, tendo o cuidado de não se separarem. O skull sumira de vista, mas podiam ouvir claramente a risada infantil e a Saria’s Song, e finalmente ele acendera sua lanterna, tornando possível localizá-lo através da luz alaranjada.

– Ele era todo cinza naquela época, devia estar possuído pelo Crepúsculo, Link – Midna falava enquanto corria.

– Sim... E aquela corneta serve pra controlar alguma coisa. Na época eram monstros do Crepúsculo, mas até agora não apareceu nada.

Ele seguiu pela fonte, obrigando o grupo a nadar em alguns trechos. A perseguição durou alguns minutos, até que o encontraram parado em cima de uma pedra.

– Ei! – Ele olhou para Link ao ser chamado, sem nunca tirar o sorriso do rosto – Por que você sabe a Saria’s Song? Foi você que eu encontrei em Términa quando eu era criança?!

Ele riu novamente e saiu correndo outra vez.

– Se você me pegar, eu te conto tudo – puderam ouvir a voz ao longe e a risada se afastando.

– Droga! – Link se irritou, começando a persegui-lo de novo.

– Ao menos dessa vez não tem monstros! – Midna disse.

Midna se arrependeu por suas palavras quando ouviram mais uma grande gargalhada e em seguida ele tocou a corneta com toda a força. O grupo parou quando alguma coisa grande caiu no caminho. Aproximaram-se para identificar o objeto e puderam ver uma criatura estranha, aprecia um boneco com cores semelhantes ao Skull kid.

– É um fantoche – Zelda deduziu.

– Então quer nos atrasar! – Midna falou, irritada.

– Nós o encontraremos depois... Agora precisamos dar um jeito nisso – a princesa puxou sua espada e partiu para cima da criatura quando esta investiu contra eles, bloqueando o ataque.

A ação repentina surpreendeu Midna, Link* e Zelda*. Sabiam que a princesa levara uma espada e que ela sabia lutar, mas vê-la lutar realmente era surpreendente. Impa e Link arregalaram os olhos em preocupação, mesmo confiando nas habilidades dela. Zelda continuou a lutar com o fantoche por um tempo, até que ele pareceu sofrer algum dano e desapareceu.

– Como vamos encontra-lo agora? – Zelda* questionou.

Por um momento não ouviram nada, até o som da corneta invadir seus ouvidos outra vez. Eles correram na direção do som. Suas roupas molhadas dificultavam os movimentos e o frio incomodava, mas não podiam se preocupar com isso agora. Chegaram a uma clareira na floresta, onde o silêncio prevaleceu mais uma vez.

– Link*! Olhe! – Zelda* apontou quando o fantoche caía na direção deles.

Apressadamente, ele a tirou do caminho e empunhou a Master Sword, desferindo golpes no fantoche, com toda a força que podia. Após sofrer novos danos, o fantoche sumiu outra vez e ouviram novamente a risada do Skull kid, que caiu sabia-se lá de onde e aterrissou na frente deles.

– Dessa vez você não vai fugir! – Link avançou, puxando a espada e golpeando o Skull, ouvindo gritos dele toda vez que era golpeado.

Ele finalmente pareceu desistir e sentou-se de cabeça baixa quando Link parou de ataca-lo, embora mantivesse a espada em mãos por pura precaução.

– Isso foi divertido! – Ele riu.

– Você não pode ser o mesmo que eu conheci há dezessete anos...

– Não sou... Mas vi quando você caiu desmaiado e aquele Skull kid estranho roubou seu cavalo e sua ocarina... E levou você embora.

O silêncio se seguiu por alguns segundos.

– Abaixe essa espada! Você finalmente me pegou. Eu perdi o jogo e vou cumprir o que disse.

Ainda desconfiado, Link abaixo a espada, sem guarda-la.

– Desde alguns dias antes de você ser levado embora, eu estive observando aquele Skull kid e aquele casal de fadas. Eu nunca vi outro de mim por aqui, mas ele era estranho eu não queria chegar perto dele tão rápido.

– Como você sabe a Saria’s Song?

– Então esse é o nome daquela canção? Alguns dias antes de você sumir, eles três encontraram uma fada azul. Ela estava procurando um tal de Link. Ela falou que a Saria’s Song era uma canção que você conhecia, ela a ensinou aquele Skull kid, talvez tentando conseguir ajuda pra encontrar você. Depois ela sumiu e eu não sei pra onde ela foi.

– Aquela floresta... Eu vaguei por ela durante semanas, me perdi e perdi minha memória.

– Foi assim que eu nasci. Eu não me lembro de nada, só de ter me perdido e agora eu sou assim. Agora eu conheço bem aquele lugar e não me perco mais, mas um humano comum... Você teve sorte de não ficar como eu. Mas vou lhe contar uma coisa... Quando você perde a sua memória ali... Mesmo que se lembre depois, você não consegue mais encontrar pessoas e lugares que perdeu. É como se nunca tivesse existido, não importa o quanto você procure, a menos que alguém que já se perdeu há tempo suficiente lhe aponte o caminho.

– Eu quero saber... Sobre a Kokiri Forest, onde crianças que nunca crescem se vestem de verde e vivem com as fadas.

– Dez anos atrás... Você salvou este mundo. Tirou todos, inclusive a mim do Crepúsculo. Não sou tão mau quanto pareço... Vou lhe mostrar o caminho. Quando você estiver lá, se lembrará dos caminhos que tomava antigamente. Você os esqueceu até hoje, não é? Por isso não encontra.

Ele sumiu de novo e ouviram a risadinha, seguida da Saria’s Song.

– Ei! – Midna reclamou, um tanto surpresa ao saber que teriam que correr de novo.

Eles correram com toda a energia que ainda tinham, durante vários e vários minutos, até chegar aos limites de Faron Woods, em um lado não muito frequentado da floresta. Ouviram o Skull rir novamente e ele apareceu à frente deles.

– Se seguir em linha reta, daqui alguns metros você estará lá.

– Obrigado.

– Não pense que lhe ajudei só por gratidão ou porque você venceu o jogo. Creio que já perceberam. Um novo mal está presente e já começou a nos ameaçar. Em breve, você deverá voltar aquele templo – ele desapareceu sem explicação mais uma vez, ao longe ouviram os risos e som da corneta sumindo.

– Acha mesmo confiável? – Link* perguntou.

– Skull kids gostam de aprontar as piores coisas com quem aparece na floresta, mas quando fornecem informações nunca mentem – Zelda lhe disse.

Olharam adiante e só podiam ver mais e mais árvores.

– Vamos em frente – Impa chamou.

Eles seguiram por mais algum tempo até chegar a uma área mais aberta. Link olhou em volta e viu algo muito familiar.

– Esse tronco oco!

– Tem um menino ali – Zelda* observou.

– Essa é a entrada de Kokiri Forest! – Link falou, abrindo um grande sorriso.