Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 46
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Sono, planos, "desplanos", surpresas e uma aposta por um Murilo insuportável.
Bora ver no que vai dar.

Enjoy!

(Olhem as notas finais)



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Vini cantava desafinadamente alguma música do CPM 22 sentado no balcão da loja de computação e eu fingia que não estava a ponto de explodir em risos enquanto vendia uma panela para uma senhorinha. Era um bom sonho. Só vim me tocar de que era sonho, claro, quando acordei e me ambientei. “Vi” Vinícius, aí pensei “é uma boa realidade”. Logo mais cogitei que era bem provável que a aquela imagem captada por meus sonolentos globos oculares fosse outro sonho.

Porque Vinícius estava ao meu lado da cama, meio deitado, meio sentado. Sob a cabeça, um travesseiro dobrado e uma almofada, que desconfiava ser do sofá, dava mais altura e assim, permanecia um pouco recostado no encosto da cama. Lindo, sereno e cantando, sem se dar conta de que eu acordava.

Ri mais pela lembrança ainda fresca na memória, por a velhinha me perguntar no caixa se o outro sabia que era desafinado. Apenas assenti e confessei à mulher que gostava quando o namorado cantava, mesmo que sua voz não fosse a mais adequada. Vini não tinha mesmo uma voz pra enrolar na hora de cantar e quase nunca era possível pegá-lo cantarolando. Ele ficava constrangido quando acontecia, o que deixava tudo mais fofo. Fazia um tempo que eu não via essa cena. Mais ainda, ele deitado ao meu lado.

Logo que vou acordando mais que me toco que Vinícius realmente estava em minha cama. Eu, que já começava a cogitar ser um sonho dentro do outro, compreendo ao passo que sua presença se torna cada vez mais real. Sua voz, baixa, ressoava pelo espaço, havia o peso de seu corpo sobre a cama, seu cheiro predominava o ambiente e... Ele estava com roupa de trabalho?

– Vini?

Remexo-me no meu espaço e de imediato ele se vira para checar. O quarto já claro da manhã iluminava seu sorridente rosto que me dizia “bom dia”. Ao puxar os fios do fone do ouvido, ele me acarinha o rosto e diz para eu tornar a dormir.

– Tá cedo, amor, pode dormir mais.

Eu devia estar com cara de quem tá em fuso, isso sim. Me forço um pouco a me levantar e Vini, para me impedir, toca-me no braço, fazendo aquela sua carinha de “tenho mesmo que te convencer?”. Aí cocei os olhos e reprimi um bocejo.

– Que horas são?

– Umas 7h40.

Paro de coçar logo que isso não me revela nenhum sentido para o quadro dele ali presente e entrecerro os olhos em sinal de não tava entendo nada.

– Quê que você tá fazendo uma hora dessas aqui? E como foi que você entrou?

– Seu irmão estava saindo quando cheguei, ainda pouco. Eu ia ficar no sofá, mas não queria me quebrar por dormir de mau jeito, o que provavelmente aconteceria. Pensei no quarto de hóspedes, e que seria sem graça, não queria ficar sozinho. Aí vim pra cá. Fiz mal? Tá muito cedo, não quis te acordar.

Fazer mal não fazia, apesar de que uma garota possa querer privacidade para dormir. Mesmo que gostasse muito daquela visão, acho que quem não estava aproveitando bem era o Vini, porque eu devia tá com a cara toda amassada e marcada do travesseiro. Sem falar no meu cabelo, todo emaranhado, ou do meu pijama. E se fosse aquele que a camiseta tem um furo ombro? Eu gosto dele com furinho, é um dos mais confortáveis que tenho.

Acho que estou pensando demais pra quem mal está acordada.

Mas o que ele disse ainda não explicava muito.

– Pois é, tá muito cedo. O que você faz de pé a essa hora na minha casa? Ainda é de madrugada, sabia?

Ele ri e tenta esclarecer calmamente. Bem possível pelo estado nonsense que eu devia estar. Era de madrugada sim!

– Não, de madrugada foi a hora que eu acordei. Cheguei no escritório 6h30.

– Por que alguém faria uma coisa dessas? Que raio de escritório funciona às 6h30 da manhã? Vai atender quem?

– A questão não era essa, fazia parte do treinamento que eu tava participando e... deixa pra depois, ok, volta a dormir que eu tô vendo essa sua carinha de quem quer voltar a apagar. Nem voltei pra casa porque não queria perder mais um tempinho com você e dormir tem sido tão complicado ultimamente que... bom, podemos só dormir?

Um suspiro e fica claro seu cansaço, ainda que estivesse todo esparramado sobre meu lençol. Devia estar desconfortável com toda aquela roupa formal do trabalho, calça, cinto, camisa de botões. Só devia não estar de sapatos, porque né, na cama já não dava isso. Compadeço-me dele e toco-o no rosto, assentindo. Mas havia ainda uma coisa que valia perguntar:

– Então por que tava ouvindo CPM se você tá o caco e querendo dormir?

Remexendo-me mais e tirando a almofada da cabeça para melhor se dispor pela cama, meu Vini esclarecia sobre isso quando se dá conta de onde realmente eu queria chegar. Fez isso com uma carinha tão embaraçada que só me deu vontade de não zoar ele. O que exigia uma força hercúlea para tal.

– Eu só tô meio elétri... Espera, como você sabia que eu... Ah, não. Eu tava...?

– Cantando? Sim.

Envergonhadinho, ele contrai o rosto, entrecerra os olhos e testa território:

– O quanto você ouviu? Tava muito ruim? Espera, não responde.

– Digamos que eu não sei o quanto ouvi, porque até no sonho você apareceu. Só sei que era CPM. Felicidade instantânea. Quero e faço tuuudo pra te teeeeeer...

Já não tão envergonhado, Vini abre aquele seu sorriso bobo que amo, aquele que é enorme e tenta o fazer mais discreto possível e não me importo se ele ria de mim. Quer dizer, achei que se tratava disso.

– Sonhou comigo?

– Eu tava vendendo uma panela. Numa loja de computação. Pra uma senhorinha. Acho melhor voltarmos a dormir. Você não vai querer saber o resto.

– Quem disse?

E num movimento rápido, ele tentou fazer cócegas em mim, eu me virei, indo para o lado contrário, e Vini me acompanha, o que acaba por nos dispor juntinhos de qualquer maneira. Sua respiração era quente ao meu pescoço e seu braço estava em torno de mim, nos aconchegando mais e mais. Não saberia dizer se eu ainda tinha sono. Um suspiro dele ao pé do meu ouvido e desisti de “acordar” mesmo. O coitado precisava de um descanso, eu que não ia impedir com conversas.

– Que tal só dormimos mesmo?

– Acho uma boa proposta, namorada.

– Então se ajeita, que essa roupa deve tá te incomodando. Pode roubar um pouco do lençol, eu deixo.

Com um riso baixo e um beijo em minha nuca é isso que ele faz. Com certa relutância, claro, de levantar.

~;~

– Quais as chances de hoje você matar trabalho?

Olha a proposta “decente” que o namorado quer inventar pleno dia de serviço. Só que só de pensar em fazer consultoria hoje e avaliar umas planilhas, eu tinha mesmo a vontade de encarar tal proposta. Mas não dava.

Eram quase 11h da manhã e eu não tinha nem planos para o almoço, quanto mais começar a fazê-lo. Quinta-feira não era dia de dona Bia na nossa casa, então só me restava a preguiça e um Vini tampouco na disposição. Mal levantamos pra o café da manhã e caímos na cama de novo. O silêncio da casa e o fato de estarmos sozinhos era algo muito digno de se aproveitar. Mesmo que fosse apenas para ficar assim, deitados sem coragem alguma.

– Er... nulas?

– Não queria ter que sair daqui... Nenhuma mesmo?

Ele mexe em meu cabelo despreocupadamente, ainda muito sonolento. Eu estava dessa vez virada para ele, deitada ao seu ombro e abraçada ao seu corpo.

– Capaz de meu chefe sair me caçando por aí, achando que algo aconteceu. Depois daquele rolo do André, ele anda todo cuidadoso.

– Mais um pra cuidar de ti? Não sei se gosto de concorrência.

– Seu chato. Ele só... enfim. Sou estagiária, sem privilégios. E aposto que ele vai me procurar hoje por causa de ontem, de um... serviço... e tem um favor pra me pagar.

– Que tal aproveitar esse favor como falta?

Dê carinho, não dê ideia pra maluco.

– Nem inventa, sou moça direita. E não foi um favor nessa magnitude pra compensar uma falta.

– O que você andou aprontando, hein?

Ele que quer matar trabalho e eu que... deixa pra lá. Eu também não fico muito atrás quando se trata de esquemas.

– Eu? Nadinha. Só o ajudei com um caso pessoal, sobre a irmã dele. Ele me fez prometer não contar nem pra minha sombra, então zip. Sem mais perguntas. Quero saber é de ti, bonitinho.

Levanto a cabeça quando faço o movimento de puxar um zíper na boca e aponto pra ele, toda mandona. Sendo o mais novo centro da atenção, Vini quer me enrolar.

– Ah, agora sou bonitinho? Pensei que era o Gui. Só quer saber dele agora.

– Se ele não amasse a Flávia eu diria que ele quer sim roubar teu posto. Mas por roubar o do Murilo ele já se satisfaz. O que são outras histórias, para outras conversas. Agora quero saber direitinho dessa história de treinamento, escritório e projeto.

– Eita que tu não esquece isso.

Claro, ele quase some por dias, mal temos nos falado, e de repente ele simplesmente aparece na minha porta às 7h30 da manhã? Aí tem, pensei. E tinha mesmo. Vinícius queria fazer surpresa, estava concorrendo a uma promoção, o que implicou nesse intensivão todo envolta do tal projeto que a empresa tem trabalhado ultimamente. Não só isso, mas treinamentos também. Ao que Vini me conta, ele chegou num ponto de que não via que aquilo valia tanto a pena quanto achou no começo. Tinha coisas que ele não conhecia bem, que o deixava em desvantagem e muitas vezes ele pensou em desistir.

Aí essa manhã, ele chegou super cedo no escritório, um pouco pilhado com uma vistoria, pois não tinha a certeza consigo de como se sairia, justamente por causa desses detalhes que não eram ainda de seu conhecimento, aí, ainda no estacionamento, ele encontrou com um colega que estava disputando formalmente com ele a vaga, um tal de Arthur, vulgo Tuca. Havia mais dois também concorrendo, mas só esse Tuca era mais chegado para o Vini.

Foi esse cara que ficou de brincadeira com minha foto. Quer dizer, quando o Vini voltou a trabalhar e logo que começamos a nos envolver, dizia esse tal Tuca que Vinícius diversas vezes tirava uns minutinhos de descanso do trabalho pra ficar olhando aquela nossa foto do aniversário da Flávia. Aí deu a dica de colocar logo como imagem de fundo no monitor, mas Vini ficou incerto disso, porque era o computador do escritório, achou que poderia pegar mal. No dia seguinte, quando chegou na sua mesa, que ligou a máquina, lá estava. O Tuca configurou de brincadeira e o Vini nunca tirou.

Agora lá está estampada uma foto nossa daquele jantar de apresentação dele aos meus pais. Foi uma que mamãe nos pegou conversando, abraçados, e quase deu tempo de ser estraga-prazeres. A imagem nos capturou querendo fugir da câmera, Vini me abraçando pela cintura, ele de lado e eu quase de costas, gargalhando na confusão. Era uma de minhas preferidas. Mamãe sempre que vê, dita os créditos dela de fotógrafa. Era mesmo minha mãe. Ou eu era mesmo filha dela? Não sei quem pegou de quem essa mania.

Esse caso da foto do monitor Vinícius só veio me falar outro dia, numa conversa por acaso. Isso depois de muitos suspenses e enrolação, e eu, claro, usando uma persuasão especial.

Já essa manhã, no estacionamento do escritório, conversaram os dois, Vini e Tuca, sobre a tal vaga e os encargos, como tava sendo um pouco pesada a jornada e como essa concorrência puxada deveria compensar depois. Quanto a isso, Vini confessou que tinha suas dúvidas, que isso atribuiria mais trabalho, e que hesitava em seguir na disputa, porque não era bem o que ele desejava no começo. A visão de Vini era certamente crescer na empresa, mas se perguntava se estava no tempo de ser promovido mesmo, não se achava preparado. O salário foi o que mais o deslumbrou, porém, a questão de valer a pena... ele repensava o caso.

Já o Tuca revelou que era uma pretensão que também o deixava hesitante. A mulher grávida era o que mais pesava na sua decisão, pois o que viria seria uma boa temporada de despesas e ele tava bem emocionado com o fato de ser pai, não queria logo de primeira decepcionar a esposa. Conhecendo o cara como Vini diz, ele tava sendo sincero. Parece que o Tuca tinha também uma foto da mulher no monitor e agora mudara para uma de sapatinhos de criança. A coloração rosa logo indicou que era uma menina.

Eles conversaram por mais uns minutos, ambos cansados de tanto vai e vem, decisões de última hora, testes, vistorias, a falta de notícias sobre o rendimento e... bom, foi aí que Vini refletiu melhor e chegou à conclusão que era melhor tirar time de campo. Tuca até imaginou que era por causa da história da gravidez que havia falado e não era justo Vini sair assim, sem mais nem menos. Meu Vini então esclareceu que não era bem isso, afinal o cara ainda teria dois outros funcionários para competir. Ele só avaliou que não era algo que almejava por agora, não havia pensado bem nas responsabilidades quando se inscreveu pro programa e...

– Mi, só não é a hora pra algo assim. Eu não tô bem preparado pra essa vaga e acho que só fui na onda do meu supervisor. Quando as coisas ficaram mais sérias, ficou claro que não dava pra mim. Antes eu fosse sincero comigo mesmo sobre isso acontecer de verdade. O Tuca tem melhor jeito, ele é um cara que se destaca lá no departamento e merece uma chance dessas. Então foi isso, conversei com meu supervisor logo que ele chegou, o que não demorou e ele me dispensou.

– Pelo dia todo?

– Não, só pela manhã. Vou trabalhar daqui a pouco também.

E ainda me convidava pra matar trabalho! Cara de pau – linda, mas cara de pau!

– Vinícius Garra! Eu...

Antes de qualquer protesto meu, ele assentiu que era sacanagem da parte dele. E aí foi se aconchegando mais, virou-se para mim e me tocou ao rosto, seu olhar preso ao meu, sereno. Preguiça e tranquilidade eram algos que o deixavam mais lindo.

Dessa vez, ao que parecia, dava um toque mais dramático:

– Eu sei, eu sei... Eu só... gostaria de ficar aqui, Mi. Aconchegado a você. Parece que há anos que não te vejo, te toco ou te beijo. Tô carente. Mal saio de uma disputa e já brigo com o tempo, que fica martelando nossas obrigações.

Não deu outra, eu começo é a rir e Vini finge estar emburrado e logo estamos nos beijando, matando saudades e tempo, e o que é esse tempo quando tudo o que importa é quem finalmente está ali e todos seus esforços para fazer as coisas valerem a pena.

Bom, se nos me atrasarmos, penso eu, será por uma boa razão.

~;~

Eu ia ignorar. Eu deveria ter ignorado. Eu iria era trucidar o Murilo.

Porque não basta ligar em hora imprópria, ele tem que pedir favor e EXIGIR que seja feito na hora, o que me fez levantar da cama danada da vida com ele orientando meus passos. Ele não tinha outra hora não?

Só atendi mesmo porque ele insistia em ligar, e atendi já no mal humor. Porque, sabe quando eu tenho chances de ficar com meu Vini e de boa, sozinhos? Quando tem um encontro dos planetas. Só! Ao que parecia esse nosso encontro dos planetas não tava era querendo render. E ainda assim, parecia que a salvação da Terra dependia de mim, com Murilo me buzinando os ouvidos.

Me fez levantar, me arrastar até seu quarto, ligar o notebook dele que esqueceu, ia clicando de pasta em pasta, e Vini só rindo da minha cara de emburrada. Só rindo não, quer dizer. Ele ficava embelezando a porta do quarto por estar encostada nela e ficava fazendo psiu pra mim, o sacana! Dava alertas pra eu não tratar mal meu mano e nem xingar o empata. Mas aquela visão... Era fácil meu cérebro apertar o mute da ligação quando meus olhos só captavam o cidadão seduzente de calças e...

– Agora entra na pasta Setor 7 e procura por... Mi, tá me ouvindo?

– Hum?

– Tá na pasta Setor 7 já?

– Errr... sim. Que tem, coisa?

– Tá, procura um arquivo chamado “memorando-underline-zero-zero-sete”.

Eu devia ter percebido. Eu tinha tantas dicas. Mas acho que meu cérebro não juntava peça a peça, não suspeitava de nada, nem dessa nomeação pra arquivo de trabalho.

– Achei. Que tem ele? É pra te enviar?

– Abre primeiro.

– Mas pra quê? Diz logo que abro logo meu e-mail e te mando.

Ele não via que o que eu mais queria era me livrar dele?

– Eu... eu quero ter certeza do conteúdo. Abre aí, rapidão.

Ainda impaciente, clico no documento word indicado. Espero o troço abrir e...

– Murilo.

– Hum?

– Tu tá de sacanagem comigo, não tá?

– Talvez. Porque... eu GANHEEEEEEEI! GANHEI A PARADA!

Enganada pela tramoia mais simples do mundo, tapo os olhos com a mão num digno facepalm, me perguntando onde eu errei, como caí nisso e por que eu não encarei nada suspeitosamente. O arquivo word era de uma página apenas e nela constava escrito – detalhe, em negrito, caixa alta, tamanho 48, fonte Algerian – “EU FUI PREMIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAADO”. Do outro lado meu mano comemorava e acho que ele derruba algo, pois pede desculpas pro Armando, que devia estar ao seu lado e volta, besta, a comemorar. Levantando a cabeça de volta, viro o notebook e aceno para que Vini se aproxime e veja. Aproveito e ativo a função viva-voz do celular.

– YES! YES! OLHA QUEM É O TAPADO AGORA, RÁ. OLHA QUEM...

Armando então interrompe:

– Na verdade, fui eu quem ganhou, ele só tá indo por participaç...

– Hey! Coautoria! E meu nome saiu na lista. Mana, tô famoso!

A essa altura da conversa, Vini já tava sentado na ponta da cama e eu deitada, rindo a danar daquilo, só pensando no quanto a criatura ia se achar dali ao fim do mundo. Ai meu Deus.

Armando torna a falar novamente.

– E tem mais! A gente vai aparecer na TV.

Se eu não tivesse deitada, eu cairia pra trás. Mas me levanto de supetão do mesmo jeito. Murilo na TV? Aí mesmo que ele nunca vai esquecer essa história. A peste bem que merecia, ele fazia direitinho o trabalho dele, mesmo com tamanha cabeça oca. Tinha lá meu orgulho sim do meu mano, porém, conhecia-o bem o bastante pra prever o quão insuportável ele ficaria com isso. Vinícius parabenizava os dois quando Armando prefere esclarecer logo sobre isso de TV.

– É só uma reportagem, nada demais. O teu irmão que já fica soltando fog...

Eu acredito.

– ... eita, o novo diretor tá vindo. Te mexe, Murilo! Não, vai pra lá... Depois ele conta o resto. Tchau gente.

Eu tava feliz de verdade, ria besta e balançava a cabeça em negação. Quem diria que eu seria pega no truque mais...? Enfim, estava surpresa com tudo. O premeditar, o esquema, a execução, e até a premiação. Acho que me amoleceram mesmo.

Se eu cair em algum bico desses dois, aí sim eu decreto de vez essa moleza.

Mal retorno para meu quarto de volta e o Vini já vem todo cheio de amor me abraçar, me tomar uns beijos e tornar toda uma despedida difícil. Logo que a ligação finalizou, eu desliguei meu aparelho pra NINGUÉM mais perturbar. Só que em nada adiantava muito se nos sobrava quase nada para namorar.

– Ainda temos tempo pra gente?

– Só o tempo de correr de eu tomar banho e você de ir comprar o almoço.

– Ah, mas já?

– A tua sorte é que o Murilo não vem. Então se rolar um beijo aqui e acolá, não vamos ter com o que nos preocupar ou atrapalhar.

– Agora estamos falando de um bom plano.

Me desvencilho dele antes que me roube mais uns beijos e horas e vou até o guarda-roupa, separar as roupas que iria usar e a verificar se todos os itens necessários para a make estavam na nécessaire da penteadeira. Sentado na ponta da cama, Vini começa a calçar o sapato sem muita coragem, só me observando enquanto continuo a falar.

– E aproveita esse plano, que o outro vai passar o dia falando nisso, a noite, a madrugada e todo o jantar especial de amanhã.

– Que jantar especial de amanhã?

Eu sabia que estava esquecendo algo.

– Isso, bonitinho, só conto no almoço. Que você vai láaaaa comprar. E eu vou tomar meu banho.

– E vai me deixar assim, ao relento, sem beijo, sem abraço?

Tá, talvez eu precisasse de mais que isso pra me decretar de fato mole do coração, porque foi tão tão tão tão tão difícil de resistir ao bico carente de Vinícius que simplesmente não resisti e me entreguei aos seus braços, mesmo contando os segundos, mesmo refreando toda minha vontade do mundo de não mais o soltar.

Ou talvez os dois homens da minha vida já tivessem declarado sem eu saber que de durona eu já não poderia mais ser chamada.


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Notas finais do capítulo

De durona ela já não poderia mais ser chamada [2]

Olá, queridos leitores. Vamos de novo de post especial? Depois de um chamego desses de capítulo, pq não, né?! XD

Como comentei nas notas finais anterior... a próxima curiosidade se trataria dos nomes dos personagens. Como surgiram? Têm algum significado? Têm alguma ligação? Não, hoje não é sexta-feira e não estamos no Globo Repórter. Mas tem umas coisas que bacanas a se dizer sobre esse tópico.

O primeiro nome foi Milena, capturei de uma timeline de rede social. Gostei do nome, é aquele comum não muito comum, e tinha sua graça. Vinícius veio logo depois, vi em alguma matéria acho e seguiu os mesmos princípios sobre Milena. Já Djane era um nome de uma garota que conheci num momento especial, e gostei tanto do nome que guardei comigo para alguma oportunidade. Murilo veio por analogia à Milena, gosto de nomes com M. O que me espantou mesmo foi há um tempo atrás que, brincando com uma amiga, ficamos procurando significado de nomes e olhem ESSAS ENORMES COINCIDÊNCIAS que me apareceram:

Milena: http://bit.ly/1CHVj0c
Murilo: http://bit.ly/1sQapQ1

(links seguros)

O.O

Não que eu acredite nessa coisa toda de nome e significações, masssss... Parece que leram minha fic!

Para os outros nomes (que sãaaaao muitos, né rs), eu dei uma equilibrada. Uns muito comuns, outros não tão comuns; alguns eu saía com aquela ideia de que o primeiro que visse na timeline teria o nome roubado ou modificado. Foi assim como o Arthur desse capítulo, o Anderson, a Denise, a Flávia, o Lucas, o Diogo, a Mônica (a enfermeira que não deu mole pro Murilo), o Thiago, o Júlio, o Eric... Se bem lembro, o da Ádria (a noiva do enfermeiro bonito) me baseei na sonoridade de Aria, da série Pretty Little Liars. Gostei de brincar com o do Gui, todo mundo achar que seria o tradicional Guilherme, e na hora era Aguinaldo. Já com Sávio, quis dar aquele diferencial, pra causar impacto, bem como foi a entrada dele na história.

Casos interessantes foi com o Filipe e Natália (a ex do Bruno, láaa no começo).
Num primeiro momento, descrevi o pai de Vinícius como Otávio. Depois esqueci e puxei um aleatório, Filipe. Só fui notar isso durante uma revisão de capítulo. Como já tava escrevendo outros capítulos e me acostumado com Filipe, assim ficou. Aí transferi para o avô da Milena quando veio a chance.

Já o da Natália, foi engraçado. Novamente estava eu procurando por nomes não muito óbvios (gosto deles), vi uma Elisabeth e quis cortar, ficar só Elisa. Escrevi uns capítulos de boa, e nisso, num dia qualquer, veio uma reportagem sobre aquele goleiro Bruno do Flamengo, que matou a ex, Elisa. RI DEMAIS. E tive que trocar, pq né, apesar de coincidência - tamanha, diga-se de passagem - eu não queria que cogitassem coisas pra esse lado. Então troquei por Natália.

Gosto de brincar com nomes e nomes e personagens são o que não falta nessa fic, então foi bem legal esse jogo de escolhas, mesmo que muitos fossem ao aleatório. Naquela fic para um futuro breve, de que já mencionei em outros posts, tbm tem muito disso. Espero que qnd tiverem a oportunidade de ler, que lembrem desse post comentado :)

Bjos e abraços. Ia colocar um trechinho do próximo capítulo, mas não consigo achar um trecho que não entregue demais. Então não é por maldade, viu! Só digo que tá mto amor.

E que as próximas notas finais serão sobre a trilha sonora :)

Dúvidas, questões, comentários, vcs sabem que estão abertos.

Até o/

Alexis.



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