Mantendo O Equilíbrio - Finale escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 39
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Alô, BÔNUS, é vc?

Lá vai cap. especial tbm, mas mais por motivo de viagem do que de comemoração :) Ou comemora tudo junto.

Hoje tem umas revelações que essa turma andou me cochichando, e, olha, tá ótemo, viu.
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/453816/chapter/39

Ser estagiário é passar por muitas profissões ao mesmo tempo, até chegar àquela que você se comprometeu. No caminho, você vira atendente em Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), guia não-turístico de perdidos na empresa, sejam clientes, sejam pessoas aleatórias, vira barman, faxineira, lavadeira, a faz tudo, garçonete, conselheira, médica, psicóloga, office-boy (ou office-girl?). Conhece-se o gênio das pessoas, o funcionamento local, o funcionamento da burocracia, até daquela que envolve a preguiça, estresse e cansaço. Costuma-se ter muito medo de fazer besteira, e quando faz, mesmo sem querer, parece que o mundo acaba ali como num filme de suspense. É ali que o Jason te pega.

Tava achando que era fim de jogo pra mim, ia levar outra advertência no meu relatório, senão uma repreensão, uma bronca daqueles, pois tinha trocado a documentação de dois clientes que tinham nomes muito parecidos. Um era Paulo Hélio, o outro, Hélio Paulo, ambos fornecedores de empresas com quem temos contato. Me meti nessa por ter ido ajudar a Nina que tava num aperreio danado, ela veio pedir na minha mesa quando viu que tava lutando contra o tempo e o tempo tava ganhando dela. Ela me explicou o básico, fiz direitinho. Só... troquei o principal.

Assim que Thiago mandou me chamar e me levantei para seguir para sua sala, já fui despedindo do mundo cruel. O supervisor da Nina deve ter me dedurado. Eu assumiria, não tinha problema quanto a isso. Só não queria decepcionar mesmo.

– Sente-se, Milena.

Sento. Faço cara de culpada. Passo as mãos nos braços nus pelo frio que tava a sala dele, que parecia muito confortável com o ambiente. Já havia notado que Thiago gostava das temperaturas baixas, às vezes eu vinha com um cardigã quando sabia que teria consultoria pra não sofrer tanto. Sempre saio com as mãos só o gelo. Depois fico brincando de assustar pessoas – Gui e Iara principalmente – tocando-os em áreas sensíveis como pulso e pescoço. Eles sempre saltam ao notar quão picolé saio das consultorias.

– Já entregou a papelada para o setor jurídico, aquele de mais cedo?

– Sim. Fui pessoalmente lá, aproveitar para pegar uma cópia daquele da oficina.

Thiago se vira para mim após alguns comandos que fez ao teclado na mesa à sua frente e, um tanto inquieto, pega uma daquelas canetas em que se aperta em cima para aparecer a ponta e fica a apertando. Lá vinha a bronca, era certeza. Ele provavelmente estava pensando num jeito de melhor lidar com a situação. Thiago era desses que fazia as coisas calculadas, notei com o tempo.

– Muito bem. Agora, Milena, o que me fez te chamar aqui... Bom, estou um pouco envergonhado com isso.

Eu sei, foi um erro tão besta que estou tão envergonhada quanto o senhor, boss!

Mas o que falo é:

– Desculpe então.

Entrecerrando um pouco os olhos, meu chefe parece não entender a que me refiro. Tampouco eu ao que ele se refere. Daquele jeito, soava que não sabia da missa toda. Missa nenhuma, na verdade. Não era por causa da documentação dos Hélios?

– Pelo que se desculpa?

– O supervisor da Nina não conversou com o senhor?

– Ele deveria?

Nops, ele não tá sacando de nadinha.

– Errrr... Não sei. Imaginei que sim. Então do que se trata?

– Eis a questão, minha cara. Quero uma opinião sua numa coisa.

Acho que minha impressão fica bem marcada quando minhas sobrancelhas se põem de pé, entregando que estava suspeita, ao mesmo tempo em que perdida. Vejo que sou eu quem não tô sabendo da missa toda. Pior, que missa é/foi essa.

– Ok.

Manejando a caneta que antes ele apertava, agora ela fica entre seus dedos indo e voltando ao se entrelaçar e ambos ficamos observando os movimentos por um momento de silêncio que fica e que ele vai escolhendo as palavras.

– Você tem um irmão, não? Acho que Filipe mencionou... Murilo, eu acho.

– Sim.

– E mencionou que vocês são muito próximos e tal.

– Acho que se pode dizer isso sim.

– Errr... veja bem, Milena, eu sou um cara prático.

Um cara prático que tá fazendo o Jason comigo. O que Murilo teria a ver? O que estaria deixando meu chefe tão apreensivo desse jeito?

– Lembra-se que uma vez tive que ficar com minha sobrinha aqui na empresa?

E como! O Gui não queria assobiar Bruno Mars pra garotinha, a gente não tava sabendo se virar com a menina, que chorava e chorava mais. Levou um bom tempo até a gente conseguir prender a atenção dela e Thiago nos pegou no flagra, dançando pra guria. Iara apareceu junto e se prontificou de cuidar da pequena com um jeitinho tão meigo que derreteu todo mundo. Derreteu até Filipe, que quase se ditou avô. Quase rio desse pensamento, Filipe de avô. E lembro também da conversa madrugueira com meu mano sobre cuidados e... Não, Filipe não vai ser avô tão cedo por minha parte. Ser meu sogro já tá de bom tamanho.

Estava ficando assombrada quando Thiago suspende sua pausa e entrega logo a questão que resumia seu problema. Sou pega um pouco de surpresa, não imaginaria aquilo.

– Acontece que eu briguei com minha irmã esses dias, por causa de umas bolas foras que dei. Sou o irmão mais velho e eu sei que devia cuidar mais dela, mas, como eu disse, sou um cara mais de praticidade, sabe? Essas coisas de sentimentalismo demais não rola comigo.

Pelo jeito hoje eu seria psicóloga, suspirei com alívio. Com isso que meu chefe cede, tento fazer uma mediação básica pra saber onde estou pisando:

– E ela deve tá muito chateada, imagino.

– Sim! Um sobrinho me mandou mensagem ainda há pouco dizendo que ela tinha chorado um pouco antes de dormir, por minha causa. Fiquei mal com isso. Sinto por não ter correspondido às expectativas dela, só que eu tava bastante aperreado com umas coisas, então deixei pra última hora e ainda assim... não pude cumprir o que ela tinha me pedido. Mas achei que seria nada demais.

– Pra ela não era. Ela confiou em você. Pra o que quer que seja.

Thiago passa a mão pelos cabelos, visivelmente incomodado e logo em seguida praticamente se joga de volta à sua poltrona, com tamanha força que a própria balançou um pouco para trás, como se fosse virar. Tava penoso e fofo ao mesmo tempo.

– Eu sei, eu sei. Droga, estou realmente mal com isso. Não sei bem o que fazer. Antes éramos mais ligados, apesar de algumas diferenças. Mas hoje em dia cada um seguiu um caminho, a gente não tem mais aquilo de antes... e, sei lá, a gente já mudou tanto e não consigo acompanhar o ritmo dela. Não é que quero distância, sabe, é só que... bem, é isso, não consigo mais acompanhar.

– Vai ver ela tava esperando que já não fosse tão prático quanto você costuma ser, Thiago. Talvez precisava de você para dar alguma força.

Cabisbaixo e aborrecido consigo mesmo, ele novamente se distrai com a caneta em mãos. Nunca tinha o visto tão vulnerável assim. Nunca esperei, na verdade.

– E eu falhei... Não sei... não sei o que fazer.

– E quer que eu diga o que fazer?

– Hãaa... como tinha te falado no começo, Filipe mencionou que você tem uma forte ligação com seu irmão. Imaginei que ele já deve ter feito muita besteira, porque, bom, acho que é isso que a gente faz, né? Magoamos nossas irmãs mesmo não querendo. Queria te pedir um conselho sobre o que devo fazer com isso. Dar um presente, fazer uma surpresa, convidá-la para um jantar? Levar chocolate? O quê...?

Só não fiz um facepalm diante do homem porque seria desnecessário ante a situação, mas, olha, vontade não me faltou. Reprimo isso e parto logo pra sinceridade:

– Olha, Thiago, que isso que eu vou comentar fique apenas como conversa fora do trabalho e não me tenha por mal, ok?

Ele assente, ansioso.

– Eu.... eu diria pra não ser tão prático, como levar um presente, fazer surpresa ou algo do tipo... Só estaria confirmando que, tá, estaria tentando melhorar as coisas, só que as fazendo do pior jeito possível. Ela não vai querer um presente. E não dê, por favor, algo com que ela possa jogar de volta em você. Faça o que ela te pediu no começo, mas faça com jeitinho.

– Jeitinho? Eu lá tenho jeitinho, Milena?

Diiissssssssculpa, eu quis rir nessa hora. Reprimi minha vontade novamente.

– Inventa, aprende, não sei. Fala com seus sobrinhos sobre isso. Um plano “vamos alegrar a mamãe”, sei lá. Descubra do que ela gosta por agora e comece de baixo. Com simplicidades. Mostre que se importa sim.

Ele coça a barba por fazer, incerto do que eu falava.

– Isso parece complicado.

– Ela deve querer o complicado. Porque o complicado é que mostra as reais intenções da pessoa. Para alguém tão prático, quer dizer que você sobrepôs ela. Não precisa dar uma gargantilha de ouro ou um vestido novo. Garanto que uma pipoca com sorvete e uma conversa sincera, ainda que promovida por besteiras, como um filme, novela, ou qualquer atividade que ela estiver fazendo, vá sair mais barato e confortável.

– Funciona mesmo isso de... pipoca?

– O senhor me conhece... um pouco. Sabe que por sempre me meto em confusão e sim, isso gera muita discussão com meu mano. Ele também não é nada inocente, faz coisas que me deixa insana. Mas o que adoramos é ter a companhia do outro, mesmo que pra xingar um juiz de futebol, mesmo para xingar a burrice da mocinha de uma novela. Se não pode corresponder a pedidos dela, diga, combine. Se se importa, mostre isso. Pequenas ações valem mais que grandes gestos. Grandes gestos vazios.

– Faz sentido. Vou tentar fazer isso. Não tenho jeito, mas...

– Você vai encontrar o seu jeito. Basta tentar. Basta querer.

– Obrigada, Milena. Acho que tô mais tranquilo agora.

– Ah, tudo bem. Fico feliz em ajudar.

– E o que era mesmo a história do supervisor da Nina?

– Huuum... se ele o procurar, eu sinto muito. Mas se não, tudo bem.

– Ok. Pode voltar para sua mesa.

Logo que estou para fechar a porta de sua sala, aproveito pra acrescentar um adendo final:

– Ah! E não precisa ser necessariamente pipoca e sorvete. Mas leve um pouco de chocolate pra todo caso. Ela pode estar um pouco assassina de começo. E só peça desculpas se realmente se arrepende.

– Entendido. Pequenas ações. Certo.

Ainda ouço um leve múrmuro seu de “como eu não pensei nisso antes?”.

Acho que ele sobrevive.

~;~

Estou para destituir o título de “vaca desgraceira” da excelentíssima mãe do Gui para a tia chata da Flávia. Ô mulherzinha que implica e, se fosse só por isso, tava de boa. Mas a mulher é metida, fofoqueira e espinhosa como se tivesse algum direito. Flávia não dava abertura ou liberdades pra ela, mas a vaca era tão vaca, que ia atrás da história sozinha. Ficava enchendo a mãe e a irmã de minha amiga com histórias, sugeria que a briga do casal envolvia traição, pilhava até o pai, e ainda queria que não lhe respondessem com má criação. Ah vá! Tem tia que vem lá das quebradas do fim do mundo só pra julgar tua vida e achar que tem opinião.

Até a mãe de Gui, aquela que jogou a Flá no chão em seu momento de fúria, tava mais calma e quieta por esses tempos. Gui não gosta de comentar muito, ele só se afasta porque é o melhor que acha que pode fazer. Para falar a verdade, até que tem funcionado bem, a mãe dele tem reagido melhor. Vou ter sempre uma pontinha de raiva da vaca, ainda que um dia a Flávia venha a perdoa-la. Não sei realmente se poderia perdoar uma coisa dessas se a intenção era pura de machucar a pessoa. Aquilo não se faz, é demasiadamente humilhante. Minha amiga não era uma qualquer e tampouco merecia. O tapa que a mãe dele levou de mim foi pouco, defendi como pude. Mas isso é outro caso.

Se essa tia de Flávia, a mesma que ficava chateando a gente quando ajudávamos no outro dia com a festa de criança, falasse direto comigo uma merda dessas que anda espalhando, eu não teria tanta complacência como a Flá era obrigada a ter não. Não iria agredir a mulher, claro, mas também diria umas poucas e boas pra ver se ela se tocava. A errada ali era ela, que proferia coisas sem nexo e conhecimento de causa. Eu diria na cara dura pra ela assistir sua novela e se focar de conjecturar hipóteses estapafúrdias com a trama apresentada lá, porque pelo menos lá, ela teria uma visão mais ampla da situação.

Não digo isso de maneira ruim, não. Assistir novela, ou o que quer que seja, não é algo do qual faço depreciação, falo é da tia da Flávia mesmo. A novela dá essa abertura de discussão, a vida particular não.

Tenho pra mim que parente é diferente de família. A começar pela ideia de que se apenas cai numa árvore genealógica e acaba tendo ligações, como uma turma de escola de que se faz parte, mas não integra todos como um. Família não, parte da ideia do encontro fortuito bom. As ligações não são meras ligações. E isso, sinto muito, não é qualquer um que consiga comigo. Ou com meus amigos.

– Ou ela sai por bem ou eu mesma vou começar implicar diretamente com essa doida. Fica falando pra papai, meu Deus, meu pai, que o Gui anda “se enrabichando por aí em festas”, que ela mesma já viu fotos no jornal, que tá a traição toda estampada lá, nas colunas sociais. Eu tô é pra dar na cara dela. Se papai não conhecesse o Gui, ele titubearia. Mas, graças que conhece, até ele tá o defendendo. Aí como viu que papai tava “comprado”, ela tá enchendo o saco da minha mãe. Pode um negócio desses?

Flávia joga um +3 no bolo de cartas e Dani, também envolvida na conversa, nem dramatiza pelo acúmulo de cartas que deveria adicionar ao bolinho que trazia em mãos. Estávamos jogando Uno em minha casa. Não havia nada que prestasse na TV e meu cabo HDMI, que liga a TV no notebook, estava com mau contato, assim o encontro com as meninas estava se dando com jogatina mesmo. O que não importava, porque o que queríamos mesmo era papear. Qualquer série ou filme que pegássemos pra assistir tão logo iria ser ignorado.

– Eu contei pra vocês que naquela hora que esbarrei na mulher, eu quem sujei DE PROPÓSITO as costas dela com manteiga?

Dani reconta divertida essa história do aniversário em que ajudamos. Me lembro bem da face traquina com a qual ela voltou pra cozinha e me confidenciou isso, mas, ao que parece, isso só chega aos ouvidos de Flávia agora:

– Sério? Adoooooooro.

Flávia gargalha ao lembrar da mulher dizendo que sentia algo pegajoso nas costas e perguntava pra um e outro se via algo nas costas, as pessoas riam e mentiam, de propósito também, porque ela tinha sido mal educada com todo mundo por todo o tempo. Até a filha da mulher não dava trégua, bem sabe a mãe que tinha. A garota fez foi se juntar a nós dada hora, a gente começou a pilhar a mulher que se desesperou sozinha com as atividades de organização. Foi maldade, mas ela quem começou!

Dani interrompe Flá quando esta manda cartas de novo pra ela, reclamando da injustiça, principalmente se tinha passado manteiga naquela tia chata. Dani dizia que devia ser recompensada, não punida. Em meio ao então seu dramalhão, meu mano volta para a sala. Como estávamos em volta da mesinha de madeira pensa da sala, e eu de costas, não o vejo de primeira instância:

– Saio por 15 minutos e já fizeram o clube da Luluzinha?

Ainda atenta ao jogo, só retruco:

– Por quê, você quer entrar, Bolinha? Quinze minutos nada, tu demorou uma bela de umas meia hora.

Ouço se movendo de volta ao corredor, parecia apressado com algo. Mal tínhamos chegado em casa – o Gui me deixou no centro meteorológico dessa vez e voltei com Murilo – e ele jantou na carreira, correu para o quarto para se aprontar. Só disse que tava atrasado, nada mais. Convidei o Gui para passar depois na minha casa, mas ele disse que era muito provável que não pudesse, tinha um compromisso com um primo.

– Eu não, quando tem muita mulher junta, só sobra pros homens. Quem tá ganhando?

Nisso, o banho de perfume dele atinge nossos sentidos e as meninas dispensam respondê-lo para agraciá-lo. Até parece que eu já não tinha as avisado sobre como Murilo ficava se achando quando era assim coberto de elogios. Podia pressentir que ele estaria se gabando ante minhas costas. Flávia afirma que ele tá “gato” e Dani, que ele tava cheiroso demais. Ainda centrada no jogo, não virei pra ele, só ouvi o tilintar da chave que deve ter puxado.

– Obrigado, meninas. Mi, tô saindo. Vai rolar um chope pelo aniversário do Armando. Só uma galerinha mesmo. Não devo demorar acho. Qualquer coisa, me liga.

Aí sim me viro pra criatura, que para na porta:

– Oxi, porque tu num me avisou, coisa?

– Do chope?

– Não, do aniversário do Armando!

– Ah, tá. E avisaria pra quê?

– Eu tava lá, poderia ter parabenizado ele e dado um abraço.

Murilo coça o queixo, pensativo.

– É, podia mesmo... Ele é um dos poucos caras que deixo tu abraçar.

Reviro os olhos, as meninas riem.

– Tu sabe que quase ninguém presta naquele departamento.

E depois eu que sou pé atrás com as pessoas!

– Sei. Bolinha 2 e 3 devem aparecer mais tarde, tá. Pra dizer que não avisei.

– Quem?

– Vini e Bruno, vão chegar atrasados. E Iara. O Gui não pode vir. Talvez a Flávia durma aqui até.

– Ok, beleza. Tchau.

Ele tava fechando a porta da sala quando eu o grito de volta:

– Quê?

– Tomou tua vitamina hoje, coisa?

– Hãã...

Só aponto pra cozinha e ele vai, trotando aborrecido por eu ter pegado ele de última. As meninas me observam sem entender qual era a questão.

– Ele vive se esquecendo de tomar as vitaminas dele. Desde aquela vez da catapora. Agora tô dividindo com ele, porque né, até outro dia me sentia fraca por aí. Mas provoco mais é pra perturbar mesmo.

Dani joga uma carta e assente:

– Bem que imaginei. Acho que se tivesse um mano eu faria o mesmo. Às vezes sinto falta de ter algum irmão ou irmã pra implicar, tipo, da minha idade. Meus primos por maioria são muito novos. É chato ser filha única.

Olho pra Flávia, que me observa sobre suas cartas em leque ao rosto e começo, ela logo em seguida completando, bem sabendo como era às vezes também lidar com um irmão. No caso dela, irmã. Vamos alternando nossos argumentos:

– Sente falta até alguém sumir com tuas coisas.

– É, desodorante, perfume, revistas, roupas.

– A escravidão.

– Ah, sim, escravidão. As ameaças.

– Os acordos... eu vivo de fazer acordo com Murilo. Senão só me ferro.

Acho graça que um tempo atrás eu conversava com meu mano e Vini sobre ter irmãs, como era bom e tal, e agora simplesmente detono o fato de ter um irmão. Sou mesmo um doce de pessoa. Mas Dani realmente parecia ser carente de alguém mais familiar...

– Ah, eu brinco que o Yuri é o irmão que meus pais não me deram. A gente se provoca mesmo... Hey, já contei pra vocês que Bruno ainda tem muito ciúme de dele?

Só sei que Murilo enfim se materializa perto da gente, quando eu penso que ele já iria correr de novo, dizendo que tava atrasado. Atraso ou não, ele voltou só pra confirmar sua teoria:

– Quê que eu disse?! Quando tem muita mulher junta, só sobra pros homens.

Jogamos pipoca nele que se esquiva.

– Hey, tô gato e cheiroso demais pra sair todo pipocado.

Dani é quem responde dessa vez, fazendo a coisa se fingir ofendido antes de sair – e dizer que ela tinha partido o coração dele:

– Tá, Murilo, já desisti de ter um irmão.

~;~

Se Murilo entrasse e visse Bruno só de cueca no meio da minha sala, acho que eu não teria muito como explicar. E até parece que Dani ia aceitar de largar o namorado em toda sua glória num jogo. Por isso mesmo neguei aquela proposta de strip-uno de Bruno – o que ele fingiu estar chateado por eu dar a entender que ele perderia – logo depois que Vini me ligou informando que não poderia ir, ficara preso no trabalho de novo, algo a ver com prazos e riscos. Assim que eu anunciei que seria Bruno o único homem na noite, ele chutou de sacanagem que devíamos fazer um jogo mais interessante e claro ou óbvio que a Dani deu de tapa nele? Bom, a Flávia também.

Mas aí a Dani também teve uma daquelas suas loucas ideias:

– E se, ao invés de strip-uno, a gente inventasse umas regrinhas a mais?

Nessa hora olhei pra Flávia, que olhou de volta para mim e rimos juntas dizendo que ela tava parecendo o Lucas, vizinho da casa dos meus pais. Ele adorava um jogo interessante desses. Para ambientar todo mundo, contei sobre as jogadas que trabalhamos no final do ano para embaralhar mais as regras do jogo e confundir a galera. De final, não mudamos muito as regras originais, só acrescentamos prendas mesmo. Coisas como quem atingisse duas cartas, teria que engolir uma colher de ketchup puro, e quem ultrapassasse seis cartas, teria que ser pintado ou bagunçado de alguma forma no corpo.

Eu já tinha chegado a duas cartas três vezes, mas quem sofreu mesmo foi a Dani, que chegou cinco vezes, ela já não aguentava ketchup e eu também com a boca ruim daquele troço, já queria mudar a opção – porque ninguém sabe o quanto é triste até se enfiar uma colher cheia daquelas na boca e engolir sem água. Tá, só a primeira vez é sem água, pois seria maldade demais. Todos tiveram suas experiências e só era engraçado quando não era com você, por assim dizer. Flávia quase chorou na hora de tomar a segunda colher. Era, afinal, um preço alto a se pagar.

Tentei persuadir a galera para trocar por farinha, mas Iara disse que seria perigoso, já que se a gente ria tanto, logo alguém iria se engasgar e seria provavelmente feio. Adicionamos apenas aqueles biscoitos água e sal para o negócio ficar engolível – Bruno queria que fosse biscoito com manteiga pra piorar, mas se o intuito era melhorar a situação geral, claro que não aceitamos.

Aquela primeira partida se demorava por isso também, toda hora tínhamos que parar para cumprir alguma pena, sem falar da conversa. Bruno já tinha bochechas com blush e um coração desenhado de batom no nariz, sem falar dos pompons no cabelo e da tiara de princesa que adornava sua cabeça, enquanto eu tava toda desenhada de marca-texto azul e amarelo no braço – Dani se dizia ser pintora abstrata – e Iara com adesivos de caderno pelo rosto, além de bobs nos cabelos. Dani e Flávia eram as intocáveis que ficavam sacaneando a gente e tirando mil e umas fotos, postando ao vivo. Mas logo dona Flávia perdeu a visão, pois a obrigamos a jogar vendada. Ela teve uma queda considerável em seu desempenho depois dessa.

O jogo em si tava uma zona, a gente não tava mais ligando pra quem ia ganhar, a coisa toda era pelas penalidades e as estratégias eram mais pra ferrar um e outro. Dani tava se saindo uma bela estrategista, mas Iara, ah, Iara tava bombástica – tudo caía em Bruno, coitado. Chega minha vez novamente e eu analiso o jogo, minhas quatro cartas em forma de leque nas mãos e faço expressão de ameaçadora com elas ao rosto. Nas nossas regras, quem atingisse o Uno (ficar com apenas uma carta), teria que revelar um segredo. Se a roda não aceitasse o segredo, poderíamos perguntar algo diretamente e a pessoa teria de responder, senão comprava não uma, mas três cartas do bolo – eram dois jogos de carta juntos, então o que mais tinha eram cartas pra comprar. Ninguém havia chegado a tal status ainda.

Iara tinha duas em mãos, uma eu sabia que era amarela, por uma hora ela ter deixado ficar visível e eu poderia jogar uma amarela e facilitar o jogo pra ela. Ela iria falar um segredo, mas eu podia apostar que não era bem o segredinho novo dela, um que eu vi de longe na noite anterior. Era bobagem, mas me fazia crer que era algo bom pra ela. Tratava-se, bem, de sua vida particular.

Noite passada, em que a galera inventou de me levar para um churrasquinho com farofa ao vento e MPB, teve um momento na hora de ir embora que eu a vi. Já tinha me despedido de todo mundo, iria entrar no carro de Vinícius, quando notei que meu chaveiro-canivete havia sumido do fecho de minha bolsa. Devia ter caído por lá, então voltei, sozinha, para verificar pela área em que ficamos, ver se encontrava.

Já ia me meter debaixo da mesa quando o garçom que nos atendera decidiu me ajudar, disse que não tinha visto nada e ficou procurando comigo. Depois de uma vistoria rápida que fizemos, não encontramos nada. E foi aí, que me virei pra fazer uma última vistoria, que um copo caiu de uma mesa mais afastada e minha atenção se voltou para aquele lado.

Outro garçom estava já cuidando daquela mesa em que os clientes se desculpavam pela indelicadeza e, sabe quando você passa os olhos rápido numa coisa e sua mente parece não acompanhar de codificar bem a impressão e volta então, novamente rápido, para tal direção pra se certificar que viu certo? Pois então, eu vi Iara numa mesa mais longínqua ainda. E estava acompanhada. Com um carinha do setor jurídico lá da empresa Muniz, não sei o nome dele, só o reconheço de vista. Aparentavam estar num alto papo e íntimos.

Sorri discreta e dispensei o garçom que me ajudava. Quando voltei pro carro Vini até comentou que eu tava muito sorridente pra quem tinha perdido o presente-mimo de Dani. Sim, foi ela quem me deu o canivete, preocupada por, na época, pensar que eu tinha sido atacada ou algo do tipo. Como eu gostava de chaveiros e possivelmente podia andar armada, ela me deu um. Bom, agora ela sabe o que realmente aconteceu. Assim como também contei para Iara essa tarde sobre Vinícius ter aberto o jogo para nossos amigos, afinal, ela também fazia parte daquela história.

Era engraçado saber um segredo sem a pessoa ter conhecimento mútuo. Tudo de repente soa como uma intenção pretensiosa. Bom, acho que até olho para Iara suspeitosamente. Brincadeira! Fico feliz por ela. Mas jogo é jogo, lanço uma carta amarela, Flávia logo me cobre com uma carta amarela também, na sorte, já que ela não tinha controle mais de suas estratégias se estava vendada, e Iara grita seu Uno assim que se desfaz da carta que eu sabia que ela jogaria.

Todo mundo fica em polvorosa a fim de ouvir o segredo que deveria ser revelado e Iara não expressa nenhum receio. Está com cara de pensativa e traquina ao mesmo tempo. É das minhas!

Bruno, se aclamando o único homem – e rei da parada – se acha no direito de demandar:

– Então... Qual o seu segredo sórdido, Iara?

Quase como virando padrão, Dani bate nele pela pergunta indiscreta. Só que não é um tapa dessa vez, ela dá uma cotovelada nas costelas. Eles adoravam se provocar, desde sempre. Era mais por força de expressão do que por força de punho – ou mão ou cotovelo. Bruno faz graça, como se tivesse doído mesmo e logo depois se entrega, sorrindo sacana. Era possível ser traquina mesmo com toda aquela arrumação nele que fizemos.

– Ai, Dani! Mentira, doeu nadinha.

Eu respondo, dando uma rechecada na minha estratégia enquanto observo as três cartas em minhas mãos:

– É que pra doer, tu tem que ser mais cafa, né?

– E quando eu sou caf...? Melhor, não responde.

Todas gargalhamos pela culpa no cartório que nosso amigo acaba de confirmar. Mas ele me entrega também assim que complementa:

– Acho que minha cara ainda tem as marcas dos teus dedos, Lena.

Todo mundo de repente se vira pra mim, as meninas surpresas, ele sorrindo sacana de novo. Tava com síndrome Aguinaldo e não me avisou ou o quê? Dani intervém primeiro, querendo saber disso:

– Lena, você deu na cara do Bruno? DE VERDADE?

Me defendo com afinco, abaixando as cartas para a mesa.

– Ele mereceu!

Flávia quer saber também, meio assustada, meio divertida. Respondo a ela, apontando pro cidadão, que só ria. Ele era muito cara de pau, isso sim!

– Quando foi isso?

– Na viagem. Ele foi um cre-TI-no com a Dani e me enganou no processo.

Dani olha pra mim, depois para o namorado, de volta pra mim e então para ele novamente. Repete o processo mais umas duas vezes analisando o caso e... pega uma almofada ao lado e dá na cara dele:

– É verdade. Ele foi um cretino. Mereceu.

Apenas murmuro sem som algum para ele, comemorando:

– Perdeu, playboy.

Percebendo que sua jogada de informação havia falhado, ele tenta voltar ao tópico passado:

– Tá, vocês interromperam a Iara.

Eu e Flávia dizemos juntas, sem querer, o que ele olha feio, ainda muito sacana:

– Seeeei...

– Vai, Iara, conta um segredo.

– Não sei. Ainda estou indecisa. Falo um da época de criança, adolescência ou já crescida?

Optamos pela época de adolescência. Iara cria todo um suspense. Até paramos quietos pra prestar atenção.

– Eu... Ok, eu não lembro bem que ano da escola foi isso. Tinha um carinha que a turma chamava ele de Jack, porque ele tinha o jeito do Leo Di Caprio em Titanic. Ele era bonito e tal, e compensava toda a beleza sendo o maior babaca possível. Ele... ele costumava me provocar muito, não do bom tipo de provocação. Me irritava mesmo, que saía no bate-boca e éramos repreendidos pelos professores.

Iara parecia estar resumindo minha relação com André. Bem eu sabia como era conviver com um ser desses. Ela ajeitava os bobs no cabelo pra fazer efeito mesmo nas suas madeixas enquanto relatava o caso:

– Um dia, ele inventou de pichar a parede da escola que tinha os princípios da instituição. E pra me ferrar, ele sujou minha carteira com a mesma tinta pra eu me manchar e ser indicativo de minha culpa. Eu sabia que tinha sido ele porque o vi antes da pichação se preparando pra lambança. A professora me viu tentando me limpar no banheiro e fui enviada pra diretoria. Fiquei muito revoltada. Tipo, muito mesmo.

Bruno, se empanturrando de pipoca, todo zoado de invenções nossas com blush, batom e pompons – era uma visão e tanto – exclamou:

– Vish, vocês saíram na porrada.

Iara, novamente com suspense e então com um sorrisinho suspeito, responde:

– Não, não brigamos. Fiz pior. Me vinguei.

– Rá! Definitivamente das minhas!

Dani concorda comigo, mas Flávia não quer saber mais de interrupções, tão mais curiosa ainda, também se empanturrando de pipoca.

– E das minhas!

– Deixem ela falar, gente!

– Bom, eu fui suspensa por uma semana por isso. Foi bem dose, porque minha avó era minha responsável na época e a gente nunca teve uma boa relação. Aí que eu fiquei com mais raiva mesmo e, conforme fui sabendo das atividades da semana, por uma amiga que me levava a lição de casa, fui traçando o plano. Com a ajuda dela, eu detonei um trabalho dele que demorou um mês pra terminar e valia 100% da nota. Era idiota, mas na época... E não só isso.

Fazendo alusão à ruivice da moça, Bruno afirma:

– Tu era uma pimentinha mesmo, hein, Iara.

E Flávia atira uma almofada nele por interromper de novo. Iara continua.

– Eu consegui codificar a senha dele da bicicleta e alterei pra uma qualquer. Nesse dia ele voltou pra casa andando na chuva. Chuva torrencial. E...

Sacaneando de novo, Bruno interrompe. Eu, Dani e Flávia só olhamos feio pra ele, que se recolhe e fecha a matraca.

– E tem mais? Tô com medo de ti já. Tô com medo de vocês todas, na verdade.

– Deixei uma folha solta na mochila dele com uma ameaça. Dizia algo tipo “no filme do Titanic, o Jack morria”... Gente, respirem! Foi nada demais!

Acho que ficamos todos chocados, de boca aberta e tudo mais. Me ouço perguntar:

– E ele não fez mais nada?

– Não. Quer dizer... bom, não foi exatamente ele. A partir daí ele simplesmente fez que eu não existia mais, o que foi ótimo. Por um bom tempo eu me livrei de confusão, porque, como eu era mal falada na cidade por conta da história de meus pais, virava bode expiatório pra tudo, até pro fato de o lanche não estar bom em dados dias. Eu levava culpa até por coisa feita por quem eu nem conhecia. Tinha me vingado do Jack mais por eu ter sido suspendida por algo que não fiz, então fui lá e ferrei ele por mim mesma, já que incriminar ele acho que eu não teria como. Mas essa de depois... Até hoje não entendi bem o que foi aquilo.

As vozes de seu público se confundiram:

– O quê-o quê-o quê?

– Aquilo o quê?

– O quê-aquilo-o quê?

Então centrada, com os bobs já bem enroladinhos em seu cabelo, ela ajeitava o bolo de cartas ao meio que tava uma zona porque a gente só ia atirando, e continuava a falar. Do jeito mais calmo possível. Como ela não se ressentia?

– Um dia eu parei e sentei na escada pra procurar um exercício de matemática que eu ia emprestar pra uma amiga e aí, do nada, uma garota me atacou pelas costas, me puxando e rosnando pra mim, gritando que eu tinha feito aquilo e sei lá mais o quê, a gente rolou pela escada, engalfinhadas e... Só a força de dois instrutores pra nos separar.

Flávia que dessa vez questiona:

– Ela te acusava de quê?

– De eu ter influenciado o Jack ter terminado com ela, algo assim. Eu nem sabia que eles namoravam!

Mais próxima, Flá põe a mão no ombro de Iara e dá força. Só que termina me detonando no meio do caminho:

– Que menina mais louca! Tu tinha que se defender, claro! Aprende com a Lena, dá de vaso na cabeça de um.

Bruno também não me ajuda:

– Teve aquela vez também que ela deu na cara do André. De mão fechada, claro.

Tento fazer com que me esqueçam.

– Ô, gente, vamos nos centrar no segredo, né?

Dessa vez que Iara se mostra receosa, como se fôssemos a julgar por aquilo.

– O segredo é esse. Eu... nunca contava o que sofria. Ou o que fazia pra me defender. Não tinha muitos defensores, então... era eu e eu mesma.

Dando de ombros, Iara mostra que já não se importa por aquele passado. Mas certamente aquilo devia ter a machucado muito. Algumas vezes ela já tinha mencionado coisas como tinha sido viver com sua avó, e como todos optavam por odiá-la só por saber de quem ela era filha. Era cruel demais. Me levanto – com cuidado pra não deixar minhas cartas à vista, claro – e Dani entende minha atitude, era para abraçar Iara e lhe dar algum conforto, o que ela aceita de bom grado. Renovada, ela declara pra turma:

– Mas já não sou assim, ok. Bruno, prometo que não te machuco. Se você não for um cretino, claro.

Meu amigo ainda parecia um tanto bestificado. Iara gargalha com ele.

– E eu pensando que tu era a maior santa.

– Eu, santa? Gentileza é uma coisa, ser santa é outra.

Eu já tinha ouvido isso em algum lugar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Huuuuuuum... Muitas revelações (e não revelalções) para um mesmo capítulo, hein.
Vou só deixar aqui uns trechinhos, que é pra não dizer que sou má (o Murilo vive me acusando, pode uma coisa dessas?):

"- O que há com seu namorado, hein?
Primeiro, me espantei claro. Segundo, ele sabia do Vini? Ele sabia que o Vini era filho do chefão? Ah, droga!, pensei.
— Meu namorado? O senhor o conhece?
Ele ficou desconfiado e um pouco incrédulo pela minha questão:
— Então o Aguinaldo não é seu namorado? É seu amante?"

e

"- Mas ele diz ter ido, Mi, para te ajudar.
— Como? Me ajudar?
— Disse que não era pra corroborar ao que André reclamava. Era pra te defender. [ALGUÉM] fez um testemunho contra.
Ele... fez? Minha boca deve ter ido ao chão como qualquer desenho animado daqueles quando era surpreendido. E me surpreendo apenas MUITO. Essa eu não poderia cogitar! Tampouco ao que [ALGUÉM] persistiu em continuar:
— Ele disse que era uma recompensação sobre o erro dele. Que ele devia isso a você, era o mínimo e ao alcance dele. Só que aí, Mi, aí que eu não entendi nada. Tipo, que raio de erro foi esse? Por que ele te devia?" [...]"

Vamo ver se vocês acertam essa.

Bjos,

Alexis.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mantendo O Equilíbrio - Finale" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.