Renuncio por Amor escrita por Daijo


Capítulo 1
Capítulo Único - Renuncio Por Amor


Notas iniciais do capítulo

Os textos em itálico são as partes da carta de Hinata.



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A noite na propriedade Hyuuga não estava com sua quietude habitual. O silêncio noturno fora quebrado pelo suave barulho das gotas de chuva. Apesar do leve ruído, aquele som era relaxante.

 

Neji remexeu-se em seu futon, incomodado com um vento frio que acabara de acordá-lo. Abriu seus olhos perolados, e virou instintivamente para a porta. De fato não errara na direção, o portal estava aberto. Uma brisa gelada entrou pelo buraco, passando novamente pelo corpo do ninja.

 

Aborrecido, o Hyuuga ergueu-se e seguiu a direção de onde provinha o vento. Porém, durante o trajeto, percebeu um rastro de pingos no chão. Curioso, ele desviou sua rota e seguiu a trilha molhada.

O caminho o levou até a mesinha que ficava no canto de sua pequena casa. Apesar de ter sido convidado para morar na casa da família principal, Neji preferira morar naquele casebre distante da propriedade; agradava-lhe mais viver sua vida de bouke longe dos moradores da souke.

 

O jovem notou um papel, molhado nos cantos, repousando sobre a mesa. Imediatamente reconheceu a caligrafia de sua prima e protegida, Hyuuga Hinata.

- Hinata-sama... – murmurou, recolhendo a carta.

 

Ainda sonolento, massageou suas perolas para concentrar-se nas palavras escritas.

 

 

 

Querido Neji-nii-san,

 

Eu não sei como começar essa carta, é um pouco difícil para mim, mesmo que por esse frio papel, descrever tudo o que sinto nesse momento. Na verdade não só nesse momento, há algum tempo eu tenho sofrido com isso dentro de mim.

Por mais que eu tenha tentado esquecer e me concentrar em outras coisas, eu não pude deixar de sentir isso. É mais forte que eu... É mais forte que minha própria determinação.

      

Sei que quando terminar de ler esse pequeno desabafo, ficará mais frio e distante comigo do que já é. Porém, não posso continuar a viver com esse peso sobre meu coração.

 

Eu preciso dizer que te amo...

 

 

 

O jovem Hyuuga arregalou os olhos, parando por um momento sua leitura. Será que aquilo era mesmo realidade? Hinata visitara seu quarto no meio da noite, e deixara aquela carta declarando seus reais sentimentos por ele?

Ele não precisava ler o resto da carta, precisava alcançá-la e dizer tudo o que sempre quisera lhe revelar.

 

O jovem soltou o papel e buscou a porta, não se importando que a pele do seu tronco, desnudo, se arrepiasse com o frio novamente. Saiu para a noite, sendo rodeado pelas gotas de chuva que caíam insistentemente, e deixando para trás aquele pedaço de papel sem terminar de lê-lo.

Correu alguns metros, parando debaixo de uma árvore para ativar seu Byakugan. Olhou ao seu redor, no intuito de encontrar a prima. Depois de alguns segundos de procura, a reconheceu andando lentamente para o jardim que ficava aos fundos da casa principal.

 

Sem pensar em mais nada, correu ansioso para conversar com a jovem de olhos perolados.

 

 

 

... Eu te amo e não há nada que possa mudar isso. Sei, porque eu já tentei esquecer, tentei me iludir e nutrir isso por outro. Confesso que cheguei a desejar outro ninja, e creio que você sabe disso. Quando você sumira e carregara todo aquele seu ódio consigo, eu sofri. Sofri por você, sofri por nós... Foi naquele momento que tive certeza que nunca daríamos certo.

 

Mas você voltou... Voltou para me assombrar e me humilhar com sua força. Eu quis mostrar que era forte, me espelhei na determinação de outro para vencer. No entanto, meu coração falou mais alto, e acabei perdendo.

Agora você voltou definitivamente para nosso lar, porém ainda conserva a mesma face fria para mim...

 

 

 

Já estava encharcado, quando finalmente chegou até o jardim em que se encontrava Hinata. Ele andou pelo caminho de pedras hexagonais e pode enxergar de longe a cascata de cabelos negros da jovem. Hyuuga Hinata estava sentada em um baquinho que ficava ao centro do jardim; parecia não se importar nem um pouco com a chuva que caía sobre seu corpo.

- Hinata-sama. – gritou Neji, ainda longe.

 

Seus olhos se encontraram com os orbes perolados de Hinata. Notou que os olhos da prima estavam vermelhos, provavelmente chorara por um bom tempo. Neji suspirou com a visão.

Apesar de estar abatida, ela ainda conservava toda a beleza Hyuuga. Seu rosto que emanava a inocência, e o corpo que faria qualquer um desejar o pecado.

Ele chegou até ela com um sorriso, mas um sorriso diferente do que ela acostumara a ver.

 

 

 

... Você nunca percebeu meus reais sentimentos, nem quando éramos crianças nem agora. Não nota como eu gaguejo em sua presença, como coro quando chega perto... Também não percebe a tristeza que emana de meus olhos toda a vez que é frio comigo.

 

Eu gostaria que você, Neji, tivesse percebido tudo isso. E gostaria mais ainda que pudesse corresponder meus sentimentos. Mas no fundo eu sei que é impossível.

E é por isso que escrevi essa carta, para dizer o quanto te amo e que para o meu bem e principalmente o seu, renuncio desse sentimento absurdo.

 

Meu desejo é que, apesar de saber da verdade, jamais me procure. Por que eu e você sabemos que nunca ficaremos juntos... Sou uma Souke e você um Bouke, no entanto não é isso o que nos separa... O que nos afasta, é o rancor que no fundo você ainda sente por mim.

 

Por isso, adeus Neji...

 

 

 

- Neji-nii-san... – murmurou Hinata, secando os olhos inutilmente, já que a chuva ainda escorria pelo seu rosto. – O que faz aqui?

- É verdade aquilo o que escreveu na carta? – indagou sem rodeios, enquanto arfava.

 

A jovem abaixou a cabeça por um segundo, mas voltou a erguê-la mostrando um olhar melancólico. Não esperava vê-lo naquele momento, não depois do pedido que fizera a ele através da carta.

Mas não havia mais porque esconder a realidade.

 

- Sim nii-san, é verdade... Espero que...

 

Hinata não pôde concluir sua frase, pois os lábios do primo a interromperam. A jovem arregalou os olhos surpresa, diante do ato de Neji. Porém segundos depois, derreteu-se sobre a carícia, aproveitando o sabor que sempre sonhara experimentar.

 

Ele por sua vez agarrou a cintura da jovem, e aprofundou o beijo. Deixou-se levar pelo sentimento que sempre escondera dentro de si.

Jamais revelara o amor que sentia pela prima, seu amor secreto. Manteve-se sempre insensível a sua presença, mas sentia seu coração palpitar por ela.

 

Após mais alguns segundos, debaixo da cortina de água, em meio a um beijo caloroso, os dois se separam buscando ar.

- Neji... Eu... – O jovem depositou o dedo indicador nos delicados lábios de Hinata, para que ela não se pronunciasse antes dele.

- Hinata, eu sempre te amei... Só que nunca tive coragem de dizer isso. – começou, olhando-a ternamente. - Eu nenhum momento da minha vida pensei que você pudesse sentir o mesmo por mim. Logo eu, seu primo, um bouke...

 

Foi a vez de Hinata silenciá-lo, porém usou rapidamente os lábios para isso.

 

- Isso não importa para mim, só desejo que me ame.

 

Neji a puxou para um abraço aconchegante, beijando-lhe o testa antes de aninhá-la em seu peito. Ambos sentiam-se radiantes por dentro.

Não havia nada mais que pudessem dizer naquele momento. Bastava continuarem ali, abraçados, sobre os pingos da chuva, aproveitando o calor um do outro.

 

 

 

... Apesar de tudo...

 

“Eu vou afundar com este navio
E eu não vou colocar minhas mãos pra cima e me render
Não haverá bandeira branca em cima da minha porta
Estou apaixonado e sempre estarei”

 

 


Fim


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Notas finais do capítulo

Esse último trecho da carta de Hinata, entre aspas, é um trechinho da música White Flag. Espero que tenham gostado da fic.
Daijo