One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 8
Sétimo Capítulo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/452782/chapter/8

Na noite anterior...

Sherlock naturalmente não estava nada animado por ter que perder tempo em coisas como socialização, pub e bebida alcóolica, mas levando em consideração que aquela seria a despedida de John e que Victor havia retornado a pouco tempo, então ele decidiu que teria que se esforçar pelo menos daquela vez.

Na sexta-feira, saiu do St. Barts Hospital e voltou para a Rua Baker. Se arrumou, colocando uma camisa azul bebê e um casaco comprido cor azul escuro.

Sua calça e sapatos eram sociais, mas ele estava mais informal do que nunca, então decidiu que aquilo deveria ser o bastante.

Para ajudar, as noites agora estavam sempre mais frias e aquela em específico ainda era acompanhada de uma fina garoa.

Havia combinado de se encontrar com Trevor em frente ao hotel que este estava e dali caminhariam até o local do pub que ficava no Centro, não tão longe.

Ao se encontrarem, seguiram pelo caminho com Sherlock fingindo ouvir tudo que Victor tinha a dizer sobre a vez que ele e seu ex-namorado haviam sido expulsos em um festa em Amsterdam.

Ao chegarem Holmes concluiu que não era o mais caro, mais chique, nem o mais badalado. Havia uma pequena na fila, mas concluiu que ainda era cedo demais para as pessoas chegarem.

Entrando se depararam com um local intimista. Havia um balcão de par por quase toda a sua extensão e muitas mesas, além de sofás e puffs ao centro, perto de uma pequena e jeitosa pista de dança.

O local cheirava a cigarro e a rum e a música, que ele não conhecia, era típica dos anos 80.

– Gostei...Blondie! – Victor comemorou, mas foi ignorado.

O detetive procurou e logo entrou Lestrade sentado em uma das mesas do fundo ao lado de Anderson, Mike e para sua infelicidade, Mycroft.

– Aê! Finalmente...Sherlock! – o inspetor comemorou se levantando, já bem embriagado.

– Eba...já vi que tenho companhia de animação! – Trevor pulou rapidamente em seus ombros.

Ao se aproximarem ele lançou um olhar fuzilante para o seu irmão que em resposta sorriu e levantou seu copo com whisky e pouco gelo.

– Este é Victor Trevor. – disse sem emoção enquanto este cumprimentava a cada um de maneira muito animada.

Sherlock ainda procurou por John, mas não o encontrou, e então sentando-se encostado perto da parede, seguido de Victor disse para todos:

– Onde está o John?

– Foi falar com a Mary no celular lá fora..aqui o sinal estava ruim! – Greg respondeu rindo de Victor que já se servia de seu chopp.

– É bom te ver, Mycroft! Como estão as coisas no seu trabalho perigoso e secreto? – este perguntou.

– Ótimo, obrigado por perguntar. Fiquei surpreso em saber que estava de volta. Pretende ficar por muito tempo, Trevor?

– Na verdade é quase que definitivo, sabe? Estou dependendo de algumas respostas...processos burocráticos e internos. Mas acho que é definitivo.

– Seus pais ficaram orgulhosos, aposto. – o Holmes mais velho comentou em tom irônico.

– Sim! Estavam com saudades do filho perfeito deles! – Victor gargalhou apoiando em Sherlock que o empurrou levemente de volta.

E então ele avistou John passando pelas pessoas na pista de dança que começava a encher agora. “Ele e Mary brigaram outra vez” concluiu após observar o modo agitado com este balançava seu celular entre seus dedos e tinha seus lábios pressionados.

– Boa noite...- o loiro sorriu ao vê-lo e sentando-se à sua frente, encarou Victor de cima a baixo.

– Ei, John! Sou Victor...finalmente nos conhecemos, não? O Sherlock me falou muito sobre você...- este se levantou estendendo sua mão para o médico que repetiu o movimento sem piscar seus olhos.

– Engraçado. Ele nunca disse nada sobre você... - Watson respondeu repentinamente fazendo todos rirem e ele próprio ficar sem graça – ...obrigado por vir, Victor. E prazer em conhecê-lo.

– O prazer é todo meu. – Victor deu um meio sorriso e piscou para Sherlock que observava a toda aquela cena como se assistisse ao um show de horrores.

– Vocês já pediram alguma coisa? – John disse evitando olhar para o detetive e seu carismático amigo agora.

– Bom, esses dois acabaram de chegar também...podemos pedir? Eu vou querer mais chopp e vocês? – Greg questionou.

– Cerveja! – Anderson vibrou com Mike.

– Vou querer mais um whisky. – Mycroft sorriu encarando Sherlock que parecia querer expulsá-lo dali a pontapés.

– Ai como vocês são óbvios! Vou querer tequila! Tá frio, gente...vamos esquentar! Ei, Sherlock? Lembra daquela vez que eu te embebedei de Tequila? – Trevor sorriu apoiando-se nele.

– Claro. Acordei no jardim da república. Isso foi inesquecível! – Holmes respondeu de mau humor.

– Espera, Sherlock Holmes acordando em um jardim por causa de uma noite de bebedeira? Por que você não gravou isso, Victor? – Greg brincou.

– Ah, porque eu estava bêbado também...foi no aniversário dele! Inventei uma festa surpresa ...no final só tinha a gente enchendo a cara de tequila, porque sobrou! – este riu.

– Sobrou porque era horrível! – Sherlock fez uma careta que fez todo o grupo rir menos John.

– Bem, estávamos tão chapados que se eu te desse qualquer coisa para beber você beberia!

– Ah, então é você o culpado por viciar o Sherlock? – John perguntou tentando entrar na brincadeira – Está aí a má influência.

– Viciar? Ah, não doutor. Eu fiz coisas bem piores com ele, e ele nem reclamou...você nem poderia imaginar! - Victor sorriu, levando um pontapé de Holmes por debaixo da mesa.

– Certo. Bom, vou querer cerveja...vou no balcão então, é mais rápido. Com licença. – o loiro disse saindo rápido antes que qualquer um pudesse protestar.

O detetive então trocou um breve olhar com Victor que o encarava divertido e se levantou seguindo-o pelo lugar. O encontrou após algum tempo, no balcão, pensativo.

– Ei, quer ajuda com os copos? – perguntou desajeitadamente enquanto um casal se beijava de maneira exagerada logo ao lado, quase empurrando-o para cima do médico.

– Oh. Obrigado Sherlock. – este respondeu sorrindo.

– O Victor é inconveniente quando você o conhece. Depois ele não muda, mas você se acostuma, então...- este comentou tentando brincar.

– Ah, o cara saído do catálogo de modelos é engraçado mesmo né? – John comentou olhando tudo a sua volta.

– Catálogo de modelos? Não saberia dizer, nunca vi nenhum. Não tenho parâmetro. – deu de ombros.

– Tanto faz, Sherlock. Eu não estou em uma boa noite...então vamos beber.

– Brigou com a Mary outra vez?

– Sim. Ela brigou comigo. Sozinha. Por quase meia hora. Ei, será que eu poderia dormir hoje lá na Rua Baker?

– Naturalmente.

– Esta noite especificamente estou sem paciência nenhuma. – Watson sorriu e entregou a sua comanda assim que quatro canecas chegaram. – Pedi cerveja para você também ok?

– Ok. Não beberei mesmo. – Sherlock deu pouco caso enquanto pegava duas das canecas, esperando John guardar sua comanda e os dois voltarem para a mesa.

–----------------------------------------------------------------------------------------------------

Duas horas mais tarde e após muitas canecas esvaziadas e um monte de conversa irrelevante, Lestrade havia ido embora acompanhado de Mycroft que ficou de levá-lo até em casa, já que sua esposa havia discutido com ele no celular sobre voltar bêbado numa sexta-feira.

Mike foi o primeiro a deixar o local com uma mulher que havia paquerado no bar enquanto Anderson já pedia suas contas com a desculpa que havia um chamado urgente, quando na verdade Sherlock sabia que era a Sargento Donovan que o aguardava de carro no lado de fora.

Victor por sua vez dançava agarrado com um homem de boa aparência e de aproximadamente quarenta anos na pista.

Sherlock e John observavam silenciosamente e às vezes riam.

Observando John discretamente, Holmes não pode deixar de perceber que este esteve muito quieto durante toda a noite e por algum motivo, ele não queria falar sobre aquilo.

– Eu poderia ter feito algo mais minha cara...- John suspirou fazendo-o despertar de suas teorias.

– O quê?

– Hoje. Poderia ter feito algo útil e mais com o meu jeito. Sei lá...eu e você jogando xadrez.

– Teria sido melhor, de fato.

– Acho que estou ficando velho – John riu tomando mais um gole de sua cerveja.

– É só outra forma de dizer que seus gostos evoluíram e que agora você pensa melhor antes de fazer as coisas, porque devido suas experiências anteriores, você sabe que a expectativa é sempre melhor do que a realidade. – Sherlock respondeu enquanto os dois trocaram um sorriso.

– Ei, para onde o Victor foi? – o médico questionou.

– Para o banheiro com o cara que estava dançando com ele. Não vai durar muito, ele odeia homens comprometidos. Experiências anteriores, sabe?

– Oh, entendi. Deus, eu jamais diria que vocês são amigos...

– Nem eu. Bom, nos conhecemos muito jovens... – Sherlock respondeu.

– Esta é só outra forma de dizer que seus gostos evoluíram. – John repetiu fazendo os dois trocarem um olhar seguido de um sorriso.

Neste momento uma música começou a tocar e Victor surgiu na mesa fazendo os dois se assustarem:

– Ah eu odeio The Smiths! – disse jogando-se em Sherlock e cantando de maneira teatral, enquanto segurava as mãos do detetive junto ao seu peito:

“Last night I dreamt

That somebody loved me

No hope, no harm

Just another false alarm

Last night I felt

Real arms around me

No hope, no harm

Just another false alarm

So, tell me how long

Before the last one?

And tell me how long

Before the right one?

The story is old - I know

But it goes on

The story is old - I know

But it goes on…”

– Você é uma vergonha para a Inglaterra, Victor Trevor. – Sherlock gargalhou assim que este terminou encostando-se na mesa.

– Ele era casado! Caralho, por que não me disse antes de eu colocar a mão dentro da calça dele? Merda! – este reclamou fazendo John olhar para Holmes de maneira exagerada.

– Eu achei que a aliança dourada na mão esquerda já era uma boa pista. – o moreno sorriu.

– Ah, vá se ferrar, Holmes.

– OK, por hoje já deu. Vamos embora. – John se levantou e se aproximou, vendo que Trevor estava muito bêbado e agora completamente agarrado ao Sherlock.

– Oh doutor...você é todo bom moço né? Todo arrumado. Soldado. Puro e casto. Espero que sua mulher te dê valor...se não, eu posso te mostrar algumas coisas. - Trevor riu abraçando-o agora fazendo o detetive sorrir.

– Sherlock, vamos embora daqui agora pelo amor de Deus! – Watson implorou enquanto os dois saiam com Victor pendurado em seus ombros.

–--------------------------------------------------------------------------------

Victor ainda pagava sua comanda no lado de dentro enquanto John e Sherlock o aguardavam do lado de fora. Agora chovia fraco e os dois estavam debaixo de uma parte protegida, observando as gotas caírem pela luz do poste que iluminava a rua.

– Você está com frio? – John perguntou após um tempo ao perceber que o moreno balançava suas pernas sem parar.

– Um pouco. Sim.

– Quer meu casaco? Quero dizer, estou com dois...

– Obrigado. – negou encarando a calçada molhada.

– É engraçado vê-lo assim. Sem o sobretudo. – o loiro riu disfarçando enquanto olhava os poucos carros passarem.

– Por quê?

– Porque você fica comum. Assim como o Sansão, parece que sem o casaco você fica sem poderes...não me leve a mal, você ficou muito bem. Este seu casaco é bonito. A cor...combinou com você.

– Bem, ele não cumpre o papel dele que é me esquentar, então... – Sherlock comentou.

– Hoje eu aprendi muito sobre você. - John por fim disse e os dois trocaram mais um demorado olhar antes que Victor chegasse e ele passasse a viagem de volta para a Rua Baker sem dizer uma palavra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! *_* Até o próximo! :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "One and Only" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.