One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 5
Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

YAY!*_* Espero que curtam! beijos e até breve!



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A verdade sobre a relação de Sherlock e Victor e de como ela começou é que diferentemente de John, ambos se uniram por suas semelhanças.

O ambiente que viviam e o momento que suas vidas estavam faziam com que eles se sentissem como alienígenas. Quando Sherlock finalmente aceitou o fato de que faria dupla com Victor, não levou muito tempo até que os dois passassem muito tempo juntos e se automaticamente se aproximassem.

Trevor não era pedante como a maioria das pessoas que Holmes conhecia e as conversas que os dois tinham, além dos trabalhos acadêmicos, eram toleravelmente suportáveis em sua opinião.

Victor, por sua vez, sentia-se cada vez mais atraído. No começo, e como qualquer pessoa, achou Sherlock um esquisitão completo. Mas após alguns meses sabia que seus sentimentos haviam sido completamente tomados por aquele atraente estudante que mesmo sendo conhecido por todos como a pessoa mais insuportável da faculdade, havia ajudado-o mais do que aqueles que se diziam ser seus amigos, e sem pedir nada em troca.

Após mais um tempo e muito refletir, resolveu tentar se aproximar de outra forma, mesmo sabendo que tal experiência seria arriscada e um tanto quanto diferente. E ele investiu da melhor maneira que sabia: diretamente.

Sabendo que Sherlock queria adiantar alguns trabalhos, ele propôs, já que não tinham dinheiro para fazer outras coisas mais interessantes, que vivessem uma aventura. A essa altura ele já tinha percebido o lado curioso de Holmes.

– Vamos invadir a biblioteca só para você viver uma aventura? Correremos perigo só por isso? Depois eu sou o...como me chamam...nerd? – este comentou fazendo pouco caso enquanto Trevor abria de maneira cuidadosa a porta que dava acesso, após ter furtado a chave da idosa atendente que lá trabalhava.

– Shh. Não seremos pegos. Só se alguém ouvir suas reclamações. E você está comigo então viverá uma aventura também, além de poder estudar em paz, o que não acontece quando aquele bando de idiotas está aqui. Agora, vamos.

No lado de dentro, eles caminharam até o andar de cima de maneira silenciosa até as mesas. Sherlock que secretamente estava gostando daquilo, ligou sua lanterna e Victor começou a rir quando tirou quatro garrafas de cerveja bem geladas e um maço de cigarros de dentro de sua mochila.

– O que pensa que está fazendo?! – este se exasperou fazendo-o rir ainda mais alto.

– Relaxa, Sherlock...vamos tornar isso mais interessante!

– Jura, Victor? Fumar baseado, agora?

– Só para relaxar...esse é suave, tô sem grana para comprar o do bom. Vamos...experimente um. Você precisa relaxar. Vamos, vamos beber também...

Holmes suspirou fundo e continuou arrumando as coisas, ignorando-o com a lanterna em sua boca enquanto este o encarava tragando lentamente seu cigarro agora.

– Tudo o que eu não preciso é que você fique bêbado e coloque fogo nessa biblioteca comigo junto. – Holmes respondeu tentando disfarçar já que havia percebido o jeito como estava sendo observado.

– Quanto drama. Vamos, Sherlock...nos conhecemos e eu posso dizer que nunca te vi relaxado. Você ao menos tem dentes? Porque eu nunca vi seu sorriso...vá...se provar um desses , você até aproveitará melhor os estudos!

– Você não me conhece. Você convive comigo. E eu não quero relaxar, só preciso adiantar esses trabalhos. É só para isso que vim...além dessa estúpida aventura.

– Esses trabalhos podem esperar...qual é? Ninguém vai pegar uma DP por conta disso...

– Falou o aluno leva muito a sério seus estudos. Tanto que conseguiu completar a façanha de tirar quatro em Herbologia. – Holmes zombou, sentando-se e abrindo os livros.

– Ah, mas estava difícil aquela prova...vamos! Aceite, vá...ou não vou calar minha boca. Você sabe o quanto eu sou bom nisso. Daqui alguns dias você completará vinte anos...precisa e já está pronto para viver coisas mais emocionantes do que bibliotecas e laboratórios.

– Ok, mas cale a boca, Victor! – Sherlock pegou com força a garrafa e um dos cigarros em seu maço – Se eu experimentar você vai parar de encher e me deixar estudar?

– Sim, eu prometo. Ou melhor, eu juro! Uhu! Sherlock na área, vadias! Tá, você precisa acender seu cigarro primeiro antes de tragar, espertão...haha. – Trevor celebrou ao ver que Sherlock agora acendia desajeitadamente seu cigarro.

– Cale a boca. Não preciso que me ensine isso.

– Oh, me parece que precisarei ensinar muitas coisas, vamos. Isso. Agora você precisa tragar...isso, devagar ou você vai se engasgar. Meu Deus, eu queria gravar isso.

Sherlock deu um longo trago que o fez tossir até ficar sem ar. Trevor que ria sem parar disse:

– É um bebezão mesmo. Certo, precisa ir com calma...seu pulmão nunca tinha feito isso antes. Precisa ter calma, paciência.Vamos, eu te ajudo.

– Você é um escroto, Trevor...

– Esse é o meu jeitinho de ser. Vai, mais uma vez...mas dessa vez bem devagar. Curta o momento. – Victor então se aproximou por trás e colocou suas mãos sobre seus ombros.

Sherlock respirou fundo e tragou calmamente, sentindo seu pulmão ser preenchido. Tal sensação de fato era agradável, ainda que extremamente nova e incômoda.

– Isso...agora solta bem devagar. Isso, você é o dono desse ar que está em você...isso, aproveite para relaxar seus músculos. Isso, Sherlock...- este sussurrou enquanto suas mãos apertavam, massageando-o.

Dando mais um trago, Holmes abriu os olhos e de fato o efeito já tomava seu corpo e aquilo era surpreendente muito bom.

– Uau...- sussurrou fazendo Victor gargalhar.

– Viu só? Não se sente mais relaxado? É só isso que você precisa, Sherlock. Relaxar. Eu posso mostrar como faz isso. De todas as maneiras.

– Eu sou relaxado, mas você que quer mudar essa conversa para uma conotação baixa e nada interessante. – este respondeu abrindo a garrafa com a boca.

– Viu?Ainda está tenso também. Eu poderia te ajudar com isso. – Trevor provocou sentando-se na cadeira ao seu lado, bem próximo.

Sherlock então deu um longo gole e viu os olhos verdes de Victor encarando-o muito sério.

A escuridão daquele lugar, o silêncio palpável e as substâncias químicas que agora eram parte dele agora o fizeram tomar coragem para dizer:

– Então...o que está fazendo, Victor?

Este então se aproximou um pouco mais, segurando seu joelho e dizendo:

– Você é esperto. Já sabe muito bem. Deve ter notado muito antes de mim, na verdade. – este riu sem graça, mas de maneira determinada.

– É, talvez. Foi uma pergunta retórica na verdade. Agora estou me perguntando o motivo...

– O motivo é que eu fiquei afim de você, eu fico imaginando nós dois e pode ser muito bom se você se permitir. – Victor respondeu encarando-o.

– Me trazendo para um lugar sem luz, com cerveja e baseado? Definitivamente você não sabe nada de mim. – Sherlock respondeu, sentindo um calor subir por suas pernas enquanto se olhavam.

– Sério? Você não é tão indecifrável, Sherlock. – este respondeu – Você esconde, mas sente. Absolutamente tudo.

– Me decifra então...- Sherlock respondeu enquanto deixava seu cigarro sob a mesa.

Victor então deu um sorriso de lado e segurou a nuca de Sherlock:

– Se eu não decifrar, você vai me devorar? Se eu acertar, eu te devoro então? Essa é a lógica? Eu gostei.

– Essa foi a pior metáfora com conotação sexual que eu tive o desprazer de ouvir em toda a minha a vida. - Holmes respondeu enquanto um arrepio descer por sua coluna.

– Você é muito curioso. Adora experimentar. E eu também. Você sabe do que eu gosto, desde o primeiro momento que me viu...você soube que isso era possível. Aliás, o fato de analisar tudo é o que deixa você incrivelmente sexy, em minha opinião.

– Você acredita que posso me tornar mais um dos caras que você já saiu. Mas não. Ao contrário do que pensa, não tenho curiosidade pela natureza humana e isso é algo bem transparente em mim. Interesso apenas por coisas importantes. Que importam.

– Sim, sim, sim e sim. Você sempre fala isso, mas como pode saber que isso não será interessante? Você nunca experimentou. – Trevor respondeu. – Não me diga que nunca quis ter alguém. Que nunca quis sentir como é estar apaixonado. Que nunca quis muito transar com alguém que te atraísse, mesmo que só fisicamente. Só por curiosidade! Para saber qual a sensação causada por hormônios e pelo cérebro no seu corpo! Pode falar o que quiser, mas eu não vou acreditar, Holmes. Porque eu sei que você quer. Porque assim como eu, você é feito de carne e sentimentos. O fato de analisar e se distanciar de tudo e de todos não te deixa numa situação superior, só te deixa mais vulnerável...

– Mais vulnerável a quê? – Sherlock perguntou dando pouco caso.

– A você mesmo.

Sherlock soltou um ar de desprezo e sorrindo, disse:

– Sim, estou te analisando agora. E acho que você precisa parar de ler romances escritos por mulheres no século 18 e correr atrás de caras idiotas e que só vão te querer por uma noite. Essa é uma estúpida combinação. Oh, e veja quem é o vulnerável agora.

Victor se afastou por um instante de maneira hesitante, mas sem tirar os olhos de Sherlock. Antes que este pudesse sequer prever seus movimentos, ele reaproximou dizendo:

– Tente analisar isso também, Sr. sabe tudo.

Puxando-o pela nuca ele colou seus lábios nos de Sherlock que tentou fugir, mas não conseguiu, pois Trevor já o puxava para mais perto, segurando sua cintura com força.

A boca de Victor era macia e quente, além de gentil. Sherlock tinha que admitir que sentir os dedos gelados dele em seu pescoço era uma sensação incrivelmente boa.

Sua língua pediu passagem, provocando-o e Sherlock não teve escolha além de deixar seus lábios entreabertos, concluindo que tudo aquilo que era uma mistura de loucura e ilusão por parte de Victor e 12% de maconha e provavelmente 18% de álcool por sua parte.

– Quem está aí!? É bom aparecer...ou vamos chamar a polícia! A biblioteca do Campus não está aberta e, portanto não é permitido ninguém aqui dentro a essa hora! – uma voz masculina disse enquanto luzes iluminavam todo o espaço e barulhos de botas ecoavam pelo local.

Os dois então se separaram num pulo, Victor com um sorrisinho convencido e Sherlock com espanto ao perceber que uma de suas mãos estava na nuca de seu amigo e ele não tinha a menor ideia de como aquilo tinha acontecido.

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Sherlock voltou à realidade quando a Sra. Hudson entrou pela porta com a bandeja:

– Uh-uh! Oh bom dia! Caiu da cama? Veja, lhe trouxe torradas e chá!

– Estou sem fome. – respondeu esticando-se em sua poltrona.

– Claro. Você sempre está até começar a comer...não é assim que John costumava a dizer quando morava aqui? – ela brincou, mas isso o fez ficar ainda mais sério.

– Ok. Então...obrigado?

– Sim, isso mesmo!De nada, qualquer coisa que precisar, estarei lá embaixo. – a senhora disse já saindo.

Holmes então foi até a janela e reparou no céu chuvoso. Ainda não tinha se acostumado com o fato de que John não morava mais lá, então tudo agora parecia mais cinza do que de costume.

Seus pensamentos haviam voltado para a noite na biblioteca com Victor. É claro que estava feliz por rever seu amigo. Por que era isso que Victor Trevor era para ele. Um velho amigo.

Mas de certa forma ele trazia com ele tudo o que Sherlock queria esquecer. Toda a vulnerabilidade que um dia ele se permitiu sentir e percebeu que não valia a pena. Toda a inútil confusão.

Suspirando fundo, se lembrou de quando conheceu John. E de que teria que fazer um discurso para o casamento que se aproximava.

Indo até uma de suas gavetas no quarto, ele pegou um maço de cigarros e fumou. Um. Dois. Três.

Mesmo depois de tanto tempo, seus pensamentos vagavam por aqueles lugares que não queria que tivessem um dia existido.

Ele bem tentava fugir, mas nos últimos tempos estavam cada vez mais difícil.

Viu sua maçaneta girar.

Era ele.

– Ei, Sherlock! Nossa...voltou a fumar né? Não falarei nada desta vez. Bom, trouxe leite. Com essa chuva chata eu só queria ficar debaixo das cobertas. – John sorriu tirando seu casaco e se aproximando de sua poltrona à sua frente após tirar seus sapatos e deixar a sacola na cozinha – Então, eu estive olhando os registros telefônicos e não achei nada de mais. Você acha mesmo que o pai da Emilie Turner é de fato seu sequestrador? Quero dizer, não temos nenhuma evidência e...

Enquanto John explicava de maneira animada a conclusão precipitada e errônea que havia tido, Sherlock aproveitou para analisá-lo. Fazia isso sempre e nunca se cansava.

Cabelo penteado de maneira impecável , com alguns sinais de chuva, devido ao tempo que ele deve ao fechar seu guarda chuva enferrujado antes de entrar no apartamento ali na Rua Baker e antes no mercado.

Pele limpa e com cheiro de sabonete de algodão, pós barba e seu perfume levemente cítrico.

Camisa verde musgo abotoada cuidadosamente com a cardigan preta e aberta por cima. Sua calça jeans preta surrada e sua meia azul. Sapatos limpos, novos definitivamente. Presente de Mary.

Seus lábios se movendo, às vezes exprimindo um sorriso. Aquele sorriso de quem não tem certeza do que está falando. T ípico de John.

Suas pernas entreabertas, suas mãos apoiadas sobre elas.

Ele e Mary haviam discutido na noite anterior por conta de trabalho que John havia levado para cas.

Isso havia feito-o ficar sem sono e trabalhar durante o resto da noite.

Era por isso que ele havia terminado de revisar todos os relatórios telefônicos tão rápido, tomado um banho demorado, se arrumado com antecedência antes de sair de casa e ido até ao mercado com o propósito de se distrair e para não chegar tão mais cedo do que os dois tinham combinado.

– Obrigado. – o detetive disse após concluir seus pensamentos.

– “Obrigado”? – John perguntou surpreso após se interrompido.

– Pelo leite. E por chegar meia hora antes do marcado. Aceita chá ou torradas? Deve estar frio, eu não estou com fome.

– Oh, na verdade eu já comi na padaria perto de casa. Eu acordei cedo...dormi no sofá essa noite. Daí acabei trabalhando em tudo antes de sair de casa. Eu e Mary discutimos ontem.

– Algo sério? – Sherlock perguntou fingindo interesse e tentando disfarçar o sorriso que insistia em querer aparecer.

– Oh, nada...ela anda estressada. Eu ando estressado. Você sabe, trabalho...e o casamento agora. Não vale a pena falar sobre isso.

– Não. Não vale. – o moreno respondeu.

“Não me diga que você nunca quis ter alguém. Que nunca quis sentir como é estar apaixonado. Que nunca quis muito transar com alguém que te atraísse, mesmo que só fisicamente”.

As palavras de Victor voltaram à sua mente quando ele concluiu que John e Mary estavam neste estado por quase uma semana.

– Então...como foi ontem? – Watson perguntou tentando fugir do assunto e parecer despretensioso, enquanto ia até a mesa, vendo os documentos sobre o caso que estavam cuidando e que havia sido entregues por Lestrade.

– Ontem?

– Sim...com Victor. A orquestra alemã.

– Oh. Sim. Claro. Ótimo. Excelente, na verdade.

– Excelente? Legal...bem, ontem foi muito bom no boliche, mas você fez falta...e eu estava conversando com o Mike e o Greg e decidimos sair só os caras nesta sexta. Eu faço questão que você vá. Será a minha despedida de solteiro...e pode chamar o Victor se realmente quiser.

– Não farei isso. A despedida é sua.

– Não, quero dizer...eu quero conhecê-lo também, certo? Será bom...será que ele vai?

– Victor Trevor? Pode apostar que sim.

– Ok. Chame-o então. – John deu um sorriso.

Neste instante os dois receberam uma mensagem no celular de Molly Hooper dizendo que os testes que Sherlock havia feito já estavam com seus resultados disponíveis para análise.


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