One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

YAY! *_*
Demorei mas voltei...
espero que gostem do capítulo, tentei caprichar para compensar a minha falta de atualização!



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John entrou na parte de trás do carro de Mycroft junto com Sherlock enquanto o mais velho explicava aos dois o que havia acontecido. O médico tentou nos primeiros minutos se concentrar, mas simplesmente não conseguia.

A ideia de que Sherlock havia tido um melhor amigo na época de faculdade era muito curioso e até divertido.

Victor voltaria e ele poderia saber mais sobre a vida do detetive que não era secreta, mas que jamais havia sido mencionada antes.

Watson achou engraçado em pensar num Sherlock com vinte anos recebendo uma festa surpresa e se perguntou o por quê ele deveria se lembrar de um hotel no centro. O que poderia ter acontecido lá para que se lembrasse.

De qualquer maneira acabou despertando de seus devaneios quando Anthea anunciou que haviam chegado.

– Está tudo bem? – o moreno perguntou enquanto os dois caminhavam lado a lado para dentro do escritório.

– Claro. Parece bem complexo esse caso, não? – disfarçou.

– Acha mesmo? Pois para mim parece intriga entre o FBI e a CIA. Típico.

– Oh, é...pode ser.

Assim que chegaram, ficaram sozinhos esperando que Mycroft voltasse com todos os documentos. O médico não resistiu e disse:

– Me conte mais sobre seu amigo. Victor.

Sherlock despertou de seus próprios pensamentos e o encarou por um breve instante até responder:

– O que quer saber?

– Tudo! Se vocês já foram melhores amigos eu pelo menos deveria ter ouvido falar dele!

– Nós nos conhecemos porque fomos obrigados a fazer um trabalho juntos no primeiro semestre e isso nos aproximou. Dos quatro anos de faculdade, ele foi meu único amigo. Tivemos muitos bons momentos juntos. Mas aconteceu o que acontece sempre: a vida. As circunstâncias. Ele se mudou para França e nunca mais tivemos contato. É isso.

– Mas por quê? Se eram tão amigos, poderiam ter mantido o contato por cartas e e-mails...

Neste exato instante Mycroft voltou com muitas pastas e isso fez com que Sherlock se desviasse e o assunto terminasse daquela mesma maneira.

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Após decidirem o que seria feito com o caso que Mycroft havia passado, os dois retornaram para a Rua Baker. Fazia uma noite muito fria e como já era tarde, John resolveu dormir por lá mesmo ao invés de ir para a casa de Mary.

Sherlock checava seus e-mails enquanto John, ainda muito distraído pela carta que havia lido mais cedo, respondia aos comentários de seu blog.

– Vou preparar um chá...aceita? – perguntou o médico se despreguiçando.

– O meu é com limão. – Sherlock respondeu ainda muito concentrado em suas coisas, fazendo John sorrir.

– Sim, senhor. Sherlock...

– Hm.

– Bem, eu espero que nada mude entre nós. Digo...espero que a vida ou as circunstâncias, como você disse mais cedo não nos separe. Nunca.

– Não estou entendendo, John. – Sherlock o encarou com seus olhos muito claros.

– Eu não quero que depois que eu me casar a gente, você sabe, mude. Quero dizer, vou continuar te ajudando com os casos...não quero que a gente se distancie e...

– Entendo.

– Eu não quero ser outro Victor. – brincou, mas isso fez Sherlock encará-lo sério.

– O que quer dizer?

– Bem, eu não quero perder o contato. Não quero me tornar um estranho para você daqui alguns anos. Você é o meu melhor amigo, Sherlock. E eu não quero que isso aconteça.

Os dois se olharam por alguns segundos. Era a primeira vez que John dizia algo do tipo, mas ao invés de soar indevido ou constrangedor, acabou sendo muito natural, o que foi bem estranho de qualquer maneira.

– O seu é com limão, certo? – repetiu, enquanto ia para a cozinha.

– Sim. Por favor.

Holmes encarou a sua tela de e-mails e pensou. Pensou muito. John jamais poderia ser como Victor. Porque ele jamais seria esquecido.

Tudo que haviam vivido até então, todos os momentos juntos havia valido para ele como uma vida inteira. Como poderia então simplesmente superá-lo?

Sherlock não havia superado Victor. Victor havia ido embora e o tempo passou. Nada mais foi necessário. No começo toda separação é difícil, mas o detetive lidou com aquilo da mesma maneira que lidava com os assuntos sentimentais que às vezes lhe ocorria, de forma racional.

Mas com John era diferente. Sempre havia sido.

Sherlock não queria ter que se separar também. De modo algum. Mas sabia, como dois mais dois são quatro, que isso aconteceria eventualmente.

Uma vida doméstica, compromissos com sua esposa e futuramente sendo pai. John sonhava com aquilo, era muito óbvio até para alguém estúpido.

O médico tinha seu lado soldado, aventureiro. Mas, como qualquer homem comum de natureza romântica e caráter como o seu, no final das contas desejava apenas ser feliz com alguém.

Sherlock suspirou fundo ao vê-lo voltando com seu típico sorriso bobo.

– Obrigado, John. – assim que este lhe entregou a xícara com o chá bem quente.

– De nada. Coloquei açúcar orgânico, acho que ficou bom. – este respondeu voltando para a sua poltrona e se ajeitando com seu laptop.

Holmes voltou para seus e-mails e tentou se esquecer daqueles últimos pensamentos inevitáveis e inúteis que haviam o tomado nos últimos minutos.

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Quinta feira...

Com os olhos fechados, Sherlock tocava em seu violino a melodia melancólica que havia escrito.

O relógio já marcava quase 14hs da tarde, mas ele ainda se encontrava de roupão e sem vontade alguma de almoçar. Daqui uma hora se reencontraria com Victor e apenas isso o deixava apreensivo.

John voltou com o almoço e seu jornal, dizendo:

– Este restaurante está cada dia mais caro...

– Estou sem fome. – respondeu.

– Você sempre está sem fome até começar a comer. – este contradisse sorrindo deixando a sacola em cima da mesa e olhando o seu celular, o que o fez soltar uma reclamação abafada.

– A Mary te pediu algo para o casamento? – Holmes perguntou após guardar seu violino e se aproximar.

– É...quero dizer. Ela está falando que marcou o ensaio da nossa valsa neste final de semana. E eu não sei dançar, Sherlock. Eu jamais consegui. Isso será um fiasco.

– A valsa é a parte mais importante da festa do casamento, John. Você terá que dançar se quer que fique algo tradicional.

– Eu só quero me casar, a Mary que quis o resto. – suspirou – Ok, estou completamente ferrado.

O moreno então viu a apreensão em John e após refletir disse:

– Eu posso te ajudar.

– Ah, mesmo? Como? Não me diga que você dança? Sherlock Holmes já fez um curso de dança? – o médico riu.

– Sim e sim. Eu danço e eu já estudei dança.

– O quê?!

– Na verdade eu aprecio muito a arte da dança. Nunca precisei usar até o momento o que eu sei, isso é mais do que óbvio. – respondeu muito sério o que fez o loiro gargalhar.

– Ok, Sherlock. Sua piada foi muito boa, mas eu ainda continuo ferrado...as pessoas vão ver o quanto eu danço mal!

– Eu não estou brincando. Eu falo sério. Quer ver?

– Certo. Isso é sério mesmo? Meu Deus, eu ainda não vi nada dessa vida...eu quero sim.

– Venha aqui então. – este disse voltando para a sala e afastando um pouco sua poltrona, fazendo John rir.

– Acho melhor trancarmos a porta, alguém pode nos ver...- brincou.

– Nós nunca trancamos a porta. Se o fizermos agora, daí sim será suspeito.- Sherlock sorriu.

– Certo. Você me surpreende a cada dia...- comentou enquanto os dois ficavam de frente um para o outro.

– E você ainda se surpreende com esta constatação? Pois bem, a valsa tem seus movimentos bem simples, o segredo é decorar sua sequencia, sua coreografia. A partir disso torna-se tudo mais fácil.

Os dois se aproximaram e John foi o primeiro segurar a cintura de Holmes, puxando-o para mais perto.

Seus rostos bem próximos agora deixou o detetive estranhamente nervoso, mas ele continuou o movimento, deixando uma de suas mãos levemente sobre o ombro do médico e a outra segurando sua mão.

– Desse jeito então? – John perguntou enquanto o encarava.

– Assim. Bem, não temos espaço o suficiente aqui, mas conseguirei te mostrar pelo menos o que você precisa saber até o ensaio.

Os dois então se olharam e perceberam no mesmo instante que nunca haviam ficado tão próximos fisicamente até aquele momento.

Sherlock observou aqueles olhos castanhos de perto e isso o fez esquecer por um milésimo de segundo o que tinha que fazer.

Sentindo a mão de John segurar sua cintura mais forte, Holmes viu quando este lambeu de maneira discreta seu lábio inferior, encarando o seu de maneira quase indecente.

De novo.

Sempre havia muito óbvio para Sherlock, nunca houve dúvidas. E ainda assim era algo que o desconcertava e muito.

O desconcertava porque quando o assunto era John Watson, ele havia concluído que não sabia de absolutamente nada. Todas as suas certezas e garantias evaporavam e o deixavam confuso.

Aqueles olhos. Sherlock podia ler o que eles já haviam visto, sentido. E nada agora era mais elementar quanto o desejo que havia neles.

O detetive se perguntou se tal conclusão era de fato algo real ou apenas fruto do que às vezes permitia seu corpo e sua mente sentirem. Não tinha certeza, porque os fatos não correspondiam com o que ele via.

Não era possível chegar a uma conclusão plausível, afinal de contas quando o assunto era John Watson, ele havia concluído que não sabia de absolutamente nada.

Neste instante seu celular tocou o que fez os dois saltarem em um susto e se afastarem.

John se distanciou rapidamente indo para a cozinha de maneira desajeitada enquanto este pegava o aparelho em cima da lareira.

– Sherlock Holmes falando. - disse, sentindo sua respiração falhar.

– Sherlock? Hey, Victor falando! Como você está?

Sentindo que John o observava, ele respondeu:

– Oh. Olá, Victor. Como vai?

– Muito bem...recebeu minha carta, certo?

– Sim, hoje às 15, certo? Vou me arrumar e devo chegar no horário.

– Perfeito. Mas e você? Como você está?

– Bem também. Fiquei feliz em saber que estava retornando. Como foi seu voo?

– Ótimo, fui visitar alguns familiares e amigos no interior no último final de semana antes de me hospedar aqui em Londres. Bem, te contarei tudo mais tarde quando nos vermos. Me ligue assim que chegar, ok?

– Combinado. Até logo.

– Até mais, Sherlock!

O moreno encarou novamente John que agora disfarçava, tirando o almoço que havia trazido e distribuindo em dois pratos.

– Seu amigo, hã? Victor Trevor?

– Ele mesmo. Irei visita-lo esta tarde.

– Oh. Bacana. Então acho melhor você não demorar, aproveite que o macarrão ainda está quente... – este respondeu sem olhá-lo de volta.

– Obrigado.

– Sobre a valsa...obrigado pela ajuda, mas acho melhor ...bem, depois pedirei ajuda para a Mary. – sorriu fazendo Sherlock sorrir e aquele assunto encerrar daquele modo.

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Sherlock esperava sentado no saguão do hotel, observando cada um e a todos. Victor não demorou muito para chegar.

– Sherlock Holmes! – o surpreendeu fazendo sorrir enquanto os dois se abraçavam rapidamente.

– Victor! É bom te ver novamente.

– É muito bom te ver também. Ei, vamos subir? Preciso mandar alguns e-mails e depois podemos ir num bar aqui perto, o que acha?

– Claro. Como preferir – respondeu enquanto subiam o elevador. Conversavam ainda sobre o tempo e sobre as últimas novidades do recém chegado.

Holmes realmente estava satisfeito por vê-lo de novo. Este não havia mudado muito além de estar naturalmente mais velho e seu cabelo estar mais curto.

Victor era mais alto que Sherlock e um pouco mais forte. Seus cabelos eram de cor preta e sua pele levemente morena, dando um contraste bonito com seus olhos verdes.

– Venha, esta é minha suíte...e lar doce lar enquanto não acho um lugar barato para viver. – este disse sorrindo.

– Em Londres? Não acredito que isso acontecerá algum dia. – Sherlock sorriu tirando seu sobretudo, pendurando-o cuidadosamente atrás da porta.

– Verdade! Ainda tenho esperança, de qualquer maneira. Aceita água?

– Não, obrigado.

– Certo, certo, Sr. Holmes. Fique à vontade. Serei breve aqui...enquanto isso me conte sobre você, que não mudou nada, a mesma coisa da faculdade. – respondeu sentando em sua cama.

– Exceto que faz doze anos desde que nos vimos pela última vez. – Sherlock respondeu ajeitando-se na poltrona perto de uma pequena mesa.

– Uau. Doze anos. Desde que fui embora...

– Não precisava ter ido, Victor...

– Como não? Sherlock, eu precisava. Você sabe. – Trevor respondeu enquanto os dois se olhavam. – OK. Isso é passado agora.

– Certo.

– Eu fiquei tão feliz que seu trabalho tem sido reconhecido, eu sempre soube que seria. Você é famoso...uma celebridade agora! – brincou fazendo Sherlock fazer uma careta.

– É o preço para fazer o que faço. Mas não trabalho sozinho. Não poderia.

– Oh, é...você tem um amigo...James...

– John. John Watson.

– Sim, ele é excelente também, assim como você? Ou apenas um humano comum? – Victor brincou, enquanto digitava rapidamente.

– Ele é comum. – Sherlock respondeu após refletir rapidamente.

– Oh. Previsível também?

– O mais previsível de todos.

– Mas vocês são muito amigos, moram juntos, não moram?

– Por enquanto. John se casará em breve.

– Mas continuarão trabalhando juntos, penso eu.

– Isso é que ele pensa. Mas para mim isso ainda é uma incógnita.

– Vejo que voltei em boa hora então! Se caso a vaga abrir, pode contar comigo...- Victor respondeu com um sorriso. – Estou feliz por estar aqui de volta. A empresa que trabalhava teve que transferir alguns funcionários e eu logo me propus a retornar. Adoro Paris, mas após algum tempo todo lugar perde a mágica. De qualquer maneira voltei quando tinha que voltar.

– Você se casou, teve filhos nesse período? – Sherlock perguntou fazendo seu amigo sorrir surpreso.

– Não. Na verdade namorei sério por sete anos um cara incrível... mas acabamos nos distanciando e ele terminou comigo. Não tínhamos futuro juntos. “Uma perda de tempo” é o que foi...

– Sim, uma perda de tempo. – o detetive sorriu, lembrando que havia dito isso para ele a muito tempo atrás, fazendo Victor gargalhar.

– E você?

– O que tem eu?

– Pelo visto continua sem ninguém. Creio que o pessoal da faculdade realmente estava certo sobre você, Sherlock...você é assexuado! – brincou.

Ao invés de sorrir de volta, como costumava fazer, Sherlock pensou em John o que fez suas feições ficarem muito sérias.

– Não penso sobre isso e esta é que é a verdade. Tenho minha própria concepção do que é importante para mim e este assunto é apenas uma tola trivialidade. Sentimentos nos desviam dos fatos, do que é realmente importa. Nos enganam e nos iludem. Ninguém deveria querer passar por isso, e eu não sou diferente e estou consciente disso.

– Certo, você certo, Sherlock. Como sempre. Mas estar apaixonado por alguém é algo maravilhoso, que te muda para melhor. E eu, sendo seu amigo, desejo que você passe por isso algum dia. Acabei por aqui...vamos então?

– Vamos. Sim. – Sherlock se levantou, concluindo que o desejo do seu amigo já havia se realizado já a algum tempo, por John que agora estava noivo agora.


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Notas finais do capítulo

Gostaram!? Adoro essas cenas de T.R. (tesão reprimido) Johnlock!hahahaha



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