One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 12
Décimo Primeiro Capítulo




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– Eu sabia! Eu sabia! Eu sabia...o meu gaydar é infalível, meu Deus! – Trevor voltou todo feliz e dez minutos mais tarde com uma bandeja de chá e biscoitos caseiros, tirados da cozinha da Sra. Hudson sem permissão. Esta havia sido a condição imposta pelo detetive para que ele pudesse contar tudo.

– Ah, seus ataques continuam? – Sherlock pediu enquanto se servia mesmo sem estar com um pingo de vontade.

– Mas quem beijou quem? Ele beija bem? Bom, cara de que sabe fazer direito e gostoso ele tem né e...

– Victor. Cale-se. Foi um beijo. Só isso.

– AH! Mas só um beijo já te deixou assim, completamente transtornado! Meu Deus, obrigado por me deixar ver William Sherlock Holmes assim! Eu sabia que esse dia ia chegar...e logo por quem...pelo melhor amigo! É tão lindo...poderia ser um romance policial, a história de vocês , sabia?! – zombou.

– Obrigado, Victor. Graças às nossas conversas eu sei muito bem como adolescentes irritantes conversam entre si.

– De nada! Mas me conta como foi! Você prometeu...foi super difícil achar esse chá!

– Ele apareceu ontem aqui. Foi isso.

– Que horas?!

– E isso é relevante?

– Claro que é, tudo é relevante! Cale a boca. Não, desculpa. Continua.

– Às 19h...19 e pouco. – Sherlock suspirou.

– Na hora daquela chuva? Ele tava molhado?!

– Não.

– Ah! Pela sua cara ele estava! Que sexy. Que mais?

– A gente conversou...nada em especial. Enquanto eu fazia um chá para nós ele viu o esboço do discurso que eu estava escrevendo para ele...para o casamento. Nada de especial também.

– Ah é? Você já escreveu? Onde está?

– Joguei fora. Ficou ruim. Bom, ele leu e me disse que estava se questionando sobre muitas coisas, sobre ele e nós. E aí, eu o beijei, parecia a coisa mais apropriada a se fazer.

– O quê?! Você o beijou? Hm...você é esperto mesmo hein. E ele?

– Beijou de volta.

– Que delícia! Você aproveitou mesmo a noite, igual eu! Mas como?

– Como o quê?

– Ah, pelo amor de Deus né, Sherlock? Como?

– Não seja patético!

– O patético aqui é você! Ele te beijou com vontade? Vocês tiraram a roupa?

– Não, Victor...não! Você não entendeu a parte do foi só um beijo?

– Mas o que aconteceu depois? Vocês riram? Choraram? Resolveram um crime? Jogaram rugby no seu quarto?

– Ele...ele se arrependeu. Quero dizer, o celular dele tocou e ele se levantou, leu algo nele que o fez ir embora imediatamente...antes de se desculpar mil vezes pelo o que tinha acontecido. – Sherlock resmungou.

– Hm. – Trevor respondeu muito pensativo bebericando seu chá agora.

Sherlock permaneceu observando-o por alguns minutos, mas ele estava bem concentrado, olhando para o nada.

– Victor?

– Hm.

– Sua bateria de ataques finalmente enfraqueceu?

– Nossa, Sherlock...o John deve estar numa pilha de nervos. Porque, bom, nem vamos mencionar o fato do casamento...mas ele se descobriu apaixonado por você...antes tarde to que nunca! Ele deve estar louco...e com ciúmes, de mim, naturalmente. Eu falei um monte de coisas aquele dia...

– Sim, você sempre causando confusão por onde passa. – Holmes suspirou novamente.

– Mas como eu poderia saber? Eu nem ao menos consegui perceber que você está apaixonado! – Victor disse isso e tais palavras soaram como uma confissão, o que foi recebido pelo detetive com muito alívio e reconhecimento.

– Digamos que eu sou mais discreto que certas pessoas.

– Pois é né...até demais. E nem me contou, desnaturado. Mas e o que vamos fazer para impedir essa piada chamada casamento?

– O quê?! Não, eu não farei nada, muito menos “nós”.

– O quê digo eu! Sherlock...eu não acredito que você vai simplesmente deixar...

– Não é questão de deixar, Victor...ele é adulto. Sabe muito bem o que quer. Independentemente do que ele possa sentir por mim, ele sente algo por Mary, isso é óbvio. E eu entendo que o que ele quer, com o estilo de vida que temos...ele nunca conseguirá: família, filhos, netos...

Trevor então abriu seus lábios para falar, mas desistiu. Ao invés disso abriu um sorriso.

– O que foi agora?

– Não é que...uau. Você realmente está apaixonado por ele. Quero dizer, nem está sendo o cretino que costuma ser...se importando com ele e tudo mais. Olha, eu acho tudo o que falou aí muito nobre e lindo, mas agora deixe eu te dizer algo mais nobre e lindo ainda: como você pode ser tão gênio para algumas coisas e tão estúpido para outras, Sherlock?

– Como assim? – este respondeu com uma careta.

– Tá na cara que esse casamento será uma furada. Não só para o John que está apaixonado por outra pessoa quanto para a Mary, que segundo você mesmo, é uma pessoa legal e que logo não merece passar por algo assim. Já pensou os dois infelizes e insatisfeitos daqui algum tempo?

– A vida não é ficção, Victor. As pessoas se acostumam, se contentam...

– As pessoas se iludem, acredite em mim. Sou prova disso.

– John deve saber disso também, ele já teve a cota de casos idiotas por toda uma vida...

– Deixa de ser orgulhoso e inseguro, e se coloque no lugar dele! Essa reação que ele teve é de alguém não tem a mínima noção do que fazer...eu acho que ele sequer admitia que era gay até ontem, o que é muito triste.

Sherlock encarou seu amigo que o assistia muito sério e teve que assentir, pois ele estava completamente certo.

Neste momento seu celular tocou e ele admirou ao ver que Mary era quem ligava.

– Alô? Sherlock? Você ta aí?

– Se você refere aí como em casa...sim, estou. – este respondeu olhando para Trevor.

– Ah, haha sim...isso mesmo! Eu e o John estávamos passando por aqui...e eu...ei, John? Dá pra esperar um minuto? Mas não custa nada! Você está tão insuportável hoje...eu só vou ver...tá, eu vou lá em cinco minutos...o quê?! Eu não entendo você,sinceramente...- a loira discutia com Watson que parecia um tanto quanto nervoso.

– Posso ajudar em algo? – Holmes questionou enquanto tentava entender o que o médico dizia, porém sem sucesso.

– Oh, sim. Você está muito ocupado agora? Podemos ir aí? Serão cinco minutos, eu prometo.

– Podem vir. – Sherlock respondeu sem pensar muito.

– Ah, obrigada querido! Ah, a senhora Hudson chegando...ela abrirá para nós! Beijo! – Morstan desligou.

– O que foi? Você esta mais branco que nunca! – Trevor questionou.

– É o John...ele e a Mary. Estão aí embaixo...eles estão subindo com a senhora Hudson e eu não tenho a mínima...

– Ah, jura? Que ótimo! Vamos colocar meu plano em ação então...

– Espera...que plano? Victor?! – Sherlock perguntou, mas o moreno agora já corria em direção ao banheiro.

Neste momento a sra. Hudson, Mary e John logo depois entraram. As duas conversavam animadamente sobre os doces que seriam servidos e não viram o olhar que os dois trocaram assim que cumprimentaram.

– John...- o moreno sussurrou, mas este não ouviu.

– Ah, tudo bem querido? Desculpe aparecer assim...o John quase me joga debaixo de um ônibus agora...- ela disse enquanto abraçava o detetive que estava completamente sem reação após ver que o loiro estava com aparência triste e cansada.

– Claro, sem problemas. – tentou sorrir.

– Então, o que eu queria ver com você e que o meu noivinho lindo não entendeu é o seguinte: nós temos que entregar os discursos na Igreja até este sábado! Fomos ver os sapatos que ele vai usar e como a loja fica perto daqui eu pensei em vir ver se você já tinha escrito...

– Ele está ocupado, Mary...- Watson agora encarava suas próprias luvas.

– Não, é claro. Na verdade eu terminei, mas preciso revisar, sabe? É que eu não sei como...- Holmes gaguejava em sua mentira encarando as duas mulheres que sorriam para ele.

– Querido...você viu se...ah! Oi gente! Não sabia que tínhamos visita! – Victor de repente surge sorridente do corredor em direção para sala apenas com uma pequena de mão toalha verde sobre seus quadris e seus cabelos muito molhados.

Todos pararam de falar e Sherlock não sabia se ria ou chorava. Ou se jogava da janela.

– Oh, Victor! Que bom vê-lo novamente! – a senhora Hudson disse enquanto Trevor beijava sua mão delicadamente.

– Olá, trouxe seus livros viu? E o Sherlock me fez assaltar sua cozinha...e você deve ser a Mary! Prazer! – disse enquanto esta, completamente vermelha, ria e olhava para John que não conseguia nem piscar ao assistir tal cena – Meu nome é Victor Trevor, o amigo gay do Sherlock! Poxa, se eu soubesse que tinha visita eu tinha escolhido uma toalha mais nova! – brincou fazendo as duas gargalharem e outros dois se entreolharem.

– Ah, não se preocupe, o prazer é nosso, acredite! Veio visitar o Sherlock? – a jovem perguntou.

– Sim, acabei dormindo por aqui... – este piscou fazendo Sherlock pigarrear alto e fazer todos olharem para ele.

– Então, desculpem a intromissão. Victor, vá se vestir...e Mary, assim que eu terminar o discurso..

– E você, John? O gato comeu sua língua? Aposto que está ansioso pro casamento! Está nervoso? – Victor perguntou de maneira mais curiosa do que simpática, ajeitando a toalha e se aproximando do médico que mal conseguia respirar.

– Sim. – este respondeu entredentes.

– Hm. Imagino...sempre dá tempo de mudar hein...de idéia, eu digo. Ou de preferência, nunca se sabe! – ele brincou olhando para a noiva que sorria, e isso o deu desvantagem, pois neste exato instante o loiro avançou, golpeando-o com um soco no nariz que o fez cair sentado no sofá.

– Oh, meu Deus! – a senhora gritou enquanto o acudia.

– John, você ficou louco?! Ele só está brincando! – Morstan brigou sentando-se ao lado de Trevor que tentava acalmar as duas, o sangue escorrendo sobre o seu abdômen.

– Quer saber? Eu cansei de todos você! Principalmente desse babaca. Se limpa com essa toalhinha agora, imbecil! – Watson saiu pisando forte e batendo a porta com violência.

– Mas eu usar a toalha eu fico pelado, querido! Eu sabia que ele tinha gostado de mim desde quando me viu pela primeira vez...- este piscou para Sherlock que, ainda sem acreditar em nada do que tinha presenciado nos últimos cinco minutos, foi até a janela e viu o loiro entrar em um táxi.

– Eu vou buscar gelo. Querido, vista-se...está frio...você vai se resfriar! - a senhora disse agitada já saindo enquanto Mary foi até a cozinha pegar um pano para ajudar a limpá-lo.

– Me desculpe, Victor...o John...é sério. Ele está sendo um idiota, mas ele não é assim. – a moça dizia chorosa.

– Tá tudo bem. Não se preocupe, estou bem...- este sorriu, olhando para o teto.

– Sherlock, eu deixei minha bolsa lá embaixo...tenho um kit básico para curativos...mas ele vai precisar ir para o médico. Com licença. – ela disse nervosamente saindo também.

– Você é idiota ou o quê? – o detetive questionou se aproximando.

– Ah, qual é...nunca ouviu falar em tratamento de choque? Ciúmes é um sentimento muito poderoso...

– É, pode até quebrar seu nariz. – Sherlock respondeu, enquanto voltava do banheiro com suas roupas – Que idéia foi essa? Insinuar para o John que estamos juntos um dia depois da gente ter se beijado? Provocá-lo, aparecendo pelado e fazendo piadinha idiota? Quantos anos você tem, doze?

– A sua ingratidão, Sherlock...dói mais que esse soco de esquerda que levei por vocês dois, ok? Agora é só esperar, porque se eu estiver certo, e sei que estou, logo logo teremos uma reação mais drástica do John!

– Você é absurdo! – Holmes respondeu num sussurro enquanto Mary voltava.

– Querida, acho melhor irmos para o hospital e você faz o curativo no caminho. Mas antes me ajude a me vestir, afinal não quero seduzir todos que estarão por lá, eu não sou só um corpo maravilhoso...sou um nariz quebrado e que está doendo muito agora. E Sherl...novidades, me avisa! – este disse enquanto Mary o ajudava ainda pedindo desculpas.

Sherlock, após vê-los saindo, suspirou fundo e concluiu que precisava fumar. Olhou para seu celular e pensou que mais do que nunca, ele não ligaria para John.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? *_*
Victor causando e ajudando...ou não?! kkk
Um beijo e até o próximo!



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