One and Only escrita por Jessie Austen


Capítulo 10
Nono Capítulo




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Sherlock tentou ligar para John, mas seu número dava como desligado ou indisponível e com isso passaram-se três dias.

E foi em uma noite chuvosa e fria qualquer que ele se encontrou completamente sozinho, pois a Sra. Hudson havia viajado para Liverpool para se encontrar com seu irmão.

Enquanto tentava saber o motivo do sumiço do loiro, se lembrava dos momentos em que havia se questionado sobre o que eles tinham.

Sim, Victor estava absolutamente certo e aquilo era desesperador.

Pegou seu violino e fechando os olhos, lembrou de que tinha que escrever o discurso para o casamento. Seu celular tocou e seu coração pulou, mas era só o Trevor.

– E aí, ocupado?

– Sim. – mentiu.

– Ah, que pena. Ia te chamar para vir aqui no hotel, podíamos sair para comer depois.

– Sim. Estou ocupado.

– É, eu entendi. E duplo positivo é negativo, o que indica que você está mentindo para mim.

– Isso não faz sentido.

– Bem, foi você que me ensinou.

Maldição. – Sherlock respondeu fazendo Victor rir.

– E o John? Deu notícias?

– Não.

Aposto que está fazendo coisas héteras para compensar aquele dia no bar.

– Cale a boca.

– É só uma ideia.

– Victor, preciso de ajuda com o discurso. Não sei como escrever, nem ao menos como começar...

– Sherlock...sinto muito. Mas não vou poder te ajudar nessa! Você que tem que escrever...ninguém mais pode.

– Não sei se conseguirei.

– É claro que consegue. Existem fórmulas para isso. Livros, vídeos no youtube...você é espertinho, vai conseguir.

Sherlock respirou fundo antes de dizer:

– E se eu me expor demais?

– E por que você tem esse medo? Ele é seu amigo...é bom que ele saiba o que tem dentro desse seu peito lindo, sexy e oco.

– Eu nem ao menos sei por que eu ainda falo com você. Tenho que desligar agora.

– Ok, e se não for fazer nada amanhã...me avisa!

Sherlock então suspirou mais uma vez antes de guardar seu violino e pegar um pedaço de folha e caneta.

Tentou ligar mais uma vez para Watson, mas novamente caiu na caixa postal. Só podia ser por causa de Mary, ela os afastaria aos poucos e para sempre e isso era uma questão de tempo.

Apoiando –se sobre a poltrona ele escreveu o que sentia naqueles últimos dias:

“John Hamish Watson.

Não haveria palavra para descrevê-lo.

Eu ainda às vezes me pergunto se alguém como ele realmente existe.

Sempre bom. Sempre correto. Sempre...ele.

Se você, assim como eu, tem o prazer de realmente conhece-lo, sabe que na verdade não existem palavras à altura para descrevê-lo.

John é a pessoa mais amável, o amigo mais presente e mais figura mais marcante que eu poderia conhecer.

Com ele pude perceber qualidades em mim que sequer poderia supor que eu tinha.

Porque é exatamente isso que ele faz.

Ele te conforta.

Te mostra o lado bom das coisas, das pessoas, do mundo.

Ele te faz acreditar.

Ele te deixa à vontade para você ser você mesmo...”

Sherlock deixou a caneta e o papel na mesa ao lado. Não, tinha que ser algo menos pessoal.

Sim, deveria existir algum vídeo no Youtube que ensinasse isso.

Neste momento ouviu a campainha tocar. Quem poderia ser?

Descendo as escadas no escuro, ele abriu a porta e deu de cara com John que além de muito sério estava completamente molhado.

– Ei...está muito ocupado...eu te atrapalho?

– É claro que não, John. – respondeu dando espaço para o loiro entrar e subir rapidamente.

– Me desculpe aparecer assim...do nada e completamente inapropriado. Eu esqueci meu guarda chuva. – Watson comentou tirando sua jaqueta, enquanto o moreno trancava a porta do apartamento agora.

– Você está bem?

– Eu...eu...na verdade não. Esses últimos dias foram confusos. Eu...bom, a Mary e eu brigamos mais uma vez e eu, e eu acho que eu estraguei tudo, Sherlock. – confessou, as últimas palavras saindo de maneira chorosa.

Os dois então sentaram-se em suas poltronas de frente um para o outro, mas Sherlock apenas

o encarou, sem dizer nada.

– E eu acabei falando para ela que não tinha mais certeza...do nosso casamento.

– E ela?

– Surtou. É claro. Quem não surtaria? Eu fui tão babaca...eu não tenho me sentido dentro de mim nos últimos dias e eu...acho que vou enlouquecer!

– Você quer ficar sozinho? Posso arrumar seu quarto e...

– Não. Não. Tudo que eu não quero agora é ficar sozinho...eu quero ficar com você...por favor, Sherlock. Você fica comigo? Não precisa dizer nada...ou fazer. Só sua companhia. Você passa uma imagem inconsciente de segurança e certeza o tempo todo. – John respondeu tentando parecer menos nervoso.

– Isso deve ser irritante, porque exatamente agora eu não sei o que fazer ou dizer. – Sherlock brincou fazendo-o sorrir – Victor comprou chá. Acho que ainda tenho água quente na chaleira.

Assim que este se distanciou, Watson se levantou de maneira inquieta e foi até a janela.

Aquilo tudo era sufocante. Angustiante. Observou por um tempo a chuva cair sem parar.

Uma coisa, porém chamou sua atenção. Perto da poltrona de Sherlock, em cima da mesa, ele viu que tinha um papel.

“Uma carta do Victor, aposto” era o seu pensamento defensivo assim que ele pegou e a leu apressadamente, nervosamente.

Mas após terminar tudo pareceu tão óbvio. John sentia seu coração bater muito mais forte. Seu corpo o empurrava para a cozinha agora, para perto de Sherlock.

– Eu acho que o seu é sem açúcar. – Holmes disse ao voltar com uma xícara em cada mão, percebendo o que o loiro havia acabado de fazer – Oh. Foi a minha primeira tentativa de escrever o discurso para o casamento.

John segurou a xícara em silêncio, enquanto os dois se olhavam, voltando para as poltronas.

– Você gostou? – Holmes perguntou após um tempo, assoprando seu chá e cruzando suas pernas.

– Você escreve surpreendentemente bem...

– Me referia ao chá. – respondeu.

John deu um meio sorriso deixando sua xícara de lado, e se aproximou da mesinha, pegando o papel de novo e sentando no braço da poltrona e de frente para onde Holmes estava.

– Ainda estou pensando sobre tudo isso, na verdade.

– Ah é? Por quê? É só um rascunho, algo sem importância. – o detetive respondeu enquanto os dois se olhavam. O cabelo molhado de John, sua boca cerrada, o calor que vinha do seu corpo tão próximo agora eram como um convite irrecusável para ele.

– É sem importância mesmo? – este perguntou em um sussurro.

Foi a vez de Sherlock deixar sua xícara de lado. Ajeitou-se de lado com seus rostos agora muito perto um do outro.

– Esses últimos dias. Eu tenho me questionado Sherlock...sobre muitas coisas. A maioria delas é sobre mim. E consequentemente sobre você e nós dois. E sobre esses milhares de “algo sem importância” que nós ignoramos até hoje. Não vai me dizer que não sabe, ou que nunca percebeu...porque eles acontecem desde o momento que nos conhecemos e eu sei que você sabe.

Apenas com um olhar e Sherlock percebeu o quanto os sentimentos de John estavam escancarados. Havia raiva, medo, excitação, ciúmes, confusão. E havia amor.

Como um estopim, e num movimento leve, ele apoiou sua mão sobre o pescoço do médico, puxando-o lentamente. Seus lábios foram de encontro com os de John de maneira hesitante e ainda assim desejosa.

Encontrar um motivo lógico, racional para tal ato era desnecessário. Tal ação não tinha explicação plausível e ainda assim fazia sentido, fazia todo o sentido do mundo para ambos.

John em resposta o empurrou contra a poltrona, segurando seu pescoço, enquanto suas bocas se conheciam, finalmente.

Segurando forte em seus braços, Sherlock o puxou para perto, sentindo o misto de vontade e dúvida que emanava do loiro só aumentar e pensando que só havia uma solução para aquilo: eles deviam se livrar de todas aquelas roupas e regras urgentemente.

Watson inclinou seu rosto, intensificando o beijo enquanto uma de suas mãos descia sob o abdômen de Sherlock, segurando seu cinto, provocando-o.

Os dois então, sem fôlego, trocaram um olhar e aquilo apenas devia ter sido o suficiente. Só aquilo deveria mostrar que não poderia haver mais nada nem ninguém nesse mundo que pudesse dizer o contrário. Não havia mais dúvidas.

Neste instante o celular do médico tocou e aquele som soou desesperado, quebrando aquela música silenciosa que era a respiração e os lábios dos dois se encontrando de maneira tão harmoniosa. Ainda tentaram ignorar, mas quem ligava não iria desistir e eles perceberam isso.

Resmungando, John se levantou e pegou o aparelho no bolso de seu casaco, enquanto o moreno tentava respirar normalmente.

– Então...quem é? – perguntou após perceber a expressão dura de Watson ler uma mensagem.

– Sinto muito, preciso ir. – este respondeu pegando seu casaco sem ao menos olhá-lo.

– Precisa ir? – Sherlock se levantou seguindo pelo corredor e escada.

– É. Isso tudo...foi uma loucura. Eu nem ao menos deveria estar aqui agora...me desculpe. Eu sinto muito. Me perdoe por hoje. Por isso. Nós nunca deveríamos ter deixado isso acontecer. – disse saindo porta afora apressadamente, debaixo de chuva.

Sherlock que ainda experimentava seu gosto, sentia seu coração acelerado, e ainda absorvia tudo o que tinha acontecido o seguiu pela calçada, puxando-o pelo braço assim que o alcançou.

– O quê? Você se arrepende, pede perdão por “isso” e simplesmente nada aconteceu, John? Tem certeza de que é isso que você quer?

– Não. Ultimamente eu não tenho certeza de mais nada, Sherlock. Mas isso eu tenho certeza que a Mary não merece. Sinto muito. – John respondeu sério, após os dois se olharem.

Sherlock então consentiu, deixando-o seguir seu caminho sem dizer mais nada. Enquanto o observava se afastar, percebeu que de fato, John jamais seria capaz de agir por impulso e acabar machucando alguém. E essa era apenas uma das razões pelo qual se encontrava completamente apaixonado por ele.


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Notas finais do capítulo

Ain, Jawn! Se resolva, homem! D= Gostaram? :B Espero que sim! *-* Beijos e até o próximo!



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