E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 33
O último pedido




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"Alô?"

"Alô, Jeff? Sou eu, o Matt."

"Ah, oi, Matt. O que foi? Aconteceu alguma coisa? Por que você telefonou três horas da manhã? Aliás, como foi que você conseguiu o meu telefone?"

"Minha mãe me deu?"

"Sério?! Por quê? Eu pensei que ela não queria que você tivesse contato com a gente..."

"Jeff, o Chuck deu um tiro na minha mãe quando ela estava tentando me levar de volta para Montreal. Ela está morrendo e ela me pediu que implorasse para que você viesse o mais rápido possível."

"Meu Deus, isso é sério?!"

"É. O Chuck foi preso, minha mãe está morrendo e eu estou sozinho. Por favor, vem para cá."

"Que tipo de ajuda eu posso te oferecer?"

"Eu não sei, mas a minha mãe tem um plano. Por favor, Jeff, não me deixe sozinho aqui, eu estou com medo."

"Claro que eu não vou te deixar sozinho. Qual é o endereço do hospital?"

"Rua Fortune, 214."

"Certo. Vou estar aí o mais rápido possível. Vai demorar algumas horas para que eu saia de Montreal e chegue em Nova York, mas eu vou fazer o máximo para chegar aí no mínimo de horas possível."

"Certo. Obrigado. Ah, e... como é que eles estão?"

"Eles quem?"

"O David, o Seb... meu pai, a Alex."

"O David, o Seb e eu estamos ótimos. O Pierre... bom, ele está ficando estressado depois de tanto tempo na cadeia. Se o culpado de verdade não aparecer em tempo, o julgamento dele será em duas semanas e meia e... a gente vê o que acontece. E a Alex... ela ainda não acordou. Ela ainda está muito fraca mas, de vez em quando, ela mexe os dedos, então eles acham que ela está para acordar. Os resultados do check-up dela vão estar prontos na semana que vem e esperamos que, então, finalmente descubramos o que a está deixando tão fraca."

"Espero que ela fique bem logo."

"Eu também. Bom, eu vou arrumar minhas malas e ligar para o aeroporto agora e eu chego aí o mais rápido possível, certo? Posso não ser o seu pai e nem tão bonito quanto a Alex, mas eu te dou certeza que eu sou uma boa companhia, vai ver."

"Eu sei que é." Ele respondeu rindo "Tchau, Jeff. Vejo você daqui a pouco."

"Tchau, até mais."

Depois de desligar, ele voltou para o hospital e foi para o quarto de Amanda, onde passou a noite. Aquela foi a primeira vez na vida dele em que ele passou a noite entre os braços da mãe.

Foi acordado na manhã seguinte pelo som da porta sendo aberta e a primeira coisa que viu quando abriu os olhos foi Jeff entrando no quarto e deixando suas malas sobre a cama ao lado da deles, onde Matt deveria ter dormido.

"Desculpe por acordá-los, mas o Matt parecia tão desesperado que eu imaginei que você tinha algo importante para me dizer, então eu nem procurei por um hotel onde pudesse deixar minhas malas antes de vir."

"Tudo bem, Jeff, eu precisava muito falar com você." Disse Amanda "Matt, a minha carteira ainda está na minha mala. Pegue-a e vá tomar café da manha. Eu e o Jeff vamos precisar de privacidade."

Sem saber exatamente o que estava acontecendo ou o que ele deveria fazer, ele fez o que Amanda lhe havia pedido e os dois ficaram, logo, sozinhos.

"Então, o que é tão importante assim que te fez largar do seu orgulho e pedir pela minha ajuda?"

"O Matt."

"O Matt?"

"Jeff, se eu morrer amanhã e o Chuck der um jeito de subornar um policial, o Matt vai voltar para ele. E se o Chuck continuar preso, o Matt vai para uma casa de adoção e eu não quero nada disso para o meu filho mas eu temo que não vou viver o suficiente para me assegurar de que a pessoa certa vai adotar o Matt."

"Amanda, muita gente leva um tiro e sobrevive."

"Mas esse não é o meu caso. Eu tentei avisar o Matt de que eu não agüentaria muito, mas eu não tive coragem de dizer para ele o que os médicos me disseram e eu não planejo fazer isso. E, por favor, eu te imploro para que não diga para ele o que eu vou dizer. Eles disseram que não conseguiram retirar a bala porque eu não iria suportar essa operação. Eu estou me sentindo fraca demais. Além disso, eles disseram que eu não vou suportar mais do que uma semana."

"Você não pode estar falando sério..."

"Estou sim. Eu queria que não fosse verdade, mas é. Eu não vou sobreviver e eu não queria deixar o meu filho na mão."

"Amanda... eu nunca pensei que eu fosse dizer isso mas... eu sinto muito mesmo por você. O Chuck está louco. Eu nunca pensei que ele seria capaz de fazer algo assim." Ele disse chocado "Mas... eu não sei como te ajudar."

"Bom, eu estava tentando levar o Matt de volta para Montreal para tirar o Pierre da cadeia e dar a ele os documentos da adoção do Matthew para que ele pudesse finalmente ter a custódia dele antes que o Chuck acabasse tentando me matar como eu já imaginava, mas não deu tempo. Por isso eu queria a sua ajuda. Antes de morrer, eu quero que alguém em quem eu confie adote o Matt. Alguém que eu tenha certeza absoluta de que não se negará a dar a custódia do Matt ao Pierre o mais rápido possível antes que eu morra e isso dependa da vontade exclusiva do Chuck. Foi por isso que eu te chamei. Eu estou com os papéis da adoção do Matt aqui e eu quero que você os assine. Então, depois do Pierre conseguir a liberdade, eu quero que você desista da custódia dele e a dê ao Pierre assim como eu a estou dando a você, tudo bem?"

"Sem problema algum. Mas como você pode ter tanta certeza de que o Pierre vai ser liberto?"

"Eu vou dar um jeito nisso também antes de morrer. Pegue os papéis na minha mala e assine-os. Guarde uma cópia. Eu já os assinei."

"Certo."

Ele nem tentou discutir. Foi a primeira vez em que ele a viu fazendo algo por Pierre e Matt e aquilo fez com que ele a respeitasse muito mais naquele momento. Ela passou a vida ajudando Chuck e se esquecendo do ex-marido e do filho. A parte irônica foi que, no fim, a última coisa que ela ia fazer em vida era ajudar aqueles dois e tentar fazer algo para que Chuck pagasse por seus erros. Aquela era realmente uma Amanda diferente daquela que ele viu deixando Montreal algumas semanas atrás, após o divórcio.

Ele se levantou daquela cama e buscou as malas de Amanda. Depois de encontrar os papéis dos quais ela estava falando, ele os assinou rapidamente e guardou uma cópia em sua mala. O Matt era oficialmente, daquele momento em diante, seu filho temporário e Jeff seria o terceiro pai que ele teve em toda a sua vida.

"Amanda, já que você está sendo sincera agora, diga a verdade, você é responsável pela doença da Alex?"

"Não, eu juro. Eu não fiz nada com ela. Eu sei que eu a ameacei quando eu era casada com o Pierre, mas era da boca para fora. Eu seria incapaz de matar alguém. Porém, eu não sei quanto ao Chuck, mas pode ter certeza de que eu não fiz nada para a Alex. Pode confiar em mim."

"Eu confio. E... quanto ao Pierre... ele não vai ganhar a liberdade se você não o ajudar, você sabe disso. Você é a única que realmente tem provas contra o Chuck."

"Eu ainda não desisti de ajudá-lo. Mas, para isso, eu vou precisar da sua ajuda mais uma vez."

"Seja o que for, pode pedir."

"Eu quero que peça para a polícia vir até aqui o mais rápido possível e eu vou confessar tudo a eles. Eles vão ter que dar a liberdade ao Pierre e, só então, eu vou conseguir descansar em paz."

"Se você realmente quer isso, eu vou buscá-los agora mesmo. Vou deixar minhas malas aqui, comer alguma coisa e ver o que eu consigo fazer. Eu prometo que até hoje a tarde vai vir alguém falar com você."

"Muito obrigada, Jeff." Ela respondeu e ele começou a sair do quarto "Ah, e, Jeff?"

"Fala..."

"É que... Esquece. Deixa para lá."

"O que foi, Amanda?"

"Não é nada. Esquece. Pode ir. E obrigada por tudo."

"Tudo bem. Se quiser dizer depois, é só chamar. Eu vou ficar aqui com vocês dois."

"Obrigada." Ela agradeceu sorrindo e ele saiu do quarto


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