E se Eu não Tivesse Me Atrasado pra Formatura? escrita por Tati


Capítulo 1
O motivo pelo qual eu não posso terminar


Notas iniciais do capítulo

É nesse capítulo que vai haver uma breve pincelada sobre sexo, mas não dura muito e nem é muito descritivo.



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Ele tinha acabado de voltar para a sua cidade natal depois de uma turnê de dois meses. Acabado de voltar para casa após 60 dias de música e festa com os amigos, mas ele ainda assim sentia falta dela. Você provavelmente não espera que um rockstar sinta falta da namorada durante uma turnê, mas ele sentia. Na verdade, nem era mais a namorada dele, era a esposa. Eles se casaram um pouco antes da turnê. Eles se conheceram no colegial e se casaram depois de praticamente onze anos. Logo que chegaram à gravadora, o resto da banda saiu para um pouco mais de festa e comemoração antes de voltarem para casa, mas ele se recusou a acompanha-los. Ele pegou o carro e foi direto para casa. Nenhum dos amigos dele conseguia acreditar que ele tinha acabado de recusar uma festa. Ele era um homem casado agora, mas o melhor amigo dele também era e isso não o impedia de trair a esposa com várias garotas das quais todos sabiam a respeito. Todos menos a esposa dele.Em meia hora, lá estava ele, de volta ao lar. Ele jogou as malas sobre o sofá e começou a procurar pela esposa. Ele sentia muita falta dela. Mesmo assim, ele não conseguia encontra-la. Logo, começou a ouvir risadas vindo do quarto deles. Era a voz dela. Ele tinha um sorriso nos lábios quando começou a correr para o quarto para encontra-la, mas o sorriso desapareceu quando ele a viu deitada sobre outro homem na mesma cama que dividiam.Logo, seus olhos se encontraram e ela ficou em choque tanto quanto o marido. Ela derrubou o corpo na cama completamente ignorando o fato de que havia outro homem ao lado dela e continuou encarando o marido até criar coragem para falar...

“Pierre, você… você disse que ia voltar amanhã.”
“Que bela explicação, Amanda. Eu acho que você deveria usar aquele clichê ‘Espera, não é o que você está pensando’ ou ‘Querido, eu posso explicar’, mas é você quem decide.”

Não querendo mais ouvir o que ela tinha para dizer, ele correu para a sala, pegou as malas e se dirigiu para o carro, logo fugindo daquela casa e ignorando os gritos dela. Ignorando o fato de que ela estava correndo em lágrimas e chamando pelo nome dele. Ele também estava em lágrimas e não queria que ela o machucasse ainda mais. Como ela pôde ter feito isso com ele? Não foi a primeira vez que ela havia feito algo assim, mas ele sempre a perdoava e esperava que ela mudasse, mas ela nunca mudava. Ele não era assim antes de conhece-la e sabia bem disso. Ele sabia que quando era adolescente era ele quem normalmente partia o coração das garotas então talvez aquela foi a maneira que a vida encontrou para faze-lo pagar por tudo. Faze-lo pagar por ser adolescente. Mas por que é que ele aceitava? Por que ele nem ao menos tentava mostrar pra ela que ele conseguia coisa melhor? Bom, talvez ele nem se importasse mais. A única coisa com a qual ele se importava era aquela simples questão que não saia da cabeça dele recentemente: E se eu não tivesse me atrasado para a formatura? Minha vida seria diferente agora? Talvez…Ele dirigiu por horas. Eram oito horas da noite quando ele desligou o carro, deitou a cabeça sobre o volante e começou a chorar de novo. Por que ele teve de escolher a Amanda se ele poderia ter escolhido… Bom, mas ele não escolheu. Ele simplesmente não escolheu. Ele queria conversar com alguém, mas quem é que iria escuta-lo reclamando sobre isso? Talvez o melhor amigo... Mesmo assim, o Chuck não seria tão útil assim naquele momento. Ele provavelmente já estava bêbado e farreando com garotas desconhecidas das quais ele nem vai se lembrar no dia seguinte, a mesma coisa que ele deveria estar fazendo ao invés de se manter fiel a ela. Os outros estavam fazendo o mesmo, ele sabia disso. A única pessoa que ele tinha pra conversar naquele momento era a Alex. Alexandra Comeau, a esposa do Chuck, mas ele não queria ter mais problemas do que ele já tinha. O próprio Chuck já tinha confessado que tinha ciúmes dessa amizade tão intima que ele tinha com a esposa dele e ele não queria adicionar “briga com o meu melhor amigo” à lista de problemas. Ao invés disso, ele ficou naquele lugar por horas, sendo o próprio psicólogo esperando que uma resposta ou algo assim viesse e o fizesse descobrir o que ele deveria fazer com o resto da vida. Ele sabia que deveria deixar a Amanda, era isso o que ele queria fazer a muito tempo pra que ela parasse de machuca-lo, mas tinha algo que o impedia de pensar em separação… Não algo, era alguém.Logo, o seu celular começou a tocar. No identificador de chamadas lia-se “Casa”. Ele não queria atender. Ele não queria atender aquele celular e ouvir a Amanda dizer sob um choro falso que sentia muito, mas ele não podia simplesmente deixar tocar. Talvez nem ao menos fosse a Amanda…

“Alô?”
“Pai?”
“Oi, como é que vai o meu menininho?”
“Eu não sou menininho. Eu tenho dez anos. Esqueceu que hoje é meu aniversário?”
“Claro que não, foi por isso que eu voltei para Montreal hoje. A gente ia voltar amanhã.”
“Sério? Você já está em Montreal?! Que legal!!!” a criança do outro lado da linha comemorou fazendo com que o pai sorrisse “Quando você volta pra casa?”
“Matt… quanto a isso… sua mãe e eu… bom, nós… nós discutimos hoje quando eu cheguei em casa.”
“De novo?”
“É, e eu acho… eu acho que isso já foi além do que eu posso suportar.”
“Pai, você não vai abandonar a gente, vai?”
“Matt, eu nunca abandonaria você, mas a sua mãe… eu acho que eu não suporto mais ela. Talvez… talvez a gente deva começar a pensar em morar em casas separadas.”
“O quê?! Não, papai, não. Eu não quero que você vá. Por favor, não vai embora.”
“Matt…”
“Papai, por favor… Por favor, volta pra casa. Eu sinto sua falta.” O menino chamou entre lágrimas
“Eu… eu vou ficar essa noite. É seu aniversário, eu não quero estraga-lo pra você, mas eu não sei quanto à amanhã. Eu e a sua mãe vamos ter uma longa conversa.”
“Vocês nunca conversam, vai ser outra briga. Eu odeio todos esses gritos.”
“Eu sei que você odeia e é por isso que eu acho que… Bom, vamos conversar sobre isso amanhã. Eu vou chegar logo.”
“Tá. Eu te amo, pai.”
“Eu também te amo.” Ele respondeu e desligou o celular

Era por isso que ele não podia ir embora. Eles tiveram um filho quando tinham 18 anos e não podiam fugir dele agora, apesar de ser isso o que a Amanda tenta fazer o tempo todo. Ele não queria ter se casado com ela, ele não queria ter namorado com ela por tanto tempo, mas ele também não queria abandonar o filho e isso falava bem mais alto. Claro que ele sentia alguma coisa pela Amanda, mas ele não era o tipo de pessoa que agüenta tudo calado… até o dia em que deram os parabéns ao papai. Foi aí que a vida dele mudou. A Amanda era uma péssima mãe. Ela não parecia amar o Matthew de maneira alguma e a responsabilidade toda ficou sobre ele. Era como se ela culpasse o garoto por um erro que foi cometido por eles e ele percebia bem isso, por isso se apegou mais ao pai. O Pierre sabia que se eles terminassem, o Matthew ficaria melhor com ele, mas a Amanda não abriria mão da guarda do filho só para poder prender o marido em casa sob a ameaça de nunca mais deixa-lo ver a criança. O juiz provavelmente daria à ela a custódia da criança porque ela é a mãe e o Pierre jamais deitaria a cabeça no travesseiro e dormiria em paz a noite sem nunca mais ter notícias do filho. Foi aí que ele enxugou as lágrimas, ligou o carro e começou a dirigir de volta para casa.
Logo que ele estacionou o carro na garagem, ele viu aquele garotinho saindo de casa correndo e o abraçando muito firme sem nem ao menos dizer uma palavra, só chorando sobre a jaqueta do pai.

“Hei, qual é o problema?” ele perguntou se ajoelhando na frente da criança e acariciando seus cabelos castanhos claro enquanto olhava fundo em seus olhos esverdeados cheios de lágrimas
“Nada, eu só senti muita saudade sua.”
“Eu também. Eu passei a turnê inteirinha pensando no meu menininho… opa, no meu grande homem adulto. Mesmo assim, eu não entendo porque você não me ligou e nem atendeu o telefone todas as vezes em que eu telefonei pra você.”
“A minha mãe disse pra não falar com você.”
“Sério? Por quê?”
“Não sei. Ela disse algo do tipo ‘seu pai tem que entender que se ele não estiver em casa ele não vai nem ter notícias de você’. Ela não me deixa fazer nada quando você não está em casa. Ela já deixou bem claro que se ouvir a minha voz ou qualquer coisa que faça ela se lembrar que eu existo, ela me põe pra fora de casa.”
“Bom, conhecendo ela do jeito que eu conheço, fico surpreso que ela tenha te alimentado.”
“E quem disse que ela alimentou? Ela nunca estava em casa, eu tive que pedir comida em casa todos os dias.”
“E de onde você tirou dinheiro pra pedir comida todos os dias? Ela deu esse dinheiro pra você?”
“Não, eu comecei a cortar grama na vizinhança. Ela disse que eu tinha que arranjar um emprego. O dinheiro dela é pra ela.”
“Arranjar um emprego com 9 anos?!”
“Eu tenho 10.”
“Isso agora. Bom, mesmo assim, feliz aniversário.” Ele disse apertando o filho com força contra o peito “Eu nunca mais vou te deixar sozinho com ela.”
“Promessa?”
“Promessa. Agora, cadê o meu beijo?” ele disse fazendo cara de criança mimada e esperando até que o filho lhe desse um beijo

Depois disso, ele deu um beijo na testa do garoto, o pegou no colo e começou a caminhar em direção a casa. Logo que seus olhos encontraram Amanda, ele colocou a criança de volta ao chão e ficou sem ação alguma, esperando pela reação dela.

“Matt, vai pro seu quarto, eu e seu pai precisamos conversar.”
“Mas, mãe…”
“Nada de ‘mas’.”
“Amanda, é aniversário dele.”
“Não tire a minha autoridade na frente da criança, Pierre. Ele tem que me respeitar.”
“E você também precisa respeitar ele um pouco mais.”
“Matthew Bouvier, eu te mandei ir para o seu quarto agora!!! Você não vai me fazer dizer isso pela terceira vez, vai?”

Tremendo de medo e balançando a cabeça de um lado para o outro, ele correu para o quarto chorando e trancou a porta de medo. Matthew tinha muito medo dela e deixou seu pai confuso sem saber de onde tinha surgido tanto medo.

“Amanda, qual é o seu problema?”
“Qual é o SEU problema? Aquele menino não tem nem um pouco de medo de você.”
“Não que eu queira que ele tenha.” Ele respondeu com um suspiro olhando para a porta do quarto do Matthew “Eu vou ver como ele está.”
“Pierre, nós precisamos conversar.”
“Não essa noite, eu prometi pra ele.”
“Pierre…”
“Amanda, o que teria acontecido se eu não tivesse me atrasado pra formatura?”
“O que você quer dizer com isso?”
“Se eu tivesse chegado na hora certa, estaríamos aqui hoje?”
“Não sei, provavelmente.”

“Tem certeza?”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Por favor, deixem uma review para me dizerem o que acharam e se eu deveria continuar postando.

Bjus



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