Disenchanted escrita por Diana


Capítulo 8
8 - Duelo


Notas iniciais do capítulo

Olá, lindos e lindas!

Então, mais um capítulo. Antes de tudo, desculpem a demora, mas, né, acho que vocês entendem ^^
Mais uma vez, obrigada pelos comentários, quem está sempre aí deixando suas opiniões e aos leitores fantasmas que estão aparecendo também! Muito obrigada! São os comentários que me fazem saber como vocês estão reagindo à fic, e isso é importante.


Bom, no capítulo anterior estava pra rolar um fight entre Thalia e Clarisse. Esse capítulo é o desenrolar da briga. Espero que gostem!

No mais, boa leitura!



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VIII

Duelo

"E era sempre: ''Não foi por mal

Eu juro que nunca quis deixar você tão triste''

Sempre as mesmas desculpas

E desculpas nem sempre são sinceras

Quase nunca são"

Acrilic on Canvas, Legião Urbana

Thalia veio para cima de mim. E parecia um tanque de guerra com a velocidade de um leopardo. A uns poucos metros de mim ela saltou o suficiente para deixar qualquer acrobata com inveja e estocou com sua lança.

Levantei mais o braço, deixando que o escudo recebesse todo o impacto. O barulho que se deu seria capaz de chamar a atenção do acampamento inteiro. Parecia o som de trovões se chocando com o metal.

Joguei meu peso para frente e estoquei com minha lança. Thalia se desviou e rolou para o lado. Fui para cima dela e tentei lhe acertar um golpe com o escudo, novamente sem sucesso. Ela jogou seu peso para trás no exato instante em que eu tentava retomar meu equilíbrio e bateu com o cabo da lança em meus pés.

Atingi o chão e só tive tempo de ver a ponta da lança de Thalia antes de me desviar dela. Me pus em pé novamente já com Thalia me pressionando. Por impulso, joguei o escudo pra frente e dessa vez a acertei. Ela pareceu se desequilibrar, mas não deixaria me levar. Voltei a minha posição inicial, mas não sem antes notar os curiosos que chegavam aos montes para o ‘show’.

A filha de Zeus soltou um grito e voltou a me atacar, dessa vez com mais ferocidade. Eu conseguia aplacar a maioria dos golpes, mas não tinha tempo o suficiente para revidar. Foi só questão de tempo até Thalia conseguir um corte superficial na minha coxa.

Tinha que mudar minha estratégia se quisesse sair inteira daquela. A filha de Zeus não era uma adversária a ser subestimada. Fintei um golpe da lança dela e girei o corpo, acertando meu escudo com força no rosto dela, desequilibrando-a. Aproveitei o momento e bati o cabo da lança nas pernas dela a derrubando.

Ela foi esperta e me deu uma rasteira com o pé, levando-me ao chão. Nos pusemos de pé ao mesmo tempo, mas fui mais rápida ao estocar com a lança. Atingi-a do lado direito. Pude sentir as ondas que o choque produzido por minha lança gerou.

Thalia tombou e caiu de joelhos. Mas não acho que a eletricidade era algo capaz de derrotar a filha de Zeus. Entretanto, algo parecia estar errado. Thalia continuava no chão, sem mostrar sinais de que iria continuar a luta.

Foi nessa hora que me distraí, acabei desviando meu olhar para a pequena multidão que havia se formado e encontrei os olhos cinzas de Annabeth: Eles carregavam uma expressão que não pude definir com clareza. E, enquanto tentava lê-los, pude ver o terror tomar conta de alguns rostos.

– Thalia, não! – O grito de Annabeth me tirou do meu transe.

Thalia estava de pé e tinha a mão direita levantada para os céus. Com espanto, percebi que um raio estava se formando na mão dela. Ela jogou-o contra mim.

Me escondi atrás do escudo, torcendo para ele ser capaz de conter tamanha quantidade de energia. Pude sentir o revestimento de madeira rachar enquanto o calor do projétil se expandia por meu corpo antes de ser absorvido por meu escudo agora em pedaços.

Thalia atirou outro raio em mim e só pude rolar para o lado. Atirei minha lança nela, esperando que a distraísse. Mais um engano. Ela atirou mais um raio e eu sabia que só tinha uma alternativa, pois também não gosto de ficar fugindo.

Corri na direção dela e joguei meu corpo sobre o dela, a derrubando. Rolamos no chão, trocando socos até nos colocarmos em pé novamente. Desembainhei a espada que Ares me deu e investi contra ela. Ela aparou meu golpe com seu escudo, o Aegis, uma réplica do escudo de Zeus e Atena talhado com o rosto da Medusa.

Ficamos um bom tempo daquele jeito, apenas medindo forças. Os dentes dela estavam trincados e pude perceber o quão desgastada ela estava. Talvez os showzinho com os raios não dera muito resultado. Ela tinha o olho esquerdo inchado e uns cortes ao redor do rosto.

Meu estado também não era dos melhores. Estávamos respirando pesadamente, as armaduras um pouco danificadas, cortes e hematomas por todo lado, mas nossos olhares revelavam nossa intenção: Lutar até cair.

Foi Quíron quem acabou com a disputa. Ele chegou galopando rapidamente com um olhar assustado e nos separou.

– Clarisse! Thalia! – Ele gritou. – Parem com isso! – Percebi que ele tinha uma flecha apontada para nós. Me perguntei se ele realmente atiraria se fosse necessário. Não atendemos ao comando dele de imediato. Não iria me arriscar a dar as costas a Thalia e nem ela a mim.

– Thalia, por favor! – Era a voz de Annabeth. Pude ver um traço de decepção perpassar o olhar da filha de Zeus. Ela diminuiu a pressão no escudo, fazendo sinal de que a disputa estava encerrada. Assenti com a cabeça e retirei a espada. Quíron pareceu mais tranquilo após aquilo.

Lancei um olhar na direção de Annabeth e a vi abraçando Thalia. Dei um soco no tronco de uma árvore tirando umas lascas. Me sentindo derrotada, peguei minha lança e sai em direção aos chalés.

Foi aí que senti algo errado. Meu corpo começou a pesar feito chumbo e minhas vistas estavam embaçadas. Passei a mão por meu rosto e senti o sangue escorrendo, quente ainda. Como não pude ver aquele ferimento antes? Quando tinha sido atingida?

Não sei bem o que aconteceu. Meus irmãos notaram algo estranho e vieram me amparar. Tentei me soltar dos braços de um deles. Eu não sairia carregada. Não daria essa “vitória” a Thalia. À medida que lutava com os campistas que me seguravam, me sentia mais fraca.

– Me soltem! – Gritei. – Estou bem! – Novamente, Quíron teve que interferir.

– Pare, Clarisse. Você está seriamente ferida. – Ele ordenou e eu resisti um pouco mais antes de deixar eles me levarem para a enfermaria.

Acordei me sentindo mais cansada do que o normal. Quando meus olhos se acostumaram à escuridão da enfermaria, consegui focalizar uma figura feminina na beira da minha cama.

Por instinto, ataquei a garota. As cenas do confronto com Thalia ainda frescas em minha mente. Ela segurou meus pulsos e apoiou um joelho na beira do colchão, tentando me conter.

– Calma, sou eu. – A voz de Annabeth chegou suave aos meus ouvidos e estranhamente conseguiu me acalmar.

– Annabeth? – Meio que sussurrei, meio que grunhi, enquanto tentava me sentar na beira da cama com Annabeth me auxiliando. – O que está fazendo aqui? Que horas são?

– Vim te ver. – Ela me respondeu e minha cabeça começou a doer. Estava me esforçando para lembrar o que tinha acontecido. – Thalia não quis exagerar. Foi meio que culpa dela.

Me pus em silêncio, pois a menção de Thalia me fez querer pular em Annabeth e eu tinha que me controlar. Pelo menos, com ela, eu tinha que me controlar. Ela percebeu e se sentou na beirada da cama, meio que impondo seu espaço me empurrando para o canto. Lancei um olhar carrancudo para ela e ela abaixou a cabeça e pegou minha mão, a entrelaçando com a dela.

– Respondendo a sua pergunta. – Ela continuou. –São quase duas da manhã. Você... – Percebi que ela escolhia as palavras. E não gostei daquilo. – Você perdeu muito sangue quando um dos raios de Thalia passou de raspão. O chalé de Ares quase iniciou uma guerra.

– Bem, agradeça sua amiga. – Respondi azedamente.

– Ainda não consigo entender porque Thalia agiu assim. – Annabeth já ia começar a dizer algo quando uma explosão de raiva passou por mim. Não queria ela defendendo a filha de Zeus bem na minha frente.

– Não me importa o motivo, Annabeth. Só me importa que vai ter volta. – Annabeth me lançou um olhar zangado.

– Nem tudo se resume a uma boa briga, Clarisse. – Ela começou com um tom repreendedor.

– Foi sua amiga que começou. – Dei ênfase à palavra amiga, já ia tentar argumentar mais alguma coisa quando me lembrei de algo que parecia fora do lugar naquilo tudo. – Afinal, o que você está fazendo aqui? – Percebi que ela se encolheu diante da pergunta e saiu da cama. Me arrependi assim que senti o local em que ela estava perder calor.

– Quíron me pediu para ficar na enfermaria hoje à noite. Algo sobre os filhos de Apolo estarem sobrecarregados. – Tanto Annabeth quando eu ficamos vermelhas e evitamos nos olhar, pois imaginávamos o que Quíron estava tentando fazer. Uma ova que os filhos de Apolo estavam sobrecarregados aquela noite. E era muito estranho a enfermaria estar vazia com exceção de nós duas.

– Bom, de qualquer forma. – Annabeth voltou a falar, ela se virou para uma mochila numa das camas. Ela pegou algo e veio me entregar o que com alguma dificuldade reconheci ser minha espada.

– Minha espada? Achei que a tivesse trago. – Peguei-a enquanto Annabeth voltava sua atenção para a janela.

– Você a deixou lá. Silena a encontrou e me pediu para te entregar. – Ela pareceu um pouco chateada com isso. Então me lembrei da cena com Silena, das palavras de Thalia, de tudo. Parecia que seria uma longa noite aquela. Encarei a espada, como se pedindo para ela me ajudar.

– Obrigada. – Foi tudo que consegui dizer após um bom tempo de silêncio. Annabeth voltou a me encarar.

– Não sabia que seu pai tinha um lado filosófico. – Ela disse e eu não entendi.

– O que...

– A espada. A inscrição na espada. É de um estrategista militar.

– Foi Afrodite quem disse para colocar isso na espada, não meu pai. – Annabeth pareceu não entender. Expliquei a ela sobre a carta do meu pai, mas omiti a parte sobre Atena estar zangada comigo.

Annabeth continuava encarando a janela da enfermaria. Uma chuva fina havia começado a cair e eu estava pensando no que dizer. Como sempre, saiu algo bem estúpido:

– Annabeth, quanto a Silena e eu... Nós...

– Tudo bem, Clarisse. Você não tem que se justificar. – Ela me cortou ainda sem me encarar. Eu podia sentir que alguma coisa a incomodava e aquilo estava começando a me machucar. Lembrei da frase de Silena, sobre onde meu coração queria estar.

Me pus de pé com alguma dificuldade. Meus músculos doíam e minha cabeça ainda latejava. A janela onde Annabeth estava parecia tão longe da cama onde eu estava que quase desisti. Quase, pois se tem uma coisa que não faço é desistir.

Fui cambaleando na direção da filha de Atena, que estava distraída olhando a chuva. Já estava a poucos passos dela quando me desequilibrei. Antes de alcançar o chão, senti dois braços me ampararem.

Senti ainda o suave perfume de Annabeth e meu corpo fraquejar. Não sabia da extensão dos danos que Thalia tinha causado em meu corpo com seus raios. Com alguma dificuldade, Annabeth me levou de volta para minha cama.

– Você ainda está fraca. – Ela me repreendeu enquanto me ajudava a sentar na cama. Odiei cada segundo daquilo. Fechei a cara. Odeio passar a imagem de fraca. Annabeth pareceu perceber meu desconforto e se voltou para mim. – Afinal, o que deu em vocês para se enfrentarem daquele jeito?

– Diz que você não sabe? – Respondi de supetão, a encarando ironicamente. Annabeth apenas se sentou em outra cama ficando de frente para mim. Suspirei antes de continuar. – O motivo da briga é você.

– Por quê? – Foi tudo que ela disse e confesso que esperava mais de uma filha de Atena.

– Porque... – As palavras ficaram entaladas em minha garganta, por isso, só deixei escapar parte da verdade. – Porque Thalia está apaixonada por você.

Vi parte da curiosidade, que sempre adornava o rosto bonito de Annabeth, sumir e a decepção começar a substituí-la.

– Bom, acho melhor irmos dormir. Quer comer algo? – Ela me perguntou e apenas balancei a cabeça negativamente. Estava com fome, mas não queria dar mais trabalho a ela. Fora que ainda me sentia culpada pelo que tinha acabado de dizer. Pelo que tinha omitido.

Fazia uns quinze minutos que estava rolando na cama, sem conseguir pegar no sono. A luz que vinha de fora de outras partes do Acampamento e o barulho da chuva acompanhavam minha consciência pesada.

Bufei antes de me sentar na cama. Não iria conseguir dormir enquanto não tomasse coragem de dizer o que queria dizer desde que vira Annabeth naquele quarto. Ignorando a dor que sentia por conta dos ferimentos, me aproximei da cama em que ela estava deitada.

Torcendo para não tropeçar em nada ou meu corpo não fraquejar daquela vez, sentei-me na beirada da cama dela, apenas observando a luz brincando com seus cabelos loiros. Não sei o que deu em mim, mas comecei a me debruçar sobre ela, a abraçando e trazendo seu corpo para mais perto do meu.

Vi ela acordar assustada e senti seu corpo se enrijecer em meus braços. Descobri que ainda tinha forças para segurá-la e mantê-la ali. Ou talvez ela não estivesse resistindo tanto.

– Calma, sou eu. – Sussurrei e ela se acalmou um pouco. Seus ombros e costas ainda mantinham-se tensos.

– Clarisse, o que... – Ela tentou se virar para mim, mas não deixei. Havia raiva na voz dela. Decidi não irritá-la mais por mais que a perspectiva me agradasse.

– Estou apaixonada por você. – Joguei as palavras antes que elas fizessem menção de voltar. – É por isso que enfrentei Thalia daquele jeito: Estou disposta a brigar por você com qualquer um.

A princípio, achei que ela ia me expulsar da cama e gritar alguma coisa, mas, para meu alívio, ela apenas arredou um pouco, me oferecendo mais espaço na cama. Passei meus braços em torno do corpo dela e deixei meu corpo relaxar, enquanto ela fazia o mesmo.

Agradeci Afrodite antes de me aconchegar mais a ela e adormecer. Sinceramente, foi uma das melhores noites de sono que já havia tido.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Mais uma vez, vou estender o convite: Leitores fantasmas, não sejam tímidos! Comentem! Leva menos de cinco minutos e o dedo não cai! ^^