Disenchanted escrita por Diana


Capítulo 1
I - Arco-Íris


Notas iniciais do capítulo

Bom, vou me arriscar mais uma vez com esse casal. Espero que gostem ^^



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I

Arco – Íris

“O amor é uma força, uma energia, que se manifesta

Na alma como um sentimento de lembrança de algo

Que a alma já teve, mas perdeu.”

(Platão)

Segurei o corpo frágil de Annabeth com o máximo de cuidado que pude para evitar machucá-la ainda mais. Sabia que ela estava com o velocino, mas, mesmo assim, seu estado não era dos melhores.

Levantei-a e ela pousou os braços ainda fracos em meu pescoço. Teríamos de nadar até o navio do cabeça de alga. Jackson. Senti meus dentes trincarem. Havia algo nele que me irritava, mas não sabia bem o quê.

Estávamos caminhando em direção à praia quando pedras gigantes voaram em nossa direção. Era Polifemo. Jackson ficou para distraí-lo, enquanto o sátiro e eu pulamos na água. Precisávamos chegar àquele navio a todo custo. Senti Annabeth se segurar mais em meu pescoço

Chegamos ao navio com alguma dificuldade. Grover ajudou-me a colocar Annabeth sobre o casco. Olhei para trás. Jackson ainda estava lutando com o ciclope. Queria ir lá e ajudá-lo, afinal sou filha de Ares e eu não corro de uma boa briga. Tive ímpetos de pegar minha lança e saltar de volta para a ilha, mas alguém me segurou pelo colarinho. Era Annabeth.

- Onde? O quê? - Ela estava um pouco tonta por causa de tudo. Era óbvio

- Shh... – Sussurrei, me sentando a seu lado – Você precisa ficar calma. Ainda estamos na ilha e seu corpo está fraco. – Acho que soei mais suave do que queria ou deveria.

- Clarisse! – Ouvi Grover me gritando, chamando minha atenção para o que acontecia na ilha. Jackson e o seu meio-irmão ciclope lutavam contra Polifemo. Era só uma questão de tempo até eles se cansarem ou o ciclope ter um golpe de sorte.

Mas, algo inesperado aconteceu. Num instante, Polifemo tinha caído e Jackson e Tyson vinham correndo em direção ao navio. Tudo parecia bem. É, parecia. Essa é a parte péssima de ser um semideus: Nada vai bem. Os garotos estavam quase conseguindo quando Polifemo voltou a se erguer, sabe-se lá como, e saiu atirando pedras para todo lado. Tive que zoar com Percy que corria a toda, desesperado, mas então me contive quando percebi o alvo do ciclope: O navio.

Pedras gigantes começaram a bater no casco. Instintivamente me voltei para Annabeth e a cobri com meu corpo para o caso de alguma pedra cair em cima dela, enquanto Grover estava em estado de choque. É, eu imaginava que ele estava pensando no que fazer caso o navio afundasse.

E eu já disse que nada vai bem para um semideus, correto? Na melhor das hipóteses, as coisas vão mais ou menos. Mas, bem, estávamos com Percy - que não é lá o cara mais sortudo do mundo - um ciclope, um sátiro, Annabeth ferida e eu. Cinco indivíduos no total. Parece bobeira, mas a galera lá do Olimpo leva a sério esse troço de números. E qualquer coisa que fique distante de três já não é bom sinal.

Ouvi um barulho de metal se chocando com pedra e o navio começou a perder estabilidade e ser engolido pelas águas. Olhei para Annabeth, ainda fraca e adormecida embaixo de mim. Tentava pensar em alguma coisa, mas nada me vinha à mente a não ser que fracassamos. Chegamos tão perto e fracassamos.

- Arco-Íris! – Ouvi Tyson chamar. Pensei que ele estava ficando louco por ver o navio afundar com seus amigos dentro. – Arco- Íris, precisamos de você! – Ele gritou de novo.

- Idiota! – Me levantei, indo brigar com ele enquanto o navio afundava. – O que você pensa que está fazendo? E, Jackson, dê um jeito de nos tirar dessa! Seu pai não é Poseidon?

- Clarisse, olhe! – Grover gritou enquanto Percy e Tyson pulavam na água. Havia três Hipocampos nos esperando para nos dar uma carona. Agradeci a Poseidon, mesmo que de má vontade. Peguei Annabeth no colo novamente e saltei para a água.

Tyson e Percy dividiam um dos cavalos-marinhos, enquanto Grover me ajudava a subir com Annabeth em outro.

- Parece que Arco- Íris escolheu você. – Tyson me disse e eu ainda não conseguia entender do que diabos ele estava falando. Percy percebeu minha confusão.

- É o nome que ele deu ao Hipocampo. – Pela primeira vez em tempos resolvi não discutir.

Senti Annabeth se recostar em meu ombro, já levada pelo sono. A paisagem passava rapidamente. Era um cenário bonito de ser desfrutado. As ondas sendo vencidas pelos cavalos-marinhos. Era. Se não fosse o relógio gritando para nós que o tempo não estava a nosso favor.

- Ei, Clarrise. – Me virei e vi Jackson. Ergui a sobrancelha para ele de modo ameaçador. Ele não podia se dar ao luxo de pensar que éramos amigos. Ainda mais quando ele se intrometeu em minha missão. – Acho melhor você segurá-la. Annabeth pode cair de Arco-Íris. – Confesso que senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Quem aquele idiota pensava que era para me recriminar?

- Você não precisava me dizer isso, Jackson. Annabeth está segura. – Disse e de má vontade e meio sem jeito, afinal sou uma filha de Ares, passei meus braços ao redor dela para que ela não caísse durante a viagem.

Não soube precisar quanto tempo viajamos pelos mares. Só sei que quando me dei conta, os Hipocampos estavam meio que frustrados com alguma coisa. Queria dar uns tapas no cavalo que me levava para que ele parasse de ficar pulando, mas achei melhor me controlar. Olhei para Percy furiosa e acho que aquilo o assustou um pouco porque ele me respondeu depressa:

- É o mais longe que eles podem nos levar. Muita poluição, muita gente. – Ele me respondeu e eu senti meu mundo afundar mais uma vez. Minha missão na ponta da estaca.

- E onde diabos estamos? – Gritei com ele e sem querer acordei Annabeth. Só agora tinha me dado conta que ela ainda estava deitada em meu ombro. A vi abrir seus olhos cinzentos, meio confusos, meio sonolentos, e poderia jurar que aquilo, sem querer, teve o poder de acalmar minha raiva por uns segundos.

- Em Miami, eu acho. – Ela respondeu ainda sonolenta. Revirei os olhos. Filha de Atena mesmo, adora responder perguntas, ainda mais as que não eram para ela.

- Vamos, temos de nadar até a praia. – Percy disse e eu quis pular nele e espancá-lo, mas nessa hora Tyson e ele já tinham pulado na água. Grover também fez o mesmo. Entreguei Annabeth para Tyson antes de descer de Arco-Íris. Tyson agradeceu ao Hipocampo e seus amigos e, novamente, agradeci silenciosamente aos caras do Olimpo.

- Ei! Não sou nenhuma princesa para que tenham que me carregar – Ela protestou quando desci do Hipocampo e a peguei de volta de Tyson, mas não dei ouvidos. Acho que grunhi alguma coisa sobre uma filha de Atena ingrata, mas não tenho certeza. Estava preocupada com o Acampamento, com minha missão e, claro, com meu pai.

Chegamos à costa e enfrentamos uma multidão de pessoas preparadas para o cruzeiro de férias e outras coisas. Annabeth correu para uma banca de jornal e trouxe o Miami Herald. O jornal não ajudou a melhorar nosso humor. A data marcada era dezoito de junho.

-Impossível. – Foi só o que consegui dizer.

- A árvore de Thalia deve estar quase morta! Temos de chegar lá essa noite. – Grover disse. Olhei para ele, carrancuda. Obrigada por nos dizer o óbvio, pensei.

Aliás, por me dizer o óbvio. Afinal, aquela missão não era deles. Era minha. Sucesso ou fracasso, as contas seriam depositadas em minhas costas. Olhei para eles.Um por um. Grover, Tyson, Annabeth e Percy. Trinquei os dentes. Já sabia a quem culpar.

- Nunca conseguiremos. Estamos a centenas de quilômetros longe! Sem um tostão! E a culpa é SUA, Jackson! – Já estava a meio passo de me aproximar de Percy e segura-lo pelo colarinho, mas Annabeth se interpôs entre mim e ele.

- Culpa dele? – Annabeth explodiu comigo. Nunca a vi tão brava. Seus olhos cinzentos estavam focados nos meus, e eu podia ver raiva neles. – Clarisse, sem nós você teria fracassado!

- Sem vocês? Com vocês eu já fracassei! – Gritei com ela, ainda sustentando seu olhar. Se tem uma coisa que eu não faço é ser afugentada. Nossos rostos estavam praticamente colados. Eu podia sentir o calor do corpo dela e aquilo estava me irritando mais que o normal. Quem aquela sabichona pensava que era?

- Fracassou? O velocino está conosco! – Ela apontou para o próprio corpo. Só então tinha notado que o velocino tinha mudado. Ele era uma jaqueta vermelha e dourada, com a letra ômega bordada no bolso.

- Exatamente! O velocino está aqui! Não lá! – Senti meus punhos se fecharem automaticamente, mas algo me freou. Algo dentro de mim me freou. Algo que me dizia que eu me arrependeria amargamente se levantasse a mão contra ela. Bufei a centímetros do rosto de Annabeth antes de cortar o contato visual.

Sentei-me no chão, socando a calçada com tanta força que poderia ter quebrado a mão se não fosse uma meio - sangue, enquanto Annabeth batia o pé frustrada e se afastava. Alguns mortais passaram e nos olharam confusos. Não sei o que a Névoa os fizera ver, mas certamente não passara longe de algo que desse medo.

Coloquei as mãos na cabeça, me escondendo. Uma sensação fria me abatia. Derrota, fracasso... Tudo se misturava. Eu cheguei tão perto e falhei. Annabeth tinha razão, como sempre, sem eles eu não teria conseguido. Mas isso não diminuía o gosto de frustração que se instalou em minha garganta.

De repente, ouvi a voz de Percy longe me perguntando o que exatamente o Oráculo tinha me dito. Sem entender direito o por que da pergunta, respondi-o de forma automática. Pela primeira vez em anos não tive vontade de acertar um soco em alguém que me perguntasse algo que via como estúpido.

Eu podia ver as engrenagens acima da cabeça de Jackson trabalhando. Ele realmente estava tentando me ajudar. Vi-o desesperadamente tentar arrumar algum dinheiro. Era inútil. Nenhum de nós tinha um tostão. De repente, vi Tyson com uma sacola cheia de dólares dizendo que achava que aquilo era ração para os Hipocampos. Não sei se fiquei surpresa com a ideia dele ou com o fato de um pouquinho de sorte ter sorrido para nós.

Jackson a pegou, contou o dinheiro que havia dentro. Para a surpresa de todos, ele me entregou todas as notas.

- Tome. Você vai levar o velocino. Deve ter o suficiente aí para duas passagens. – Olhei para ele desconfiada. Sei lá, não é todo dia que um filho dos três grandes deuses te ajuda só por bondade.

- Era isso que queria dizer sua profecia. – Ele me explicou. – Você precisava de amigos, caso contrário, falharia. Mas precisa voltar. E de preferência voando. – Pensei um tempo antes de aceitar o que ele me dizia. Na verdade, nem pensei tanto. Como disse antes, o tempo não estava lá muito bondoso conosco.

- Mas isso exclui pelo menos três de nós. – Eu ainda teimava.

- Tyson, Grover e eu vamos dar um jeito de voltar. Você e Annabeth devem ir. -

Ele disse, chamando um táxi para nós. – Até porque Zeus não perderia a oportunidade de me torrar caso ousasse voar. E é a sua missão. – Ele frisou a palavra sua.

- Percy, eu posso ficar. Deixe Grover acompanhar Clarisse. – Ouvi Annabeth dizendo. Certo, ela era filha de Atena, o que queria dizer que ela era teimosa também.

- Você ainda está fraca. Precisa do velocino mais que Grover ou eu. – Eu a respondi sem muita paciência para aquilo e entrando no táxi. Annabeth se sentou ao meu lado ainda bufando.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Aguardo reviews *---*



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