Ela saiu do lugar, admitia apenas para si mesma que aquele momento do dia anterior com Jason a pegara de surpresa, e então no dia seguinte ele agia na mais perfeita normalidade e aquilo confundia a garota por que, afinal, o que ele estava pensando? Queria ao menos essa vez entender o que se passava na mente do romano, mas parecia não haver como, se perguntava como ele conseguia agir tão normalmente como se nada tivesse acontecido, algo havia acontecido! Ela suspirou pesadamente, já cansada de toda indagação que fazia desertando sobre o beijo, se ele conseguia agir normalmente, então, ela também conseguiria. Era como se nada tivesse acontecido, e era bom que nada acontecera, levando em consideração que em pouco tempo estaria de volta para casa. Sim, casa, com seus amigos e irmãos, iria deixar o Acampamento Júpiter sem nem mesmo tendo o conhecido por completo, já não era a primeira vez que Hazel a falava que deveria visitar Nova Roma, mas nunca a filha de Afrodite o fizera, não havia um motivo bom para isso, na verdade, não sabia o que dizer para ir lá, ao mesmo tempo tinha um certo medo, não queria se apegar àquele lugar, sabia que seria mais difícil deixar. Deixar o acampamento ou Jason? Perguntou-se, sabia a resposta já, e isso a frustava, não notou que permanecia para em frente ao prédio da pretoria até que ouviu a voz de Hazel lhe chamar a atenção.

— Piper. — dissera com um discreto sorriso, mas o mesmo se desfazia ao observar a expressão da colega. — Aconteceu algo?

— Não — Piper respondeu de pronto, mais rápido que o normal —, só estava pensando em algumas coisas. — Ela disse com um sorriso seguro, torcendo para que Hazel esquecesse de suspeitar algo, até que seu olhar recaiu para uma pessoa mais para trás que vinha em direção a elas.

Não era Frank, era muito baixo e magro para ser Frank, de longe acreditava conhecer aquela pessoa, mas não conseguia ver o rosto dela direito, pelo andar a primeira coisa a saber era que não era um sátiro — fauno, tanto faz —, mas essa pessoa tinha uma certa aura escura, e de todas pessoas que conhecia apenas uma era assim, e suas suspeitas se provaram certas quando Nico DiAngelo focalizou em sua visão, e ela não pode deixar de soltar um sorriso, gostava de Nico, mesmo ele tentando se afastar de tudo e de todos, apenas o fato de saber que o italiano confiava nela a ponto de não precisa dizer nada para que a garota guardasse o segredo que sue irmão divino, Eros, fizera-o admitir, alegrava-a. Ele confiava nela, e ela podia o considerar um amigo. Seu olhar se amoleceu à visão do filho de Hades, e seguiu em sua direção abrançando-o, coisa a tal DiAngelo não era nada acostumado.

— Err… Oi Piper. — ele respondeu tentando soltar-se do abraço dela, fazendo apenas a garota rir.

— Não muda nunca. — ela comentara divertida, mas logo sua ficha caíra. — O que você está fazendo aqui?

— Se eu disser que venho aqui vez ou outra, acreditaria?

— Sim. — respondera ela, e ao ouvir um múrmurio vindo da direção de Hazel ela se virou.

— Vocês já se conheciam? — Ela perguntou retomando a postura, tal qual Piper acreditava ser antiga demais para a idade deles, mas não questionava, cada um com seu jeito.

— Sim. — ela respondeu normalmente, mas sabia que Hazel perdia uma certa informação vinda do irmão, uma informação decerto importante.

— No acampamento grego. — ele explicou rapidamente. — Me desculpe Hazel, eu não lhe contei que sou na verdade filho de Hades, a forma grega. — a garota permaneceu em um certo silêncio, preocupando ambos os gregos logo a sua frente.

— Está bem. — pausou. — Eu acho que entendo o motivo. — e um o que parecia ser um som de alívio saíra da boca de Nico.

Piper não podia deixar de pensar o quanto ela se sentia impressionada pelo fato de tudo estar indo bem, até agora não houvera nenhum tipo de contenda e tudo parecia que caminhava para a mais perfeita ordem, sentia-se certa sobre isso, e raramente seus sentimentos sobre algo a enganavam. Raramente.

Ela agarrou-se ao braço de ambos Nico e Hazel e caminhou com eles dois pela Via Praetoria, os três numa conversa perfeitamente comum, quero dizer, Hazel e Piper, Nico só parecia assistir tudo aquilo. E Piper queria de alguma forma dizer que precisava conversar a sós com o filho de Hades, sem deixar a única amizade que fizera naquele lugar se sentindo excluída, mas ela tinha a oportunidade para falar com ele, e teria de agarrá-la com força, talvez tanta força quanto segurava seu braço pálido, coberto pela jaqueta de couro, tudo para não deixar o evasivo garoto lhe escapar mais uma vez. Não aguentava mais perder oportunidades de resolver o assunto Perseus Jackson com ele, não realmente resolver, mas deixar o garoto sabendo onde Piper estava em tudo isso, porque mesmo que ele confiasse a ela o grande segredo de seu âmago, evitava falar muito com ela pelo mesmo motivo, também, acreditava, que ele pensava que ela ficasse contra ele se os dois se aprofundassem no assunto. E tudo que Piper queria dizer é que queria o ver feliz.

Em pouco tempo, ela se virou para encarar o prédio onde estava hospedada, e viu Reyna sair a pesados passos sendo seguida por Jason, que por algum motivo tentava a explicar algo. A cena que se prosseguiu não lhe era assim tão agradável, não tivesse acontecido algo demais, mas foi quando ela percebeu que Jason e Reyna eram um casal, e se não fossem realmente, estavam muito perto de se tornarem, e lá estava ela, se enganando a toa por causa de um simples e impulsivo beijo. Mas aquilo partira de Jason, não de Piper, ela não tinha culpa alguma naquilo, era Jason que estava mexendo na sua cabeça, com aquele belo sorriso e todo o seu jeito protetor e preocupado sobre ela, ele estava mexendo com ela por completo.

Ela virou-se para os dois que previamente conversava, dizendo que não se sentia tão bem e queria descansar um pouco pois sentia que o dia seguinte seria cheio. Era só uma desculpa, não sentia que o dia seguinte seria cheio, na verdade queria muito ter Katopris consigo naquele momento, as imagens futuras que ela lhe proporcionava poderiam ser muito úteis para ela, com relação a esse encontro perigoso entre gregos e romanos, pelas palavras de seus amigos não deveria se preocupar, tudo daria certo, mas ainda sentia um frio temeroso no estômago.