O homem da mascara voltou a se materializar em frente à casa de Kumiko algumas horas depois. A lua estava alta no céu e seria a única testemunha do desastre que estava prestes a ocorrer. Ele sacou uma kunai a rodando pelas mãos apenas por pura precaução, ele estivera ali naquele dia mais cedo, apenas pra testar o nível de percepção da criança, mas ao ver que ela o detectara imediatamente ele se transportou pra longe dali.

 Agora, com ela inconsciente seria mais seguro.

Ele adentrou pelo antigo complexo Uzumaki. Quando Uzumaki Mito se moveu pra Konoha muitos outros foram com ela e eles ficavam ali, mas a casa central não foi ocupada até que chegou Kushina, a filha de um homem importante da vila do turbilhão, mas que teve seu lar ao pó pouco depois. Mesmo os moradores da época um dia abandonaram o complexo, os Uzumaki nunca foram um clã organizado como outros fora da vila do Turbilhão. Ele passou pela casa principal e adentrando não foi difícil encontrar o quarto da pequena.

— Irônico que ela esteja no quarto principal. – O homem murmurou com sarcasmo. Ela era a herdeira de um clã falido, mas mesmo assim inconscientemente tomava seu papel de monarca. Ele entrou e viu a pequena menina deitada, os cabelinhos vermelhos espalhados ao seu redor e os delicados olhinhos de criança fechados num sono que somente uma menina da idade dela conseguia ter.

Tranquilo e povoado de sonhos que não foram tocados pela maldade ainda.

Ele tocou a testa dela e sem que Kumiko acordasse ela foi levada pelo jutso de transporte do homem de mascara.

 [...]

 – Cadê a Kumiko? – Satsuki cruzou os braços impaciente. – Ela não é se atrasar assim!

Itachi concordou com Satsuki em silencio. Naquele dia era folga do time, mas ele, Shisui e Satsuki estavam esperando a menina ruiva no lugar que ela ia todos os dias pela manha.

O monte do Hokage.

 Ela só não ia quando tinha algo de muito importante muito cedo, mas Itachi sabia que ela adorava a vista do topo. E que todas as manhas ela pedia a Kami por um dia muito prospero lá do topo. E sempre que eles queriam encontrar ela sem aviso eles iam até ali.

—Ela não pode ter se esquecido? Ou vindo mais cedo? – Shisui perguntou entediado. Ele voltada de uma missão no dia anterior e teve relatado sobre quem Kumiko era realmente. Não ficou tão surpreso, segundo ele a menina era “Bizarra demais pra ser filha de alguém normal”. Ele sempre vira Kushina com Mikoto. Se Itachi se lembrava bem, Shisui tinha horror a Kushina.

—Não acho. Tenho a impressão que algo ocorreu. Ela ia lá em casa hoje conversar com minha mãe. – Itachi disse pensativo – Vamos a casa dela.

[...]

Shisui estava emburrado. Ele estava cansado e não queria ter ido ali. Satsuki estava com igual mau humor, mas por ter sido acordado cedo em um dia de folga, mas estava bem, pois Daisuke fora pra uma missão Rank – B longe e iria demorar a voltar. Itachi tinha entrado na casa pra procurar a menina, mais voltou com uma expressão indecifrável. Seus olhos pareciam sombrios e isso alertou Shisui que tinha algo errado.

—O que?

— A casa está vazia. Não tem vestígios de que alguém cozinhou hoje. E Kumiko não vai a lugar nenhum sem café da manha, a cama dela ainda está bagunçada, outra coisa atípica dela. E as roupas do dia a dia estão todas lá. – Shisui se perguntou por um momento como Itachi saberia tantos hábitos de Kumiko convivendo com ela apenas um mês, mas descartou o pensamento. Kumiko era uma criança, deveria falar e Itachi era muito atento. Claro que ele estava errado, pois a ruiva não era dada a explicações sobre sua vida.

Itachi que era ligeiramente intrometido.            

 – O que está achando, Itachi? – Satsuki perguntou tenso.

 – Acho que alguém a levou durante a noite.

[...]

Kumiko abriu os olhos lentamente se sentindo enjoada e sonolenta. Ela não acordava daquele jeito. Demorou alguns segundos pra registrar onde estava e arregalou os olhos tentando gritar sem sucesso. Estava amarrada pelos pés e mãos numa maca com um colchonete, mas isso não impedia que a temperatura fria penetrasse na roupa fina de dormir dela, uma mordaça lhe impedia de falar ou gritar. E o lugar era escuro, então via pouco.

Sentia um chakra desconhecido perto.

— Me pergunto o que você fez pra ele. – Uma voz jovem porém grave soou. Kumiko virou a cabeça e viu um rapaz que devia ser um pouco mais velho que Shisui. Ele tinha um cabelo grisalho, era branco e usava óculos redondos. Não parecia ameaçador. – É apenas uma menina.

 Kumiko se debateu e tentou falar, mas sem sucesso. Seu corpo tombou com a desistência. Onde estava? Olhou ao redor, mas a iluminação era precária. Apenas uma lamparina. Quem lhe sequestrara? Por que? Ela se lembrou do chakra que sentira quando entrou em casa e sumiu rápido. Provavelmente fora aquela pessoa, mas não era a mesma que estava na sua frente. O rapaz riu e se aproximou, ele abaixou a mordaça pra que ela pudesse falar.

— Quem é você? Por que estou aqui? Onde estou? O que quere... – O rapaz tapou sua boca e ela cerrou os olhos com raiva, então cravou os dentes nos dedos dele. O grisalho grunhiu de dor e arrancou fora a mão da boca dela.

 – Droga, me falaram que você era uma criança calma. – Ele praguejou segurando a mão, filetes de sangue escorriam dos buraquinhos do dente dela. A ruivinha cuspiu o sangue dela. – Escuta aqui, garota, eu estou cumprindo ordens. Meu mestre está fazendo um favor pro cara que te pegou, que eu não faço ideia de quem seja. Eu sou só o cirurgião.

— Cirurgião? – Ela engoliu em seco. – O que querem comigo? Não fiz nada a ninguém!

— Imagino que não. – Ele suspirou – Tenho que te vigiar até que meu mestre traga algo. Passaremos um tempinho juntos, então vou me apresentar... Meu nome é Kabuto.

                [...]

 – Vocês acham que ela pode ter sido sequestrada mesmo? – Hiruzen perguntou a Itachi e Shisui. Itachi assentiu, Shisui apenas deu de ombros – Por que alguém faria isso?

— Que tal alguém que saiba quem ela é? – Itachi perguntou. Hiruzen pareceu pensar por um momento.

— Kushina foi sequestrada uma vez. Minato a resgatou, ela deveria ter uns 12 anos na época e fez uma trilha com fios arrebentados do próprio cabelo. Mas Kumiko deve ter sido pega desacordada, não há como ter sinais, mesmo buscas não tem como fazer. – Hiruzen suspirou pesadamente – Temos apenas que torcer.

—Não vou ficar parado esperando pela sorte. – Itachi rebateu secamente, Hiruzen ergueu os olhos pro Uchiha. Nunca o vira daquela maneira, Itachi parecia verdadeiramente irritado – Aquela menina passou por um mal bocado ontem por causa das decisões que a Vila tomou por ela. E demonstrou muita mais maturidade que a maior parte da vila. Ela aceitou tudo, tomou as decisões pensando não apenas em si. Não pode simplesmente deixar – la desaparecida sem nem tentar!

Tanto Hiruzen quando Shisui olhavam surpresos pro rapaz. Shisui só vira Itachi falar com tanta veemência em poucas situações, era algo extremamente raro. Geralmente envolvia sua vila, seu clã ou seu irmão. Ele não erguera a voz, ele não mudou a expressão, estava tudo em seus olhos negros.

— Muito bem. – Hiruzen suspirou. – Deixo com vocês dois então. Ninguém melhor pra um rastreio que a dupla Uchiha.

Os dois se entreolharam e assentiram. Eles iriam dar um jeito de encontrar Kumiko. E se não encontrassem... Não iriam desistir.