Emma's Point Of View:

Eu e Grace estávamos paralisadas, olhando de Leo para Vivian e dela para Kathleen. Kathleen estava tão surpresa quanto nós duas.

– Desgraçado! Filho da puta! - Vivian xingou. Era uma das raras vezes que ela xingava.

A mãe dela ergueu os olhos.

– Vivian, o que está acontecendo?

– Ele era namorado da Kathleen, quando começou a namorar comigo.

– Não deu tempo de terminar... - Ele começou, mas Kathleen o cortou.

– Você ia terminar nosso namoro que não durou nem um mês?

Ele suspirou, apertando os lábios, e os olhos, percebendo que falara de mais.

Vivan olhava fixamente para Leo, que, do nada, caiu de joelhos no chão, perante ela. No começo, não estávamos entendendo, mas a mãe de Viv percebeu o que era.

– Vivian! Pare! Isto é Magia Negra!

Os olhos de Leo giravam na órbita, Kathleen não sabia o que fazer, assim como eu e Grace, e não estava entendendo nada.

– O que? O que está acontecendo? Do que vocês estão falando? Por que Leo está assim? - Kathleen perguntava.

De repente, Vivian parou - Leo respirou fundo, já deitado no chão.

– Você sabia! Você sabia de tudo! Me deixou no escuro com coisas estranhas acontecendo ao meu redor por anos!

– Sim, eu sei! Esse mundo é perigoso demais para você! Eu queria afastá-la! Protegê-la de tudo isso.

– É tarde! Você não tem ideia dos meus feitos! Não importa quando, uma hora ou outra, eu descobriria e começaria a praticar magia! Você sabe disso! Há mais do que um motivo para isso!

A mãe dela se sentou no sofá, com os cotovelos nos joelhos, e as mãos no rosto. mas Vivian continuou em pé.

– Parece que se esqueceu completamente de Leo.

Ela fez que não com a cabeça, apertando os olhos ameaçadoramente para ele, a faca ainda empunhada.

– O que está acontecendo? - Repetiu Kathleen, perdida.

– Você é cabeça fechada, não vai entender.

– Ei!

– Eu sou uma bruxa, assim como Leo, assim como minha mãe...

– Eu não sou bruxa. - Disse a mãe dela, ao mesmo tempo que Kathleen disse "Eu não acredito, isso é loucura".

– Eu disse, Kath!

– Eu não sou bruxa! - Disse novamente, a mãe, alteando a voz.

– Mãe, ser bruxa é hereditário.

– Eu não nasci com o dom da Magia.

Eu percebi que o clima ficou estranho, cutuquei Grace e indiquei a porta com a cabeça. Ela entendeu.

– Hã... Viv, eu e Emma vamos indo.

E sem esperar resposta, nós viramos as costas e andamos em direção à porta. Coisa de família me deixa desconfortável.

O ar frio cortava nossos rostos, já intensamente corados, enquanto andávamos pela calçada.

– Mas, sério? - Grace pergunta, num sorriso divertido e ao mesmo tempo incrédulo.

– O que?

– Que você ia realmente transar com o Dante?

– Sim, mas foi no... "calor do momento".

– Ahan, calor no inverno. Nossa, resposta coerente.

– Do momento, otária! Não são das condições climáticas!

– Mas, você chegou a ver ambos, Dante e Greg, pelo menos sem camisa.

– Sim. - Eu corei mais um pouco. - O que quer dizer com "pelo menos"?

– Porque eu deduzo que você não conseguiu chegar a ver o Greg e o Dante nus. Mas, só não o Dante, porque eu estraguei esse "momento".

Eu fiquei mais vermelha que nunca e ri.

– Qual é mais gostoso? - Grace pergunta.

– Dante, é claro.

Ela ri.

– E qual é o seu lance com o...

No exato instante em que eu ia dizer o nome da pessoa, esta aparece. Sim, Bryan.

Desta vez quem ruborizou mais foi Grace.

– Oi. - Ela disse timidamente. Exato, ela ficara tímida do nada. Essa definitivamente não era Grace.

Ele parou, e a abraçou.

Eu me retirei, já que ela estava entretida, no momento. Bem, não me retirei, era mentira. Eu me escondi atrás da árvore. Eles nem desviaram a atenção um do outro. Eu não consegui ouvir bem o que eles diziam. Mas logo depois eles notaram a minha ausência. Ele deu de ombros e enlaçou a cintura dela. E, a beijou longamente, ela retribuiu (mas é claro). Ela estava simplesmente pegando o garoto mais gostoso do colégio. Eu estava feliz por ela, e não estragaria o momento. Eu fui para casa.

Grace's Point Of View:

Bryan me beijou. E ele o fez de modo longo. Ele era muito bom. Ele explorava minha boca com a língua. Isso me deixou estranhamente... excitada. É vergonhoso admitir isso mas era a verdade.

– Quer namorar comigo?

– Sim.

– Em ambos os sentidos?

– Uou! - Ele me pegara de surpresa. Eu ri. - Sério mesmo?

Ele assentiu, naturalmente.

Eu hesitei. Mas acabei aceitando.

Ele me levou para onde sua matilha ficava, foi o que ele disse. Mas eu nem prestei atenção, eu só queria chegar lá o mais rápido possível, não que eu estivesse desesperada.

***

Eu estava enrolada nas cobertas, em um chalé. Eu recebi uma mensagem de Vivian.

Vi que Bryan ainda dormia, e eu me levantei e me arrumei rapidamente, o problema era: como eu iria voltar?

Para a minha surpresa: August acabava de chegar, com uma moto e uma garota atrás. Eu nem parei para reparar. Dei um rápido "oi" para Augusto. E pedi a moto emprestada. Nem parecia que fazia semanas que a gente não se via.

– Augusto, empresta essa moto, é urgente! - Ele não soube o que fazer e me cedeu a moto, surpreso. Montei a moto, e acelerei. Em 30 minutos, cheguei à casa de Vivian.

Eu abri a porta.

Vivian's Point Of View:

– Você vai me contar tudo, espero! - Eu disse ríspida para a minha mãe.

– É claro. Mas, antes, preciso que os dois se retirem. Querido, por favor. - Ela pediu a meu pai, sim, ele sabe de tudo, e eu não.

Meu pai os levou para fora.

– Bem, quando eu tinha nove anos, minha mãe me contou tudo, sobre ser bruxa e todo o resto, para que eu pudesse, aos 15 anos já ter alguma ideia, porque é, geralmente, nessa idade que os poderes de uma bruxa são revelados.

– Isso eu sei!

– Enfim - ela disse me ignorando -, meus 15 chegaram, 16, 17, 18... E eu nunca consegui manifestar a Magia. Minha mãe disse que eu não era uma bruxa, mas eu nasci com um outro dom, eu era Vidente.

– Eu também sou. Todas as bruxas são, pelo que eu sei.

Ela apertou os olhos.

– Não, isso é raro.

– Eu previ a morte da mãe de Gleyce, e previ o inimigo chegar a Deenwood, eu fiz um feitiço para proteger a sua casa. Está explicado que você pode entrar, pois não é bruxa, um sobrenatural, mas se você é vidente...

– É só um Dom! Eu sou uma humana normal com um Dom raro. Quando as Forças da Natureza te privam da Magia hereditária, geralmente, elas substituem com um Dom. Equilíbrio. Você não pode fazer Magia, mas pode ver o futuro, ou se metamorfosear em algum animal, ou coisa parecida.

Confesso que fiquei surpresa.

– Mas eu não entendi como que você, sendo bruxa tem um Dom. - Ela acrescentou, observando minha expressão. Eu previ a chegada de um ser Infernal em Moonlight Falls.

– Então...?

– Minha mãe queria que eu ficasse, mas a cada dia eu estava mais tensa com isso. Eu poderia ter definhado, pois até aí eu não sabia que tinha esse Dom de Vidência, mas eu peguei você e fui embora, enquanto seu pai estava no Afeganistão servindo o Exército. E eu não contei nada para você sobre ser bruxa, nem deixava sua avó contar porque eu tinha medo que você se envolvesse nesse mundo e acabar sendo morta, e foi o que aconteceu com minha mãe.

– Oh, meu Deus. - Eu caí sentada ao lado da minha mãe no sofá.

– Me desculpa não ter te contado antes.

– Qual é esse mal?

– Um vampiro.

– Um vampiro? Você chegou a conhecê-lo.

– Não, infelizmente. Eu poderia tentar matá-lo... Onde você aprendeu Magia Negra?

– Eu visitei a antiga mansão da família, e achei os livros lá. E eu peguei um desses.

– Qual feitiço você estava usando nele?

– Eu queria fazê-lo definhar. Eu queria que ele, pelo menos, ficasse inconsciente com isso.

– O que quer dizer com "pelo menos"?

– Eu queria que ele morresse.