Sai da aula de educação física, estava com dor de cabeça. O jogo hoje era Vôlei, e Lucy queria muito imitar uma coisa que ela viu num anime de esporte (acho que o nome era Haikyuu ou algo assim.). Ela queria tentar salvar a bola de cair no chão usando o pé dela. Quando tacaram para ela, ela imitou o movimento mas ele saiu errado, a bola bateu no pé dela e voou para o lado.

E adivinha na direção de quem?

Isso mesmo, eu.

Não preciso contar o resto para vocês entenderem o que aconteceu.

Com um saquinho de gelo na testa, fui de volta a sala junto com o resto da turma.

– Olivia! Me desculpa mesmo por aquilo na quadra! - Lucy foi até mim, ainda pedindo desculpas.

– Tudo bem, eu sabia que daria errado mesmo... - ''Mas não pensei que ela viria na minha direção...'' pensei.

– Isso não aconteceu quando o Nishinoya fez... - Ela disse deprimida, se referindo ao personagem do anime.

– Claro, ele é um ANIME. - Eu disse e sentei em minha carteira.- Mas me diz ai, o que aconteceu quando nós saimos da sua casa ontem?

Ela sentou na carteira a minha frente e virou para mim.

– Meus pais e eu jantamos juntos e eles foram embora essa manhã. Desculpe em como exotei você, mas minha mãe fica meio istérica perto dos meus amigos.

– Teve a quem puxar. - Eu disse rindo

– O que você quer dizer com isso?! - Ela disse mesmo sabendo exatamente o que eu queria dizer. O que me fez rir ainda mais. - Mudando de assunto. Depois da aula vá até a sala de música!

– Sala de música? Tem a ver com o tal comercial?

– Sim! Vamos mostrar o trabalho finalizado! Vou vencer concerteza! - Ela disse determinada. - Mas ainda não sabemos as notas e a a letra de có, então leve os papéis.

– Ok chefia! - Eu disse, pondo a mão na testa como um soldado.

Wendy apareceu na porta da sala de aula suando e arfando como se tivesse corrido. Ela tinha uma expressão assustada.

– Olivia! Lucy! Rápido!

– Hãm? O que houve, Wendy? - Lucy disse preocupada.

– David ... e um garoto da sala 3-A... estão brigando no pátio! - Ela dizia em partes tentando recuperar o ar. - Rápido!

Ela não precisou dizer duas vezes antes de eu e Lucy estarmos correndo em direção ao pátio para ver o que estava acontecendo.

Quando chegamos , um pequeno aglomerado de pessoas cercavam o local. Invadimos em meio à multidão até o centro do circulo que eles formavam.

David estava lá e em sua frente estava um garoto um pouco mais velho que ele, tinha cabelos castanhos escuros e uma perquena barba-pós-puberdade crescia em seu queixo. Ambos estavam com o rosto machucado.

Perguntei o motivo da briga a menina que estava ao meu lado, para minha surpresa, era Tay.

– Tsc, parece que a namorada daquele garoto estava traindo ele com seu irmão. - Ela disse em um ton de desgosto. - Que ridículo.

– Como? David não está saindo com ninguém, pelo o que eu sei... - Eu disse meio confusa.

– Parece que ele encontrou uma foto da menina com ele, e ainda tinha uns boatos... A foto foi a próva concreta para o que se parece.- Ela suspirou.

– .... - Não me senti a vontade com essa história, algo parecia... errado.

– Vamos parar essa briga antes que eles se matem! - Wendy disse preocupada.

– Mas ai nós é que vamos morrer... - Lucy disse.

– Não ligo! Vamos -- Ela foi interrompida pelos gritos de David.

– MARCO! JÁ DISSE QUE EU NÃO ESTOU FICANDO COM A LÁRA! - Ele gritava para o garoto a sua frente.

– CALE A BOCA! EU VI!

– VOCÊ ESTA SE PRECIPITANDO!

– CALE A BOCA!! - Não resisti, quando Marco estava prestes a dar um soco em David, corri e fiquei entre os dois. O garoto parou a mão alguns centímetros de meu rosto, o que fez David prender o ar.

– Pare com isso. - Eu disse.

– Olivia! Você não tem nada a ver com isso! - Não sabia como ele sabia meu nome, mas só sei que ele estava se metendo com meu irmão, e isso tinha a ver SIM comigo.

– Ele é meu irmão. Tem a ver comigo. - Eu disse curta e grossa. - David não está tendo nada com sua namorada.

– MENTIRA, EU SEI MUITO BEM O QUE EU VI-- Eu o interrompi.

– Você perguntou para ela?

– Como é? - Ele pareceu confuso.

– Você perguntou para ela? Falou sobre isso com sua namorada antes de cair na porrada com meu irmão?

– COMO SE ELA FOSSE ME FALAR A VERDADE! - Ele disse, novamente explodindo em raiva. Por que meninos são tão ruins em dialogar e adoram cair na porrada?

– Ela falaria. - Eu disse. - Se ela gostasse mesmo de você, ela falaria. - Eu dei um pequeno sorriso. - Meninas apaixonadas não conseguem mentir.

Isso pareceu deixar tanto ele quanto David surpresos. Que é? Eu também posso dar bons conselhos.

Aproveitei esse momento e peguei o pulso de David, levando-o para longe do pátio.

***********************************

Na enfermaria, eu limpava os machucados no rosto de David.

– Ai! - Ele gemeu - Pare, está doendo!

– Se você não tivesse entrado numa briga, não estaria doendo. - Disse, continuando a limpeza, ignorando os resmungos dele.

– Fiquei impressionado.

– Huh? Com o que?

– Com aquelas coisas que você falou - Ele sorriu - Livrou minha pele.

– Tsc, me agradeça direito.

– Obrigado.

– Bem melhor. - Eu falei, terminando de por os band-aid's . - Pronto.

– Obrigado de novo. - Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu no meio.

– Huh? O que você ia falar?

– Nada.

– Sei. Fala logo.

– Já disse que não é nada!

–... David.

–.... - Ele pareceu desistir, olhou para o chão e falou. - Só achei um pouco irônico, só isso.

– Irônico? - Eu perguntei sem entender.

– A pessoa que sempre cuidou dos seus machucados na infância esta sendo tratada por você. - Ele disse cabisbaixo.- Isso é irônico.

Senti um frio na barriga.

– De fato.

Não falamos mais nada.

Mudei de assunto rapidamente.

– Que história é essa de você estar ficando com a namorada dele? - Ele me olhou mais aliviado pelo clima ter mudado e disse:

– Também não sei. - Ele falou com sinceridade.- Ouvi falar de uma tal foto, disse que era mentira, mas ele não acreditava.

– Quando foi a última vez que você viu ou falou com a garota?

– Foi hoje de manhã. - Ele disse - Mas não fizemos nada, ela só me pediu para ajuda-la a encontrar a sala de informática. E eu a ajudei, é claro.

– ... - Ela sentiu os pelos da nuca se arrepiarem, ela tinha um mal presentimento.

************************************

Saiu da enfermaria acompanhada de David, indo em direção à sala de música.

Chegou ao local, e se deparou com uma sala consideravelmente grande. Alguns instrumentos estavam espalhados pelo lugar, podia-se ver um piano no fundo, alguns violões e flautas perto da parede, uma coleção de triangulos grudados na parede entre outros.

Wendy e Alez estavam sentadas nas cadeiras, enquanto Lucy e Lyon estavams entados em sua frente, virados para elas, como se fossem um palco e elas o público.

– Ah! Estávamos esperando vocês! - Lyon disse.

– To pensando em um nome para a gente. - Lucy disse, pensativa. - Que tal... L & L?

– Doble L! - Wendy ofereceu.

– Haha, não sejam tão apressados!- Alex ria

David sentou em uma das cadeira e eu me sentei ao aldo dele, atrás de Wendy e na diagonal de Alex.

– Pois bem, podemos começar! - Lucy anunciou - Olivia, me dê as partituras.
Abria a bolsa e vasculhei lá dentro.

Caderno, apostila, estojo, mini-guarda-chuva,... Ué?

Uma pequena crise de pânico acendeu em mim me deixando nervosa, me fazendo vasculhar mais ferozmente.

Depois de tirar quase tudo da bolsa, não achei.

Não havia nada.

– Olivia? - Wendy disse preocupada, tremi um pouco ao virar e ver que todos me olhavam.

– E-eu... Eu não... Ela não está... - Lucy, parecendo entender o que eu dizia, foi em minha direção e se agachou na frente da bolsa, vasculhando-a.

Após um tempo, ela desistiu.

– Sumiram. - Ela disse.

– Lucy! Eu juro que não tirei daí! - Eu estava nervosa demais, a culpa era minha, eu perdi as folhas! - A culpa é minha...

Lyon andou em minha direção e pôs a mão em meu ombro.

– Não se preocupe Olivia. - Ele disse - Sabemos que não tirou da bolsa.

–.. Sabem?

– Claro que sabemos! - Lucy disse - Você não as perdeu de propósito! Não faz mal.

– Mas... a música... o comercial...

– Não se preocupe - Lyon sorriu. - Vamos dar um jeito nisso.

– Exato, como poderiamos nos auto-entitular profissonais se nem pudessemos criar uma música em cima da hora? - Lucy disse, por alguma razão, isso fez meu astral aumentar.

– Eu vou procurar! Procurar por toda a escola! Deixem comigo! - Me levantei, pegando minha bolsa. Ao levantar, ouvi Wendy se pronunciar.

– Oh, Olivia. Tem uns pedacinhos de papel saindo do bolso da frente da sua mochila... - Wendy disse, enquanto abria o bolso.

Ao fazer isso, milhões de pedaços rasgados de papeis sairam do bolso, caindo no cão e sujando a sala.

– ! - Não sabia que tinha isso ai.

– Isso é...? - Lucy pegou os pedaços de papel e arregalou os olhos.

– Lucy? - Lyon perguntou - O que foi?

– A música...

– O que? - Lyon se aproximou de Lucy e pegou os papéis, e do mesmo jeito, mostrou uma cara surpresa. - Essa é... a nossa música.

– O que!? - Eu me assustei, logo Wendy e David tambem pegavam os papéis. Eu me abaixei e vi... de fato, era uma folha de partitura.

– Olivia... você fez isso? - Lucy parecia chocada.

– N-não e-eu... - Todos da sala me olhavam, mas seus olhavam mostravam surpresa, dúvida, confusão e principalmente... decepção.

Recuei lentamente, sentia o pesar dos olhos deles, a tensão da sala, eles nunca haviam me olhado assim. Não aguentando isso e sentindo vontade de chorar, corri para fora da sala.

A última coisa que vi foi o sorriso vitórioso de Alex.

*******************

Estava no lado de fora da escola, agachada segurando os joelhos encostada em uma parede.

Era o mesmo lugar que Alex havia dito seus sentimentos por Lyon, o lugar onde derramei lágrimas pela derrota.

E cá estava eu novamente, me sentindo inútil e derrotada e com vontade de chorar.

Parecia que o dia havia mudado de acordo com meu humor, a alguma hora ele estava limpo e claro mas agora estava acinzentado e escuro,... o que só piorava as coisas.

Não estava assim pela trapaça de Alex (pelo sorriso que ela deu, estava óbvio que tinha mão dela nisso), mas sim por ter aqueles olhares parar mim vindo de meus preciosos amigos.

Olhos de decepção.

Abaixei a cabeça entre os joelhos. Já havia se passado vinte minutos desde que corri da sala, abandonando-os, acho que isso só piorou mais as coisas, como se eu fosse uma criminosa tentando fugir dos pecados de seus crimes.

Após algúns minutos, pude ouvir passos na grama. Alguém havia se aproximado ficando em minha frente. A pior pessoa possível,

Alexssandra.

– Imaginei que estivesse aqui. - Ela sorria.

– ... - Levantei de vagar até ficar cara-a-cara com ela.

– Não vai dizer nada? Aquilo que você fez com Lucy e os outros foi terrivel! - Ela disse de maneira dramatica. - Você é uma menina tão mááá!

– .... Alex, pare com esse teatro, eu sei que foi você.

– O que?? Como você ousa falar isso de mim! Como você... - Ela parou no meio da frase e levou a mãos à boca. Estava contendo um riso.

– HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA Desculpe Olivia! HAHAHAHA - Ela gargalhou - Não posso continuar com isso! HAHAHAHA

Aos poucos, ela parou de rir e recuperou o ar.

– Ai ai, desculpe rir assim, mas foi tão fácil que chega á ser.. Pffffff.... Engraçado! Hahaha

– Por que você fez isso? - Eu perguntei séria.

– Por que?

– Sim, isso não teve nada a ver com ganhar o amor de Lyon, você só o prejudicou e prejudicou a Lucy. - Eu disse - O que vai ganhar com isso?

– O que eu ganho? - Ela se aproximou - Ganho que fiz você senti isso.

– Sentir?

– Sim, sentir o que é não ter o que você tanto deseja. - Ela disse - A lealdade de seus amigos.

– ... - Ela voltou a rir

– Hahaha Mas sério! Você devia ter visto a sua cara! Parecia um cachorrinho! Tremendo e assustado! Hahahaha Mas o que mais me impressiona foi como eles caíram tão facilmente!

– ...Como assim.?

– Sabe, quando você estava na aula de educação física eu fui até a sala para pegar os papéis, mas precisava rasga-los num lugar mais privado. Fui para o banheiro e fiz o serviço, mas quando voltei para guarda-los em sua bolsa a sua aula ja estava acabando. Então tive que criar uma distração.

– Dis...tração?

– Sim, como uma briga idiota entre dois garotos. - Ela riu mais um pouco - Sério, foi só mostrar uma foto inocente que peguei de uma das garotas da classe 1-A e dar para o menino dizendo que sua namorada estava traindo-lhe e BOOM! Distração feita! - Ela fez movimentos com as mãos simulando uma explosão. - Deu o tempo certinho de colocar tudo na sua bolsa enquanto a sala estava vazia por que os alunos assistiam a briga!

– Você fez tudo isso só para os meus amigos se decepcionarem comigo??

– Sim, mas o mais engraçado é o como eles são burros. Seu irmão caíu tão facilmente! Hahaha E aquelas duas, Lucy e Wendy, dizem serem suas melhores amigas mas olharam para você como se tivesse matado alguém lá dentro! Hahaha Sinceramente, as vezes sinto que estou cercada de pessoas idiotas que não servem para nada , a não ser serem controladas por ---

Um grande estalo foi ouvido ecoando pelo local, a forma vermelha de minha mão estava agora, marcada contra o belo rosto de Alex.

Alexssandra levou a mão trêmula até onde a marca do meu tapa estava, em choque.

– Você pode disser o que quiser de mim, pode me diminuir, me chamar de feia, idiota, ridícula, vadia, ou qualquer coisa do tipo. - Comecei. - Mas nunca, NUNCA, fale mal dos meus amigos.

A expressão chocada de Alex foi sumindo aos poncos, se tornando uma expressão de raiva e odio.

– Sua... Vadia..! - Ela levantou a mão para desferir um tapa em mim quando uma outra mão agarrou seu pulso, parando a ação.

– Me desculpe. - Lyon disse, segurando o braço de Alex. - Mas poderia não encostar suas mãos nas coisas que são importantes para mim?

– LYON! - Alex (tanto quanto eu) se assustou pela repentina aparição. Mas logo, a surpresa foi subistituída por grandes olhos pidões. - Lyon! Você não viu! Olivia me bateu! Ela me deu um tapa! Veja a marca! Me ajude! Ela é uma pessoa horrivel, Lyon!

Estava prestes a me explicar, não queria ficar pior ainda com Lyon, mas ele falou antes.

– Sim, eu vi. - Ele disse.- Eu vi tudinho.

– Como é ... - Alex se assutou. - L-Lyon, até que parte você ouviu??

– Mais que suficiente.

– É-É tudo um mal entendido! Eu estava dizendo essas coisas para fazer ela se sentir melhor! Por que se ela pensasse que eu era a culpada de tudo, iria sentir menos peso! Foi tudo mentira!

– Oh, eu acho que não! - Lucy estava encostada na parede junto de Wendy e David.- Nós temos provas!

– O que?

– Uma testemunha na verdade. - Lucy disse e uma pessoa apareceu , ficando ao lado dela. Era Hideki.

– Você... o presidente do conselho... - Ela disse, ainda assutada.

– Sim, ele disse que esbarrou com uma garota de rabo-de-cavalo no corredor que derrubou várias folhas, e quando ele as viu, ele reconheceu na hora as partituras. E foi direto falar comigo - Lucy sorriu como se fosse uma detetive explicando os detalhes do crime.

– Mas... como ele sabia que eram as partitúras da sua música? - Eu perguntei

–Foi por que ele foi a primeira pessoa para quem eu mostrei. Hideki é muito bom com poesia e composição, então tive uma ajuda dele para o entoamento e as palavras da letra.

– Achei muito estranho essa garota estar levando as folhas de Lucy, mas eu só entendi finalmente o que aconteceu com ajuda de minha irmã - Hideki disse, do mesmo jeito monótono de sempre.

– Tay? Como ela ajudou? - Foi a vez de Wendy perguntar.

– Ela veio até mim logo depois do desenrolar da briga entre os garotos.

~FlasBack~

'' Tay, aonde você estava? - Eu perguntei, essa garota sempre some da minha vista.

– Eu estava vendo a briga, óbvio! - Ela disse do mesmo jeito teimoso de sempre- Acho tão engraçado pessoas idiotas fazendo coisas idiotas por motivos idiotas.

– Não importa, vamos logo voltar para a sala. - Andamos pelos corredores em um silêncio agradavel, mas Tay o quebrou.

– Ah, isso me lembra! - Ela disse subtamente, lembrando de algo.- Eu vi uma coisa estranha no banheiro feminino hoje.

– No banheiro?

– Sim, logo após a Educação Física acabar, eu fui ao banheiro para lavar o rosto e ouvi barulhos de papel sendo rasgados.- Ela falou - Inicialmente achei que eram de papel higienico, mas ele é muito mole para fazer barulhos tão agressivos.

Senti algo iluminar em minha mente, uma pequena suspeita.

– Você conseguiu ver quem era?

– Na hora não, mas quando eu sai de lá, logo depois de mim saiu aquela modelinho lá.

– Modelo... não é?''

~FlashBack~

– Em visto a situação, foi facil associar e criar uma suspeita sobre isso. - Hideki disse, após terminar, Alex olhava para todos assutada.

– Vocês...

– Você é uma pessoa horrivel. - Para a surpresa de todos, a dona da voz era Wendy.- Você mentiu para todos nós, fez coisas horriveis a Olivia, odeios quem maltrata meus amigos. Odeio,odeio,odeio,odeio,odeio,odeio,odeio,odeio,odeio...

–Wendy! Até você!? Vão mesmo acreditar nessa coisa absurda!?

– Acabou Alex. - Lyon disse, pondo a mão no ombro dela. Ela encarou ele e se segurou em sua blusa.

– LYON! EU FIZ ISSO POR VOCÊ! POR QUE EU GOSTO DE VOCÊ! EU AMO VOCÊ!

Lyon suspirou de forma cansada e disse:

– Você não gosta de mim, nem me ama. Você só queria algo para aliviar sua dor.

– Minha... dor?

– Passamos pelas mesmas coisas, fomos abandonados por nossos pais. Você e sua mãe fugiram, e você não conseguiu aguentar. Apenas me usou como desculpa para conseguir amor. E usou Olivia como desculpa para estravassar sua raiva.

Ela parou, olhou para o chão, os olhos cobertos pela franja.

– Não. - Ela disse quase que num sussurro. - Não tem nada a ver. NÃO LIGO PARA O MEU PAI! ELE QUE MORRA! MINHA MÃE É UMA VAGABUNDA QUE NÃO FAZ NADA ! NÃO LIGO PARA MINHA FAMILIA! QUERIA TER NASCIDO EM OUTRA FAMILIA, UMA FAMILIA DESCENTE! UMA FAMILIA QUE ME MEREÇA COMO FILHA! NÃO ELES!

Ela continuou a gritar e a gritar, Lyon nada fez além de observar.

Lágrimas começaram a se formar em seus olhos, não sei se eram de tristeza, frustação, raiva ou arrependimento.

– NÃO LIGO... PARA ELES. EU CONSIGO TUDO QUE EU QUERO. É POR ISSO QUE FIZ ISSO, FOI POR MIM, NÃO POR ELES. EU ODEIO ELES!

Com isso, Alexssandra empurrou Lyon e correu para longe, sumindo de vista.

Lyon se aproximou de mim e acariciou minha cabeça.

– Caramba, você esta bem? Essa foi por pouco... - Ele se abaixou para ficar da mesma altura que eu e olhar nos meus olhos. - Você está bem?

–... Sim... - Senti meus olhos encherem de água, por alívio talvez, por tristeza... ou por felicidade. Por ele não estar olhando nos meus olhos daquela maneira, mas sim dessa maneira, como sempre olhou.

Essa seria a hora em que a heroina de filmes e mangás romanticos beija seu amado príncipe que a salvou. Me sinto uma heroina de filme, e ele me salvou,... Mas por que não consigo.

Queria realmente beija-lo, agradece-lo, mostrar minha felicidade. Mas me falta coragem.

''Ainda sou fraca''–pensei.

Abaixei a cabeça. Peguei meu dedo indicador e o do meio e os levei á boca, onde os beijei.

– Olivia...? - Lyon disse, não entendo o gesto. Antes de ele voltar a falar, levei os mesmos dedos e os levei até a sua boca, tocando em seus lábios.

''Um beijo indireto'' pensei '' Vai ter que servir''

Levantei a cabeça com vergonha, mas quando olhei para o rosto de Lyon, estava completamente vermelho e surpreso.

– Obrigada - Eu disse por fim, sorrindo.

–Oliviaaaa- David correu e me abraçou apertado. - Eu SEMPRE acreditei em você Olivia! Nunca deixei de acreditar!

– Ei! Você foi tão culpado quanto a gente! - Wendy disse.

– Não me adicione a vocês, pessoas horriveis e infiéis! Eu sempre acreditei. - David dizia , tentando me convencer.

– De qualquer maneira, Olivia... - Os três (Lucy, David e Wendy) olharam para mim. - Nos desculpe.

–... Não. - Eu disse.

– O QUE????? - Eles gritaram.

– Mas... posso pensar no assunto,.... se vocês me pagarem um sorvete.

– SIM! PAGAMOS!

–...... Um picolé da Magnum!

– .................sim,... pagamos... - Eles diziam desanimados, não posso culpa-los, custa entre 6 á 9 reais!

Eu ri, fazia tempo que não ria assim. Estar com eles deixa cada momento da minha vida melhor.

Acabamos o dia assim, conversando, tomando sorvete e nos divertindo. Lucy desistiu do comercial e quando perguntei o porque, ela disser que queria ser detetive e que se dane a Tv. Wendy pediu desculpas umas 12 vezes só hoje e David ficava colado em mim como um chiclete. Lyon estava quieto e pensativo, mas quando eu olhava para ele, ele sorria carinhosamente.

Por alguma razão, me sinto triste por Alex, não sei se ela fez isso por ser realmente assim, ou por haver um motivo mais profundo que isso. E pelo jeito nunca iremos saber.

Cheguei ao meu quarto após o dia cheio, sentei em minha escrivaninha e suspirei. Deixei a caneta passar pelo papel, contando como o dia havia sido e sobre os acontecimentos recentes que senti que me fizeram crescer um pouco.

Selei a carta e a enviei ao destinatário. Sem nunca saber se ela realmente chegaria a suas mãos.