She'd Fly escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 22
Capítulo 21 — Imponente, mas não o bastante.


Notas iniciais do capítulo

Seguinte: Eu amo vocês e vocês são as melhores do mundo todo, ok? Me amem de volta também e distribuam seu amor nesse capítulo (e no próximo narrado pelo Edward que é o último). Lembrem-se de que eu vim postar dentro do prazo e que eu sou uma pessoa muito boa que adorou escrever SDF e, então, decidiu postar! Por favor, não esqueçam disso, HAUSHAUSHAU. Enfim, bom capítulo pra vocês, espero que comentem! E sejam bonzinhos também, sim? *corações*.
Venho postar semana que vem! Sem falta, ok? Beijos!



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Abril de 2013.

Edward.

Acordei-me antes de Bella que ressonava tranquilamente, o rosto enterrado em meu peito e a mão presa debaixo de seu rosto, formando um tipo de travesseiro. Eu queria poder adormecer sem me importar com nada também, mas achava que era pedir demais quando a sua preocupação estava dormindo em seus braços, mais encantadora do que deveria ser.

Quando eu a levei para a cama pela primeira vez em São Francisco de jeito algum planejava me envolver romanticamente. Só era sexo e pelo desapego que Bella demonstrou, após termos dormido juntos, ela também tinha conhecimento daquilo. Só que era impossível, ela fazia ser impossível manter um nível carnal de relacionamento — como eu fazia com Tanya — quando era tão… sorridente e doce daquele jeito. Talvez eu tivesse conseguido se nós já não houvéssemos namorado antes. Eu não sabia bem e era tarde demais para especulações.

Tudo bem, eu comecei a perceber que estava encrencado quando mandei que Tanya saísse da minha casa naquela noite. Porém é claro que ainda havia uma chance de conserto, afinal era só eu pedir para que ela viesse que Tanya viria com muita boa vontade. O problema em si era que eu não sentia vontade de continuar com a farsa por muito mais tempo, estava cansado de ter que aturá-la o tempo todo. A tarefa de transar com a mulher do Tenente Foxyn não era tão fácil como parecia, Tanya era incrivelmente impulsiva e infantil.

Ela era linda, é claro que era, e eu pensava que isso bastaria e me abstrairia da personalidade arrogante dela. Não o fez e em poucos dias depois me vi entediado toda vez que ela permanecia na minha cama por mais tempo do que o necessário.

Eu não estava dizendo que Bella não tinha defeitos, ela tinha e eu conseguia enxergá-los com facilidade, mas fazia um tempo que eu não tinha o direito de jogá-los para cima dela. E eles eram mais toleráveis e bobos. Eu já havia me acostumado com todos eles na infância e agora era muito mais simples. Bella também facilitava, e ultimamente ela estava sendo a melhor pessoa de conviver.

Abaixei o meu rosto e rocei meus lábios em sua testa, puxando a sua cintura inconscientemente para mais perto. Por ela, eu sairia mil vezes do Esquema. Sem ligar para as consequências que eram piores do que qualquer pessoa normal pudesse ser capaz de imaginar. Como se não bastasse, ficava pior a cada vez que alguém desgarrado dizia que queria sair.

Bella suspirou sonolentamente e eu enterrei meu rosto nos seus cabelos longos e espessos que estavam cheirando ao meu xampu mais uma vez. Deslizei minha mão por suas costas macias e reprimi a vontade de desabotoar o fecho de seu sutiã, contentando-me em infiltrar minha mão por dentro dele. Sua pele foi receptiva e se arrepiou sob o meu toque, incentivando-me a continuar. Ela sempre o fazia.

Ela suspirou. Daquela vez, eu tinha certeza de que estava acordada, seus dedos apertaram a pele de minhas costas e ela se juntou mais ainda ao meu corpo.

— Se você continuar a suspirar desse jeito, o meu autocontrole vai para o espaço.

— Ele costumava ser mais resistente. — Sussurrou com a voz rouca.

Costumava.

Trouxe-a para mais perto e afundei meu rosto em seu pescoço, roçando meus lábios na sua pele sensível.

— Se isso te desanima, eu ainda não escovei os dentes.

— Você quer que eu desanime?

— Só enquanto eu vou escovar os dentes.

Eu relutei por um tempo em deixá-la se soltar de meu aperto e Bella, por sua vez, não parecia nada disposta a sair de meu abraço, depositando beijos em meu ombro. Levantei-me após conseguir o máximo de controle possível porque os tremores de Bella em meus braços estavam me tirando do sério de verdade.

— Ah, céus! — Ela exclamou assim que se viu no espelho. Logo em seguida, escondeu o rosto entre as mãos, olhando-se por entre as fendas dos dedos. — Meu cabelo está parecendo um amontoado de algas marinhas!

Na verdade, só estava um pouco bagunçado e não me parecia ter nada de errado. Não a falei isso porque estava escovando os dentes e tudo que eu podia fazer era rir de sua expressão horrorizada para o espelho. Suspirando com pesar e desgosto, Bella prendeu seu cabelo em um coque solto e pegou a sua escova que havia se mudado para a suíte do meu quarto no dia anterior assim como a sua dona que eu não deixaria dormir em uma cama que não fosse a minha.

Eu já tinha terminado de escovar os dentes quando me encostei casualmente e observei com verdadeiro interesse a parte de trás do corpo de Bella. Foi somente quando notei as recentes marcas avermelhadas em sua cintura. De dedos apertados demais. Os meus.

— Eu machuquei você? — Perguntei quando ela enxugou o rosto em uma toalha e se virou para mim, um sorriso já malicioso cintilando em seus lábios que estavam inchados e avermelhados.

— Onde? — Bella franziu o cenho.

— Na cintura. — Eu a toquei para mostrá-la. — Você precisa me dizer quando eu a estiver machucando, Bella. Eu não consigo adivinhar ou ler os seus pensamentos.

— Você não me machucou. Essas são apenas as desvantagens de ter uma pele clara demais, não se preocupe.

— Tem certeza?

— Eu pareci não ter gostado de alguma coisa ontem, Edward? — Indagou e seus olhos atingiram o nível mais elevado de impetuosidade que poderia.

Bella parecia tão certa, madura e voluptuosa que, contrariando a minha preocupação de outrora, agarrei seu rosto em minhas duas mãos e a beijei. Por ter bons trinta centímetros a menos que eu, ela se esforçou para ficar nas pontas dos pés até eu a pegar em meus braços e a apoiar na parede, sentindo suas pernas se fecharem ao redor de minha cintura. Tentei afrouxar minhas mãos em sua cintura, mas quando o fiz, Bella gemeu desgostosamente contra os meus lábios e se inclinou mais ainda para frente.

Ela afastou os seus lábios dos meus, arfando. Eu não sabia como somente a respiração desregular dela me excitava, só sabia que o fazia e que, em represália pelo desejo incontrolável que me causava, os meus beijos em seu colo foram desordenados. Sua pulsação estava acelerada e eu não queria nunca e nem em hipótese nenhuma me desgrudar dela naquele momento quando…

A campainha tocou. A droga da campainha tocou.

— Finja que não tem ninguém em casa. — Sussurrei a ela, infiltrando a minha mão na parte de trás de sua calcinha, sentindo a sua pele maciça na palma de minha mão.

Não tinha condições de eu ir atender a porta, não tinha mesmo.

— Agente Edward! — Eu conhecia aquela voz e parei de cheirar o pescoço longo de Bella por causa disso. — É o Tenente Foxyn!

— Porra. — Sussurrei.

— Não tem problema. — Bella deslizou as unhas por dentro de meu cabelo até estacionar o seu avanço em minha nuca. — Tenho certeza de que ele vai embora em breve e então continuaremos de onde paramos. — Ela beijou o meu maxilar e soltou as pernas de minha cintura.

— Fique dentro do quarto, sim? Volto em um instante.

Beijei a sua testa com força antes de respirar fundo.

O Tenente Foxyn estava de terno — o que era uma surpresa uma vez que ele só usava terno quando era alguma festa ou algum evento que exigia algo mais sério. Um dia ele havia me dito que odiava usar terno no clima de São Francisco, era uma coisa totalmente incoerente. Quase não aguentava o calor. Pela primeira vez em minha vida, me senti verdadeiramente culpado por ter transado com a esposa dele só por causa de um maldito Esquema que colocava dinheiro em minha conta. Enxergando as coisas daquele jeito soava muito pior.

Ele era um cara legal e, se não fosse por sua rotina corrida e atarefada, poderíamos ser amigos.

— Edward, meu caro! — Ele exclamou.

— Tenente. — Cumprimentei. — Entre, por favor.

— Como você está? Soube que levou dois tiros… — Ele olhou para o meu braço e para o meu ombro, todos os dois estavam cobertos pela camisa que eu colocara antes de sair do quarto. — Estou surpreso que não tenha nenhum conhecimento de quem fez isso.

— Como poderia? Temos muito inimigos andando soltos por aí.

— É verdade. — Refletiu ele e se sentou no sofá menor. — Mas você vai se recuperar logo, sempre foi um cara durão.

Eu sorri.

— E sua namorada? Como ela está?

Eu sabia que as notícias corriam rapidamente dentro da Academia de Policiais, mas aquela voara. Não fazia sequer uma semana que Bella e eu estávamos namorando e até o Tenente sabia! Eu não me sentia exatamente confortável com a situação e sem dúvida alguma teria desviado do assunto se o Tenente Foxyn não me fosse confiável.

— Ela é durona também. — Eu disse orgulhosamente.

— Você é um cara de sorte! A Tanya passa longe de ser durona. — Lamentou-se.

Thomas Foxyn tinha seus trinta e tantos anos e havia se casado com uma garota de vinte anos. E, apesar de ser jovem e bonito, sabia bem que o casamento deles não era baseado com o de todos os outros. Tanya só estava com ele por causa do dinheiro e ele só estava com Tanya por causa da beleza dela. Era uma troca amistosa e que favorecia os dois lados. Ou ele queria acreditar nisso.

— Então… você queria falar comigo?

Quando eu estava no hospital um policial que também trabalhava na Academia de Policiais tinha ido lá para me informar que eu estava de licença por duas semanas devido aos ferimentos e essas coisas. Então eu pedi para que ele informasse ao Tenente Foxyn e somente a ele que eu desejava conversar com ele por celular, e-mail ou qualquer coisa que servisse.

— Sim. Quero pedir transferência para a Academia de Policiais que fica em Seattle.

Ele franziu o cenho, confuso.

— Edward, tem alguma coisa lhe ameaçando a ficar aqui? Veja só, você leva dois tiros e em seguida pede transferência? Você sabe que posso trabalhar junto com o Tenente Mason e resolver qualquer coisa… Isso já aconteceu antes, tudo foi descoberto e ficou bem.

A oferta seria ótima se o maldito Tenente Mason não estivesse ameaçando dar fim a minha vida e a de Bella.

— Não, esses tiros só foram a confirmação necessária. — Disse calmamente. — Quero ir para Seattle desde o começo do ano.

Ele suspirou.

— É por causa da transferência do Agente McCarty?

— O Emmett vai ser transferido?

— Pensei que você já soubesse, Edward. — Ele franziu o cenho. — Ele vai para Seattle, a equipe de lá teve uma baixa devido a um atentado dentro da sede… Estão precisando de gente.

— Isso me parece ser incrivelmente oportuno… Eu poderia ir também.

— Você é um membro crucial de nossa equipe. — Murmurou ele. — Eu sinceramente não consigo ver outra pessoa para colocar no seu lugar.

— Existem Policiais que dariam ótimos Agentes. — Retruquei. — O garoto Biers é esperto, centrado e competente.

O Tenente Foxyn suspirou pesadamente, não tinha mais nenhum argumento para utilizar.

— Você quer ir muito para Seattle, não é, Edward? Está certo disso?

Eu assenti.

— Você consegue arrumar suas coisas até semana que vem?

— Semana que vem soa ótimo para mim.

Ele foi embora depois de prometer que tomaria conta da minha transferência por si mesmo. Depois, como se tivesse a remota possibilidade de ser meu pai, disse que eu era um bom garoto e queria tudo desse certo para mim e para minha namorada a qual queria ser apresentado quando a próxima oportunidade aparecesse.

Antes de ir para o quarto tomei o remédio para dor já que todo o lado direito de meu corpo doía e, ao abrir a geladeira para pegar a garrafa de água, notei que estava com fome e que já eram duas horas da tarde. Imaginei que Bella também estivesse faminta e quisesse ir para a lanchonete que tinha do outro lado da rua já que o armário estava mais uma vez a beira da falência. Eu tinha de prestar mais atenção nisso…

Bella, por sua vez, estava deitada na minha cama, o cabelo espalhado pelo travesseiro que dividíamos e o corpo encolhido debaixo do edredom. Ela estava acordada e sorridente quando me joguei ao seu lado, puxando-a para perto de mim. Talvez eu devesse mesmo diminuir o ar-condicionado…

— Eu sou durona, é? — Ela sorriu, e mordeu levemente o lábio inferior.

Eu a beijei e sorri em seus lábios.

— O que você acha de comer aquele hambúrguer que eu prometi outro dia? Estou faminto.

Bella assentiu.

Ela era uma boa garota para conversar e passar um tempo sem fazer nada, tudo ficava extremamente confortável quando o silêncio aparecia mais uma vez e, de vez em quando, ela apenas se inclinava para frente e me beijava. Foi naquela hora que percebi o quanto fui irracional e estúpido ao deixar Seattle. Foi uma percepção mais intensa por causa do risco que eu sabia que corríamos.

Se eu não tivesse vindo para a Califórnia, nada estaria desse jeito. Estaria tudo a mil maravilhas e Bella talvez nem tivesse perdido o bebê.

Eu não sabia o porquê de estar pensando aquilo outra vez, mas o arrependimento esmagador que senti dentro de mim foi real. E tornou-se ainda mais insuportável quando abaixei meus olhos do rosto corado dela e me deparei com o pulso direito dela. Eu nunca a teria deixado fazer aquilo se estivesse com ela, eu nunca deixaria que ela ficasse tão triste a ponto de tentar se suicidar três malditas vezes.

Fui um maldito filho da mãe no último dia em que a vi em Seattle, desapegado demais, idiota demais com a garota por quem eu faria tudo, exceto ficar. Eu sabia, eu podia ver que a minha presença estava a machucando, mas é claro que a superestimei ao achar que o seu machucado era temporário. Bella era mais frágil do que aparentava ser e ficou pior quando se descobriu grávida — eu até podia imaginar.

— No que você está pensando? — Indagou, deixando o seu copo de refrigerante de lado para estender a mão e tocar o meu rosto.

Seus dedos estavam úmidos e macios.

Eu não sabia como podia amá-la tanto.

— Eu estou pensando que… — Pressionei a palma de sua mão em meu rosto e depois a peguei, beijando o centro dela. Bella tinha cócegas e logo riu, encolhendo-a. — Talvez devêssemos ir para casa.

— Não sei como nossos pensamentos podem ser tão iguais. — Ela sorriu.

Emmett e Rosalie estavam saindo do carro quando abrimos a porta da casa para entrarmos e eu gemi de descontentamento quando os avistei.

— E aí, Peito de Aço! — Emmett exclamou.

Eles iam se mudar ainda aquela semana e ficaram surpresos quando falei que também seria transferido. Mas Emmett não era tão bobo quanto parecia, ele só ligou um mais um para perceber que tinha algo de errado com a minha transferência. Ele sabia que o meu nome não estava na lista de selecionados, sabia também que, agora que Bella estava aqui, eu não precisava ir para canto nenhum. Foi por sua esperteza que ele entrou no grupo de Operações Especiais e eu detestei-a naquela hora.

Ele deixou as garotas conversando na sala e apontou para a cozinha.

— Em o que diabos você se meteu, Edward? — Perguntou.

Emmett apoiou a mão no balcão e de imediato a tirou, franzindo o cenho.

— O que foi? — Indaguei.

Ele ergueu um dedo em um sinal que era para eu ficar em silêncio se abaixou, procurando algo embaixo de um pedaço grande de mármore que sobrava. Ele pareceu incrédulo ao levantar um aparelho preto, retangular e pequeno entre os dedos para me mostrar. Eu sabia bem até demais o que aquela merda era: Uma escuta que transmitia até o mais baixo dos sons.

Ele ergueu mais uma vez o dedo e mexeu o rosto em direção à porta. Ele estava querendo dizer que não era seguro falar nada aqui dentro.

Eu planejava dizer a ele que o Tenente Foxyn simplesmente achou melhor me colocar na equipe que iria para Seattle, mas qualquer desculpa que eu inventasse agora iria soar exatamente como eu não queria: mentira. Na verdade, eu estava furioso demais para pensar em alguma porcaria para falar, estava furioso pela falta de privacidade em minha própria casa!

O engraçado é que eu fui malditamente cego. Veja bem, John nunca saiu de minhas vistas quando esteve em minha casa e ninguém poderia ter invadido-a sem quebrar, no mínimo, o vidro de uma das janelas. Mas Tanya por outro lado teve todas as oportunidades possíveis para colocar as drogas de escutas em minha casa. Eu a deixei zanzar de um lado para o outro, até deixei-a sozinha quando tive de ir atrás de Bella!

Eu sabia também que Tanya não trabalhava. Ela não tinha uma faculdade de Enfermagem ou Medicina, ela nunca cursara nada e vivia do dinheiro do Tenente Foxyn. Era impossível que estivesse no mesmo hospital que fui com Bella quando a casa pegou fogo. E eu bem me lembrava de que ela não era apenas uma visitante, estava vestida com um jaleco e o cabelo longo estava preso em um coque.

Quase me bati por ser tão burro. Era fácil demais dar uma descarga elétrica num abajur e era uma maldita coincidência que ela trabalhasse no mesmo hospital que fui. Eu não sabia o porquê de nunca ter pensado tão coerentemente.

— Converse com Rosalie e Bella. — Ele disse. — Vou procurar os potinhos.

A verdade era que eu estava colérico demais para pensar em me introduzir em uma conversa, por isso passei direito pela sala e fui até a varanda, tentando tomar um pouco de ar. Se tivesse alguma droga de escuta no meu quarto, eu provavelmente iria explodir de tanta a raiva. A possibilidade já me irritava bastante. Quero dizer, que tipo de maluco colocava uma escuta no quarto de uma pessoa? O que mais me irritava era a possibilidade de eles terem escutado os gemidos de Bella — uma coisa que só eu deveria fazer e tinha a autorização.

Andei de um lado para o outro na varanda, sentindo o vento que costumava correr de tarde por ali tentar me acalmar. Em vão. Eu só me acalmaria quando apertasse o pescoço do responsável pelas escutas.

Antes mesmo de Emmett voltar com mais três potinhos e me mostrar silenciosamente, eu já sabia que tinha escutas no banheiro e no quarto. Eu levei os dois tiros porque ousei contar para Bella, dentro da banheira, que tinha me metido em coisas pesadas. E, então, a proposta faceta de fugirmos.

Para não haver nenhuma suspeita — e eu não sabia como ele podia ser tão esperto sem saber de tantas coisas —, ele recolocou as escutas nos mesmos lugares e voltou para o terraço, checando mais uma vez Rosalie e Bella que ainda estavam conversando. Mas a minha garota sabia que tinha algo de errado e o olhar cujo ela mandou por apenas dois segundos dizia que queria saber depois de tudo.

— Eu e Edward vamos comprar sorvete por aqui perto, tudo bem? Já voltamos…

— Eu quero de morango. — Rosalie disse.

— Eu também.

— Certo.

Enquanto caminhávamos pela rua, Emmett me olhou com o cenho franzido, esperando que eu contasse logo. Não me deixaria em paz enquanto eu não o fizesse. Eu, por outro lado, não sabia se estava aliviado ou irritado com a insistência.

— O Tenente Mason que mandou me matar. — Murmurei, enfiando minhas mãos dentro dos bolsos da calça jeans e olhando para baixo. — Ele tem um grupo que vigia informações e desvia dinheiro. Eu só vigiava informações que fossem importantes e o dizia… — Engoli em seco. — E eu transava com Tanya Foxyn para tentar saber mais informações sobre os planos do marido dela… ou eu pensava que era assim… Ela quem arrancava informações de mim.

Ele ficou em silêncio e eu continuei olhando para frente. Apostava que a expressão dele estava em níveis altos de horror e talvez repulsa. Eu não precisava do nojo de mais ninguém, o meu já era o suficiente.

— E por que ele mandou atirarem em você?

— Eu estava tentando me reaproximar de Bella… então Tanya apareceu em minha casa e simplesmente mandou que Bella saísse porque não gostava daquela situação. — Eu bufei. — Eu ainda não tinha chegado do trabalho… Quando cheguei, eu… eu acabei me descontrolando e disse que ela deveria sair. — Resolvi omitir algumas coisas, Emmett não precisava saber de todos os detalhes sórdidos, não era? — Ela ficou revoltada e as coisas começaram a piorar a partir daquele dia…

— Não entendo onde Tanya se encaixa nisso tudo.

— Eu tinha de ter um relacionamento exclusivamente com ela, mas comecei a me aproximar de Bella, então tudo aconteceu rápido demais. De repente, eu comecei a me apaixonar de novo por ela e sequer me importei com Tanya. Desde o dia em que ela apareceu em minha casa do nada, não tínhamos nos falado. Então, é claro, o Tenente Mason ficou sabendo que eu não tinha mais nada com Tanya e me chamou a sua sala. — Eu parei, franzindo o cenho e suspirando.

Era tudo culpa de John e de Tanya. Aqueles malditos.

— Ele tinha fotos de Bella e eu na sua mesa, Emmett! Até propôs dar um jeito nela… por mim! — Agora que eu podia falar para alguém, minha revolta era infinitamente maior. A ideia de alguém fazendo mal a Bella me encolerizava de tal modo que… eu não conseguia nem pensar com coerência. — Eu disse que queria sair mesmo sabendo que todos os outros que saíram nunca mais apareceram.

Finalmente o olhei. Ele não estava com o rosto enojado ou qualquer outra coisa que eu tinha imaginado. Ele estava pensativo, o cenho franzido e a boca crispada. Se ele começasse a dizer que eu era um idiota, eu não me importaria. Era a mais pura verdade. Fui infinitamente idiota.

— Você fez tudo errado, Edward.

— Eu sei.

— Não, você deveria ter dito que queria ser transferido para Seattle. Você foi muito impulsivo em pedir para sair… Deveria ter concordado com o que ele falasse e depois pediria para ir a Seattle ao Tenente Foxyn. Eles estariam ocupados demais para dar conta disso… e você e Bella estariam bem. — Ele parou e virou-se para mim, a acusação muda brilhando em seus olhos. — Ela sabe disso?

— Eu sei que posso ser um filho da mãe de vez em quando, mas, sinceramente, Emmett… eu não a puxaria para uma coisa sem que ela soubesse no que estava se metendo. — Murmurei. — Bella sabe disso, falei a ela antes de pedi-la em namoro de novo.

— Ah! Então vocês estão namorando, é? — Sua voz era sarcástica e com um toque de orgulho.

Eu quase podia sentir a vontade que ele tinha de gritar que já sabia que isso iria acontecer.

— É impossível não estarmos.

Depois que compramos o sorvete e voltamos para casa, Emmett e Rosalie foram embora meia hora depois e ele me advertiu a não falar coisas importantes dentro da casa. Eles saberiam se destruíssemos as escutas e o jeito era deixá-las onde estavam. Era estranho não poder falar o que eu queria dentro de minha própria casa e desconfortável também. De qualquer jeito, tirei a que tinha dentro do meu quarto e dentro da suíte, colocando-as no quarto que Bella costumava dormir.

Eu tinha a intenção de chamar Bella para o quarto comigo mesmo que ainda fossem seis horas, queria falar a ela que Emmett sabia de tudo, mas os meus planos foram destruídos mais uma vez quando Alice, minha mãe e Carlisle apareceram na minha porta, ambos com sorrisos gentis nos rostos.

— Céus! — Bella reclamou.

Eles queriam saber como eu estava e todas essas coisas, Esme reclamou por eu ter tirado a tala e me fez tomar o remédio para dor na frente dela. Eu revirei os olhos com impaciência, dizendo-lhe que eu não era mais uma criança de dez anos que precisava ser observada tomando suas medicações. E, além do mais, Bella nunca me deixava esquecer.

Quando finalmente ficamos sozinhos mais uma vez, fechei as cortinas como se aquele simples ato afastasse mais visitantes indesejados. Bella já estava me esperando no quarto, envolta em uma camisola branca e rendada. Poderia parecer composta para quem não a desejasse tanto quanto eu o fazia.

Eu não insinuei nada, apesar de querer. Os olhos de Bella estavam anuviados de sono quando ela os levantou para mim, sorrindo e erguendo os dois braços para que eu me encaixasse neles. A sua afetuosidade parecia ter aumentado desde Seattle e eu não estava reclamando. De jeito algum. Beijei os seus cabelos e passei um braço por sua cintura, puxando-a despretensiosamente para o meu colo.

Agora eu entendia o porquê de Renée ter escolhido aquela caixa de música para Bella, a bailarina se parecia exatamente com ela: Cabelos longos e ondulados, moderadamente curvilínea, rosto anguloso e fino. Eu planejava entregar a caixa de joias há muito tempo a ela, mas o tempo se passou e eu acabei deixando o objeto esquecido do lado esquerdo do meu guarda-roupa que era onde Bella não mexia por só ter minhas roupas.

Na verdade, quando as agendas que eu também havia pegado na casa da tia dela se foram com o fogo, a caixa de joias me passara despercebida. E tinha coisas demais acontecendo.

— Quero te dar uma coisa. — Eu disse a ela, passando meu nariz carinhosamente em seu maxilar cheiroso.

— Só aceito se for um beijo.

Virei seu rosto para o meu e a beijei, sentindo com satisfação seus dedos passar por dentro de meu cabelo e estacionar em minha nuca. Separei-me cedo demais, beijando a sua testa e os dois lados da bochecha. Não cansaria nunca de mimá-la… por mais distinto que estivesse sendo do Edward que eu me tornara. Independente de tudo, eu era diferente com ela. Era uma versão melhor de mim mesmo.

Beijei-a mais uma vez nos lábios antes de levantar da cama e andar para o guarda-roupa. A caixinha prateada e com pequenas pedras transparentes e que brilhavam mesmo estando um pouco escuro estava pesada e eu podia presumir que ainda tinha alguma coisa dentro dela.

— Bem — Eu disse quando vi os seus olhos brilharem de lágrimas. —, você só tem me prometer que não vai chorar.

Ela assentiu e eu entreguei a caixa reluzente a ela.

— Onde…?

— Faz tempo que eu estou com ela… Acabei me esquecendo de te entregar, sinto muito. — Sentei-me de frente a ela e passei uma mão em seu cabelo, observando-a olhar com admiração para o objeto. — Peguei no apartamento de sua tia em Janeiro.

Ela deu corda e uma música suave e dedilhada no piano começou a tocar. A bailarina começou a girar lentamente e desviando os olhos dela, Bella me encarou e sorriu largamente. Eu faria o possível e o impossível para ver aquele sorriso sempre que possível… Era tão sincero, livre e impetuoso…

— Não sei como posso te agradecer por isso!

— Um beijo pode ser um ótimo agradecimento. — Disse a ela.

Bella sorriu e pulou em meus braços, já colocando seus lábios sorridentes nos meus.

Teria sido um ótimo beijo de agradecimento se a porta do quarto não tivesse sido chutada com tanta força que acabou batendo na parede.


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Notas finais do capítulo

Oi *me escondendo*, vamos meditar naquela música que diz "There's no way out (Não há nenhuma saída)". HAUSHAUSAHU, ok, eu tô brincando com a sorte, mas é o que eu faço quando tô nervosa. E SDF tá tão perto de acabar! Meu coração está em pedaços. Sabe, escrever é tão difícil emocionalmente quanto ler. Talvez até mais. Você se sente responsável pelos personagens que estão sofrendo e aí a coisa fica terrível.
Enfim, eu vou parar de tagarelar aqui. Beijos. Posto em breve, mas, por favor, comentem.