Percy Jackson e as alianças de prata. escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oláaa pessoal, depois de muito tempo finalmente consegui voltar para o Nyah.
Espero que gostem da história. Ela vem recheada de humor e Romance, pra todos que shippam percabeth ou babam pelo Percy.
— Uma história que caberia perfeitamente no Arquivos de um semideus e Diários de um semideus.

Aproveitem a leitura.



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Acordei mais cedo do que o normal naquela manhã, ainda me lembrando das palavras da minha mãe antes de me dar boa noite.

-Você viu os casais de hoje em dia?- perguntou ela me cobrindo até os ombros- Eles usam alianças!

Ela apagou a luz e saiu como se seu comentário fosse uma coisa que todas as mães dissessem aos seus filhos antes de dormir, como um “Não deixe os percevejos te pegarem”. Mas ela tinha razão. Se eu quisesse colocar uma aliança de ouro na mão esquerda de Annabeth teria que começar colocando uma de prata na direita.

Na manhã seguinte acordei antes do despertador tocar. O que era bem estranho levando se em conta que ele sempre amanhecia espatifado na parede. Mas se eu fosse rápido poderia voltar antes do almoço e garantir mais algumas horas de sono na sala no colo da minha mãe.

Me vesti e olhei para o porquinho cor de rosa ao lado da cama.

-Chegou a hora rapaz- peguei contracorrente e deu um toque na cabeça do porco. Ele se quebrou em pedaços derrubando cacos e notas pela mesinha da cabeceira.

Peguei o dinheiro e o guardei no bolso. Senti como se messes da minha vida fossem ser gastos em um único dia. E era isso mesmo o que ia acontecer.

Não que eu ligasse para o dinheiro. Mas quando se economiza cada centavo por meses você tem que pensar duas vezes antes de gastá-lo.

O cheiro de ovos mexidos e bacon que vinham da cozinha fazia o termo Acordar Cedo valer a pena.

Minha mãe vestia um hobby rosa com flores e segurava a xícara que fiz no jardim de infância que dizia Feliz Dia Das Mães com minha péssima caligrafia infantil. Paul estava ao seu lado na cozinha vestido como um professor mal acostumado com o final de semana. Ele vestia camisa de botões e jeans escuros que não combinavam com suas pantufas verde de bolinhas.

-Acordou cedo- minha mãe me entregou uma xícara de café e beijou minha bochecha

-E ainda nem são meio dia- Paul puxou uma cadeira e se sentou á mesa. Minha mãe deixou um prato com ovos em sua frente.- O que te fez pular da cama?

Me sentei ao seu lado e comecei a comer os ovos- Os jovens de hoje em dia- olhei para minha mãe. Ela piscou- Eles estão me dando prejuízo.

Ela salgou o bacon e colocou em meu prato com um grande sorriso no rosto- Você não vai achar prejuízo quando ver a cara dela.

Fiz que sim com a cabeça.

-Lembre-se de não poupar dinheiro com ela- minha mãe beijou minha testa antes de me dar as chaves do carro- Um dia será ela que vai comprar suas cuecas...

-Essa é a pior ameaça que uma mulher pode fazer- Riu Paul.

Abri a porta- Não me esperem para o almoço!

Enquanto dirigia lembrei de um filho de Hefesto que trabalhava numa joalheria perto do centro. Quem sabe por me conhecer do acampamento ele não fizesse as joias por um preço bacana.

O transito de Nova York era um tormento mesmo de manhã, principalmente com as datas comemorativas do final de ano se aproximando. O número de turistas dobrava, todos interessados em ver a descida da bola e o Madison Square Garden iluminado pelas cores natalinas o que tornava as ruas cheiras de ônibus e carros de passeio.

Foi difícil encontrar uma vaga perto da joalheria, mas depois de esperar uma senhora conseguir tirar o carro da vaga finalmente ela ficou livre.

A joalheria não era o que eu chamaria a Melhor decorada da cidade, mas talvez a com mais imaginação. Annabeth teria gostado de ver como o decorador soube combinar o clássico com o moderno. As paredes eram cobertas por papel de parede verde com desenhos escuros, quadros de pessoas famosas usando joias grandes e brilhantes estavam espalhadas por toda parte. Os lustres eram maiores que o teto, o que deixava o ligar com a sensação de ser menor do que realmente era. O chão e os balcões eram feitos da mesma madeira.

Haviam apenas dois atendentes atrás dos balcões. Um deles reconheci como Tyler, o filho de Hefesto, a outra era uma mulher oriental baixinha. Eles levavam caixas de papelão para uma sala proibida para não autorizados.

-Tyler?- chamei. Ele se virou procurando por quem teria o chamado. As caixas cobriam seu rosto.

Ele deixou as caixas no chão e sorriu.

-Kyoko, você pode levar essas caixas lá pra baixo? Temos um... huum... cliente.

A moça baixinha respondeu alguma coisa em sua língua- Japonês talvez- empilhou as caixas sobre as suas e as levou para o piso inferior.

- Veio ver algo para a patroa?- Tyler se abaixou e pegou um estojo de veludo vermelho

-Se com patroa você quer dizer Annabeth, então sim- Respondi, olhando para as joias na vitrine. Se as alianças de prata fossem caras como o resto da loja eu iria á falência.

-Temos as normais, quero dizer, as usadas pelos mortais, como esses ai atrás- ele apontou para os famosos em suas costas- E as joias celestiais usadas por nós e os deuses... Imagino que você esteja procurando algo feito por um filho de Hefesto- Ele sorriu como se um holofote apontasse para sua cabeça.

- As celestiais já estão de bom tamanho- Respondi, dando de ombros. Não queria encher a bola dele.- O que tem ai?

Tyler abriu o estojo de veludo recheado de correntes e anéis de todos os tipos.

-Desculpe meu chapa, mas não temos um mostruário só para as joias feitas de metal mágico- Ele tirou três anéis de um saquinho feito do mesmo tecido- As alianças de prata Celestial são essas aqui.

Ele separou os pares de anéis e os colocou sobre o balcão á minha frente.

-Hefesto não está colaborando...-comentei, enquanto experimentava uma das alianças.

-Já fizemos novos pedidos, mas ele diz que não está sendo fácil encontrar a matéria prima para nossas obras!- Tyler levou as mãos ao rosto como se estivéssemos falando do aumento do preço da gasolina- Como ele espera que nós façamos as joias sem os metais? Esse cara é maluco.Já escolheu alguma?

-Estou meio na dúvida... Por quanto pretende fazer o par?- Tentei soar o mais casual possível, como se minha falta de grana não fosse um problema.

-Ah cara, isso depende da peça. De qual você gostou?

Entreguei á ele um anel incrustado de pequenas pedras azuis no centro. Era uma aliança grossa do jeito que eu estava procurando. Daquelas que quando alguém vê logo pensa “Ei, melhor não mexer com ela. Olha o tamanho da aliança!”.

Tyler pegou a etiqueta e digitou o código de barras no computador. Ele fez cara de azedo.

-Parece que você foi premiado- zombou ele me entregando o anel- Espero que sua carteira tenha o mesmo tamanho do seu bom gosto.

Senti como se alguém estivesse levando não apenas minha carteira, mas o bolso todo.

-Quanto fica- perguntei de uma vez.

-Quinhentos dólares. Mas você tem outras opções... – respondeu, desembrulhando mais um rolo de veludo.

-Não não, vou levar esse mesmo- respondi com um gosto amargo na boca.

Então é essa a sensação de estar sendo roubado- pensei.

-Desculpe parceiro, mas é o preço da loja. Venda e Demanda- Tyler colocou os anéis dentro de uma caixinha de couro e me entregou, junto com a nota fiscal.

Entreguei o dinheiro e olhei para a pequena caixa em minhas mãos. Talvez aquele fosse o destino correto pra todos aqueles meses em que poupei dinheiro. O sorriso de Annabeth depois de receber a aliança me recompensaria mais tarde.

-Obrigado pela... er... ajuda- agradeci

Sai da loja ainda com o gosto amargo na boca, mas com a cabeça mais tranquila. Aquilo não mudaria os fatos dos garotos ainda mexerem com a minha namorada nas ruas, mas quando olhassem para a mão dela veriam que a pessoa que lhe deu isso não estava de brincadeira.

Destravei as portas do carro e entrei. Liguei o rádio e dei a partida. Mirror do Lil Wayne começou a tocar. Até que pra um semideus o dia estava tranquilo, chegaria em casa antes do almoço e mais tarde veria o sorriso da minha namorada.

Deixei a sacola da joalheria ao meu lado no banco do passageiro.

Tentei pegar um caminho que evitasse o trânsito daquele horário, mas tudo o que consegui foram ruas congestionadas pelo excesso carros.

-Parece que uma vã de entregas quebrou no cruzamento da vinte e dois com a vinte e três- ouvi um guarda dizer- O motorista disse que estava transportando animais, mas já estamos o encaminhando para uma delegacia. Aquela vã não tem aval para fazer esse tipo de transporte... Ok, entendido.

O transito foi fechado e dividido em fila única. A vã estava parada no acostamento com as portas de trás abertas com os trincos e fechaduras penduradas como se tivessem sido arrombadas. Ao lado dela um cara baixinho com cabelos encaracolados vestindo um macacão marrom escrito Hermes Express prestava contas com dois guardas altos e parrudos.

-Hoje não parece seu dia de sorte, Hermes.

-Muahaha-há!

Olhei para os lados procurando pelo som. No banco de passageiro, sobre a sacola da joalheria, havia um macaco de pelo azul e enormes olhos esbugalhados mexendo no porta luvas. Tentei espanta-lo com a mão livre. Ele rosnou e mostrou os dentes pontudos e afiados.

Em sua costas havia um desenho de duas cobras cruzadas em um cajado. O símbolo de Hermes, o deus dos ladrões.

-Olá amigo- tentei ser o mais amigável possível- De onde é que...

O macaco pisoteou a sacola fazendo barulho de papel sendo amassado. Ele parou e a encarou, com um repentino interesse.

-A não...

Seus olhos passaram da sacola para mim e pararam na janela.

-Muahahaha-há!- urrou ele batendo no peito. Suas mãozinhas peludas agarraram a sacola e pulou pela janela aberta. Ele saltou sobre os carros estacionados e os que trafegavam. Segui com os olhos, até que ele se juntou a um bando de outros macacos azuis que faziam o limpa nos pedestres pela cidade.

-Ladrõezinhos filhos da mãe.

Consegui estacionar o carro ao lado de uma floricultura acompanhando o movimento dos macacos. Segui a pé atrás deles com contracorrente na mão.

Eu não me preocupava com os que os mortais podiam ver, meu padrasto mesmo morando na mesma casa que um semideus e uma mortal que via através da névoa jurava que eu guardava um taco de baseball no bolso.

-Ei seus ladrõezinhos!- gritei para os macacos- Minha namorada não vai gostar de saber que o presente dela vai ser trocado por bananas!

Eles rosnaram. O que estava com a sacola da joalheria sorriu maliciosamente e a bateu com força no chão.

- Juro que se alguma coisa acontecer com esses anéis seu pelo vai virar capa de almofada- ameacei.

O macaco pulou sobre os carros estacionados e correu para o meio fio. Corri atrás dele até minhas pernas doerem.

O macaco parou mais uma vez. Ele olhou para mim desafiador, mostrou os dentes e voltou a correr. Quando consegui alcança-lo estávamos muito longe de onde tinha deixado o carro. Ele saltou sobre as grades do estacionamento do outro lado da rua, que pertencia á um complexo de lojas de grife.

-Que ótimo

Escalei as grades de arame sem tirar os olhos do macaco, que saltava sobre os carros e entrava em uma das lojas.

Corri até lá, passei pelos alarmes que cercavam as portas de vidro sem que disparassem e procurei pelo macaco.

Tentei me misturar com os outros clientes, mas quando se está pingando e com as roupas manchadas de suor não é nada fácil se parecer com as pessoas da alta numa loja de marca.

-Posso ajudar?- perguntou uma atendente com um coque loiro que tornava sua cabeça desproporcional, me olhando dos pés a cabeça de cara marrada.

-Estou procurando meu... hum... cachorro- menti.

-Não é permitido animais nesta loja, senhor- advertiu ela

-Exatamente. Eu já estava de saída.

Localizei o macaco. Ele batia com a sacola num manequim parado ao lado da perfumaria. Ele caiu sobre os frascos e os esparramou pelo chão, formando uma poça muito cara e cheirosa.

-Este é o seu cachorro?- A atendente levou a mão ao rádio comunicador.

-Não!- tentei explicar-É da minha prima

-Mas o senhor acabou de dizer...

Deixei a moça falando sozinha. Agora aquela colônia de pulgas azul jogava as roupas das araras no chão e nos clientes que passavam por perto. Seu pescoço estava coberto por maxi-colares coloridos, suas patas com anéis de tamanhos diferentes, alguns até sobravam em seus dedos miúdos.

-Muahahaha-há!- berrou ele assim que me viu

-Também não gostei dessas roupas, prefiro algo mais descolado.- Me aproximei- Quem sabe se você me der essa sacola...

Ele urrou.As pilhas de roupas foram ao ar. Me abaixei, evitando de ser atingido por uma avalanche colorida. Rolei por baixo de uma arara e aguarei seu rabo.

-Onde está a sacola seu saco de pulgas!

-Muahaha-há!-Ele me unhou, suas garras afiadas fizeram um corte que vinha do cotovelo até metade do antebraço.

Tentei acerta-lo com contracorrente, ele se soltou e pulou sobre o amontoado de roupas no chão. Mais roupas voaram por toda parte,agarrou a sacola e correu para o interior da loja.

-Santa Hera- praguejei.

-Senhor!- Dois seguranças corriam em minha direção, acompanhados pela atendente loira.

Aproveitei a deixa para perseguir o macaco, ele balançava entre os cabides e derrubada os sapatos das prateleiras, causando alvoroço entre os clientes e os atendentes da loja.

-Mas que diabos!- gritou uma mulher assim que o macaco puxou sua bolsa.

-Olha mamãe que cachorro engraçado!

Rolei por baixo das araras evitando encontrar com os seguranças. Cortei caminho saltando por cima do balcão de serviço e me arrastei silenciosamente enquanto o macaco balançava a sacola loucamente no ar.

O alarme tocou, trazendo mais pânico as pessoas que estavam na loja. Elas se abaixaram, pais protegiam seus filhos, alguns ligavam para a policia e rezavam silenciosamente.

Me arrependi de ter falado cedo demais. Nunca é um bom dia para um semideus.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, logo postarei o próximo capítulo :)
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