Money Make Her Smile escrita por Clarawr


Capítulo 48
Are you aware that you’re my lifeline, are you tryina kill me?


Notas iniciais do capítulo

OLÁ QUERIDOS AMIGOS como vão??? espero que BEM!!!
Ahhhhh, fala sério, nem demorei tanto dessa vez!!! Ainda demorei mais do que gostaria, mas 12 dias é uma marca muito boa para alguém que até então tinha o título de autora maia vacilona da história no Nyah.
Enfim, não tenho muito o que falar hoje. Na real realzona, não gostei tanto do capítulo, mas não acho que ele vai ficar melhor do que isso, então decidi acabar com essa agonia e soltar logo isso para vocês. Esse é um capítulo muito importante tanto pra história quanto pra mim, então eu esperava mais de mim, mas foi o que deu pra fazer #desabafo #eusóqueriadaralegriapromeupovo
Eu acho que de qualquer forma vocês vão gostar (kkkkkkkkkkkk). Enfim, não quero mais falar nada para não influenciar a leitura de vocês, então vejo vocês nas notas finais!!!!
AHHHHHH (meu deus eu sempre esqueço disso puta merdaaaaaaa aaa a) música do título: Love Drought, da Beyoncé e a do capítulo é All Night, também da Queen B. Essas músicas são do Lemonade, o último álbum da Bey, e desde que eu ouvi pela primeira vez soube que elas estariam aqui nesse capítulo. Recomendo muitíssimo que vocês ouçam esses dois hinos (E O CD TODO NA VDD) porque as músicas são muito bonitas e fortes (especialmente All Night, que eu acho que é a que mais se encaixa no que tá acontecendo nesse momento da história).
ENFIM AGORA É SÉRIO VEJO VCS NAS FINAIS!!!!!
BOA LEITURA!!!!!!



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“Found the truth beneath your lies
And true love never has to hide, true love never has to hide
I'll trade your broken wings for mine, trade your broken wings for mine
I've seen your scars and kissed your crime
Seen your scars and kissed your crime

[…]

They say true love's the greatest weapon
To win the war caused by pain
But every diamond has imperfections
But my love's too pure to watch it chip away
Oh, nothing real can be threatened
True love breathes salvation back into me
With every tear came redemption
And my torturer became a remedy”

 

Finnick enfiou a chave na fechadura da porta de casa já ansiando para sentir o ar estagnado do pequeno apartamento entrar pelo nariz. Ele suspirou pesadamente enquanto apoiava as malas no chão e girava a chave, destrancando a porta do saudoso apartamento e sentindo a casa envolvê-lo como em um abraço de boas vindas.

Foram os quatro dias mais cansativos de sua vida, e olha que ele tinha quase oito finais de período na UFRJ na conta para comparar. Mas trocar repetidamente de roupa, fotografar e desfilar o esgotaram de uma maneira que ele era incapaz de descrever, e talvez isso tivesse a ver com o fato de ele preferir estar em qualquer outro lugar no mundo à ter que bancar a nova carinha promissora de Alma Coin. Era incrivelmente exaustivo ser simpático o tempo todo, sorrir e andar como se fosse alguma espécie de semideus da sedução durante quatro dias seguidos. Cada vez mais ele sentia que estava se perdendo dentro de si mesmo.

— Peeta? – Ele gritou assim que abriu a porta e pisou no corredor do apartamento. – Estou em casa!

Secretamente, Finnick torcia para não obter nenhuma resposta, e sentiu-se satisfeito quando tudo que atingiu seus ouvidos foi o silêncio acolhedor da casa vazia. Seria ótimo ter alguns momentos sozinho em sua verdadeira casa para se desintoxicar dos últimos quatro dias.

Mas ele não estava sozinho. E ficou ciente disso em poucos segundos, quando a figura de Annie surgiu silenciosamente em seu campo de visão, bem na divisa entre o corredor de entrada do apartamento e a sala.

Finnick largou as malas no chão do corredor, incapaz de se virar e fechar a porta aberta atrás de si. Era a primeira vez que ele via Annie desde o dia que tivera de desistir dela, e o choque era tão devastador que ele só conseguiu se perguntar se estava sonhando.

Clichê, eu sei. Mas a cena diante dele era tão surreal que não havia como considerar outra possibilidade primeiro.

Annie ficou parada como uma miragem, tão paralisada quanto Finnick. Ela sabia que vê-lo de novo seria difícil, mas não imaginou que fosse ficar tão petrificada diante de seus olhos assustados. Ela não conseguiu deixar de reparar no quanto ele parecia cansado e infeliz, e no quanto ela sentia saudades. Meu Deus, era tanta que chegava a machucar o peito. E foi justamente a dor da saudade, que ameaçava rachá-la de dentro para fora se ela não tomasse uma atitude, que a retirou da paralisia e a fez dar a meia dúzia de passos necessária para atingir Finnick do outro lado do corredor.

Ela atravessou o corredor absolutamente alheia aos movimentos que fazia, seus olhos obsessivamente focados em Finnick à sua frente. Parecia que ele lhe escaparia se ela desviasse os olhos dele, e ela sentiu seu coração se acelerar freneticamente depois da letargia do susto inicial.

Assim que chegou perto o bastante dele, ela envolveu seu pescoço com os braços com muita força, tanta que chegou até a machuca-lo, e grudou seu corpo sofregamente ao dele, no abraço mais desesperado que eles jamais compartilharam.

Ela sentia cada pedaço de seu corpo grudado ao dele, e seu toque parecia mais quente devido a todo o tempo separados. E enquanto buscava colocar cada centímetro de sua pele em contato com a dele, Annie percebeu que estava chorando. As lágrimas transbordavam de seus olhos para acompanhar o desespero com o qual ela tentava segurá-lo perto de si, ensopando o rosto perfeito. Em pouco tempo, as lágrimas estavam acompanhadas de soluços violentos, seus ombros sacudindo com força enquanto ela tentava colocar o ar para dentro durante a crise de choro.

— Annie? – Ele perguntou, enquanto tentava afastá-la do abraço esmagador. – Como...? O que...? – Eram tantas perguntas e o choque o impedia de terminar de finalizar qualquer uma delas.

Ela se soltou dele, segurando seu rosto entre as mãos e aproveitando para olhá-lo longamente, coisa que não tinha a oportunidade de fazer há bastante tempo.

— Eu sei de tudo. – Ela anunciou, a frase sendo brutalmente cortada por um soluço enquanto seus olhos se enchiam de água novamente.

Eu sei de tudo.

A frase rodopiou na cabeça de Finnick enquanto ele tentava entender exatamente o que aquilo significava. De que tudo Annie estava falando? O estômago de Finnick se afundou em gelo enquanto ele considerava as possibilidades; será que esse tudo era tudo mesmo? A armação de Coin, o verdadeiro motivo do término, a chantagem? Mas ela não podia saber! Era justamente isso que ele vinha tentando evitar durante todo esse tempo!

Encarou Annie com pavor nos olhos, já pensando no tipo de represália que Coin armaria assim que soubesse. Será que ela tinha visto o carro de Annie estacionado por perto quando deixara-o em casa, há poucos minutos? Será que ela conseguiria descobrir que Annie estava ali e teria tempo hábil de preparar o ataque antes que eles pudessem sequer pensar em se defender? Ele sabia que ela estava apertando cada vez mais o cerco sobre ele, porque quanto mais ele se tornava conhecido e valioso mais ela tinha medo de perdê-lo. Era por isso que aquela armadilha era tão inescapável. Mas a presença de Annie ali subvertia todo o jogo em curso até aquele momento.

Justamente enquanto sua cabeça ameaçava entrar em curto circuito ao ser bombardeada por todos esses pensamentos, ele sentiu o toque terno de Annie em seu rosto desaparecer, e antes que ele fosse capaz de impedir, as mãos de Annie voaram violentamente de encontro a seu peito, em um empurrão que o desequilibrou de leve, mais pela surpresa do que pela força em si, jogando-o para trás. 

— Por que você não me falou nada?! – Ela estrilou, a voz ainda chorosa, porém agora falhando por causa do aparente acesso de raiva. – Por que você me deixou acreditar nas coisas mais horríveis durante esse tempo todo?! – Ela perguntou, e continuava a empurrá-lo, mesmo que os golpes tivessem perdido a força e não tivessem de fato a intenção de machuca-lo, apenas de extravasar toda a mágoa contida.

— Annie... – Finnick ainda não havia conseguido passar da parte do eu sei de tudo, que ainda rodopiava em sua cabeça visto que Annie não se preocupara em dar mais detalhes acerca do que sabia antes de partir para cima de Finnick. Ele segurou as duas mãos da morena com cuidado, apenas para impedi-la de continuar golpeando-o. Ela não resistiu, e relaxou os pulsos firmemente seguros pelas mãos de Finnick. Quando ele percebeu que ela não pretendia continuar, soltou suas mãos das dela e esperou alguns segundos para se certificar de que ela de fato tinha desistido de espanca-lo antes de continuar: – Do que você está falando? 

Annie bufou ironicamente, revirando os olhos em seguida.

— Você sabe exatamente do que eu estou falando. – Ela começou, cruzando os braços firmemente contra o peito, armando sua melhor expressão ácida, apesar dos olhos ainda vermelhos e úmidos. – Coin. A chantagem. Sua cara como novo modelo dela em troca da Cherry de pé. Ela te obrigou a terminar comigo pra poder te levar pra esse evento e fazer todas as marcas se digladiarem por você, porque um modelo solteiro lucra muito mais do que um comprometido.

Finnick deixou seu olhar se perder no rosto de Annie enquanto o pavor o anestesiava, jogando-o de volta na sensação de pesadelo, como se nada ao seu redor fosse real. Sua boca se abriu levemente enquanto ele tentava decidir o que fazer, mas sua cabeça parecia ter simplesmente sido desconectada de seu corpo, e, incapaz de se encontrar dentro de sua cabeça, ele se sentiu mais próximo de uma ameba do que nunca, mais até do que durante as temidas provas de Cálculo do primeiro período.

— Annie... – Ele pronunciou o nome dela bem devagar, tentando ganhar tempo. – De onde você tirou isso?

— Nem começa. – Ela disse, erguendo a mão em um gesto para impedi-lo de continuar a conversa por aquele rumo. – Não adianta me dizer que eu enlouqueci e que é tudo mentira, porque eu sei que não é. O Peeta me contou.

Bom, Peeta contara a ela e a todo o resto do grupo, além de Cashmere. Mas Annie achou melhor omitir esse detalhe; o próprio Peeta havia dito que Finnick já ficaria com raiva o suficiente dele por achar que a informação tinha sido vazada apenas para Annie, quanto mais se soubesse que todos os amigos já sabiam de seu segredo e passaram a tarde confabulando sobre ele.

Uma onda de puro ódio sacudiu as entranhas de Finnick de cima abaixo. Que parte do “só não conta isso pra ninguém, tá?” Peeta não havia entendido?

Mas era bem típico de Peeta, mesmo, se meter na vida de Finnick como se fosse a vida dele próprio. Não adiantava nada dizer para Peeta ficar longe de determinado assunto, porque ele conhecia o amigo bem o bastante para saber que se Peeta achasse que devia intervir, ele interviria com ou sem a autorização de Finnick. Ele devia ter pensado nisso antes de estourar e contar tudo para Peeta, mas não conseguiu, não depois de quase ter chegado às vias de fato com o amigo.

— Eu... – Ele começou, depois de alguns segundos de silêncio durante os quais ele teve de fazer um esforço fenomenal para controlar a raiva de Peeta e ainda decidir qual seria a melhor maneira de agir diante do que Annie havia acabado de lhe falar. – Eu não sei do que você está falando, Annie. Se o Peeta te disse isso, ele enlouqueceu de vez. Não sei de onde ele tirou isso.

Annie sacudiu a cabeça, um riso sem humor escapando de seus lábios enquanto ela encarava Finnick ironicamente.

— Eu não acredito que você vai continuar mentindo para mim. – O riso se desfez enquanto ela continuava a sacudir a cabeça de um lado para o outro cada vez mais devagar, as lágrimas chegando a seus olhos novamente. Ela sentiu a água salgada transbordar de seus olhos novamente e não fez esforço para represá-la. – Meu Deus, Finnick, sou eu. Annie. Você não precisa mais mentir para mim, porque eu sei de tudo! – Ela exclamou, sua voz no limite da histeria que ela tinha conseguido controlar até ali, mas que se desprendeu das amarras enquanto ela percebia que ele não estava disposto a dar o braço a torcer.

Annie foi jogada para o passado, mais precisamente para o dia anterior, as lembranças invadindo sua cabeça enquanto o desespero ganhava contornos de pavor diante da recusa de Finnick a admitir a verdade. No instante em que Peeta revelou tudo que havia para ser revelado, um silêncio fúnebre tomou conta do apartamento e não foi possível ouvir nada além das respirações dos seis jovens apertados naquela sala minúscula. Essa parecia ser a reação padrão sempre que a história de Finnick era anunciada; as pessoas ficavam assustadas demais para reagir e um misto de incredulidade e choque rastejava pela atmosfera, sumindo com a voz de todos. Levava um tempo até que todos compreendessem o que estava acontecendo, e levava ainda mais tempo para acreditarem. Mas quando a percepção finalmente afundou em seu cérebro, Annie sentiu cada fibra de seu corpo vibrar, anunciando que uma ruptura estava a caminho.

A física diz que tudo vibra. Todas as partículas de todas as coisas vivas ou mortas deste mundo vibram. Existe uma frequência máxima a qual as partículas podem ser submetidas, aumentando sua vibração ao máximo sem desintegrar. Engenheiros pouco cuidadosos já foram traídos por essa lei e, sem leva-las em consideração, tiveram suas pontes destruídas porque o vento, implacável, alterou a dinâmica das vibrações ao ponto da construção simplesmente ruir.

Naquele exato instante, Annie soube exatamente como aquelas pontes se sentiram poucos segundos antes de desabarem. Ela acabava de ser submetida a uma frequência maior do que suas partículas suportavam, e sentiu que seria literalmente capaz de rachar de dentro para fora com a confusão de sentimentos que a inundou enquanto ela refletia sobre tudo que havia acabado de ouvir.

Ela se levantou abruptamente, derrubando a bolsa cuidadosamente aninhada em seu colo. O som do impacto da bolsa e de seu conteúdo contra o chão de cerâmica foi o que rompeu o silêncio, e todos se viraram para Annie assim que perceberam que ela seria a primeira a reagir à bomba.

Sua respiração se acelerou enquanto todos os olhos se grudavam nela.

— Você não pode estar falando sério. – Ela disse, olhando no fundo dos olhos de Peeta, que acabara de contar a história. – Peeta, isso não é sério. Isso não pode estar acontecendo.

Peeta sacudiu a cabeça com tristeza.

— Ele mesmo me contou, Annie.

Annie finalmente entendeu. O término entre ela e Finnick não era o grand finale de uma vingança cruelmente orquestrada por ele para dar o troco pelo primeiro término, quando Annie o magoara da pior forma possível. O fim que Finnick dera a história era, na verdade, a maior prova de amor que ele podia lhe dar nas circunstâncias em que se encontrava aprisionado.

A culpa ameaçou sufocá-la. Ela sentiu vontade de morrer por ter sequer pensado que Finnick seria capaz de agir da maneira horrível que ela passara as últimas semanas pensando que ele agira, e, mais uma vez, só conseguiu pensar no quanto ele era infinitamente melhor do que ela. Ao mesmo tempo que a onda de culpa a afogava, uma dor imensa abria espaço em seu peito, porque agora ela sabia o quanto ele estava sofrendo e não havia nenhuma maneira de deixar de saber disso, nem nenhuma maneira de desvincular esse sofrimento dela também. Afinal, a dor dele doía nela.

Aquele foi o primeiro momento do dia em que Annie chorou, mas com certeza não foi o último. Aquele foi um dia de muitas lágrimas.

Porque tudo bateu ao mesmo tempo. A dor de Finnick a dilacerava, a culpa por ter pensado mal dele a dilacerava, a sensação de que ela o tinha perdido para sempre a dilacerava, a raiva por ele ter mentido para ela a dilacerava... Havia muito para tirar sua paz.

Annie marchou para o corredor da casa, decidida a sair do apartamento, mas sem saber para onde ir. Ela só queria andar até não sentir mais as pernas, mas sabia que aquilo não lhe traria nenhuma paz. Ela sabia que só uma coisa seria capaz de acalmar seu coração: ver Finnick. Olhar para ele e dizer-lhe que ela sabia de tudo, que ele não precisava mais mentir e que eles iam arrumar algum jeito de livrá-lo daquilo tudo, mas dessa vez juntos, como deveria ser.

— Annie! – Ela ouviu a voz de Katniss exclamar atrás dela justo quando ela estava com a mão na maçaneta.

Ela se virou sem vontade, mas também sem forças para reagir de qualquer outra maneira.

— Annie, espera. Não vai. – Katniss disse, segurando o braço da amiga. Annie foi capaz de ver Johanna surgir atrás de Katniss, dois pares de olhos arregalados e preocupados encarando-a.

Annie sacudiu a cabeça, sentindo o choro emergir com uma força que ela jamais sentira antes.

— Não posso. – Ela disse, a voz falhando com o esforço de conter parte das lágrimas. Porque se ela deixasse tudo vir à tona, sabia que entraria em uma crise histérica que daria muito trabalho para ser contida. – Não consigo. – Ela se corrigiu, soltando um soluço transtornado logo em seguida.

— Annie, você precisa se acalmar. - Johanna disse, a voz razoável. – Você não pode ir embora agora. A gente está aqui para ajudar o Finnick. Você não quer fazer parte disso?

Ela queria, é claro que ela queria. Mas quem disse que ela seria capaz de se concentrar nos planos dos amigos com tudo aquilo na cabeça?

— Se você sair daqui, para onde você vai? – Katniss perguntou, tentando trazer a amiga de volta à realidade. – Pois é. – Ela respondeu diante do silêncio de Annie. – O melhor lugar para você agora é aqui, com a gente.

— Eu preciso falar com ele, Katniss. – Annie choramingou, o desespero transparecendo no tom choroso.

— Ele vai voltar amanhã. – Katnis tranquilizou a amiga. – Amanhã à noite.

— Eu preciso falar com ele agora. – Annie insistiu debilmente, mesmo sabendo que Finnick estava em outro estado e que conversar sobre aquilo tudo por celular não era uma opção.

— Não. – Johanna rebateu, firme. – Agora você precisa ficar e ajudar a gente a pensar o que vamos fazer para ajudá-lo. Vai ser muito mais útil do que ficar se debatendo de tanto chorar nesse corredor.

Annie se entregou às lágrimas, soluçando furiosamente por alguns segundos enquanto deixou o choro fluir livremente. Deixou-se ser consolada pelas amigas por alguns instantes e, quando se senti capaz, deixou que Johanna e Katniss a acompanhassem até a sala novamente, onde ficou decidido que ela seria a primeira a falar com Finnick assim que ele voltasse. Ela estaria sozinha no apartamento, o esperando, porque não teria estrutura para esperar nenhum segundo além do necessário para falar com Finnick.

Ali, olhando pra ele e vendo-o negar tão veementemente a verdade, ela se perguntou se o perdera para sempre. Se já era tarde demais para tentar trazê-lo de volta, se Coin já tinha estragado as coisas ao ponto de elas não poderem mais ser consertadas. Se ele se agarraria com tanta força àquela mentira para protegê-la, com força o bastante para que eles continuassem separados, mesmo que ela soubesse de toda a verdade.

Annie esfregou os olhos com força enquanto esperava Finnick responder, mas os segundos passaram e nada se fez ouvir além do silêncio.

Annie grunhiu de exasperação e empurrou Finnick mais uma vez, a raiva voltando a dominar suas ações.

— Por que você tinha que bancar o herói?! – Ela mais exclamou do que perguntou. – Custava ter vindo falar comigo quando a Coin te ameaçou pela primeira vez? Nós éramos um casal! – Ela aumentou o tom de voz, extravasando a indignação. – Era pra gente resolver isso juntos! Mas não, você tinha que me excluir e bancar o mártir, porque é lógico que nem passou pela sua cabeça dividir os seus problemas comigo!

— E você queria que eu fizesse o quê, Annie?! – Finnick respondeu, a voz estourando como um trovão pelo apartamento vazio. – Um fodido que nem eu sendo ameaçado pela mulher mais poderosa da moda no Brasil, como você acha que eu ia conseguir escapar dessa merda toda?! Isso aqui não é um filme onde o amor sempre vence! Eu e você não somos mais fortes que tudo! – Ele gritou, liberando parte da frustração que surgiu em resposta às acusações de Annie.

Ela sacudiu a cabeça e arriou os ombros, derrotada. Ele tinha razão, é claro. Mas isso não diminuía sua mágoa por ele nem sequer ter cogitado deixa-la ciente de tudo que estava em jogo. 

— Eu só não queria que você tivesse ido embora. – Ela disse num fiapo de voz.

— E você acha que eu queria? – Ele perguntou, a voz exasperada. – Foi a coisa mais difícil que eu já fiz em toda a minha vida, mas eu tinha outra opção?

Ele encarou Annie gravemente, os olhos se encontrando e todo o desespero da separação ficando evidente enquanto as íris inquietas buscavam alguma resposta uma na outra. Finnick se aproximou de Annie, tocando seu rosto delicadamente e limpando uma lágrima que escorria pela bochecha.

— O que você faria no meu lugar? – Ele perguntou, acariciando seu rosto.

Annie não sabia. A verdade é que ela estava cobrando coisas de Finnick, mas sabia que estava sendo injusta, porque entendia exatamente o desespero que sentiria se alguém o usasse para ameaçá-la. É claro que ela faria o que quer que lhe pedissem se usassem Finnick como moeda de troca, porque ela o amava, e quando você ama alguém, você se dispõe a passar por qualquer coisa por aquela pessoa. Muito embora ela soubesse que Coin não era tão onipresente assim, o medo de que algo acontece à Annie e à Cherry foi o bastante para manter Finnick na linha, mais do que qualquer outra ameaça seria.

Ela segurou as mãos de Finnick em seu rosto, não querendo abrir mão do contato. Não sabia quando teria outra oportunidade como aquela. Aquele encontro não era uma reconciliação; eles não podiam, ainda não era seguro ficarem juntos, não enquanto Coin ainda estivesse rondando Finnick como um urubu.

— Não adianta mais, Finnick. Você querendo ou não, agora eu estou junto com você nessa.

Ele sacudiu a cabeça, suas mãos abandonando o rosto de Annie.

— Não está, não.

— Estou, sim. Essa mulher não é Deus, Finnick, ela tem um ponto fraco. E nós vamos descobrir e destruí-la, assim como ela tentou nos destruir.

— Se ela descobrir que você sabe de tudo, ela vai fazer tudo que está ameaçando! – Finnick explodiu. – Ela não está brincando, Annie! Você lembra aquela confusão com os patrocinadores? Os contratos bizarros? Foi ela. Porque eu recusei a proposta da primeira vez que ela me ameaçou. Só por isso, ela já conseguiu quase destruir o lançamento dessa nova coleção da Cherry. O que você acha que ela vai fazer se souber que você já sabe de tudo?

— Foi ela que convenceu os investidores a desistirem da Cherry? – Ela perguntou, incrédula e Finnick assentiu.

Uma onda do mais puro ódio borbulhou dentro de Annie. É claro que ela odiava Coin, sempre odiou, mas ter um exemplo prático do quanto ela estava disposta a destruir tudo que lhe era caro era ainda mais efetivo para alimentar sua determinação de esmagar Coin sob o salto de seu sapato.

— Foi por isso que eu entrei nessa. Porque eu sabia que ela não estava brincando. – Ele disse.

Annie sacudiu a cabeça, uma expressão perigosa se formando em seu rosto. Seus olhos ostentavam um brilho de beirava a insanidade e seus dentes trincaram com a determinação bruta que tencionou todos os músculos de seu corpo como se fossem de aço.

— Eu vou destruir essa desgraçada, Finnick. – Ela disse, a voz cortante.

— Annie... – Finnick suspirou, cansado. Parece que ele teria que explicar-lhe novamente o quanto Coin poderia ser destrutiva àqueles que se insurgiam contra ela.

— Nem que eu tenha que mata-la com as minhas próprias mãos. – Annie completou. – E não adianta você me mandar ficar fora disso, porque agora é pessoal. Nós vamos destruir essa bandida e você não vai mais precisar passar por nada disso.

Finnick sacudiu a cabeça e soltou um suspirou cansado.

— Não me olha assim! – Ela exclamou. – Agora é a minha vez de perguntar: o que você faria no meu lugar? Se soubesse que alguém está me ameaçando como ela ameaça você?

Foi a vez de Finnick ficar calado, porque ele também compreendia a sede de sangue de Annie. Não tinha como esperar outra atitude dela, porque seria exatamente o que ele faria se fosse o inverso acontecendo.

— Eu te amo. – Ela disse, envolvendo seu pescoço com os braços e encostando a cabeça no ombro dele. Finnick desistiu e relaxou sob o abraço de Annie, aproveitando ao máximo a sensação de engolir o corpo dela com o seu, o nariz encostando em seu cabelo e o cheiro do shampoo inundando seus sentidos. – Senti muito a sua falta.

— Eu também te amo. – Ele respondeu, o rosto ainda pressionado contra o cabelo de Annie. – E eu senti sua falta todos os dias.

Eles permaneceram abraçados por um tempo, apenas matando a saudade de estarem perto um do outro. Por um instante, abandonaram todos os problemas, o sofrimento, a dor, as ameaças; eram só eles, seus corpos unidos, a ternura do reencontro (mesmo que torto) aquecendo a atmosfera em volta dos dois. Era bom se livrar de toda a tensão à qual os dois estavam submetidos e quase era possível sentir todas as coisas ruins que se ergueram na relação evaporando, sumindo. Porque eles finalmente haviam se reencontrado. O que precisava ser esclarecido estava esclarecido.

Agora restava saber o que eles iam fazer com isso.

Como nem tudo dura pra sempre, cedo demais a vida real voltou a pesar sob os ombros dos dois.

— Eu vou compensar todo esse tempo que você passou sofrendo para me proteger. – Annie jurou, soltando-se do abraço, mas mantendo os braços firmes em volta do pescoço de Finnick.

— Como? – Ele perguntou, sem esperança. Já havia abandonado qualquer expectativa de se livrar do controle de Coin.

Bom, era chegada a hora. Em algum momento, ela ia precisar contar, e foi capaz de ver as palavras conduzindo-a a tocar no assunto que ela vinha tentando evitar com muito cuidado.

— Bom, sabe o que dizem por aí. Sete cabeças pensam melhor do que só duas. – Ela disse enigmaticamente.

Ele franziu o cenho, a charada pegando-o desprevenido.

— Sete? – Ele perguntou, visivelmente confuso.

Annie ergueu a mão direita, fazendo um gesto para que Finnick esperasse. Caminhou até o sofá, onde sua bolsa estava largada, e tirou o celular lá de dentro, discando um número que Finnick não foi capaz de ver logo em seguida.

— Podem subir. – Ela disse, assim que foi atendida. – Tá. Ele está aqui. – Ela disse, olhando para Finnick, que ainda não havia desfeito a expressão aturdida. Desligou o telefone rapidamente, evitando os olhos de Finnick.

— Annie? – Ele perguntou, um mau pressentimento começando a cutuca-lo na boca do estômago. – Sete cabeças?

— Você já vai entender. – Ela desconversou, rezando para que eles chegassem o mais rápido possível.

— Annie, o que você está aprontando?

— Se você esperar trinta segundos, eu vou te explicar tudo que você quer saber. – Ela pediu, sabendo que era questão de pouquíssimo tempo até Finnick juntar as peças, entender tudo e, consequentemente, entrar em estado de profunda irritação.

Para o bem do sistema nervoso de Finnick, que já fora golpeado além do saudável naquele fim de tarde, não foram necessários trinta segundos para que o mistério se esclarecesse. Em exatos 18 segundos, foi possível ouvir uma movimentação incomum na porta que permanecera escancarada desde a chegada de Finnick.

Peeta foi o primeiro a entrar no apartamento, seguido por Katniss. Logo depois, Cashmere surgiu, junto com Gale e Johanna.

Finnick varreu a sala com os olhos, encarando desconfiado cada um dos amigos. No fundo, tinha a sensação acertada que as coisas haviam saído completamente de seu controle, mas ainda precisava de mais explicações para dar razão ao pressentimento.

— Senta aí, Finnick. – Peeta foi o primeiro a falar, sem se intimidar diante do olhar acusador do amigo. – A gente precisa conversar sobre você.


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Notas finais do capítulo

POIS É GENTE
A AGONIA ACABOU (mais ou menos mas deixa quieto)
Não dá pra dizer que eles voltaram, mas as coisas estão com certeza muito menos angustiantes agora, concordam? Esse capítulo doeu um pouco pra sair porque eu precisava muito que fosse algo intenso pra retratar bem o desespero do nosso otp (e porque vocês sabem que eu sou dramática) (e porque eu queria honrar as músicas da Bey), mas ao mesmo tempo algo que acenasse com uma esperança de que as coisas estão se encaminhando.
Então, gente, acho que dá pra sentir cheirinho de final de fic. Eu sei que digo isso há muito tempo (mesmo, eu já tenho até vergonha de falar sobre isso) (vcs devem ler isso revirar os olhos e ficar "não acredito que ela quer meter esse caô DE NOVO), mas dessa vez é sério. Quero deixar pra falar melhor sobre isso no próximo capítulo, porque acho que as coisas vão estar mais acertadas, mas se tudo der certo a gente tem COM CERTEZA mais três capítulos e alguns bônus (que eu ainda não decidi quantos, mas não devem passar de três, um pra cada casal). Ou seja, SE TUDO CORRER COMO ESTOU PLANEJANDO, Money deve ter mais uns seis capítulos. Como eu demoro horrores pra postar, isso ainda significa bastante tempo kkkkkkk mas vamos ver como as coisas vão se ajeitando até o fim das minhas férias.
Como sempre, amo vocês ♥ se quiserem saber mais sobre mim, sobre o andamento e os bastidores da escrita dos capítulos, vocês sabem bem onde eu me refugio: na rede social de 140 caracteres, pode meter o follow lá na @ifimoonshine, também conhecida como EU.
Um beijo no canto da boca e um cafuné na nuca



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