P.O.V. Rose

– Rose, já está pronta? - A voz de Scorpius veio lá de baixo.

– Quase!

– Vem logo, ruiva!

– Calma!

Coloquei meus brincos que meus pais tinham me dado em um natal há anos atrás, dei uma ultima ajeitada no cabelo, peguei minha bolsa em cima da cama e desci.

– Droga, doninha! Não podia ser mais impaciente não?

– Não. - Ele disse sorrindo. - Vamos?

– Já deixou as crianças na sua mãe?

– Não. Tranquei eles lá fora no armário de vassouras, achei mais prático. A gente solta na volta.

– Ah, então tudo bem. Vamos.

Ele riu e me estendeu a mão. Aparatamos e chegamos no pequeno restaurante trouxa no centro de Londres. Ás vezes é legal ir a restaurantes trouxas. Vovô Weasley quase morreu quando trouxe ele para almoçar uma vez.

Mas Scorpius consegue ser um pouco mais discreto que meu avô e não é uma ameaça em potencial ao Estatuto de Sigilo em Magia, então de vez em quando vamos a lugares assim.

– Ruiva, acho que vou ter que ir viajar amanhã. - Scorpius disse pouco depois de a garçonete trazer duas taças de vinho.

– Eu sei, você já me disse isso alguns milhões de vezes, até já me perturbou perguntando onde estavam as coisas para fazer sua mala.

– E você ainda não me disse "Não, não vai não. Eu não deixo. Você vai ficar aqui porque eu te amo mais que tudo na vida!".

– E porque é que eu diria isso? Não devo contar mentiras, doninha.

– Porque ai eu poderia dizer que não vou poder ir viajar.

– Porque sua mulher não deixa? Ótima desculpa. - Falei rindo.

– Eu não quero ir, Rose! Mas não posso simplesmente dizer que não vou!

– E por que é que você não quer ir? Normalmente você fica super animado com viagens do time! É até estranho... não quero pensar no que acontece lá, mas aposto que deixaria o Joey com ciúmes.

– Mas o Joey me ama, ele tem ciúmes de mim o tempo inteiro, não dá para levar isso em conta. Enfim... Não quero ir porque vai ser uma chatice. Não vamos nem jogar. É só uma viagem para conseguir mais patrocinadores. E vai levar quase três semanas!

– Ah, Scorpius, você aguenta passar esse tempo longe do Joe.

– Não me deixa ir, Rose! - Ele exclamou parecendo incrivelmente como uma criança.

Comecei a rir da cara dele e só consegui parar quando a garçonete trouxe os pratos de comida.

– Ok. Primeiro: para de agir como criança. Segundo, eu acho que você devia ir... qual o ponto de ter um trabalho e não poder reclamar dele de vez em quando?

– Tudo bem, se você não quer me ajudar, eu vou achar alguma desculpa sozinho.

– Nossa, eles têm tanta sorte de ter contratado você!

– Eu sei.

Conversamos e rimos enquanto comíamos cada um prato bem grande de macarrão. Scorpius tentou me convencer mais inúmeras vezes a proibi-lo de ir à viagem.

Já estávamos olhando novamente o cardápio para pedir alguma sobremesa quando uma voz disse atrás de mim:

– Oi, Weasley! Malfoy.

Me virei e Green estava parado nas minhas costas. Merlin! De novo? É demais encontrá-lo duas vezes em tão pouco tempo.

– Nossa achei que fosse o único que vinha nesse restaurante.

– Interessante. Jantamos bastante aqui e nunca te encontramos. - Scorpius disse com um tom de voz duro.

– É, pois é...

– Vamos, ruiva? Não quero nenhuma sobremesa.

– Er... Vamos.

Scorpius pediu a conta e em pouco mais de cinco minutos estávamos saindo do restaurante deixando um John Green sorrindo torto para mim e ainda dando uma piscadinha.

– Ótimo! Nada melhor que encontrar um velho amigo da época de Hogwarts! - O loiro disse nervoso andando apressado pela rua cheia.

– Scorpius, ele só estava te provocando.

– E conseguiu. Viu como ele olhou para você? E acha que não vi aquela piscadinha quando estávamos saindo?

– Vi! E você também deve ter notado que eu não retribui nada! Pelo contrario, fiz questão de deixar estampado na minha cara o nojo que sinto dele!

– Interessante como ele resolveu vir jantar sozinho em um restaurante trouxa justo hoje, não acha, Rose?

– Não tanto se eu convidei ele! Pelas calças de Merlin, Scorpius! Ele deve estar sem nada para fazer e resolveu te provocar!

– Ah, claro! Por que depois de dez anos que saímos de Hogwarts ele resolveu simplesmente relembrar de como era naquela época.

– Eu estava falando com a Molly outro dia, sabe como ela sabe da vida de todo mundo, ele estava morando no País de Gales com a família todos esses anos, mas parece que voltou para cá há algum tempo. Isso explica porque não encontramos ele todo esse tempo e agora ele...

– Você parece bem interessada na vida dele, Rose!

– O que?

– É... pesquisando sobre ele e...

– Eu só comentei com a Molly que ele apareceu naquela festa e que foi bem desagradável e ela me contou isso!

– Aham... E ai você...

– Pelas meias verdes de Morgana! Eu não tenho culpa que ele apareceu aqui! - Falei em um tom de voz bem alto atraindo os olhares de várias pessoas na rua. Elas me olharam com uma cara estranha, mas provavelmente foi porque eu disse “pelas meias verdes de Morgana”. - Então por que você não para de ser um idiota e para também de descontar sua raiva em mim sendo que eu não tenho nada a ver com a decisão do Green de comer macarrão!

Sai andando na frente dele, entrei em uma rua vazia e aparatei na frente de casa. Já tinha subido até o quarto e largado os sapatos em um canto quando Scorpius apareceu.

– Rose, eu sei que...

– Não vem ser fofo e compreensivo agora!

– Eu só ia dizer, ruiva, que sei que não é culpa sua. - Falou, mas elevando um pouco o tom de voz. - E que...

– Que bom que sabe... Agora pode ir pegando um travesseiro e achando um lugar para dormir bem longe de mim.

– Que? Eu não vou sair e...

– Ok. Então eu vou.

Entrei no meu closet tirei o vestido, coloquei uma camisola, peguei meu travesseiro e um cobertor e sai do quarto.

– Onde você vai, Rose? - Scorpius falou alto ainda dentro do quarto quando eu já estava andando com passos pesados no corredor.

– Me encontrar com o John no sofá da biblioteca! Não espere acordado, isso, com certeza, vai demorar bastante! E ache um jeito de proteger suas orelhas por que vai fazer bastante barulho também!