Vingardion High escrita por Patch, Luna Bizuquinha


Capítulo 8
Sonho Estranho.




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Durante a noite, tive um sonho estranho. Eu estava de volta no Rio, mas não em minha casa. Nunca tinha estado naquele lugar antes. Eu estava em um quarto, onde havia uma cama box com lençol xadrez e uma mobília antiga, a qual lembravam os móveis de minha bisavó. Mas o que me chamava atenção não era a mobília e sim velas pretas e vermelhas na janela do cômodo, da mesma forma que as velas postas por tia Eleonor estavam na janelas do cômodo vazio em minha casa.

Quando fui me aproximar das velas, um senhor que aparentava ter lá para seus quarenta e oito anos, entrou fechando a porta. Ele retirou um espelho de bolso de seu casaco e ficou olhando para ele. Em seguida, ergueu uma mão em direção a vela e recitou o feitiço "Succendut ignem et generat". Imediatamente, as velas pegaram fogo. Um fogo azul exatamente igual ao que tia Eleonor invocou quando me enviou para Vingardion High. Em seguida o homem passou a mão sobre o espelho, o qual formou uma pessoa. Uma pessoa encapuzada que não me era possível identificar.

– Eu já avisei para só me contactar no horário combinado! – falou o homem em tom severo – É arriscado que me contacte sem que eu esteja sobre um feitiço de ocultação. Os guardiões podem nos encontrar devido ao portal mágico que se forma entre as dimensões quando nos contactamos. O feitiço de ocultação não permite que nos encontrem, eu já havia lhe explicado antes! Agora, o que é tão importante que fez com que me contacte em um horário desses?

O cara encapuzado contava alguma coisa ao jovem senhor, mas por alguma razão eu não conseguia entender nada do que ele dizia.

– Perfeito! – disse o homem com um sorriso diabólico em seu rosto – Estarei de volta mais rápido do que imaginava. Vingardion temerá ao meu poder novamente, mas dessa vez não haverá falha alguma da minha parte! – falou satisfeito.

O cara encapuzado disse mais alguma coisa e fez um sinal de despedida. Em seguida o homem passou novamente a mão sobre o espelho e seu reflexo tomou o lugar onde o encapuzado antes estivera.

Acordei sem entender o por quê de ter sonhado com um homem jamais visto por mim antes. Ao reparar no meu quarto, os meninos não estavam mais em suas camas. Me arrumei correndo e saí do quarto em direção ao salão A, torcendo para que ainda estivesse no horário da refeição matinal e que eu não estivesse atrasado para nenhuma disciplina que fosse me punir.

– Bom dia gente, perdi a hora hoje! – disse grato por ainda estarem todos no salão A.

– É, o dia começou tenso hoje! – falou-me Arrow.

– Porque? Aconteceu algo com você? – perguntei.

– Não comigo, com um aluno de Vingardion High! Parece que o menino...

Uma grande nuvem de fumaça roxa brotou onde ficam os tronos, dissipando rapidamente e fazendo aparecer o diretor e todos os coordenadores de Vingardion High.

– Lamentamos o acontecido desta noite – disse o diretor em tom de tristeza – O senhor Herman era jovem demais para partir de forma tão cruel! – continuou o diretor.

– O que? Alguém morreu esta noite? – perguntei perplexo.

– É, foi o que o diretor disse, não ouviu? – respondeu-me Tábata em tom frio.

– Ele foi encontrado por um dos coordenadores por volta de quatro da manhã, no banheiro dos meninos, na ala sul do castelo. No inicio pensaram que poderia ter sido alguma criatura das que protegem Vingardion durante o toque de recolher, mas descartaram a possibilidade após notarem que o único ferimento dele era no pulso e não fora feito por dentes ou garras. Os enfermeiros asseguraram que ele não morreu pelo ferimento, e sim por algum feitiço! – explicou-me Dulce apavorada.

Margot estava pálida e tremia muito.

– Você está bem, Margot? – perguntou Dulce.

– Nãão! – gritou – Eu poderia ter sido morta se tivesse ficado após o horário na noite passada e não haveria mais Margot – disse jogando os cabelos para o lado – nesta escola, nem em lugar nenhum! Não me sinto segura!

– Acho que estamos todos chocados com a notícia, Margot! – Arrow disse abraçando-a.

– As aulas de hoje serão suspensas. Descobriremos quem ou o que fez isso ao sr Herman e este pagará por suas ações! Só peço que não vão até a ala Sul do castelo no dia de hoje! No jantar daremos notícias sobre o que foi descoberto. – terminou o diretor, envolvendo a ele e sua equipe na mesma nuvem de fumaça roxa, a qual se dissipou rapidamente no ar.

– Credo, não estamos seguros neste lugar! – falei perplexo com a notícia.

– Herman foi um imbecil ao ter saído de seus aposentos em horário não permitido! – Tábata comentou em tom frio.

Ia responder ao comentário, mas achei melhor mudar de assunto.

– Gente, sabem alguma coisa sobre velas pretas e vermelhas? – perguntei lembrando-me do sonho.

– Já ouvi algo sobre um feitiço com isso, mas não me lembro bem – disse Dulce.

– Acho que servem para algum tipo de feitiço, mas também não me lembro bem qual tipo de feitiço. – Andrew falou pensativo.

– Vermelhas... Como meu cabelo! Deve ser um feitiço de embelezamento, fazendo as pessoas ficarem mais parecidas com a linda Margot! – disse Margot jogando os cabelos para o lado.

Todos olhamos para ela incrédulos com o que ela havia acabado de dizer.

– O que? Eu hein!? Margot! – jogou os cabelos novamente como se não tivesse nem aí para a gente.

– Não sei para que funcionam, mas ouvi que são raras de se encontrar, pois não são encontradas em nossa dimensão, mas num lugar chamado Babilônia. Não sei mais nada sobre o assunto! – respondeu-me Tábata.

– Nossa, preciso descobrir para que funcionam! Tive um sonho muito louco esta noite com velas e estou curioso!

– Boa sorte! – todos disseram, levantando-se da mesa e seguindo seus rumos.

Após terminar minha refeição, corri para a biblioteca em busca de alguém que me ajudasse, mas já tinha alguém em mente. Quando vi aqueles cachos loiro-dourados em minha frente, puxei-a pelos ombros.

– Está maluco? Quer tirar meu ombro do lugar? – disse Sophia furiosa.

– Desculpe-me, pode me ajudar a esclarecer algo sobre velas?

– O que, vai velar o corpo de Herman? – perguntou-me levantando uma de suas sobrancelhas.

– Não, quero saber para que servem as velas pretas e vermelhas juntas!

– Ah, isso é fácil! As velas pretas contém em sua formação, um ingrediente que chamam de trevas da noite. É como se fosse um ingrediente que se origina da magia negra. Ele pode fazer alguém se perder na escuridão. Já as velas vermelhas, são feitas com sangue de sacrifícios. Para você que não sabe, sangue de sacrifício intensifica qualquer feitiço. As duas juntas, são utilizadas para feitiços de ocultação.

– Feitiços de ocultação? Servem para ocultar o que?

– Não o que, a pergunta seria quem! Bruxos que fazem feitiços de ocultação, tornam o lugar onde eles estão ocultos colocando as velas próximas às janelas. Fazendo isso, eles camuflam sua magia fazendo com que ninguém consiga localizá-lo nem com o mais forte feitiço de localização. Mas por que você quer saber sobre isso?

– Não, nada! Eu apenas ouvi falar nessas velas! Ah, sabe de algo sobre sonhos com gente que nunca viu na vida?

– Olhe, em bruxos, é comum esses tipos de sonhos. São chamados de presságios. Você teve um?

– Eu não sou um bruxo, se é isso que quer saber...

– Eu sei, não sou burra! Já li sobre os Owteman. São uma das famílias incumbidas de guardar uma das dimensões. Também li que os guardiões tem uma conexão direta com o portal, o que faz com que eles tenham algo parecido com presságio, mas geralmente funciona quando mexem com o portal.

– Mas, mesmo se eu for um guardião, eu descobri meus poderes ontem! Como eu poderia ter sonhado com isso?

– Ah, eu sabia! Você teve uma visão! Seus poderes ainda não se acomodaram no lugar. Alguém pode ter tentado mexer no portal e você pode ter sido o guardião mais próximo. Por isso teve a visão. Mas veja bem, nós bruxos temos uma previsão. Já vocês, tem uma visão em tempo real do que acontece!

– Mas tenho outra dúvida. Se tentaram ocultar minha visão, como eu posso ter visto?

– Alguém não fez direito. Se tentaram mexer no portal pelos dois lados, um dos dois magos, ou seja lá o que forem, não fez sua parte de ocultação.

– Entendi. – lembrei que não conseguia ouvir o que um falava.

– Ótimo, é menos burro do que pensei! – disse a bruxinha sorrindo – Agora deixe-me voltar para meus livros! Até mais! – despediu-se enquanto andava apressada até uma estante de livros.

Voltei para o quarto querendo ficar sozinho para tentar entender meu sonho. Como pude ouvir o homem que usou a magia de ocultação e não a outra pessoa? – pensei.

– Hey, Andrew, está tudo bem, cara? – perguntou Hugo amistosamente.

– Cara, tive um sonho estranho essa noite. Não consigo entendê-lo de forma alguma.

– É, eu também! Sonhei que havia beijado Sophia. Uma menina de meu grupo! – disse Hugo ficando um pouco vermelho.

– Caraca! – falei em meio a gargalhadas – Você gosta da bruxinha inteligente?

– Não sei... Acho que sim, mas ela nunca vai olhar pra mim. Sou do primeiro ano e ela já está aqui a três anos!

– É, o que vale é a tentativa! – disse sorridente.

– Então porque não tentou nada com Dulce ainda? Já notei que ela arrasta uma asa do tamanho de Vingardion High para o seu lado!

– Hey, vamos mudar de assunto, Hugo! Este papo está ficando torto!

Começamos a rir, os dois.

– Mas você sonhou com o que?

– Com um homem que deve ter uns quarenta e oito anos, alto, deve ter um metro e noventa. Loiro, com os olhos tão azuis quanto os de Pietro. Ele é forte, branco e parece ser um mago poderoso. Só que estava na cidade em que eu morava. Não cheguei a ver a cidade, mas pude sentir que era lá.

– Calma rapaz, pode ter sido apenas um sonho. Você viveu muitas experiências novas nesses últimos dias. Sua cabeça deve estar tentado processar um pouco do que aconteceu.

– Realmente, deve ser isso!

– Vou até o pátio da ala central para assistir o treinamento de magia de alguns alunos. Quer ir?

– Vamos sim!

Saímos juntos e fomos até o pátio para assistir ao treinamento de alguns alunos, mas por fim aproveitamos para estudar um pouco sobre a tarefa da sra. Aquarium. Ao fim da tarde jantamos no salão D e ouvimos o pronunciamento do diretor, sobre a morte de Herman.

– O que? Ele morreu por efeito de magia ancestral? Impossível! – gritou Arrow.

Todos olharam para nossa mesa não entendendo nada sobre o que estava acontecendo.

– Alguma objeção, meu jovem? – perguntou o diretor.

– Temos a regra de não matar ninguém com nossa magia. Somos quase inofensivos, exceto por podermos machucar alguém se formos atacados. Mas machucar e matar tem uma diferença grande.

– Acho melhor você fechar essa boca, Arrow! – Tábata sussurrou.

– Sinto muito meu jovem, mas identificamos o feitiço. Recitaram a magia "Vitae removere", que é uma magia de origem ancestral.

– Pode ter havido um engano! – Arrow sugeriu.

– Eu mesmo testei meu jovem, não houve engano. Descobriremos quem fez o feitiço em pouco tempo. Já executei uma magia de reconhecimento utilizando o sangue da vítima. Em breve saberei a identidade do assassino! Por enquanto, vão para seus aposentos e não saiam até que o toque de recolher seja retirado! – ordenou o diretor.

Arrow parecia inquieto e com raiva.

– Não podem acusar alguém que pratica magia ancestral de assassinato! Temos um código! Não matamos ninguém! – Arrow falava com lágrimas nos olhos.

– Acalme-se Arrow. A magia de reconhecimento mostrará quem foi o autor. O diretor saberá que não foi alguém de magia ancestral. – disse Dulce gentilmente.

Voltamos todos para o alojamento. Conversei sobre o assunto com Hugo e Pietro por mais algumas horas e peguei no sono. O toque de recolher foi dado enquanto ainda conversava com os meninos. Só me lembro de ter escutado: Boa noite Vingardion High. Depois apaguei.


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