As Consequências De Uma Armação escrita por Yas


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto dessa vez ^^
Gente, eu amei escrever esse capítulo, escrevi ouvindo músicas super deprimentes, elas me inspiram e me animam, por incrível que pareça.
Capítulo narrado pelo Damon.
Boa leitura!



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Capítulo 10

Tudo estava desmoronando.

Tudo estava caindo em frente aos meus olhos.

As imagens passavam no telão e todos riam, alguns me parabenizavam, falando que eu era o cara, mas não me sentia assim, me sentia um lixo, um grande lixo. A mulher que eu amo, a única mulher que eu já amei, correu para longe. Eu queria segui-la, queria ir atrás dela, mas aquelas palavras ecoavam em minha mente “Eu te odeio” “Eu te odeio” “Eu te odeio”. Eu também me odeio.

Quando conheci Elena, achei que seria divertido brincar com ela como brinquei com tantas, mas seu coração estava rachado, o meu nunca foi construído, ela o construiu tijolo por tijolo, eu cicatrizei o seu, mas ali estava eu, o quebrando, pisando novamente.

Eu sou um monstro!

O vídeo finalmente acabou e os cochichos continuaram por alguns minutos, até eu tomar coragem e sair dali, sair daquele lugar repugnante, sair de perto daquelas pessoas. Eu queria sair de perto de mim, eu queria me matar! O que seria de mim sem ela? Sem ela, eu sou nada, sem ela eu sou vazio.

Corri para o estacionamento e liguei meu carro, rodei a cidade inteira, imerso em meus pensamentos, as lágrimas caiam de meus olhos sem pudor, sem pausas. Foi quando eu finalmente parei, socando o volante, gritei, gritei com todas as forças que me restavam.

Eu queria abraça-la, pedir perdão, eu precisa dela, precisa tê-la em meus braços, precisava sentir seu perfume, sua voz meiga e doce, eu necessitava dela, eu necessitava de Elena, da mulher da minha vida.

E então, como uma facada, eu pensei em como ela estaria nesse momento.

Dei ré no carro, e com pisei fundo em direção a sua casa. Bati forte na porta, não me importando quem eu iria acordar.

– Damon? – Era Jenna, seus olhos estavam um pouco vermelhos, assim como seu nariz.

– Cadê a Elena? – indaguei em um sussurro, imaginando o pior.

– Ela foi embora, Damon, ela foi embora – murmurou.

Naquele momento tudo realmente desmoronou, eu desmoronei, meu chão ruiu. As lágrimas já não caiam, mas meu coração sangrava. Porque tudo, absolutamente tudo... Era minha culpa!

Eu gostaria de dizer que depois que Elena foi embora eu fui feliz, tive uma vida plena repleta de bons momentos, mas isso seria mentir, mentir para mim e para todos. Eu não fui feliz!

2014. Seis anos depois de tudo. Muita coisa aconteceu em seis anos. Eu me formei em medicina pediátrica. Simplesmente amava crianças, amava cuidar delas, e ver seus sorrisos ao receber um enorme pirulito ao fim da consulta. Crianças são criaturas puras, com o coração limpo, sem ódio ou rancor, apenas amor para dar.

Sou casado com Hayley há quatro anos. Eu poderia muito bem mentir e dizer que foi por amor. Que quando olhei em seus belos olhos verdes todo o mundo sumiu ao meu redor e só existia eu e ela naquela atmosfera. Não, não foi assim que aconteceu.

Eu sou filho único, então toda a herança de meu velho pai veio para mim em sua morte, mas poucos confiavam que um jovem de vinte anos poderia tomar as rédeas de uma empresa tão grande, então eu me casei, achei que se eu fizesse isso, todos veriam como eu era alguém responsável e capaz sim de herdar tudo o que um dia pertenceu ao meu pai.

Hayley e eu nos conhecemos desde crianças, brincávamos juntos no quintal de seus pais, mas eles se mudaram para outra cidade, longe. Apenas voltei a ter contato com ela quando a encontrei em um jantar de negócios. Estava... Linda! Em um longo vestido azul que destacava suas curvas, os cabelos estavam grandes na época e batiam em sua cintura, os olhos continuavam a ter o mesmo verde.

Mantemos contato, até que em minha busca de uma esposa, eu vi em Hayley a mulher perfeita. Eu não a amava. Ela não me amava. Mas ambos estávamos machucados pelo nosso passado.

Casamo-nos, e posso dizer que sim, foi maravilhoso, mas nunca poderíamos nos amar, afinal éramos diferentes. Eu já não possuía meu coração para dá-lo à Hayley, pois Elena o havia levado consigo.

Era incrível como ela conseguiu sumir do mapa. Inconscientemente, Hayley e eu optamos por morar em Nova York, meu coração pulou, Elena poderia estar lá... Mas não estava, não estava em lugar algum, por anos eu a procurei, por anos eu sofri, por ano eu senti esse amor em mim crescer e apertar meu coração.

O maior sonho de Hayley era ter um filho, mas por algum motivo, eu não queria filhos, eu não suportaria olhar para uma criança e ver que ela não nasceu em meio ao amor, não era justo.

Fomos para Londres para o noivado de uma das amigas de Hayley, ela estava ansiosa dizendo que Caroline estava grávida e o quanto ela estava bonita mesmo sem mostrar a tão desejada barriguinha. Eu sorri e beijei sua testa amorosamente.

Não amava minha esposa como mulher, mas Hayley era uma amiga que mesmo se um dia nos separássemos, estaria comigo independente da situação. Com o tempo, aprendemos que uma relação amorosa não necessita do amor de homem e mulher.

Na festa acabei conhecendo Klaus Mikaelson, noivo de Caroline, ele era médico há muitos anos, me contou que a conheceu através de uma paciente que até hoje é sua amiga, me contou que ela possuía uma filha, Lizzie, de apenas seis anos.

Seis anos... Isso me trouxe tantas lembranças, as melhores, mas também as piores.

– Damon? – era Hayley que me chamava. Era noite e eu estava sentado na cama, distraído com o notebook nas pernas, trabalhando, só então percebi que apenas encarava aquela tabela do Excel – O que houve?

– Apenas pensando – sorri, ela sorriu de volta, beijando meus lábios, retribuí deixando o notebook de lado para dar atenção à ela.

– Sabe, hoje festa eu conheci uma mulher – Hayley não me olhava nos olhos. Suspirei, já imaginando o que viria – Ela é tão jovem, Damon e aquela filha dela... Ela tinha olhos tão profundos, eu nunca vi olhos como aqueles, na verdade eles se pareciam muito com os seus.

– Bobagem, muitas pessoas tem olhos azuis – murmurei com um sorriso no canto dos lábios, ela revirou os olhos divertida.

– Eu sei, bobo, mas Lizzie é diferente de todas as crianças que eu já vi – ela disse.

– Lizzie? – Hayley assentiu – Klaus me falou dela. É filha de uma antiga paciente, que é amiga de Caroline, algo assim – eu disse.

– Bom, mas podemos deixar esse assunto para outra hora. Vamos dormir – ela apagou o abajur e se deitou, a olhei e deitei ao seu lado. Hayley se aconchegou em meu peito, inspirando o perfume que emanava de seu corpo.

O dia mal começara e já estava uma correria. Hayley corria de um lado para outro em busca de um sapato, acordei com sua gritaria. Pelo que eu pude ouvir ela tinha queimado torradas também, algo assim.

Bufei de raiva vendo que ainda eram nove horas da manhã em plena manhã de segunda. Podia parecer estranho justo eu querer acordar tarde com tanto trabalho, mas a anos eu queria essas férias e Hayley já estava fazendo barulho.

Levantei da cama sabendo que não conseguiria mais dormir. Fiz minha higiene matinal e tentei arrumar meus cabelos passando um pouco de água. Coloquei um short jeans e uma camisa e sai do quarto para a cozinha.

– O que houve, Hay? – indaguei, minha voz ainda estava rouca e eu andava como um zumbi. Hayley sorriu amarelo.

– Me desculpe por te acordar. Eu queria fazer um café da manhã bom para você, já que é você que sempre faz, eu queria fazer algo diferente dessa vez. Eu deixei as torradas fazendo e fui me vesti, eu teria conseguido se meu maldito sapato não tivesse sumido – resmungou jogando as torradas no lixo.

Acabei por rir e ela me acompanhou.

– Para que queria se arrumar? Achei que íamos ficar no hotel mesmo – perguntei começando a preparar nosso café, ela se sentou na cadeira e me respondeu enquanto me observava.

– Eu queria conhecer Londres, todas as vezes que eu venho é a trabalho, então não dá tempo, mas desta vez estamos de férias e o tempo é todo nosso – ela sorriu.

Tomamos café e nos arrumamos para passear por Londres. Resolvemos parar no parque, ele estava cheio de crianças, animais, sorrisos e alegrias... Aquilo me contagiava e me vi sorrindo. Mas um ponto me chamou a atenção.

Era uma mulher, ela possuía longos cabelos castanhos que tinha poucos cachos, usava roupas confortáveis e sorria bobamente para uma criança loirinha que gargalhava. Não pude ver seu rosto que estava coberto pelo chapéu, mas reparei quando a moça saiu de perto da criança após pegar algo em sua bolsa.

A menina sorriu encarando as costas da mulher que se distanciava, e numa correria vieram em minha direção, batendo em minhas pernas.

– Hei, boneca, calminha – eu sorri me abaixando, então pude finalmente reparar naquela garotinha.

Ela era loirinha de cabelos cacheados amarrados em um coque frouxo que deixava alguns fios caírem em sua testa suada, ela era bem pequena, lhe daria cinco anos. A menina sorria ostentando dentes de leite, então finalmente cheguei em seus olhos e... O ar se foi de meu pulmão, eu não respirava pois aqueles grandes olhos azuis eram... Eram como os meus!

– Lizzie? – ouvi ao longe.

– Mamãe! – a garotinha gritou correndo para o lado da moça que chegara – Você demorou, achei que tinha me deixado! – ela fez um biquinho adorável.

– Nunca, meu amor, nunca vou te deixar – olhei ambas abraçadas, sem ainda conseguir ver o rosto da mulher.

– Que bom que ela encontrou a mãe, já estava me preocupando – eu disse com um sorriso.

Enfim a mulher levantou a cabeça e o que eu vi me deixou completamente... Não conseguia descrever o momento, muito menos as batidas aceleradas de meu coração, pois ali estava sua dona, ali estava Elena. Seis anos haviam se passado, e ela não mudara nada. Mas eu via em seus olhos o quanto estava madura.

– Elena... – consegui murmurar, mas a surpresa ainda estava mim, todo o desejo de vê-la, de tocá-la... Por anos! E ela estava ali, em minha frente!

– Mamãe? – a garotinha tocou o rosto molhando de Elena, secando suas lágrimas com amor e carinho.

– Vamos embora querida, vamos embora agora – Elena parecia desesperada para sair, mas eu não a deixaria fugir, não novamente.

– Elena... – sussurrei puxando seu braço, ela se virou com as lágrimas escorrendo – O que... Você...! – eu estava confuso, mas ela não parecia querer ajudar quando começou a gritar.

– Me larga! Me larga! – todos nos olhavam, mas a única coisa que me importava era aquela garotinha de olhos azuis que chorava no cantinho, e Elena que chorava em meus braços.

– Quem é aquela menina? – perguntei com a voz fraca sentindo meus olhos marejados.

– A minha filha! Agora me larga, Damon! – ela murmurou rouca, soluçando.

– Solta ela! – olhei sobre Elena e vi um homem que nos encarava sério, ele usava um terno e estava com a menina nos braços que chorava com a cabeça encostada em seu ombro.

Eu fiz o que ele pediu, simplesmente um ato automático, enquanto eu olhava aquela menina... Aqueles olhos! Os meus olhos!

– Quantos anos ela tem, Elena? – indaguei já imaginando tudo. Como ela pode me esconder?

Elena ficou tensa e não respondeu, o que concluiu minha suspeita, deixando as lágrimas finalmente caírem. Eu tinha uma filha! Uma filha!

– Algum problema com a minha esposa, senhor? – indagou o homem abraçando apenas com um braço Elena, então reparei nas alianças em seus dedos. Foi como se tudo desmoronasse novamente!

– Essa menina... – murmurei ainda sem conseguir formular uma frase. Como tudo isso acontecera mesmo?

– Essa menina é minha filha, e eu gostaria que você não chegasse perto dela, de nenhuma.

– Elijah... – ouvi Elena murmurar

Eu vi eles se afastarem. E eles levavam meu coração junto. Levavam a minha filha que eu não sabia da existência. Deixei meu corpo cair na grama, naquele momento eu não possuía forças para nada, queria sumir. Não... Eu queria Lizzie! Ela é minha filha, e Elena se arrependeria de tê-la escondido por tanto tempo.

Ela esperava que eu nunca descobrisse?

Agora tudo fazia sentido, eu entendia aquele sentimento que nasceu em mim quando eu a olhei, quando olhei em seus olhinhos azuis tão puros e inocentes. O sentimento que nasceu era amor, amor por uma criança... Pela minha criança!


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Notas finais do capítulo

Quem amou o Damon? Eu amei, admito. Ele foi tão fofo querendo a filha, será que ela vai conseguir chegar perto da Lizzie? Afinal a Elena não vai perdoar ele tão facilmente, e o Elijah... Bom, eu acho que ele se sente ameaçado hahaha
Espero que tenham gostado, nos vemos nos comentários ^^