Love Story escrita por Lady Rogers Stark


Capítulo 52
Capítulo 52 (depois edito o título)




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Me cobri com um lençol e fiquei assim a manhã inteira. Andei pela casa inteira até dar o horário de ir trabalhar. As horas passaram arrastadas e infernais. Andrew estava de bom humor, tentei me contagiar com seu sorriso, mas não deu muito certo.

Voltei para casa, joguei a bolsa e caí no sofá de novo. Não posso dormir, tenho que abrir a porta para Andrew quando ele chegar. Eu deveria aproveitar essas horas para fazer cópias das chaves, mas eu não queria levantar e sair desse sofá. Não por enquanto.

Eu estava pensando no que Jhones me disse. O projeto dele está quase pronto. Ele irá tentar organizar uma festa beneficente para a ONG que ele doa todo mês. Não será uma festa “grande”, apenas os chefes da linha de produção, os engenheiros chefes, e se der sorte, Pepper vai estar lá também. Mas adivinha quem vai ter que organizar tudo? É. Eu.

Lista de convidados, lugar para a festa, comida, bebida, música, a data, mandar convite ou e-mail? Flores vermelhas ou arranjos coloridos? Música clássica ou uma banda de eventos? Fazer para daqui duas semanas ou três? E que eu nunca consegui organizar uma festa aniversário de verdade para o meu pai, só saia um bolinho pequeno, vou ter que fazer tudo isso.

Bati o rosto na almofada e fechei os olhos por um instante. Respirei fundo e me levantei, hora de agir feito adulta. Corrigi o meu cabelo e ajeitei a blusa que estava torta. Repassei a minha frase, saí de casa e bati da porta dele com a coragem nas alturas. Mas só me dei conta do que eu estava fazendo quando vi o seu rosto coberto de farinha.

Eu estava lá para uma coisa séria, pedir desculpas e aceitar sermão ou reclamação para o resto do dia, mas eu não esperava vê-lo com o rosto coberto de farinha e com um avental ridículo que certamente é do Andrew, apenas não reconheço por causa da cobertura laranja feito cenoura que parece ser comestível.

Ele que me perdoe por mais uma coisa, mas ri na hora. Gargalhei até minha barriga doer. Me encostei na parede sentindo uma tontura e lágrimas nos olhos. Bati o pé no chão com as mãos sobre a barriga. Se gargalhar fosse abdominal, adeus cintas apertadas!

O loiro com cobertura de farinha no cabelo apenas ficou esperando feito um poste eu terminar de rir e contorcer o pulmão e as costelas. Se apoiou no vão da porta e ficou me observando gargalhar como num show de comédia.

—Se eu soubesse que isso iria te fazer rir desse jeito, teria economizado gás e ovos – ouço a sua voz e limpo os olhos finalmente olhando para o seu rosto. Suas bochechas estavam cobertas de farinha, até seus cílios estavam com um pouco. Seu queixo tinha uma pintinha de massa laranja e sua camisa antes azul, estava azul com branco e mais manchas laranja.

—Coitadinho, gente – brinco com ele me aproximando e limpando seu rosto ainda rindo um pouco. Ele percebeu do que eu estava limpando e passou a mão sobre o rosto tomando cuidado com o dedo indicador, que estava sujo de massa laranja – Porque tanta farinha e laranja? – pergunto curiosa olhando para o avental de “homem na cozinha, não se aproxime”.

—Vem cá – ele pega na minha mão me sujando de farinha também. Finjo reclamar enquanto sou levada para dentro da sua casa e em direção a cozinha. A cozinha dele é parecida com a minha por morarmos no mesmo prédio, mas a minha é bem mais limpa do que a dele nesse momento.

O liquidificador está aberto, coberto e sujo pela mesma massa laranja que sujou Steve. As paredes também estão sujas de laranja. A pia e o chão estão com uma camada de farinha considerável. A pia cheia de louça suja, não dá para colocar uma colher de açúcar. E o fogão... Com um cheiro de queimado e com uma forma com comida queimada em cima. Socorro.

—O quê... O que você fez? – pergunto estupefata olhando ao redor. Até os armários não foram poupados por essa massa laranja da morte. O que o Steve tentou fazer? Me parece ser um bolo, mas não acho que seria preciso de tanto fermento. Lembro que comprei esse potinho para ele a pedido dele anteontem! Não tem nem a metade!

—Eu já fiz bolos antes, vários. Não sei o que aconteceu dessa vez... – ele justifica num misto de vergonha e timidez. Uma fofura! Esqueço completamente do motivo original de eu ter procurado ele. Enlaço seu pescoço com meus braços me sujando de laranja e farinha também, mas não ligo, apenas encaro aqueles olhos azuis e o sorriso tão lindo – E seria para você.

—Para mim? – pergunto surpresa e sem querer olhando para o troço do tamanho o meu antebraço completamente queimado. Espero que tenha sido de chocolate, porque se for de cenoura como suspeito que seja, perda total.

—É... Como um pedido de desculpas por ontem. Sei que... – odeio quando Steve assume a culpa de algo que é minha culpa. Amo e odeio isso. Mas não importa, nem deixei ele falar mesmo, pois tasquei um beijo antes que ele falasse mais e resultasse naquela mini discussão que a culpa era minha não dele, e depois ele dissesse que era dele por isso e aquilo. E blá blá blá.

—Gosto de farinha... – comento risonha num sorriso divertido. Seus lábios estavam meio secos por causa da farinha, mas não perdiam a capacidade de fazer todos os meus problemas e preocupações desaparecerem. Steve consegue fazer isso com uma facilidade dando inveja a Netflix.

Ele ri, aquele riso gostoso e simples que me enche de orgulho por estar fazendo ele rir, mesmo que o motivo do riso seja ele. Me faz sorrir vê-lo sorrir desse jeito. Falei que Steve tem um sorriso contagiante.

—Falando de desculpas... – ele lembra de alguma coisa e pega novamente na minha mão e me leva até a sala, onde vejo a minha bolsa em cima da mesa, a mesma de ontem e a mesma que quase chorei de raiva por ter perdido, e a mesma que me fez sentir incapaz de viver em outro país sem os pais para cuidar.

—Meu deus, Steve! – grito para o verdadeiro milagre que esse homem fez ao pegar a minha bolsa, e pelo peso, com nada faltando! Jogo o bolsa em cima da mesa novamente e me jogo nos seus braços arrancando um pequeno susto dele, que só fez foi segurar o meu corpo e não deixá-lo cair. Encho a minha cara de farinha por meio da sua e abraço o seu corpo com tanta força que minha roupa está tão branca quanto a dele.

—Acho que não precisava do bolo... – ele comenta rindo enquanto eu ainda beijava sua bochecha. Seguro o seu rosto e beijo novamente esse homem que meu deus... Só pode ter se machucado muito quando caiu do céu. Rio mais com esse pensamento e abraço de novo o loiro que finalmente me coloca no chão com cuidado.

—Como você conseguiu? – pergunto curiosa pegando na bolsa e a vendo inteira, sem nenhuma sujeira! Steve... Meu deus... Deve ser um programador de milagres! E aquele maldito sorriso não escapa do meu rosto.

—Fui nas três maiores cooperativas de táxis daqui, nos achados e perdidos e pronto – ele explica e reviro os olhos com a sua maneira de transformar tudo em muito fácil e simples, quando não é. Fora três cooperativas diferentes, e sei que em pontos bem distantes uma das outras.

—Uau... Você é... – fiquei sem palavras para escolher uma palavra que sirva para ele. São tantas qualidades incríveis numa única pessoa. Eu não sei qual escolher. Mas penso na melhor expressão possível – A melhor pessoa que eu já conheci... – completo olhando em seus olhos e sem saber como fiquei brava com o dono deles. Em resposta, Steve sorri e me cerca com seus braços.

—Você é também a melhor pessoa que eu já conheci – o abraço bem apertado, fecho os olhos e colo meu ouvido em seu peito ouvindo seu coração bater rápido. E como sempre, me sinto em casa perto e ouvindo esse som. Ah... Eu ficaria por toda a eternidade se a vida fosse só mais um pouquinho generosa comigo. Mas acho que é pedir demais quando se tem ele na sua vida.

Passamos um tempinho na sua casa. Eu peguei toda a massa laranja “da morte” que ele fez e passei a comer na sala assistindo televisão com ele. Não era feita para comer sozinha, mas sim com o bolo. Por isso, peguei pão de forma e passei a comer achando saborosa a combinação. Preciso nem dizer que Steve estranhou o meu lanchinho, não é?

Fazia muito tempo que Steve não me mostrava um filme da época dele, aqueles que são em preto e branco, e se bobear, mudos. Eu não sou muito fã de filmes tão antigos, eu até votei por um filme que eu já conhecia, como Bambi, mas ele colocou um de comédia e aceitei bastante satisfeita.

Primeiro que era um filme de Charlie Chaplin e a sua fama de fazer as pessoas rirem com facilidade não é balela. Segundo que era um filme bastante interessante, e que me fez esquecer da tarefa que Jhones colocou nas minhas costas. E terceiro, Steve estava fazendo um cafuné na minha cabeça que meu deus...

Mas assim que o filme terminou, além de trocar de roupa e tomar um banho, nós pedimos uma pizza assim que Andrew chegou. Contei a novidade para ele, que ficou impressionado com o esforço do loiro, e perguntou se podia fazer o mesmo se Mel perdesse algo da mesma forma para impressiona-la.

Estávamos todos comendo juntos. Pizza de portuguesa com romeu e julieta, meio a meio. Pedi refrigerante de laranja e ainda tinha o pote de sorvete de frutas vermelhas para depois. Estava sendo uma ótima noite.

—Eu soube que aquele projeto do Jhones está quase pronto – Andrew comentou e estranhei que ele soubesse. Achei que fosse secreto e apenas os colegas de laboratório dele sabiam. Mas acho que não foi assim.

—Sim, quase – respondi confusa para depois perguntar o que eu realmente queria saber – Como você sabe? – pergunto curiosa e confusa. Andrew sorri achando graça da minha pergunta. O que era tão engraçado?

—Jhones só saí espalhando para tudo que é lugar sobre o projeto dele. Não me surpreende de o RH souber mais do projeto do que você, Laura – ele brinca, mas me assusta um pouco. Eu sou a secretária dele. Ele confia mais no RH, onde estão sempre procurando coisa para arrumar confusão do que eu que só quero ajudar? – Mas foi Ray que disse, não eu.

—Ah, claro, como se Ray gostasse muito de mim – rebato bastante mal-humorada. Claro que tinha que vir de Ray. O mesmo que me constrangeu na frente de toda a empresa em nome de seu estagiário favorito. E pensar que eu gostei tanto dele antes disso...

—Mas quem é Ray? – pergunta Steve curioso, e me dá uma peninha dele. Andrew e eu estávamos conversando sobre trabalho durante o jantar e Steve não trabalha com a gente, não sabe do que estamos falando, ou seja, não pode participar do assunto.

—É o chefe dele. Vamos mudar de assunto, ok? – peço e sei que exagerei um pouco, fui muito bruta. Respiro fundo e tomo um pequeno gole do refrigerante.

—Desculpa, mas porque ele não gosta de você? – perguntou Steve curioso e sei que ele vai querer saber porque se preocupa comigo. Eu amo e odeio isso nele.

—Não que ele não goste da Laura – responde Andrew consertando meu “exagero” – É que ele fez uma brincadeira durante o sorteio e ela não gostou. Ele pediu desculpas e acabou! – o moreno explica, mas não é tão simples assim. Não é mesmo. Pois quem não gosta mais sou eu.

—Uma coisa é fazer uma brincadeira, outra é constranger na frente de toda a empresa – explico uma coisa óbvia – Se Steve e a Mel fossem mais próximos da empresa e fossem mais lelé da cuca, isso daria a confusão no século – explico ao moreno que concorda comigo, mas fica aquela expressão de dúvida no rosto dele.

—O que é lelé da cuca? – os dois perguntam ao mesmo tempo e escondo o meu rosto achando a coisa mais engraçada do mundo. Esqueci que é uma expressão brasileira e americanos não entendem. Quem é que não entende nada do que é falado mesmo, Andrew?!

Eu dormi na casa do Steve hoje. Toda aquela briga entre a gente me deixou com saudade dele. E me fez bem, me fez encarar um dia que vai ser bem puxado. E com mais um bônus, meu celular me avisou do nosso aniversário de seis meses. Sorri achando a coisa mais linda do mundo.

Eu marquei isso no dia seguinte de quando ele me pediu em namoro, e prometi a mim mesma que será um dia lindo e exclusivo a nós dois e apenas. Eu imaginava mil coisas para fazer nesse dia tão especial, mas eu não esperava que fosse tão perto da festa beneficente de Jhones.

Nosso aniversário é quinta e a festa é sexta. Sei que na véspera eu estarei mais atolada do que já estou em pleno domingo, agora imagina com mais uma coisa para organizar? Porque eu não iria fazer uma coisa avulsa e sem graça. Não, um jantar num restaurante incrível é o mínimo que espero de mim mesma.

Jhones em pleno domingo estava me enviando endereços de lugares para fazer a festa, locações grandes o suficiente para caber tanta gente que ele quer que eu convide. E claro, tem que caber no orçamento limitado que ele me deu. Ele quer que eu faça mágica, não é?

Steve estava quase implorando para eu desligar o celular de tanto que ele vibrava na mesa da sala. Mas eu não podia ignorar o meu chefe no meio de um projeto tão importante, não é? Mas não devo ignorar o meu namorado em pleno domingo também. O que eu faço?!

Fizemos duas maratonas na Netflix, uma temporada de How I Met Your Mother e meia temporada de Friends. Começamos de manhã e só terminamos quando o sol estava se preparando para começar a se pôr. Ou seja, já era três e meia da tarde.

Mas a urgência de eu arranjar uma solução para esse problema estava gritando na minha cabeça. Quinta é nosso aniversário e sexta é a festa beneficente. Estou perdida e muito encrencada, é claro. Mas uma coisa eu tenho certeza, eu não posso contar ao Steve do que eu estou fazendo.

Eu sei que escondo muita coisa dele por muito tempo, coisas as vezes banais que quando ele soube, ele ficou mais bravo por eu ter escondido do que a coisa que escondi. Mas imagino como ele se sentirá se eu estiver me esforçando mais numa festa do meu chefe do que no nosso aniversário de seis meses. Eu sei que eu ficaria muito brava.

Não quero problemas entre a gente tão perto de uma data especial, por isso combinei comigo mesma que problemas da festa, se não forem emergenciais, serão resolvidos apenas em horário de trabalho.

Meu deus, como tô ferrada.


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